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História Survive Anyway - 1x01 - Roots


Escrita por: webdom e dracarysz

Notas do Autor


opa, olha quem voltou, rs

então, andei recebendo umas perguntas sobre os personagens das fichas, sobre quando irão começar a aparecer

pois bem, nós não sabemos direito, pois, nos capítulos que já estão escritos – se não me engano, até o terceiro –, estamos focando apenas nos nossos personagens: Lynnie e Octavian

sabemos que muitos aqui estão ansiosos para ver seus personagens em "ação", mas mantenham a calma, hora ou outra seu(s) personagem(ns) irá(ão) dar as caras por aqui :D

enfim, sem mais, vamos ao capítulo!
boa leitura <3

Capítulo 2 - 1x01 - Roots


Fanfic / Fanfiction Survive Anyway - 1x01 - Roots

Lynnie Thompson
Em algum lugar de Atlanta, 7:06 AM

O dia havia acabado de começar. Lynnie, como de costume, havia acordado um pouco mais cedo para conseguir assisti-lo. Este é um costume que a mesma tem desde pequena. Thompson adorava a forma que o tom laranja invadia pouco a pouco o céu azul escuro. A própria já não sabia quantos nascer-do-Sol havia assistido desde o começo da epidemia. Não fazia ideia de quanto tempo havia se passado após o fim. Sabia que não era pouco tempo, já que, desde então, sequer viu algum humano vagando pelas ruas de Atlanta; apenas aquelas criaturas nefastas, que é como costuma chamar aquelas coisas. Por algum motivo, aquele adjetivo lhe via em mente para referir-se a algo ruim. Algo estranho vindo de sua parte, pois não lembra de ter ouvido aquela palavra uma vez sequer durante toda a sua vida.

Colocou a última porção de seu enlatado na boca, jogando a lata de cima da árvore em que estava. Havia dormido ali em cima, por segurança. Limpou a boca com as costas da mão, desviando o olhar para a sua mochila. Conferiu se tudo estava ali: as roupas que havia pego de um brechó abandonado, as últimas três latas de comida que roubou da mochila de uma das criaturas, seu kit de primeiros socorros, sua mini-foice, sua Glock 360, e por último, a caixinha com o colar de concha que havia ganhado do irmão mais velho aos três anos. 

Sebastian era cinco anos mais velho que Lynnie. Morreu aos dezesseis, às sete e quarenta e dois da manhã, enquanto caminhava para a escola. Fora atingido por um carro em alta velocidade – obviamente sendo dirigido por algum bêbado que estava voltando de uma noite daquelas. Este era o único familiar pelo qual Lynnie não se culpava pela morte. Afinal, havia morrido bem antes de toda a epidemia. A garota se culpava apenas pela morte dos pais, e principalmente, pela morte do irmão mais novo. Até hoje se arrependia amargamente por não ter obedecido os pais. Se Lynnie tivesse ficado em casa aquela tarde, o que poderia ter acontecido? E se ela tivesse obedecido as da mãe, conseguiria salvar Tristan?

Engoliu em seco, segurando a vontade de chorar. Largou a caixinha no fundo da mochila, na tentativa falha de afastar esses pensamentos ruins. Colocou as latas por cima, em seguida suas roupas. Colocou a pistola no bolso, a mini-foice no outro. Não possuía muita armação, mas conseguia se virar mesmo assim. Saltou da árvore, colocando a mochila nas costas em seguida. Olhou em volta, tentando lembrar-se da direção que caminhava no dia anterior.

"Leste" — lembrou-se.

E assim, fez. Continuou andando para o leste, observando a rua vasta e completamente deserta em que chegara. Havia saído da área urbana há tempos, aquela era a parte mais perigosa e mortal em sua opinião. Obviamente. Estava lotada daquelas criaturas nefastas. Por onde ia, trombava com alguns deles. Quase foi atacada várias vezes por conta disso.

Lynnie optou por sair dali o mais rápido possível se quisesse sobreviver. Por sinal, já questionou-se várias e várias vezes se queria mesmo continuar vivendo em meio àquele caos. Os cortes em seu pulso eram sinais disso. Não chegavam nem perto de suas veias de tão rasos que eram, pois Lynnie se considerava covarde demais para tirar a própria vida. Já tentara dar um tiro em sua própria cabeça, enfiar uma faca em seu peito, mas sempre desistia. Era fraca demais pra isso...

A jovem se viu próxima da floresta. Ponderou por alguns segundos sobre adentrar a mesma. A floresta era densa, árvores próximas umas das outras. Caso alguma criatura aparecesse por ali, Lynnie não teria como correr. Mesmo assim, poderia encontrar recursos por ali. Nunca se sabe quando se pode encontrar algum acampamento abandonado.

Numa interrupção imediata de pensamentos, a garota ouviu um grito vindo de dentro da mesma. Lhe parecia um grito de urgência. Antes que percebesse, já estava pulando a barra de ferro que dividia a rua asfaltada da floresta. Mas, hesitou por um momento.

"Do que será que a pessoa que está gritando pode ser capaz de fazer?" — pensou — "E se ele tiver sido mordido?"

Antes que pudesse pensar mais sobre o assunto, Lynnie ouvira mais um grito.

— Socorro!

Agora, já se via adentrando a floresta, correndo desesperadamente pela mesma, seguindo a direção dos gritos. Estagnou no lugar quando viu a clareira da floresta. Deu de cara com um jovem, aparentemente de sua idade, com a perna presa nas raízes de uma árvore. Havia duas criaturas mortas no chão, mas uma ainda estava arrastando-se na direção do garoto, que tentava de forma desesperada tirar sua perna dali.

— Faz alguma coisa! — berrou o rapaz, tirando Lynnie de seu transe.

A garota tirou a foice do bolso, caminhando na direção da criatura e acertando-o na cabeça. Torceu o nariz ao sentir aquele cheiro horrível. Podia ter passado bastante tempo após o começo da epidemia, mas ela ainda não havia se acostumado com o cheiro de carne podre que essas coisas exalavam.

Lynnie limpou a lâmina da mini-foice com a barra da blusa, guardando-a no bolso em seguida. Virou-se para o jovem ao ouvir algo ser atingido. Lá estava ele, acertando a raiz da árvore com um machado. Em menos de três machadadas, a grossa raiz foi partida ao meio, liberando a passagem da perna do garoto, que se encontrava sangrando de forma absurda. Parecia doer muito, mas a expressão do jovem dizia o contrário: mantinha uma expressão neutra, como se nada tivesse acontecido.

O rapaz se levantou, quase sem esforço algum. Bateu as mãos nas roupas suja de folha e terra, e lançou um olhar inquisitivo para Lynnie, que ao notá-lo, franziu o cenho, se perguntando o que tinha de errado consigo para que o rapaz a olhasse daquele jeito. Mas ela duvidava que uma simples troca de olhares pudesse transmitir exatamente o que ela quisesse dizer, então, finalmente perguntou:

— O que foi?

— Nada — ele respondeu um pouco seco de mais para alguém que tinha acabado de salvar sua vida.

Ele tentou dar alguns passos, mas Lynnie o impediu com as duas mãos paradas no ar, em sua direção. Ele a encarou daquele jeito novamente, mas dessa vez, a garota não se incomodou.

— Pare aí mesmo onde está, não dê um passo sequer — ela murmurou olhando para os pés do rapaz.

O rosto dele se contorceu numa careta confusa.

— Escuta, eu não vou te fazer nada, não sou perigoso, eu só... — ele começou a se explicar, e Lynnie, vendo que tinha sido interpretada erroneamente, tratou de se corrigir rapidamente.

— Não é que eu te ache perigoso, se achasse não teria te salva...

— Ajudado. — o rapaz a corrigiu com a voz firme.

Lynnie tentou não revirar os olhos – os homens sabiam ser muito orgulhosos quando queriam –, mas deu de ombros.

— Tá, tanto faz — murmurou — Mas acontece que o seu pé tá numa posição bem estranha, talvez você tenha deslocado ou torcido...

— E daí? — resmungou, olhando para o pé.

E daí que você não vai conseguir dar um passo sequer sem morrer de dor — afirmou com convicção, e acrescentou: — Já torci uma vez, acredite, sei o quanto cada passo dói. Além disso, sua perna tá toda machucada, isso pode infeccionar.

— Ah, isso é realmente uma pena — ele disse num tom falso de preocupação, pondo as mãos na cintura — Mas há uma certa escassez de muletas no meu kit de sobrevivência no momento, então, ops!

Lynnie tinha quase certeza naquele momento que havia encontrado uma das últimas pessoas mais irritantes no mundo. Era como ganhar na loteria. A garota revirou os olhos e se colocou ao lado do estranho, que ainda portava aquela mesma pose superior: mãos na cintura, ombros pra trás, nariz empinado.

— Meu nome é Lynnie — ela anunciou, aleatoriamente, estendendo as mãos para o rapaz que foi pego de surpresa com o gesto — Lynnie Thompson — acrescentou, tentando passar confiança ao rapaz.

Ela ficou ali parada por um momento, com a mão estendida, quase constrangida, sendo observada por aquele estranho rapaz – que visto mais de perto, era uns vinte centímetros mais alto que ela.

— Sou Octavian — ele respondeu apertando sua mão calorosamente — Octavian Hills Carstairs.

— É um prazer, Octavian Hills Carstairs — brincou, soltando a mão dele — Bem, já nos apresentamos um pro outro, creio eu que já podemos seguir em frente; ou você prefere seguir sozinho?

Octavian pareceu pensar por um momento, e então sorriu. Um sorriso que Lynnie não sabia se significava algo bom ou ruim. Mas antes que ela pudesse chegar numa conclusão, ele a interrompeu, dizendo:

— Talvez seja agradável ter companhia e ajuda — ele deu uma ênfase que Lynnie achou desnecessária na palavra — por um tempo. Não sei o que é ter outra pessoa viva por perto faz uma semana. Estava começando a falar com as árvores e esquilos... antes de matá-los. 

Lynnie quis rir disso, mas se conteve.

— Ok, você tem alguma ideia para onde ir? — Lynnie perguntou. 

Viu o garoto se agachar e puxar algo da mochila, um mapa, riscado de vermelho em algumas partes e de azul em outras. Lynnie demorou um pouco pra focar no mapa, pois se encontrava quase que desacreditada ao ver a expressão indiferente do rapaz, mesmo tendo aquela quantidade de sangue vazando de sua perna através do corte vertical e profundo. Pensou que, se fosse ela, estaria ainda sentada nas raízes daquela árvore, chorando de dor e desesperada ao ver todo aquele sangue saindo de si.

Octavian analisou o pedaço extenso de papel por um tempo, virando algumas vezes. Lynnie saiu de seu transe e se ajoelhou ao seu lado, tentando entender o que eram todas aquelas marcações.

— Tem um lugar, perto daqui, uns três quilômetros, talvez... — ele murmurou passando a mão na testa suada — Passamos por lá, faz um tempo, não tivemos tempo pra explorar as redondezas, mas tinha uma casa e...

Tivemos? — Lynnie indagou — Você não estava sozinho?

— Não, naquele dia meu grupo foi atacado por aquelas coisas... — Octavian respondeu.

"Criaturas nefastas." — o adjetivo que a jovem sempre usara para referir-se às coisas lhe veio em mente instantaneamente. 

— O que disse? — ele perguntou.

E só então, Lynnie se deu conta de que havia dito em voz alta.

— A-ah, é só o jeito que eu chamo elas... as coisas — respondeu sem graça 

Octavian riu, não de deboche, mas por ter achado engraçado.

— Tá, então, como eu dizia; essas criaturas nefastas — ele a imitou e dessa vez ela não conteve o riso. Até aquele momento, Lynnie não havia percebido o quão cômico e esquisito aquele termo era — acabaram com todo o meu grupo. Eu consegui me salvar, e sinceramente, não sei dizer se isso é algo bom ou ruim. Quando vi que nada podia ser feito, fugi e me meti nas florestas; logo, não pude adentrar a casa — ele contou, em tom sério dessa vez.

— Você acha que é seguro? — ela perguntou apoiando o cotovelo no joelho.

— Acho. Havia um muro alto e o portão de ferro não parecia muito danificado. Sem contar que era casa de rico, então vai saber o que tem de valor lá dentro... — ele esboçou um sorriso torto.

— Como se dinheiro fosse valer alguma coisa nos dias de hoje — ela resmungou.

— Não estou falando de dinheiro — Octavian retrucou fechando o mapa — Tô falando de comida.

Lynnie sorriu mediante essa afirmação. Finalmente estavam se entendendo.

— Então, vamos logo, me mostre o caminho — ela disse se levantando, e em seguida, ele fez o mesmo.

A jovem se ofereceu para ajudá-lo ao andar, mas o garoto recusou. Mas, depois de três passos mancos do mesmo, ele hesitou. Porém, aceitou a ajuda dela, apoiando-se com os braços em torno de seus ombros. Seria uma longa caminhada.

Lynnie olhou para o lado, mais precisamente para o ombro do rapaz, e percebeu linhas pretas na pele alva de Octavian, que sumiam por debaixo da blusa cinza. Quis perguntar o que era, mas achou que seria intrometida demais se o fizesse, levando em consideração o fato de que tinham acabado de se conhecer.

Ficou calada por um tempo que ela achou infinito. Parecia que nunca chegariam a estrada, até que ela finalmente avistou a barra de ferro que havia pulado mais cedo. Quando a alcançou, fez com que Octavian parasse.

— O que foi? Já está cansada? — falou em um tom desafiador. Lynnie não suportava desafios.

— Não, você precisa de um curativo no tornozelo e na perna, ou vai acabar morrendo de hemorragia antes de chegarmos ao nosso destino — ela disse, se ajoelhando de frente pra ele, que se encostou na barra de ferro e cruzou os braços enquanto Lynnie tirava o kit de primeiros socorros da mochila. Ela fazia o que podia para limpar e estancar o ferimento.

— Muitas garotas se ajoelharam pra mim, por diversos motivos, — ele disse de repente, com aquele mesmo tom de voz indecente que havia usado minutos antes. O corpo de Lynnie ficou em alerta, esperando ele concluir a frase — mas nunca nenhuma se ajoelhou para fazer um curativo.

— Pra tudo tem uma primeira vez, Carstairs. Nesses momentos, você deveria ser mais cauteloso com o que fala, pois quando se tem uma garota ajoelhada na sua frente, nunca se sabe o que ela pode aprontar — ela resmungou, apertando o curativo de sua perna mais do que o necessário, fazendo o rapaz soltar uma exclamação de dor — É como roleta russa, você pode se dar bem, ou mal.


Notas Finais


e aí, o que acharam?
beijos, e até não-sei-quando <3


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