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História Survive (Segunda Temporada) - Transformação ou Revelação?


Escrita por: Soffy_Tukkee

Notas do Autor


Gente vou abordar um tema bem complexo apartir desse capítulo, afinal, as pessoas mudam? Ou se revelam?

Capítulo 18 - Transformação ou Revelação?


— Quinze por onze. Isso não está nada bom, precisarei mante-la por aqui hoje de novo. Não sei dizer quando poderá voltar ao trabalho, estando desse jeito. É perigoso Emily. — Maya meneara a cabeça. Após medir a pressão de Alison e constatar que ainda estava alta.

Brittany encarava Emily e antes que pudessem argumentar algo, um som inconfundivel rasgou aquele silêncio.

— Está ouvindo isso? - Emily perguntou, para Maya.

— Sim, estou. Parece que o nosso visitante misterioso voltou - ela afirmou.

— Também estou ouvindo. Está se aproximando pela esquerda — Zack falou pelo rádio, entrando na conversa também.

— Não façam nada, mandem todos manterem as posições, estou indo! - Emily desligou, olhou para a esposa, que continuava dormindo, e girou nos calcanhares, na direção da porta.

— O que está acontecendo? Esse som parece de um... - Brittany iniciou a frase, mas foi interrompida.

— Um helicóptero... É isso mesmo.

Brittany disparou atrás da morena; precisava ver aquilo.

Correram juntos para fora do posto de saúde e, quando ela olhou para trás, avistou Maya e Tobby logo atrás. Cada um deles trazia um fuzil de assalto nas mãos. Igual a vários outros moradores daquele lugar, aquele casal era treinado para salvar vidas, mas também sabiam matar.

Assim que alcançaram a rua, olharam para o céu e avistaram a barulhenta aeronave.

— Cavanaugh, é o mesmo que avistamos das outras vezes, certo? - Emily indagou, enquanto olhava para cima e tentava bloquear a luz do sol com a mão.

— Sim, é um AH-2 Sabre, de fabricação russa. Um dos melhores helicópteros de combate da Força Aérea. - Tobby apontava o aparelho, que naquele momento estava parado no ar sobre o estacionamento do Shopping.

— Mantenham-se todos em suas posições. Fiquem calmos e vamos aguardar! - Emily instruiu, pelo rádio.

Brittany fitava, hipnotizada, a aeronave, que permanecia praticamente imóvel no ar a cerca de trezentos metros de distância. Apesar da quase imobilidade, era uma visão intimidadora. O helicóptero era equipado com metralhadoras e lança-foguetes dos dois lados. Aparentava ser capaz de causar um estrago enorme naquele lugar, se assim desejasse.

Ela se perguntava por que a aeronave não se aproximava, quando olhou para os lados. Naquela rua do condomínio ela finalmente entendeu, haviam várias casas com sacadas nas salas e nos quartos, e em algumas dessas imensas residências ela viu homens com lança-mísseis, todos apontando na direção do helicóptero.

Aquela aeronave nunca se aproximaria, porque seus pilotos sabiam que corriam o sério risco de serem abatidos. Até mesmo as casamatas equipadas com as metralhadoras de cinquenta milímetros apontavam na direção do aparelho. O helicóptero poderia ser fortemente armado, mas não conseguiria fazer frente ao gigantesco poder de fogo da comunidade de sobreviventes do condomínio.

Ao longo da rua, diversos soldados se achavam posicionados com fuzis, metralhadoras e escopetas, aguardando que algo acontecesse.

— Quantas vezes essa coisa já apareceu por aqui?

— Essa é a quarta vez em dois meses — uma voz feminina suave se fez ouvir logo atrás dela.

Quando Brittany se virou, deparou com a mulher de beleza ímpar que ela vira no dia anterior.

— Brittany essa é Paige, uma das líderes do nosso time de defesa - Emily falou, sem desviar o olhar do helicóptero. — Minha irmã, Puckerman está a posto?

— Sim, está no posto dele apenas aguardando suas ordens, Alison está bem? Ela é a melhor, você sabe, sem duvida que seria muito mais útil do que o Puckerman agora. — Paige comentou.

— Está dormindo ainda, não poderemos contar com nossa melhor franco-atiradora. — Emily suspirou. — Fale para o Puckerman manter a posição.

— Eu já falei, não se preocupe. Ele está com o rifle apontando para a cabeça do piloto neste exato momento. Basta um movimento brusco e ele despachará o infeliz para o inferno — Paige afirmou, com toda tranquilidade, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Não confio nesse cara, ele é muito instável. Mas se você está dizendo, eu acredito.

— Eu também tenho meus receios, Emily, por isso Alison seria muito mais confiável, mas é inegável que ele atira muito bem. — Paige deu de ombros.

— Excelente. Vamos ver se dessa vez nosso visitante perde a timidez. Estou cansada dessa história de ele aparecer por aqui, ficar olhando para a nossa cara e desaparecer — Emily comentou, seca.

Passaram-se cerca de dez minutos, durante os quais o helicóptero permaneceu estático, sem mudar de posição. Do lado de fora do condomínio, milhares de zumbis também olhavam para o céu, observando curiosos aquele estranho objeto. E, similar às outras ocasiões em que ele surgira, de repente a aeronave se foi, sem tentar nenhum tipo de contato.

— Lá se vão eles, de novo — Emily comentou, vendo a aeronave desaparecer de vista. — Mais uma vez foi na direção de Whashington. Aposto que é de lá que ele veio.

— Independente do lugar de sua origem, o fato é que trata-se de uma coisa boa, não é? Quer dizer, significa que não estamos sozinhos.

— Essa é uma forma de ver as coisas, Brittany. — Emily deu de ombros. — Mas temos que lembrar que estamos utilizando armas e equipamentos de uso exclusivo das forças armadas, roubados de quatro quartéis diferentes. Supondo que aquele helicóptero venha de alguma unidade que conseguiu sobreviver a esse inferno, não estou convencida de que verão com bons olhos o que fizemos.

Passados mais alguns instantes, todos começaram a retornar a seus afazeres. Brittany e Emily voltaram para ficar com Alison, não seria daquela vez que aquele mistério seria solucionado.

À noite, Maya deu alta para loira, mas sob a condição de que ela não retornasse ao trabalho até que fosse autorizada.

No dia seguinte, Emily convocou os líderes do Condomínio para tratar do assunto do quartel de Ravenswood. Era estranho falar sobre algo tão grave sem a presença da esposa, mas Maya fora enfática: ela precisava se manter em repouso.

— E se esperarmos você receber alta para lidarmos com esse assunto? — Emily perguntara mais cedo para a esposa, enquanto Maya examinava sua pressão novamente.

— Dezesseis por onze, aumentou um pouco nas últimas horas, Alison sinto muito, você deve voltar para o posto ainda hoje, terei de manter você internada lá. Se continuar assim você corre um sério risco de sofrer uma parada cardíaca, e tem também os bebês.

— Não faça isso, amor. Talvez eu tenha que passar os próximos seis meses acamada. Não sabemos quando Maya irá me liberar — a loira argumentara. — Aquelas pessoas precisam de ajuda. Se o tal Brody for tão louco quanto Brittany o descreveu, é provável que agora ele esteja distribuindo castigos apenas para se vingar pela fuga dela.

Emily suspirara, concordando com a esposa. Alison tinha razão, precisavam tomar alguma atitude antes que fosse tarde demais.

Assim, ela convocou para aquela reunião Brittany, Zack, Eliott, Khan, Fitz, Cavanaugh, Rivers, Maya, Puckerman, Spencer, Hanna, Paige, Ária e Amanda.

Brittany se surpreendeu com Amanda, ela era uma menina tão delicada e com sua barriga enorme, de uma gravidez de sete meses. O pai da criança, Lukas, morrera na invasão dos zumbis do ano anterior. Apesar de ter pouco mais de vinte anos, Amanda parecia uma adolescente, com pele muito branca, cabelos curtos e castanhos, e jeito de moleca.

Emily explicou rapidamente o porquê daquela reunião, e passou a palavra para Brittany, que narrou com detalhes o que vinha acontecendo no quartel de Ravenswood. O grupo ouviu em silêncio, fazendo uma ou outra indagação.

Ela procurou enfatizar que Santana e os prisioneiros eram gente do bem, e que até mesmo os homens fiéis a ela poderiam ser um reforço importante. Dessa forma, ela esperava conseguir um pouco mais de boa vontade da líder maior, que parecia não estar disposta a arriscar seus soldados por aquelas pessoas.

Depois de finalizada a narrativa, a equipe começou a fazer diversas perguntas.

— Você acha que eles têm armamento pesado, como blindados ou lança-mísseis? — Noel Khan quis saber.

— Quantos homens são ao todo? — Zack questionou.

— Será que é possível negociar com esse tal de Brody? Você acha que vale a pena tentarmos uma saída diplomática? — Cavanaugh inquiriu.

Brittany procurou responder da melhor forma possível, tentando ignorar os olhares de absoluta curiosidade que todos lhe dirigiam. Ao cumprimentar aquelas pessoas, ela descobriu que todos, sem exceção, já sabiam dos seus dons — as notícias corriam rápido naquele lugar.

Depois que as perguntas cessaram, Emily tomou a palavra. Ela tinha sua opinião e iria defendê-la, mas antes fez questão de que todos tirassem suas dúvidas. Também não interrompeu em nenhum momento. Eles divergiriam sobre como lidar com aquela situação, porém ela não pretendia usar o peso da sua posição para impor sua vontade.

Emily falou sobre os seus receios. Explicou que aquilo seria muito mais perigoso do que qualquer outra missão que eles já haviam realizado antes, e que baixas seriam inevitáveis.

Tentou enfatizar que ela se preocupava, sim, com aqueles indivíduos, mas não podia assegurar o bem-estar de todos, sobretudo de Santana e seus homens, caso resolvessem lutar contra eles.

Um silêncio pesado se abateu sobre a sala, e aquilo preocupou Brittany. Pelo visto, os outros líderes estavam mesmo pesando as palavras de Emily.

Se decidissem lançar um ataque com força total contra o quartel, era óbvio que seria um massacre, pois o condomínio contava com um poder de fogo inacreditável.

— Não concordo em colocar a vida de inocentes em risco — Spencer falou, por fim e Ária assim como Hanna e Maya concordaram.

— Tem que haver outro meio. - Maya finalizou.

Brittany sorriu ao ouvi-la. Se não amasse tanto Santana, e Maya não estivesse casada com o cabo Cavanaugh, ela teria dado um beijo na boca daquela mulher.

— Minha irmã, eu também não gosto dessa ideia, mas o que podemos fazer? — Emily se mostrou contrariada. — Aquilo será uma confusão, com balas voando para todos os lados! Teremos que revidar, precisaremos atirar para matar.

— Emily, eu concordo com a Spencer. Não aceito uma solução em que tenhamos que abater mulheres e até mesmo criancas que estarão atirando em nós por medo de serem mortas pelo Senhor Psicopata — Hanna opinou com firmeza.

Emily engasgou, ela tinha sérios problemas em discutir com Hanna. Além de uma de suas melhores amigas, ela também tinha adotado duas crianças, e não admitiria ter que atirar em inocentes. Seu senso protetor era muito mais forte do que a razão. As coisas começavam a se complicar.

Foi quando Emily resolveu apelar para dois dos seus melhores homens:

— Zack, Eliott, me ajudem aqui. Vocês entenderam minha posição, não é? Lembrem-se do que aconteceu no ano passado. Não quero uma nova sequência de velórios!

Zack era seu fiel escudeiro. Eliott e ela, por outro lado, tiveram inúmeros atritos no passado. Porém, quando Emily e Alison orquestraram o resgate de Paige no ano anterior, tudo mudara, e Eliott agora nutria grande lealdade para com suas líderes.

Zack falou primeiro, olhando para Emily com pesar, quase pedindo desculpas:

— Minha irmã, eu entendo sua posição. Depois da invasão dos zumbis, você parece mais a nossa mãe do que nossa líder. Sei que ficou traumatizada com aquele episódio, Emily, todos nós ficamos. Mas não podemos esquecer quem somos, nem nosso compromisso para com os inocentes, você se lembra do seu objetivo principal? Salvar todos os sobreviventes que você pudesse?. Desculpe, minha irmã, mas eu também não concordo com você.

— E você, Eliott? Qual a sua posição? — Emily perguntou àquele com quem chegou a partir para a agressão física.

Emily se lembrava muito bem de quando ele a agarrou pela garganta ameaçando matá-la, bem como da ocasião em que ela, o nocauteara com um cruzado no queixo. Felizmente aquelas eram águas passadas.

— Emily, tu é mais macho do que muitos que eu conheci por aí, e sabe que eu te acho foda pra caralho. Se existe uma filha da puta desgraçada na qual eu aprendi a confiar minha própria vida, essa pessoa é você. Se você acha que o esquema é chegar mandando bala, eu tô contigo — Eliott respondeu, com sua educação costumeira.

Emily se animou com a posição dele. Se os quatro ex-militares que compunham o time a apoiassem também, teria uma chance de conseguir convencer os demais. Mas Tobby e Maya vieram com uma ducha de água fria.

— Eu e Maya conversamos ontem com a Alison, no posto de saúde, e ela nos contou dessa sua posição Emily. Desculpe minha irmã, mas somos terminantemente contra — o cabo afirmou, objetivo.

— Eu também sou contra. Há até crianças lá dentro, não podemos chegar atirando, Emily você vai ser mãe, imagina que você seja uma das mães dentro daquele quartel! Minha irmã, são pessoas inocentes, elas merecem uma chance.  — Paige apoiou o colega.

Emily devia ter previsto aquilo. Alison não participaria da reunião, mas tratara de convencer alguns dos seus interlocutores mais próximos a conterem os seus ímpetos.

Ela sentiu vontade de marchar para o posto de saúde e gritar com a esposa, mas sabia que era perda de tempo. Alison venceria. Sempre.

— Amigos, vocês estão loucos! Isso não será a nossa brincadeira de tiro ao alvo! Essas pessoas não são zumbis lerdos e estúpidos! São seres pensantes que estarão armados até os dentes! Eles vão atirar para matar, eu garanto! — Emily se mostrava agora muito irritada; finalmente perdera a paciência.

— Calma, Emily, nós não estamos contra você, só queremos chegar a um consenso! — Tobby argumentou ao ve-la exaltada.

— Está bem, Cabo, o que você propõe? Qual é a sua solução para esse impasse? A Alison com certeza deve ter instruído, certo? — Emily lançou-lhe um olhar feroz, deixando o rapaz sem palavras. — Vamos lá, pessoal, eu acho que devemos invadir o quartel e tentar poupar as pessoas, mas conscientes de que quem apontar uma arma para nós será um inimigo em potencial e precisaremos atirar para matar. Qual é a proposta de vocês?

Emily estava farta de todos se oporem às suas ideias. Se eles discordavam da sua posição, então agora teriam de provar que ela estava errada apresentando uma ideia melhor.

Ficaram todos em silêncio por um instante. Mesmo Brittany, que conhecia o local e as pessoas que estavam lá, era incapaz de imaginar uma forma de desentocar Brody sem partirem para uma solução violenta.

Emily se sentia mais aliviada. Parecia que o grupo finalmente começava a entender sua posição. Ela não era má, nem tampouco queria ferir ninguém, mas não permitiria que vários dos seus companheiros morressem por adotarem a estratégia errada.

— Meus amigos, pensem nisso. Um quartel do exército cercado por grossas telas de arame. Lá dentro, centenas de pessoas armadas, muitas delas lutando contra a própria vontade, é bem verdade, mas todas dispostas a atirar para matar. Comandando tudo isso, um grupo de ex-presidiários que tem como líder um doido varrido. Não temos como nos comunicar com eles, e, mesmo que houvesse uma forma de contato, duvido que esse tal de Brody, depois de tudo que ele fez, fosse mandar que todos entregassem as armas e se rendessem pacificamente. Ele saberá que iremos castigá-lo caso o peguemos, e por isso ordenará que lutem até a morte — Emily sentenciou.

— Você acha que nem vale a pena tentar convencê-lo? Ao que me consta, Alison me disse que você dificilmente declara guerra antes de esgotar todos os recursos pacíficos — Brittany argumentou, apelando para o bom senso da outra líder, sentindo de novo que perdia a disputa.

Emily suspirou. Teria uma conversa seria com a esposa.

— Podemos tentar uma saída negociada, sim, mas não devemos contar com essa solução. Trata-se de algo muito frágil, e que depende da boa vontade daquele maníaco. Acho loucura apostar nessa opção. Temos que ir preparados para a situação mais adversa. Precisaremos estar prontos para lutar. — Emily sentiu que vencera a discussão.

O cabo Cavanaugh se pronunciou dessa vez. Auxiliado por Alison no dia anterior, ele estava disposto a tentar todo e qualquer recurso para evitar um confronto, ele só concordaria com Emily em último caso.

Não, ela não discordava da esposa, ao contrário, queria tanto quanto ela que a situação se resolvesse de modo pacífico. Alison era apenas contra a ideia de que deveriam chegar atirando. Seria um massacre, cerca de trezentos soldados treinados, contra uma centena de civis obrigados a lutar por um tirano.

— Calma, Emily, eu quero entender melhor onde estamos pisando. Brittany, diga-me uma coisa: tudo que vocês precisavam era obtido dentro do quartel?

— Bom, nós tínhamos uma grande plantação, além de mantimentos estocados. Eu me lembro de uma vez ter lido alguns pensamentos da Santana quanto a isso, mas não recordo se era um estoque grande, desculpem — Brittany respondeu, sem graça.

— Sem problemas, não se preocupe. — Zack pôs a mão no ombro dela.

— Se eu me lembrar de alguma coisa, eu falo, está bem, Zackary? — ela esboçou um sorriso.

Zack tirou a mão do ombro dela e deu um pulo para trás, como se houvesse tomado um choque elétrico, surpreendendo os demais.

— Puta que o pariu! É verdade mesmo, você lê pensamentos! — ele exclamou, impressionado.

— Você se chama Zackary? É isso? — o soldado Rivers perguntou impressionado. - Meu irmão também se chamava assim.

Todos riram daquela coincidência e do espanto causado por Brittany. Logo, todos começaram a fazer perguntas ao mesmo tempo, e alguns pediram para ela adivinhar o que pensavam. Aquilo tudo serviu para aliviar a imensa tensão daquela reunião tão complicada.

— Eu não acredito! É por isso que seu apelido é Zack? — Brittany comentou, olhando para ele.

— Eu sei, é horrível não? — Zack falou.

— Do que vocês estão falando? — Emily indagou, curiosa.

— Do meu nome. A tradução para o português é Zacarias, minha mãe tinha nacionalidade brasileira, e me deu esse nome. — Zack respondeu.

— Eu já imaginava, mas qual é o problema? — Emily perguntou.

— Tenho vergonha de admitir que meu nome é uma homenagem a um dos membros de Os Trapalhões, um quarteto comediante que era muito famoso naquele país. — Zack ficou sem jeito.

O grupo inteiro explodiu em gargalhadas.

Depois de alguns instantes, muitas demonstrações e risadas, os ânimos enfim se acalmaram. Emily ainda esfregava os olhos, enxugando as lágrimas das gargalhadas, quando retomou a palavra:

— Muito bem, cabo Cavanaugh. Você tentava desenvolver um raciocínio quando Brittany demonstrou seu poder mutante. Você não quer continuar? — Emily pediu, sorrindo.

Aquele comentário espirituoso quase fez recomeçar a confusão de risos e brincadeiras, mas todos se contiveram. Havia um assunto sério e importante a resolver.

— Claro, sem problemas. Fique longe de mim, Brittany, você tem parte com o capeta! — Tobby retomou a palavra, ainda rindo. — Muito bem, você disse que havia alimentos estocados e em produção, certo?

Brittany assentiu com um leve meneio da cabeça.

— Bom, acredito que armas e munição também não deveriam ser problema, correto? — ele prosseguiu com o raciocínio.

— Não mesmo. Conforme eu disse, não sei a extensão do arsenal, mas posso afirmar que os homens dele sempre andavam com armas grandes e de grosso calibre, aparentemente automáticas.

— Eles saíam do quartel com frequência? — ele perguntou.

— Saíam sim, só não sei dizer com que frequência exatamente... Às vezes eles iam num caminhão grande. — Brittany tentava puxar da memória alguma informação útil.

— Um caminhão grande? De que tipo? — Tobby antevia uma oportunidade.

— Um caminhão-tanque. Desses que transportam combustível.

— Você consegue dar um palpite de com qual frequência eles faziam isso? — ele se mostrou esperançoso. — Uma vez por semana? Uma vez por mês?

— Eu diria que uma vez por semana no mínimo, talvez mais. Eu trabalhava na lavoura e ficava sempre do lado oposto do quartel, mas aquela monstruosidade não passava despercebida. Pelo menos o barulho do caminhão partindo nós ouvíamos.

— Acho que já sei o que podemos fazer — ele comentou, pensativo.

— E eu tenho a impressão de que sei aonde você está querendo chegar — Emily ponderou, tentando acompanhar o raciocínio do amigo.

— Creio que o caminhão-tanque não ia buscar combustível, já que eles não precisariam de transporte com tanta frequência e esse era o veículo que usavam. E mesmo que fosse o caso, esse tipo de veículo é enorme; não haveria necessidade de tanta gasolina toda semana.

— E o que você acha que eles transportavam no caminhão-tanque? — Emily quis saber.

— Água. Sou capaz de apostar que eles buscavam água. E como o consumo de cerca de cento e cinquenta pessoas é considerável, de tempos em tempos eles tinham de ir buscar mais. — Tobby meneou a cabeça. — Sobretudo com uma plantação inteira para cuidar.

Todos ficaram pensativos. De fato aquele grupo lembrava-se bem do imenso desafio que fora abastecer o condomínio com água, ao todo agora, eles tinham sete poços artesianos. Realizar aquela proeza exigira um esforço conjunto de engenheiros, técnicos e vários voluntários, além da obtenção de equipamentos pesados e altamente específicos. E, claro, a teimosia obcecada de Emily.

— Se a minha teoria estiver correta, esse é o ponto fraco dos caras. Sem água é impossível sobreviver. Eles não terão como resistir se cortarmos a água — Tobby afirmou.

— Você está propondo roubarmos o caminhão? — Emily se mostrou vivamente interessada.

— Sim. Roubamos o caminhão, damos um belo susto neles, cercamos o quartel e exigimos que eles saiam, falando que somos do exército e queremos a instalação de volta. Vamos com todo o nosso poderio bélico e centenas de soldados. Deixaremos claro para eles que ou se rendem ou morrem. Nada de invasão, nada de ataque. Venceremos pela guerra psicológica. Como eles estarão sem água e não haverá como conseguir mais, ficará muito difícil resistir — Tobby afirmou, convicto, batendo os nós dos dedos na mesa de madeira.

O grupo começou a discutir. A ideia era interessante. Trabalhosa, mas de fato parecia promissora.

— Se deixarmos todos completamente sem água, por quanto tempo será que vão conseguir resistir, Tobby? — Emily quis saber.

— Imagino que por alguns dias. Por isso é importante agirmos quando eles saírem com o caminhão. Esse será o momento em que provavelmente o suprimento de água estará no fim. Eles vão improvisar tudo o que puderem, vão deixar os prisioneiros com sede e ficar com o que sobrar da água, mas uma hora terão que negociar uma rendição — ele garantiu. — Sem dúvida iremos impor uma grande dose de sofrimento a todos, mas temos uma chance de conseguir uma rendição geral; talvez até mesmo sem confronto. Vai ser sofrido, mas talvez a gente consiga salvar todos.

Discutiram por mais um tempo, tentando prever os possíveis desdobramentos daquela estratégia. De fato parecia um plano bem melhor do que invadir o quartel num confronto aberto que na certa mataria dezenas, talvez centenas de pessoas de ambos os lados. Emily era a única que ainda estava meio reticente.

Pelo visto, Alison através da diplomacia, vencia novamente.

— Só me preocupa o tamanho do contingente que precisaremos deslocar. Se ocorrer algum grande incidente por aqui, nossa capacidade de resposta estará comprometida — Emily observou um tanto pessimista. — Depois do que ocorreu ontem, confesso que fiquei um tanto insegura.

Cavanaugh tomou a palavra.

— Não vejo razão para preocupação. Podemos manter uns seis blindados, uns cinquenta soldados e centenas de reservistas. E partimos com trezentos homens e mulheres e todo o resto do nosso equipamento. Além disso, manteremos contato por rádio. Ravenswood fica a cerca de duas horas daqui, qualquer problema mandamos reforços — complementou.

Emily ainda não parecia muito convencida, mas também queria uma solução que permitisse poupar os prisioneiros. Aquela parecia uma possibilidade real de resolver o problema.

— Muito bem, pessoal, estamos de acordo? Vamos usar o plano do Cabo Cavanaugh?

- Na verdade o plano foi da Alison, ela me fez prometer pelos seus filhinhos que ia arranjar um jeito de evitar um confronto. - ele riu.

Todos riram na verdade, e após o “sim” para o plano, ficou decidido.

Em uma semana partiriam.


Notas Finais


Gente e Alison mesmo ausente causa viu! A bicha é afrontosa msm.
Emily botando as asinhas de fora.
Será que o Bob estava certo no fim da contas, a Emily tem sede de poder, e está disposta a passar por cima de todos pra impor o que ela quer?
Será...?


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