História Teach me - A aluna atenciosa

Meu coração acelerou.
Helena Vasconcelos: Pode
Gabriel Campelo: Eu tô com um problema, não sabia com quem falar, você pareceu ser legal, pareceu que ia entender

Respirei aliviada. Não era nada do que eu esperava. Li novamente e comecei a me sentir irritada, falando daquele jeito ele me fez parecer velha de novo.

Helena Vasconcelos: Diga, Gabriel, estou aberta

Tentei soar a adulta que ele parecia me ver.

Gabriel Campelo: Ta bom..
Gabriel Campelo: Eu tenho uma amiga lá na sala, o nome dela é Alice, uma ruivinha
Helena Vasconcelos: Acho que sei quem é

Devia ser aquela que tanto prestava atenção
 
Gabriel Campelo: Então, ela tem tido umas dúvidas com relação à própria sexualidade…

Por essa eu não esperava meeeeesmo

Helena Vasconcelos: Sei…
Gabriel Campelo: Ela beijou uma menina numa festa uns meses atrás e desde que isso aconteceu ela parece ter mudado muito, ela fala que se descobriu
Helena Vasconcelos: E qual a sua dúvida?
Gabriel Campelo: O problema é que admito que sou um pouco afim dela e ver ela olhando pra outras garotas me faz sentir meio estranho…
Helena Vasconcelos: Então ela gosta só de meninas?
Gabriel Campelo: Eu não sei, acho que nem ela sabe
Helena Vasconcelos: Então devia tentar investir mesmo assim, não acha?
Gabriel Campelo: Eu não sei… É que ela me pediu ajuda com uma pessoa que ela diz que ama desde a primeira vez que viu
Helena Vasconcelos: Mas você não acha que pode ser um exagero dela?
Gabriel Campelo: Eu acho, mas não sei… Por isso vim falar com a sra

Aí está o maldito “sra” novamente. Acho que ia ter que me acostumar, respirei fundo e me acalmei.

Helena Vasconcelos: Veio falar comigo por me achar entendedora de romances por causa das aulas sobre romantismo? Ou sobre relacionamentos por que sou uma adulta?
Gabriel Campelo: Os dois seriam prudentes, imagino

Adorei o vocabulário, se tem algo que me atrai é inteligência

Gabriel Campelo: Mas eu vim falar com a sra, porque é a sra que ela acha que ama

Fechei a tela do computador e levantei da cadeira bruscamente. Como aquilo poderia estar acontecendo? E eu achava que tinha problemas por fantasiar com um adolescente… Agora UMA adolescente estava fantasiando comigo! Eu não fazia a mínima ideia de como ia lidar com aquilo. Eu tinha percebido que ela me olhava muito, mas não pensei que fosse assim. Eu definitivamente não sabia o que devia fazer. Abri a tela do computador, precisava respondê-lo.
Helena Vasconcelos: Como assim Gabriel?
Gabriel Campelo: Eu não sei, professora
Helena Vasconcelos: Amanhã vou procurar a psicóloga pra conversar com ela

Se tem uma coisa que essa menina precisa é de um psicólogo. Parecia a solução mais prudente.

Gabriel Campelo: Não!
Helena Vasconcelos: Por que não?
Gabriel Campelo: Ela me pediu pra guardar segredo
Helena Vasconcelos: Mas eu preciso tomar um providência
Gabriel Vasconcelos: Mas eu prometi…

Não acreditava que ia fazer aquilo

Helena Vasconcelos: Tudo bem, vou ver o que posso fazer

Eu ia ter um conversa muito séria com aquela menina depois da aula.

Gabriel Campelo: Obrigado, Helena

Fechei a janela do Facebook quando percebi o quão tarde já estava e fui pra cama. Deitada no escuro comecei a pensar em toda aquela situação. Eu já tinha tido minhas experiências. Eu não sabia se me considerava heterossexual, a faculdade tinha me aberto janelas à vontade e minhas experiências sexuais lésbicas tinham sido realmente muito boas, nenhuma paixão pra falar a verdade, mas nada que excluísse a possibilidade de ficar com uma mulher novamente. Não que eu estivesse cogitando sequer pensar naquela aluna daquele jeito. Estava?