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História Teatro de Sombras - .brincavam no escuro, porque tinham medo deste.


Escrita por: moimeichego

Notas do Autor


etto, há séculos eu não escrevo nada que preste, mas eu queria muito participar desse desafio, principalmente por ser do otp
sou atrasada do enem, por isso estou postando a três dias do prazo final do desafio -qqqq
eu espero mesmo que esteja bom, porque eu particularmente amei muito isso aqui
escrita ao som de mr. sandman do syml (eu brisei muito nela)
espero que gostem e perdoem os possíveis erros
boa leitura

Capítulo 1 - .brincavam no escuro, porque tinham medo deste.


Era porque Yoongi tinha medo de cair no chão que Hoseok corria devagar. Era pelo receio do mais velho em se machucar que o Jung olhava para trás a cada segundo, buscando os olhos dele com os seus e se certificando de que nada acontecera. Assegurando-se de que o Min estava bem.

O extenso corredor brilhava em branco e azul. Branco das paredes estéreis e azul das manchas que Taehyung e Jimin deixaram por ali — as duas crianças mais novas eram mantidas longe de tintas desde então. Hoseok e Yoongi brincavam de pega-pega por ali; corriam um atrás do outro e riam, divertindo-se um com outro como não o faziam com mais ninguém.

A brincadeira durava poucos minutos, contudo. Os braços finos de Yoongi cansavam rápido; empurrar as rodas da cadeira era um exercício cansativo, de fato. Todavia, quando o Min se queixava das dores, o sol que Hoseok era aparecia para afastar dali as nuvens geradoras de lágrimas. O Jung sorria para o mais velho e empurrava a cadeira até o quarto dele; o corpo pequeno apoiado nas pontas dos pés e os braços curtos muito esticados para alcançar o apoio para empurrar.

A cena cativava, sempre, as enfermeiras da ala infantil do hospital. Não havia quem não se rendesse aos encantos da dupla. Poucos escapavam do ar afável que os dois meninos produziam. As brincadeiras carinhosas e sensíveis, adaptadas para que o Min pudesse participar, eram motivo de sorrisos e de dias mais leves.

Hoseok subia de novo nas pontas dos pés para subir na própria cama, acompanhando com o olhar Seokjin colocar Yoongi sobre os próprios lençóis, as camas dos dois muito próximas uma da outra — requerimento da dupla que gerou protestos de Taehyung e Jimin.

Quando o mais velho ia embora e apagava as luzes do quarto, Hoseok puxava, de baixo de seu colchão, uma lanterna. Apontava o feixe de luz em direção ao rosto de Yoongi e ria seu riso de menino feliz e despreocupado. Ele descia da cama, os pés descalços no chão gelado, e corria até a caixa guardada atrás do armário de roupas.

Os rangidos gerados no arrastar da caixa irritavam os ouvidos de Yoongi, fazendo-o resmungar tal como um velho. Hoseok ria-se da reação do amigo e continuava puxando a caixa. Ele repousava o objeto de madeira aos pés das camas, tirava de lá seus muitos conteúdos e corria para fechar as janelas e cortinas do local. Corria, mais rápido ainda, para o quarto ao lado, lanterna na mão, chamando Taehyung, Jimin e Jeongguk. A tímida e temerosa correria acompanhada pelos olhos atentos das enfermeiras.

Hoseok organizava, sozinho, quais seriam os fantoches usados. Pensava e confabulava em sua mente irrequieta o enredo das estórias do dia. Os cabelos escuros de Yoongi farfalhavam com a impaciência que o deixava inquieto no lugar; o menino tinha uma ânsia em ajudar o amigo, um desejo de protegê-lo, mesmo que de bonecos de papel e tecido. Sabia, contudo, que o mais novo tremia no escuro. O escuro era já um velho inimigo de Jung Hoseok, um inimigo que o Min jurara derrotar. E ele o fazia todas as noites em que o teatro de sombras da dupla “Sope” iluminava a noite com alegria.

Os três meninos mais novos, observavam o Jung em silêncio, esperando pelo espetáculo por vir. O escuro servia de cortina para cobrir o que estava por vir. Viam a silhueta de Hoseok e esperavam, ignorando o corpo miúdo em tremeliques de medo, a lanterna pendendo de um jeito engraçado por entre os dedos do menino.

Min chamava Jung com acenos fracos de seus braços cansados, pedia-lhe os bonecos que usaria e terminava de construir a narrativa ao lado do amigo; juntavam fragmentos de ideias e reinventavam fábulas. Sorriam um para o outro quando se davam por satisfeitos e encaravam, finalmente, os mais novos — esses que lutavam para se manter centrados.

Quando começavam, de fato, a contar as histórias, qualquer vestígio de sono que houvesse se enveredado por entre as mentes do trio sumia, evaporava ao timbre baixo e tranquilo de Yoongi e à alegria estimulante que pulsava na voz de Hoseok.

J-Hope, nome que atribuíram ao solar Hoseok, e Suga, apelido criado no sorriso doce de Yoongi, eram perfeitos como um conjunto. “Sope”, a junção dos dois, era a melodia de uma esperança juvenil, colorindo com doçura os dias mais tristes. As duas crianças tornavam-se mente una, narravam em conjunto e brilhavam como um. Os corações do jovem trio sorriam em esplendor, abrilhantados na mais leve perspectiva de viver as aventuras narradas.

As sombras produzidas na parede do quarto tomavam a forma de dragões, príncipes e cavaleiros. Ogros, fadas e duendes. Trolls, gladiadores e gigantes. Criaturas míticas e pessoas comuns. Os dois misturavam em uma trama particular qualquer peça que a genialidade conjunta permitisse. Elementos solitários e sem sentido ganhavam forma e glória quando trabalhados pelas mãos do Min e do Jung.

Ao fim de mais uma história, Jimin, Taehyung e Jeongguk corriam para cima das camas dos amigos; uma bagunça de palmas, sorrisos e abraços enfeitava o quarto. Namjoon e Seokjin guardavam os aplausos para si e fechavam a porta em silêncio, chamando os três de volta ao quarto do lado. Suga e J-Hope eram sorrisos e eram um. As mãos dadas, unidas em um fantoche, permaneciam em união até Hoseok se obrigar a guardar as coisas.

Não era decerto uma brincadeira, aquela coisa de Teatro de Sombras. Quando construíram os fantoches — tinta, cola e papelão no chão do quarto, além de um Yoongi feliz demais por estar sentado no assoalho, a cadeira longe de si —, não esperavam que eles ganhassem parte tão infinita dentro do contexto de suas vidas curtas. Para a dupla de garotos, o Teatro era já parte essencial de suas vidas. Era o limite óbvio entre a realidade incapacitante e o Universo que escapava das mentes inventivas e das paredes tão alvas do hospital infantil. Aquelas montagens tortas de papel e tecido eram o retrato do que queriam viver, das vontades mais intimas dos dois, não era só a brincadeira infantil da qual os adultos achavam toda aquela graciosidade tenra. O Teatro era mais. O Teatro era tudo.

A caixa voltava ao seu lugar. Os fantoches encerrados no escuro ouviam a promessa diária do Jung: “Eu volto amanhã para salvar vocês”. E voltava, todos os dias, assim como voltava para a cama ao lado de Yoongi. Voltava para o espaço que pertencia somente a eles. Voltava para o enlace das mãos pequenas demais para entender a grandiosidade dos sentimentos. Voltava para a lanterna e, as mãos dos dois unidas, fazia um coração tosco que se delineava na parede manchada de azul. Voltava para o sorriso doce do Min e voltava a iluminar a vida desse com sua esperança.

Ao que a lanterna apagava de vez, os dedos se apertavam mais uns nos outros. O “boa noite” dito baixinho ressoava no escuro e Hoseok não tinha medo. Yoongi estava ali para ele como ele estava ali para Yoongi. As sombras não o pegariam e ele não deixaria o Min cair. No baixar das cortinas daquele teatro de sombras, a esperança reinaria doce sobre qualquer resquício de escuridão. 


Notas Finais


espero que tenham gostado, chuchus
obirgada a você que leu até aqui o/


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