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História Tempus Fugit - Coisas que não mudam


Escrita por: adolf0 e @3tangfei

Capítulo 7 - Coisas que não mudam


Rolando os olhos pela enésima vez e soltando um suspiro arrastado, diante de mais um dos muitos comentários estúpidos de seu atual colega de casa, Neji perguntou-se onde estava com a cabeça quando aceitou sair com Lee. Ao seu lado, o ex-companheiro de time tagarela sobre tantas coisas simultaneamente, que o Hyuuga simplesmente decidiu que valia mais à pena parar de prestar atenção.

— Lee. — Neji aumentou o tom da voz, a fim de se sobrepor às tagarelices da besta verde de Konoha. — Já está ficando tarde, devemos voltar.

— Mas já?! — Ele torceu os lábios, em um bico. — A noite mal começou, Neji. Somos dois solteirões maravilhosos, as moças de Konoha precisam ter a chance de nos conhecer!

Neji estreitou o olhar, não entendia como ainda conseguia se surpreender com as sandices de Rock Lee. Céus, quinze anos se passaram e ele aparentemente amadurecera nada.

Algumas coisas simplesmente não mudavam.

— Seu filho está sozinho em casa. — Lembrou-o, torcendo as linhas em um óbvio julgamento. — Seja responsável.

Rock Lee suspirou, vencido. O amigo tinha um bom argumento, afinal.

Eles, então, alteraram o caminho em que andavam, dando meia volta para retornar ao prédio onde Lee morava.

— E a Meiji-chan, Neji? — O amigo voltou a puxar assunto, desta vez escolhendo um tópico que o Hyuuga julgava digno de sua atenção. — Ela me disse que vocês têm treinado juntos.

Neji esboçou meio sorriso assim que escutou o nome da primogênita ser pronunciado. Três dias se passaram desde que treinou com a menina pela primeira vez e, como se houvessem combinado fazer daquilo um hábito, encontraram-se nas manhãs seguintes para treinar. Era uma boa maneira de aproximar-se da filha e vir a conhecê-la melhor, ele pensava.

Era tudo muito confuso ainda, mas não negava sentir-se profundamente ligado à menina. Meiji despertava dentro de si sentimentos novos, intensos, que nunca pensou um dia experimentar. Lamentava não ter tido a oportunidade de vê-la crescer, contudo faria o possível para não perder mais nada — ao menos enquanto ainda estivesse por ali.

— Sim. — Ele confirmou, não conseguindo conter o orgulho na voz. — Ela é habilidosa, me surpreendi quando vi que possuía o Byakugan.

— Eu não! — Lee riu, recordando-se do ocorrido. Ele fora a primeira pessoa a quem Meiji procurou quando despertou seu kekkei genkai, sentia-se extremamente orgulhoso por isso. — Ela é sua filha, Neji, vai ser tão habilidosa quanto você. — O moreno continuou sorrindo abertamente, sem se dar conta de que suas poucas e simples palavras comoviam o amigo em um curto sorriso sincero. — Olha para o Metal! Ele vai ser um ótimo ninja, mesmo sem poder usar ninjutsu!

— Só espero que ele não herde sua idiotice.

Lee retorceu a expressão, virando bruscamente o rosto em direção ao Hyuuga. Neji permaneceu com postura altiva, os braços cruzados em frente ao corpo e aquele meio sorriso regado de arrogância, que tanto conhecia.

A besta verde de Konoha então sorriu abertamente. Aquele era seu amigo, ele estava de volta. Ainda não conseguia acreditar.

Antes que pudesse falar outra besteira, ele o viu parar subitamente de caminhar, mantendo o olhar fixo logo à frente. Os lábios apertados e a expressão incomodada chamaram sua atenção, fazendo-o seguir o olhar do outro. Assim que seus olhos encontraram o que prendeu o Hyuuga, Lee prendeu instintivamente a respiração.

Através do vidro de uma cafeteria, eles podiam enxergar uma entretida Tenten remexendo um copo de suco. Seus lábios movimentavam-se ininterruptamente, indicando sua fala. Do outro lado da mesa, um atencioso Shino a observava, mantendo um dos braços apoiado à mesa, segurando a lateral do rosto. Neji engoliu em seco, o pequeno sorriso estampado no rosto do Aburame causou um aperto dolorido em seu peito.

— Neji…

— Não preciso dessa sua cara de pena, Lee. — O Hyuuga voltou a caminhar, apertando o maxilar em tensão. — Eu não sou estúpido de achar que as coisas voltariam a ser como há quinze anos.

Era claro que não o era, Lee pensou. Mas a rispidez de sua voz não fora capaz de mascarar a mágoa velada. Para Neji, aqueles quinze anos foram como um momento de sono, um abrir e fechar de olhos. E sentimentos não se modificavam nessa velocidade, Tenten era a prova viva daquilo.

Lee queria; porém, poder confessar à Neji o quanto tudo aquilo fora difícil para a amiga. O quanto ela o amou desesperadamente, guardou no coração suas memórias como fossem a coisa mais importante no mundo, o quão feliz ficou ao descobrir que carregava dentro de si a continuação do amor que compartilharam Que ele não precisava se sentir rejeitado ou esquecido.

Mas, ele sabia não ser detentor de tal direito.

Apesar de ter participado de todo o processo, o sofrimento de Tenten pertencia apenas à ela. Remexer naquilo era um desrespeito, ele pensava.

Suspirando arrastado, ele tratou de apressar o passo para alcançar Neji, que já havia se afastado. Às vezes o silêncio era a melhor saída, mesmo para um escandaloso feito ele.

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— Espero que o Metal já tenha tomado banho… — Lee resmungou enquanto subia as escadas do prédio onde morava, tentando apenas amenizar a tensão no ar. O amigo manteve-se em silêncio, mas ao menos a expressão não estava mais carregada como há poucos minutos.

Neji suspirou, parando de repetir a si mesmo que não deveria se sentir incomodado. No final, aquilo apenas mantinha sua mente no assunto. Chegava a ser irônico como, naquele momento, ele precisava retomar a postura conformista do início de sua adolescência, quando se render a um destino imutável lhe parecia a única opção.

Ele parou em frente à porta do apartamento do amigo, esperando que ele o abrisse. Assim que ambos passaram pela entrada, seus olhos caíram na figura conhecida parada no meio da sala com ares de expectativa. Lee soltou um gritinho animado, fazendo Neji estreitar os olhos.

— Neji!!! — O grito de Gai-sensei ecoou em seu ouvido e, só o que pôde ver antes de cair no chão, foi o professor jogando-se em sua direção e uma cadeira de rodas voando para o outro lado da sala.

Algumas coisas não mudavam. Mesmo.

O sol reinava imponente no céu livre de nuvens daquela manhã, enquanto a brisa do leste vinha com o propósito de amenizar a temperatura de final de primavera. Desviando rapidamente os olhos àquele mesmo céu, Tenten sentiu as pupilas contraírem de forma dolorosa, fazendo-a em seguida apertar as pálpebras para aliviar o incômodo. Ela praguejou baixinho, voltando a concentrar suas atenções no caminho que fazia e tentando ignorar as sístoles apressadas em seu peito.

“Relaxa, Tenten”, repetia para si mesma, como um mantra.

Suspirou, deixando que suas pernas a levassem aonde deveria estar. Não poderia fugir do passado por muito mais tempo, sua consciência a acusava de tal forma, que não se sentia mais em paz. Jurou amor tão profundo e puro por tantos anos, agora virava-lhe as costas? Neji não fora apenas seu primeiro amor, ele era seu amigo. Era o pai de sua filha.

Tenten apertou os lábios, incomodada consigo mesma. Não fora escolha de Neji voltar e, certamente, era ele quem mais sofria com tudo aquilo. Afinal, seu piscar de olhos fora, para todos os outros, quinze longos e vividos anos.

— É isso aí, Neji! — Tenten ergueu o rosto, escutando a voz estridente de seu professor. Não havia se dado conta de que estava próxima ao campo de treinamento. — Mostra que o fogo da juventude não apaga!

— Vai, papai! — Meiji gritou, rindo.

A kunoichi manteve-se afastada, observando de longe. Neji e Lee estavam no centro do campo de treinamento, aparentemente em batalha corporal. Em torno deles, Gai-sensei, Meiji, Metal Lee e Boruto assistiam e, claramente, o Hyuuga tinha a maioria da torcida.

— Desculpe, Neji! — Lee gritou enquanto avançava para cima do amigo, mirando a canela em seu pescoço. — Mas eu não posso fazer feio na frente do Metal!

O Hyuuga não respondeu, mas a kunoichi do time nove teve certeza que um sorriso arrogante despontou em seus lábios.

Neji interceptou o chute do amigo com ambos os braços, usando o direito de apoio ao esquerdo. Lee manteve-se no ar, girando o tronco para tomar outro impulso e, numa troca rápida de pernas, tentou acertá-lo novamente.

— Konoha Daisenpuu! — Ele gritou, enquanto mirava novos chutes no ex-companheiro de time. Emendando um chute baixo, médio e alto, Lee finalizou seu Grande Furacão da Folha com o calcanhar, sendo, desta vez, retido por ambos os pulsos de Neji.

— Ganbare, otou-san! — Metal Lee gritava, membro único da torcida de Rock Lee.

— Acerta ele, pai! — Meiji gritou esbaforida, rindo ainda da situação. Ao seu lado, Gai-sensei se contorcia de emoção, deixando grossas e exageradas lágrimas caírem torrencialmente por seus olhos enquanto balbuciava palavras desconexas envolvendo primavera e o fogo da juventude.

— Vai, tio Neji! — Boruto entrou na torcida, erguendo ambos os braços para o alto.

Assim que Lee afastou-se o suficiente para que Neji pudesse voltar a mexer os braços, ele contra-atacou com sua palma de vácuo, lançando-o para longe.

Graças ao Byakugan, enxergou um objeto aproximando-se de seu ponto cego em alta velocidade. Um pequeno sorriso curvou seus lábios.

— Hakkeshou Kaiten! — Ele girou trezentos e sessenta graus, interceptando aquela kunai e cinco outras que foram lançadas por lados diferentes.

Assim que parou de girar, o olhar foi de encontro ao chão. Ao lado do pé esquerdo, uma kunai estava fincada e, para sua surpresa, um papel explosivo terminava de queimar. O impacto da explosão não fora grande, mas o suficiente para que precisasse rolar para o lado. Enquanto se erguia, encarou diretamente sua segunda oponente.

— Astuta, como sempre. — Disse, fitando a kunoichi, que se aproximava do campo de treinamento com um sorriso no rosto.

Todos os outros pares de olhos caíram sobre Tenten, alguns deles surpresos.

Meiji franziu o cenho, precisando de alguns segundos para entender que era mesmo sua mãe ali. Ela parecia infinitamente mais tranquila do que esperava que estivesse. Conseguir se entender em um campo de batalha parecia ser algo de família.

— Tenten! — Os olhares dirigiram-se à Rock Lee, que se levantava do impacto do punho de vácuo do amigo. — Ai meu Deus, estou me sentindo tão nostálgico! — Lee correu em direção aos amigos, que faziam caretas diante seu escândalo.

Subitamente Gai-sensei acelerou sua cadeira de rodas, assustando Meiji, que tinha os braços apoiados nos pegadores. Antes que os três adolescentes, que assistiam a tudo com os cenhos franzidos, pudessem sequer piscar, a original Besta da Folha já havia reunido seus pupilos em um caloroso abraço.

— O time nove reunido! — Ele gritava, deixando as lágrimas torrenciais encharcarem os tecidos das roupas dos alunos. Lee correspondia ao abraço e ao choro enquanto Neji e Tenten mantinham no rosto a expressão de repulsa pelos fluídos saídos dos olhos e do nariz do professor. — É o fogo da juventude provando ser eterno!

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Após alguns minutos de exagerada comoção — por parte de Rock Lee e Maito Gai — os ânimos gradualmente se acalmavam no pequeno grupo reunido em um dos muitos campos de treinamento da Folha.

Eles mantinham uma casual conversa, leve e livre de tensões, à primeira vista. Meiji; porém, sustentava um olhar atento aos pais, que estavam praticamente parados em sua frente. Tenten ria de alguma piada tola de Lee, porém o leve arquear de uma de suas sobrancelhas a denunciava.

A menina suspirou, fechando brevemente os olhos. Se sua mãe estava ali, era por algum motivo. Ela evitava sequer tocar no assunto sobre o pai, por que apareceria do nada? Não era pela nostalgia do extinto time nove, tinha certeza. Para sua sorte, ela viu passar do outro lado do campo o que poderia ser uma solução.

— Iwabe-kun, Mirai! — Ela bradou de repente, abanando uma das mãos ao ar.

Todos os outros se sobressaltaram com o chamado repentino, passando a olhar de Meiji para os dois colegas que se aproximavam.

— Meiji! — A filha de Kurenai exclamou. — Estávamos te procurando.

— Você chegou de missão hoje? — Ela perguntou, deixando a roda em que estava, sendo seguida pelo olhar curioso de Neji.

— Sim, hoje cedo. — Mirai sorriu, passando então a olhar para o grupo logo ao lado. Ao perceber os olhos perolados sobre si, a menina franziu instantaneamente o cenho e voltou a olhar para a amiga. — Meiji, aquele não é o seu…

— Meu pai, pois é! — A menina riu, passando a mão na nuca. — Longa história, vamos lá na sua casa que eu te conto. — Ela virou o rosto para Iwabe, que não tentava disfarçar o assombro de ver Hyuuga Neji pessoalmente. Ele era um pouco diferente das fotos que Meiji mostrava sempre. — Iwabe, para de fazer essa cara de idiota!

O adolescente piscou seguidas vezes os olhos, tornando a olhar à amiga.

— Gomen, gomen.

— Anda, vamos! — Meiji agarrou os pulsos dos amigos, puxando-os. Antes; porém, voltou para o grupo. — Boruto, Lee, venham com a gente!

Boruto colocou ambas as mãos sobre a cabeça, bocejando.

— Ah, eu to de bo…

— Vem logo, Boruto! — A prima cortou, lançando-lhe um olhar ferino, que o fez engolir em seco e ir sem questionar.

Metal, diante o olhar da amiga, acompanhou o colega de classe.

— Mamãe, eu não vou pra casa almoçar! — Meiji gritou mais uma vez, já tomando caminho para qualquer lugar longe dali. — Tchau tio Lee, Gai-sensei, papai!

Os adultos acenaram para ela, confusos com sua repentina saída. Meiji seguiu andando, puxando os amigos para longe, e desejando que seu tio Lee e Gai-sensei entendessem seu olhar e fizessem o mesmo.

— Gai-sensei! — Lee exclamou, chamando a atenção do mestre. — Acabei de lembrar, você tem hoje uma consulta com a Sakura-san!

Gai franziu o cenho, levando uma das mãos ao queixo e mantendo no rosto a expressão de dúvida.

— Tenho? Não me record--

— Tem sim, vamos! — Lee segurou nos puxadores da cadeira de rodas do professor, virando-se brevemente para os amigos. — Até mais, Neji, Tenten! Vamos combinar de treinar novamente!

Antes que Gai-sensei pudesse se despedir, ou os outros dois conseguissem falar algo, Lee saiu disparado em direção contrária ao hospital da Folha, deixando para trás um silêncio quase sepulcral.

Silêncio quebrado por um suspiro pesado de Tenten.

— Eles acham que a gente é idiota?

Neji olhou de esguelha para a kunoichi, que mantinha o olhar ainda na direção em que Lee desaparecera.

— Provavelmente.

Ela, então, soltou um riso curto e olhou para o Hyuuga.

— Vem comigo, precisamos conversar.

Neji sentiu a garganta trancar.

Ele assentiu, com um aceno de cabeça, e a seguiu.

 

— A Meiji me contou que vocês têm se encontrado. — Tenten comentou assim que abriu a porta de casa, quebrando o silêncio que se estendeu por todo o percurso. Ela deu espaço para Neji que, hesitante, entrou. — Obrigada, você não sabe o quanto isso está sendo importante para ela.

— Está sendo importante pra mim também. — Confessou em voz baixa, seguindo a kunoichi pelo corredor de entrada da casa. Rapidamente olhou os porta-retratos espalhados pelas paredes do corredor, deixando um sorriso aparecer no rosto ao ver uma fotografia de Meiji pequena. — É como se…

— Amá-la fosse natural? — Tenten completou em retórica, respirando fundo.

— Sim.

— Sente-se. — Ela apontou o sofá da pequena sala de estar.

Neji prontamente sentou-se, observando a kunoichi seguir até um armário encostado em uma das paredes da sala, abaixo de uma grande janela. Ela inclinou-se para abrir uma porta e tirou de dentro um grosso álbum.

— Esta é a sua filha. — Tenten disse, sentando-se ao lado do Hyuuga e abrindo álbum na primeira página. A foto de uma adormecida Meiji recém-nascida fez com que o coração apertasse. — Ela nasceu em um dia três de julho, pesando três quilos e meio e eu não consigo lembrar o quanto ela media.

— Três…

— Parece que ela já sabia. — A kunoichi sorriu. — Se adiantou duas semanas, para nascer no mesmo dia do seu aniversário.

Neji prendeu instantaneamente a respiração, mordendo os próprios lábios. As maçãs do rosto formigaram e sentiu a visão embaçar, devido ao marejamento de seus olhos. Naquele momento; porém, via-se livre de todas as angústias que sentia desde que despertara em frente aos portões de Konoha. Seu peito enchia-se de uma comoção genuína, um profundo amor que entranhava-se em cada vaso de seu coração, fazendo o pulso acelerar, lembrando-o de que estava vivo.

Diante o silêncio do Hyuuga, ela prosseguiu:

— Todo mundo me ajudou quando ela nasceu. A Ino, a Sakura e a Hinata não saíam daqui de casa um minuto, às vezes eu me sentia sufocada. — Ela riu, recordando-se. — O Lee e o Gai-sensei foram essenciais em todos os momentos, a gente se tornou uma família estranha, às vezes disfuncional, mas eu sabia que podia contar sempre com eles. O Gai-sensei surtou quando ela o chamou de vovô pela primeira vez, falando que aquilo destruía a juventude dele. Levou uns meses para a Meiji aprender a chamá-lo de Gai-sensei.

Neji tentava conter os movimentos naturais e instintivos dos músculos de sua face, que faziam um sorriso despontar em seus lábios. Ao mesmo tempo em que sorria, uma lágrima escapou de seus olhos, denunciando sua emoção. Tenten sentiu o coração apertar, perguntando-se se aquelas lágrimas eram a expressão da mesma explosão de sentimentos que teve quando se tornou mãe.

Como tivesse vida própria, uma de suas mãos tocou o rosto do Hyuuga, enxugando a lágrima recém caída.

— Ela sempre soube de você, Neji. — Disse, sentindo a voz trancar na garganta dolorida. — Da pessoa que você foi, do quanto a amaria.

Seus olhos analisavam o rosto de seu primeiro e único amor, amadurecido pelo tempo, mesmo que este tempo não tivesse sido assimilado pelo cérebro dele. Neji poderia parecer um pouco diferente, como ela mesma estava, mas seus olhos permaneciam os mesmos. A mesma gentileza mascarada por um véu perolado de arrogância.

Era ele quem estava em sua frente. Era Neji, não tinha dúvidas.

O Hyuuga levou sua mão de encontro a da kunoichi, não conseguindo mais desviar seus olhos dos dela. Poderia a eternidade passar, diante daquela íris castanha, sempre tão expressiva, não tinha dúvidas de que o mesmo amor que batia em seu peito quando era apenas um moleque de dezoito anos, bateria para sempre.

— Me perdoa… — Suplicou, lembrando-se, mais uma vez, da promessa que fizeram antes do início da guerra.

Encarar o resultado de suas falhas era doloroso. Se fosse forte o suficiente para permanecer vivo, o que teria vivido? Quanto sofrimento teria poupado às pessoas que mais lhe importavam?

— Céus, eu teria feito o mesmo! — Exclamou, mantendo o contato de sua mão com o rosto do outro. — O Neji que eu conhecia e amava se sacrificaria pelos seus amigos, isso faz parte de quem você é.

Ele fechou os olhos por um instante, sentindo o calor dos dedos finos da kunoichi secando-lhe as lágrimas. Eram tantas e angustiantes perguntas e constatações que acometiam sua mente, deixando-o tonto. Inspirando fundo, não tinha o que fazer no momento, não conseguia pensar com o mínimo de clareza, seus sentimentos conflitantes tomaram conta de cada célula do corpo.

Tenten mantinha o olhar sobre o Hyuuga, observando-o atentamente e perguntando-se o que deveria estar passando por sua mente. Doía-lhe o coração vê-lo daquela forma, tão angustiado. Quando os olhos claros abriram-se e encontraram-se com os seus, instintivamente trancou a respiração.

Neji levou ambas as mãos nas laterais do rosto da kunoichi, que arregalou os olhos com a atitude repentina. Ainda com a respiração presa, seu coração deu um pulo e, como uma corrente elétrica passasse por sua cervical, sentiu todos os pêlos do corpo eriçarem. A mente ficou em branco e, naquele momento, só o que existia no mundo eram os olhos perolados que tanto amou.

Ele inclinou levemente o rosto, encostando os lábios no centro da testa da kunoichi, em um beijo carinhoso, longo e repleto com todo o afeto e gratidão que possuía. Independente de como as coisas seriam, ela era ainda Tenten, a pessoa que esteve sempre ao seu lado.

— Obrigado. — Ele disse em um sussurro, e ela o abraçou.

O tempo poderia passar o quanto quisesse.

Algumas coisas não mudavam.


Notas Finais


Gente, desculpem a demora para postar.
As duas últimas semanas foram corridas T_T...
Pra compensar, esse cap foi enorme kkkkk Beijos pra vcs!!


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