História Tenioenai (Incontrolável) - Encontro no Karaokê

—Keiko-chan, falta uma pessoa para fechar os seis do Karaokê. Eu chamei minha Kouhai da faculdade, não tem ninguém que você possa levar? — ao telefone, Ikeda Saori tentava conseguir uma última pessoa para completar a lista de seis para o encontro duplo do sábado. Já havia dois casais confirmados (as duas e seus namorados), mas alguém precisava ir pra guardar as bolsas e segurar vela.

—Posso levar meu irmão? É a única pessoa que me vem à cabeça agora. — Deitada no sofá, vendo TV, Yoshida Keiko não estava a fim de procurar alguém na lista de contatos, então só escolheu o irmão, que estava cochilando no outro sofá.

—Claro. Só Cuide pra ele não agir estranho, certo? Da última vez ele ficou muito bêbado, que horror... Enfim... Tchauzinho!

Após desligar o telefone. Keiko deslizou o pé para o outro sofá, prendendo o nariz do irmão entre o polegar e o indicador do pé esquerdo.

—Acorda aí, nanico. Sábado eu tenho um encontro no Karaokê. Falta uma pessoa, então você vai comigo e o Ryo.

—Hein? E porque eu tenho de ir? Pra segurar vela, pra o Ryoichi me embebedar como da última vez? — Nobu não gostou nada de ser acordado, menos ainda com uma chave de dedo no nariz.

—Não seja bobo, é um encontro de casais. Vai ter uma companhia pra você também. É melhor que só ficar de casa para a faculdade. Não aja feito um estranho, nem me faça passar vergonha. — Keiko sentou-se sobre as pernas cruzadas e fez uma pose autoritária, parecendo um velho shogun — Nobunaga-kun... Eu entendo o seu interesse em divertir as pessoas e impressionar as mulheres, da próxima vez que quiser imitar um samurai não tire a camisa no meio do pessoal.

—Eu já disse, nee-san! A culpa foi do seu namorado, ele que me embebedou!

Keiko levantou e pousou a mão na cabeça do irmão.

— Mas agora, sério, Nobu... Não leve a sério as coisas que o Yoichi fala ou faz. Seja mais confiante. Já faz dois anos que você saiu do ensino médio. Você precisa encontrar o seu espaço.

Yoshida Nobunaga, 20 anos, deixara de lado todas as preocupações com contatos sociais nos últimos três anos. Após uma confissão catastrófica, que lhe valera um tapa na cara e uma semana de suspensão por bater num colega, Nobu acabou por se tornar silencioso e pouco amigável.

Levantou-se do sofá e foi para o quarto. O treino da tarde o deixara cansado. Era do time de polo aquático da Universidade Toyotomi, o melhor da região, e seus treinos eram puxados.

— Muito bem, onee-san, então vai ser no sábado. Que horas?

—Às cinco. A gente pega o trem das quatro e quarenta.


Sábado, 17h, Karaokê em frente à estação. Nobu esperava na recepção do quando o namorado da irmã apareceu.

–E aí, Nobu? Tudo bem com você?

—Tudo sim, Ryoichi-san. É um prazer revê-lo. Minha irmã foi ao banheiro, já deve estar vindo.

—Bom, eu liguei para a Ikeda agora há pouco, ela disse que estavam a caminho.

—Ryooo-kun, OHAYOOOO! — a voz de Saori era inconfundível, entrando aguda e melodiosa pelos ouvidos dos rapazes. Ela ainda conseguia falar e mexer no telefone simultaneamente, respondendo à amiga no celular. Na tela do LINE, o contato estava salvo com o nome de Rinrin — Olá pra você também, Nobu-chan... onde está a Keiko-chan?

—Ela já volta, foi só retocar a maquiagem. Estamos esperando.

—Tudo bem... Enquanto isso, Ryo-kun, Nobu-chan, quero apresentar a vocês minha Kouhai, Kawaguchi Rin. Ela deve entrar por aquela porta a qualquer instante.

Kawaguchi Rin? Aquele nome causou espanto em Nobu. Ele conhecera uma pessoa com esse nome antes. Ele havia passado por uma experiência traumática com uma garota com esse nome, dois anos atrás.

—...Sabe, essa minha amiga é meio isolada, passou um ano com os avós em Hokkaido antes de vir para a faculdade, mas estudou aqui. Olha, lá vem ela.

Nobu olhou para a porta e sentiu um calafrio subir pelos seus pés e mãos. Era ela, a mesma Rin de quase quatro anos antes. As roupas eram diferentes, mas todo o resto era igual. O cabelo preso, o jeito de andar. Era a mesma Rin para quem havia se declarado. Saori chamou-a para junto do grupo:

—Rinrin, estamos aqui!

—Oh, olá, Saori-chan! Estes são os amigos da sua senpai? Oh, olá, Yoshida-kun! Há quanto tempo!

—Olá... Kawaguchi-san! — disse, com um sorriso firme, mas meio sem jeito. Não parecia acreditar. Saori também não.

—Espera, vocês já se conhecem?

—Nós fomos colegas no ensino médio. – Rin respondeu.

A terceira a se surpreender foi Keiko, que voltando do banheiro, viu o rosto familiar.

— Oi, gente! Olá, Rin! Ei, Saori, a Rin aqui é a sua Kouhai? A mesma Rin que foi colega do meu irmão?

— É sim, que mundo pequeno, não acha?

—Pois é... – foi a vez de Keiko sorrir meio sem jeito. – Ei, Nobu-chan, poderia vir comprar um suco comigo?

—Claro, onee-san.

Os irmãos Yoshida deixaram o grupo por alguns instantes até a máquina de vendas mais próxima. Keiko lançou um olhar preocupado ao irmão.

— Nobu, tá tudo bem. Você pode só ir pra casa se quiser. Inventa um treino do polo aquático ou qualquer coisa. Que loucura, é aquela Rin! Eu não sabia mesmo, me desculpe...

—Onee-san, eu vou ficar bem, não precisa se preocupar... É só um rosto familiar...

—Tem certeza? Se precisar, só dar um toque e eu te tiro daqui. Mas bem... É melhor que vocês passem uma borracha no passado e ao menos sejam amigos... Agora me empresta 500 ienes aí. 

—Hein? Porque eu tenho de te dar dinheiro?

—Para o suco. Agora pensa nos 500 ienes que estou te roubando e esquece o seu passado com a Rin. – Keiko pegou o dinheiro da mão do irmão, colocou na máquina, pegou a lata de suco e voltaram par a recepção. Enquanto isso, o namorado de Saori, Yamauchi Hayato, havia chegado.

—Bom, já estamos todos aqui! Podemos ir para a cabine! — Disse Saori — YAY!

—Saori, não demonstre reações assim. As pessoas vão pensar que você é uma velhinha tentando parecer jovem... Baa-chan! Saori obaa-chan!

— Que maldade, Keiko-chan. Você é mais velha que eu!