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História Tensão - Intersexual - Tensidade! - 11


Escrita por: CamrenTanner

Notas do Autor


Heey pessoas como estao? Espero bem, para tirar a tensao da semana passada, eu trouxe este capitulo para vocês poderem rir um pouco, e obrigada a todos por todo o apoio e compreensao! (*--*)

Capítulo 11 - Tensidade! - 11


Para o Inferno o Autocontrole!

 Nas semanas que se seguiram, Cabello voltou facilmente à rotina no restaurante e ficou satisfeita por Zayn estar trabalhando num horário mais normal. Ele já não chegava tão tarde da noite. Para Camila, as coisas começaram a se acalmar. Malik conversou com um cliente que tinha um cargo importante no distrito escolar da cidade de Nova York e acabou conseguindo um emprego de tempo integral para ela em Greenwich Village. Ela estava animada porque, em menos de um mês, enfim daria início à carreira e ainda mais contente porque estaria cercada de alunos do primeiro ano. Desejara muito lecionar para essa faixa etária, pois achava que o início da educação de uma criança era o mais importante.

– Já está pronta, gata? – chamou Malik, impaciente, sentado em seu sofá.

– Só mais dois minutinhos. – Ela prendeu as últimas mechas dos cabelos. Estudou seu reflexo no espelho e concluiu que, apesar de a confusão de fios castanho-claros não estar cooperando naquela tarde em especial, teria que ficar assim mesmo. Colocou um vestido leve de alcinha, pegou um par de sapatos de salto alto marrons e foi para a sala de estar.

– Você está uma delícia – observou Zayn, aproximando-se. – Animada?

– Sim, mas você não precisa fazer isso. – Ela deslizou os braços ao redor do pescoço dele, os sapatos pendurados nas pontas dos dedos. – Tenho roupas suficientes.

– Tem, mas nada das grifes da Quinta Avenida. E eu adoraria comprar mais lingeries sensuais para você.

– Aposto que sim – devolveu ela, arqueando as sobrancelhas. Ele inclinou a cabeça de Camila para trás e beijou seu pescoço.

– Você não tem nem ideia.

Dinah pigarreou, interrompendo-os.

– Aonde é que os dois amantes vão hoje? – perguntou, revirando os olhos. Com um sorriso espertalhão, Malik se aproximou dela e passou o braço sobre seu ombro.

– Ora se não é a pessoa que mais amo neste mundo.

– Me larga, Garoto Normal de 22 Anos! – disparou Dinah, curvando-se para se livrar dele.

– Zayn vai me levar para fazer compras – respondeu Cabello. Ela passou os braços em volta da barriga de Malik e o puxou. Depois, se calçou. – O que vai fazer hoje?

– Vou finalizar meu quadro e levá-lo para a galeria, para a exposição. – Dinah se serviu de uma xícara de café. – Você vai, não vai?

– Não perderia por nada, Cheechee.

– Quer vir comigo fazer as unhas amanhã? – perguntou Jane. – Tenho que fazer os pés também.

Malik passou os braços pela cintura de Camila, conduzindo-a em direção à porta.

– Odeio interromper a conversa de mulherzinha, mas tenho que levar minha namorada, Dylan.

Cabello virou o pescoço para fitar Hansen.

– Eu quero, Cheechee, estamos combinadas para o pé e mão. Nos vemos mais tarde. – Dinah balançou a cabeça e ficou observando enquanto os dois deixavam o apartamento.

– Sabe, você precisa parar de ser tão implicante com ela – disse Cabello a Malik um pouco depois, já acomodando-se no banco do carro dele. – Ela tem sido bem legal com você nas últimas semanas.

– Só estou brincando, Mila. – Ele fechou a porta e Camila ficou olhando enquanto o namorado contornava o carro e assumia seu lugar no banco do motorista. – Ela precisa aprender a levar as coisas na esportiva.

– Eu sei mas, por favor, por mim, deixe-a em paz, está bem?

Tomando a mão de Camila, ele se meteu no tráfego.

– Está bem, está bem, vou deixá-la em paz.

– Obrigada.

Ele levou a mão da namorada aos lábios e a beijou.

– Sem problemas. Mas me faça um favor. Tem uma pasta no banco de trás. Pode pegá-la para mim?

Ela desafivelou o cinto de segurança e estendeu o braço em direção à pasta. Depois de afivelá-lo outra vez, olhou para o material em suas mãos. O coração parou quando ela viu a logo da Jauregui Industries no canto superior direito. Apesar de não ter sido nem um pouco fácil, de alguma forma havia conseguido manter a "nova amiga" longe dos pensamentos durante as muitas últimas semanas, e agora, do nada, praticamente a tinha nas mãos.

– Tome. – Tentou passar a pasta para Zayn.

– Fique com ela por enquanto. Vamos dar um pulo na cobertura dela antes de irmos às compras. Estou com uns documentos para ela assinar até o final da semana. – Ele correu a mão pelos cabelos castanhos-escuros. – Devo admitir que ela é um pé no meu saco. A filha da puta vive retificando as malditas ações dela.(n/a: Por que sera hein?)

– Ah... bem... Eu fico esperando no carro enquanto você sobe, então. – Ela tentou se mostrar alheia enquanto olhava pela janela.

– Nem pensar. Primeiro, porque vai demorar um pouco para eu revisar umas coisas com ela e, segundo, porque quero que você veja o tipo de lugar no qual a gente vai morar um dia. A casa dela é espetacular.

Camila deixou escapar um suspiro. Quinze minutos depois, se viu saltando do carro na frente do prédio que abrigava seu maior pesadelo e seu sonho mais indecente.
Depois de atirar as chaves para o guardador, Malik apontou para o topo do prédio imenso.

– Está vendo isto?

Cabello levantou a cabeça, os olhos seguindo uma tirinha delgada de céu azul que se estendia até o topo do prédio. Ela assentiu.

– É lá que ela mora, como uma porra de uma rainha, com vista para tudo isto. – Malik abriu bem os braços para incluir a região de Lenox Hill do Upper East Side. – Um dia, vamos viver como ela.

Ele sorriu e pôs a mão nas costas de Camila. Com um toque no quepe, o porteiro os cumprimentou, chamando Zayn pelo sobrenome, como se fossem velhos amigos. Ao entrarem na portaria de estilo renascentista, Cabello notou algumas pessoas caminhando de um lado para outro, exibindo algumas das roupas e joias mais caras que ela já tinha visto. Baixando os olhos para seu vestidinho de verão do Walmart e para os sapatos de salto da Payless, sentiu-se mais do que um pouco forada sua zona de conforto.

A viagem de elevador até o septuagésimo quinto andar foi torturante. Ao ouvir o apito antes de as portas se abrirem, quis se enfiar dentro das paredes e se camuflar na textura da madeira. Durante a longa caminhada até o fim do corredor, sentiu-se como um pedaço de carne sangrento subitamente atirado aos tubarões.

Um tubarão em especial, na verdade.

Ao se aproximarem da porta, Cabello passou a mão pela testa salpicada de suor, o coração descompassado. Malik deu uma batidinha rápida e, depois do que pareceu uma eternidade, a porta se abriu. Por trás dela, encontrava-se uma ruiva estonteante e gostosona. Além do sorriso, não usava nada além de calcinha de renda cor-de-rosa e um sutiã combinando por baixo de uma camisa branca de Lauren. Desabotoada, para piorar.

– Uau, você está linda. – Zayn lançou para a mulher um sorriso cintilante, que logo desapareceu quando Camila o olhou de cara feia.

– Oi, Zayn – disse a mulher, com uma voz rouca, puxando-o para um abraço. – Cara, faz um tempão que a gente não se vê.

Cruzando os braços, Cabello abriu um sorriso forçado. Malik olhou para Camila, pigarreou e voltou a atenção para a mulher.

– Faz muito tempo, Natasha. Imagino que nossa grande mulher esteja em casa. Eu não telefonei para avisar que ia passar por aqui.

– Pois é, ela está lá fora no terraço com o laptop. Tipo, sabe como ela é, né, só trabalho e zero diversão – comentou ela, rindo. – Por acaso eu estava saindo do banheiro quando você tocou.

Malik assentiu.

– É, sei como ela é com trabalho.

– Quem é esta? – perguntou Natasha, fechando a porta quando eles entraram.

– Esta é a futura Sra. Malik. – Zayn sorriu e passou o braço pela cintura de Camila. – Camila, esta é Natasha Bradford. Ela é... amiga de Lauren?

– Eu sou o sabor que Lauren escolheu para este mês. – Ele riu como uma criança. Cabello ficou ligeiramente boquiaberta. – Mas por mim tudo bem. Assim eu ganho coisinhas como esta. – Ela riu outra vez e passou um dedo brincalhão sobre um colar de diamantes.

– Ora se você não é uma menininha de sorte – replicou Camila, se esforçando para não vomitar.

– Sou, sim. – Natasha sorriu e inclinou a cabeça para o lado. – Então, vocês dois estão, tipo... noivos mesmo?

– Não, nós não estamos, tipo... noivos mesmo – respondeu Cabello depressa.

– Ah, espera aí... eu achei... – Natasha olhou para Malik, confusa, e deu um tapinha no braço dele. – Seu bobo, você me fez acreditar que... tipo... vocês estavam noivos quando disse que ela era a futura Sra. Malik.

– Ela vai ser, um dia.

Cabello rezava para não ter que ouvir a palavra tipo mais uma vez.

– Está certo, entrem. Vou avisar para ela que vocês dois estão aqui.

Camila suspirou. Natasha se afastou para buscar Lauren.

– Gata, tenho que ir ao banheiro – disse Malik, descendo por um longo corredor. – Volto já.

Cabello assentiu. Num primeiro olhar, notou que a decoração contrastava radicalmente com o estilo acolhedor da casa dos Hamptons. Apesar de ser extraordinária à própria maneira, passava frieza e impessoalidade. Pisos de mármore, sofás de couro preto, esculturas abstratas de pedra e fotografias colossais em preto e branco retratando diversas cidades abarrotavam a imensa cobertura sem que houvesse o menor traço de cor em lugar algum.

Como uma exibição de sucesso absoluto nos negócios, era bem como o lugar no qual Camila imaginara Lauren morando quando a conhecera.

Não era um lar, mas apenas o que a cidade esperava dela. Mais uma das muitas camadas de Lauren Jauregui lhe vieram à cabeça.

Enquanto Cabello se repreendia por analisar a casa dela, Jauregui surgiu vestindo calças de pijama azuis – usando apenas um top sportivo na parte de cima. Ela – e a tatuagem de dragão – aqueceram o ambiente na mesma hora. Cabello observou, sem fôlego, quando ela sussurrou alguma coisa ao ouvido de Natasha.

Ela riu, a beijou no rosto e seguiu apressada pelo corredor, entrando em um dos quartos e fechando a porta.

Os olhos de Lauren pousaram em Camila enquanto Jauregui tentava mascarar a excitação que sentia pelo simples fato de vê-la ali. Quando ficara uma semana sem vê-la, tinha parecido uma eternidade e este novo período, ainda mais longo, fora como uma sentença de morte.

Sentindo o corpo relaxar com a simples presença de Camila, se aproximou dela com um sorriso.

– Sinto muito por isso. – Ela passou a mão pelos cabelos. – Ela tem aversão a roupas, ou algo do gênero.

– Mas tem paixão pela palavra tipo, então imagino que as coisas se equilibrem.

– Hum, eu nunca tinha notado isso – disse Jauregui, coçando a barriga.

– Está de brincadeira? – Camila riu, tentando manter a atenção no rosto de Lauren e afastando o pensamento insistente que questionava onde aquela tatuagem começava. Jauregui chegou mais perto e sussurrou ao ouvido dela:

– É claro que eu estou brincando. É um saco, mas não conte a ela que eu disse isso.

Cabello achou que fosse desmaiar ao sentir a proximidade e o hálito quente dela em sua pele.

– Minha boca é um túmulo.

Com um movimento fluido, os olhos de Lauren passaram aos lábios de Camila e depois voltaram aos olhos.

– Me faça um favor e tente não chamar nenhuma atenção para esta boquinha linda – sussurrou ela, os olhos verdes intensos.

Cabello ficou boquiaberta, mas logo se recompôs.

– Quer beber alguma coisa? – perguntou Jauregui, muito informal, baixando a cabeça para disfarçar o sorriso.

– Vai ficar me olhando enquanto eu estiver bebendo? Porque, posso estar enganada, mas acho que vou ter que usar a boca para tomar qualquer coisa.

Lauren ergueu uma das sobrancelhas e deu um sorriso torto.

– Seria um enorme prazer para mim.

– O que seria um enorme prazer? – perguntou Malik ao voltar do banheiro.

Camila se afastou de Lauren, quase tropeçando.

– Eu estava acabando de dizer a Camila que seria um enorme prazer mostrar o apartamento a ela – respondeu Jauregui com toda a calma e impassibilidade possíveis.

– Bem, antes do tour pelo apartamento, vamos acabar logo com esta merda. – Zayn entregou a ela uma pilha de documentos. – Preciso da sua assinatura em cada um destes bonitões. Também quero conversar com você a respeito de alguns riscos que acho que está assumindo ao se livrar da CMEX. – Malik foi até a cozinha para pegar uma bebida.

Lauren olhou Camila nos olhos.

– Eu sou completamente a favor de assumir riscos. Acho que deixa a vida um pouco mais... empolgante. Você não concorda? – Cabello sabia bem a que ela se referia, e seu coração deu uma cambalhota ao fitá-la.

– Só não acho que seja uma boa ideia se livrar dela – insistiu Zayn, abrindo uma garrafa de cerveja. Fez o caminho de volta até as duas. – A CMEX é sua segurança. Você tem muito dinheiro investido em fundos multimercado no momento. Pode não ser uma boa jogada.

– Você é o profissional – disse Jauregui com um sorriso. – Vamos cuidar disso no meu escritório. – Ela se virou para Camila. – Por favor, sinta-se em casa. Natasha deve voltar num minuto. Tenho certeza de que ela vai manter você... tipo, entretida. – Ela deu uma piscadela e sumiu corredor abaixo com Malik.

Cabello permaneceu um instante na sala de estar, muda como uma estátua enquanto tentava recuperar o fôlego. Lambeu os lábios enquanto o formigamento que Lauren provocava em seu corpo ia subindo do pé até o topo da cabeça.

Perigosa... pra... cacete...

Com um suspiro, foi até o terraço na esperança de que o ar fresco acalmasse o caos em sua mente.

A cobertura ficava numa quina e a impressionante vista desimpedida do Central Park e do East River a encheram de reverente admiração. O terraço, por si só, era maior do que a sala de estar e os quartos dela e de Dinah juntos. Com todo o cuidado, espiou a cidade pela beirada, lá embaixo. Os cabelos chicoteavam à sua volta enquanto ela respirava o ar quente e úmido de agosto. Embora tivesse medo de altura, Cabello sentiu-se em paz por causa da tranquilidade, da garantia de solidão, da ausência de gente naquele ponto tão alto. A serenidade durou pouco, no entanto, pois Natasha chegou, tipo, cruzando as portas francesas.(n/a: Desculpa, eu tipo... Nao resisti!)

– É, tipo, de tirar o fôlego aqui fora, não é? – perguntou, entregando a Camila um copo de água gelada.

– Obrigada – disse ela. – É realmente lindo aqui em cima. – Estudou o tomara que caia preto e justo de Natasha. – E então, de onde você é?

– Califórnia. – Ela deu uma risadinha infantil.

– Sério? – Cabello demonstrou um choque falso. – Eu jamais teria imaginado.

Natasha inclinou a cabeça, os cabelos vermelhos voando ao vento.

– Tipo, eu sei, né? As pessoas me dizem isso o tempo todo.

– Aposto que sim.

As duas mulheres se sentaram num confortável sofá.

– E então, tipo... Há quanto tempo você namora o Zayn?

– Vamos fazer um ano no mês que vem.

– Ai, que fofo. E ele é tão bonitinho também.

– Obrigada. E quanto tempo faz que você e Lauren... é... – Sem saber como fazer a pergunta, Camila levou o copo d'água até os lábios e tomou um gole.

– Que a gente transa? – Cabello engasgou com a água. – Ah, meu Deus... Você está bem? – Natasha colocou a mão nas costas de Camila.

– Estou, é que... – Ela pigarreou diversas vezes. – É que desceu meio mal – explicou ela, apontando para a garganta. – Estou bem agora, obrigada.

– Bem, como eu estava dizendo, deixa eu ver, tipo... – Natasha fez uma pausa e bateu um dedinho no queixo. – Eu conheci a Lauren... tipo... há dois anos, quando a Jauregui Industries estava fazendo uma campanha para uma agência de modelos para a qual eu trabalhava. Não temos um relacionamento sério nem nada, mas a gente transa de vez em quando desde então. Tipo, quando ela me liga, eu venho. – Ela riu. – E eu quero dizer, correndo. Meu Deus, como eu gozo. Aquela mulher sabe o que faz na cama. Tipo, é a melhor que já tive, sem brincadeira. E aqueles lábios, aquela língua. São tão, tipo... não só bons para beijar. Quero dizer, quando ela desce e...

– Parece que está esquentando aqui fora, não é mesmo? – Cabello a interrompeu, levantando-se depressa. Ela abanou o rosto com a mão. – É, definitivamente ficou mais quente aqui fora.

Natasha franziu as sobrancelhas.

– Hum, não estou sentindo.

– Eu estou. Vou voltar lá para dentro para ficar no ar-condicionado.

– Ah, está bem... Vou com você – exclamou Natasha, saltando sobre os pés um pouco avidamente demais.

Não vem não, por favor...

Entrando na cobertura, Cabello encontrou Zayn sentado no sofá de couro.

– Você está bem, gata? – perguntou ele. – Está pálida.

– Sim, estou bem. – Ela se aproximou dele. – Preciso ir ao banheiro antes de irmos embora.

Natasha fez beicinho e se atirou numa poltrona ao lado de Malik , se encolhendo.

– Ah, não. Tipo, eu estava esperando que pudéssemos ir todos almoçar num restaurantezinho grego todo chique que acabou de inaugurar e que, tipo, estou super a fim de experimentar.

– Parece ótimo. – Malik ficou de pé e foi até a cozinha pegar outra cerveja. – Na verdade, estou morrendo de fome.

– Zayn, a gente ia fazer compras, lembra?

– A gente vai depois. A Quinta Avenida ainda vai estar no mesmo lugar – observou ele, pegando o celular para fazer uma ligação.

Camila o fitou, furiosa, enquanto ele dava início a uma conversa com quem quer que estivesse do outro lado da linha.

– Ah, que bom! – Natasha bateu palmas.

Jauregui entrou na sala de estar, ainda muito informal com suas calças de pijama. Ela começou a massagear os ombros de Natasha.

– Por que está aplaudindo?

– Ela está, tipo, super animada porque todos nós vamos, tipo, sair para almoçar juntos. – Cabello deu um sorriso malicioso para ela, semicerrando os olhos. – Então, tipo, preciso usar seu banheiro antes de irmos. Será que, tipo, dava para você me dizer qual desses corredores devo pegar para chegar lá?

Natasha sorria de orelha a orelha.

– Fica, tipo, no final daquele corredor, na última porta à sua direita. – Apontando, Jauregui tentou conter uma risada.

Sem olhar para trás, Cabello seguiu na direção indicada. Fechou a porta às suas costas.

– Puta que pariu, é inacreditável – murmurou ela enquanto estudava seu reflexo.

Depois de alguns minutos tentando aceitar que estava prestes a passar a tarde numa situação muito desconfortável, saiu e deu com Lauren encostado na parede oposta, os braços cruzados. Ouviu Malik e a Garota da Califórnia rindo no outro cômodo, embora não desse para escutar o que conversavam.

– Você acha isso tudo muito engraçado, não acha?

Sorrindo, Jauregui deu um passo à frente.

– E você, não?

Ela deu um passo para trás.

– Não tanto quanto você.

Sem se deixar abater, Lauren deu mais um passo adiante.

– Nós somos amigas, lembra?

Sem dizer nada, Cabello recuou mais um pouco, apenas para se dar conta de que estava contra a parede, as palmas das mãos suadas pressionadas contra a superfície fria.
Jauregui apoiou uma das mãos logo acima do ombro dela, inclinando a cabeça enquanto se abaixava para olhar dentro dos seus olhos.

– É só um almoço – disse ela, a voz grave e sedutora. – Amigas almoçam juntas o tempo todo.

Fechando os olhos, Cabello tentou se concentrar na voz de Zayn no outro cômodo, mas o hálito doce de Lauren, tão perto, tornava tudo muito difícil. Arrepios lhe percorreram a pele.

– Você é louca. – O coração de Camila batia com tanta força que ela jurava que dava para ouvir.

– Você acha?

Engolindo com dificuldade, ela abriu os olhos e assentiu.

Jauregui mordiscou o lábio, deslizando-o lentamente por entre os dentes.

– Então posso fazer uma confissão, já que, ao que consta, pareço ser louca?

A voz rouca fez o estômago da Cabello revirar outra vez.

Descendo as pontas dos dedos com suavidade pelos braços nus de Camila, Lauren pôs uma tampinha de garrafa na mão dela. Então inclinou o corpo, ficando a centímetros do ouvido dela, a voz não mais do que um sussurro:

– Eu me esqueci completamente de lhe dar isto quando você chegou. – Sorrindo, ela se afastou, entrou no quarto e fechou a porta.

Cabello deixou escapar o ar que vinha prendendo e tentou restaurar seus batimentos a um ritmo normal. Sentiu um nó na garganta. Depois de enfiar a maldita tampinha dentro da bolsa, fez o caminho de volta até a sala de estar e acomodou-se no sofá, ao lado de Zayn.

Durante os quinze minutos seguintes, enquanto aguardavam Lauren se arrumar, aturou a detalhada e maçante explicação de Natasha sobre a recente cirurgia plástica a qual havia se submetido para empinar o bumbum. Natasha parecia ser uma garota boazinha e um pouco maluquinha, mas, quando Jauregui chegou à sala, Cabello ficou mais do que satisfeita em poder dar o fora dali.

Parecia impossível, mas a viagem de elevador até o térreo foi ainda mais torturante do que a subida à cobertura. A tensão existente no pequeno espaço era tão palpável que Cabello a sentia roçando em sua pele. Os dois casais se encontravam frente a frente. Malik e Natasha conversavam sobre opções de investimentos em ações que ele achava que ela devia fazer.

Muito à vontade, Jauregui se encostou na parede, sorrindo e abraçando Natasha pela cintura, mas sem tirar os olhos de Camila.

Cabello a observava com a mesma intensidade. Jauregui vestia uma camiseta preta justa cujas mangas ficavam distendidas em torno dos braços definidos e calças pretas que apertavam a cintura delgada.

Quando a campainha do elevador tocou, já no térreo, Cabello saiu o mais rápido que pôde – para bem longe de Lauren.

Os casais decidiram que iriam até o restaurante no carro de Zayn. Natasha e Lauren se acomodaram no banco de trás e Cabello perdeu a noção da quantidade de vezes que revirou os olhos ao ouvir a risadinha de Natasha a cada palavra sussurrada por Lauren. Não havia dúvidas de que se tratava de algo de teor sexual.

Quando chegaram, Malik ajudou Camila a sair do carro, e Jauregui fez o mesmo com Natasha.

Embora o saboroso aroma de comida grega despertasse o apetite de Camila, ela não estava com muita vontade de comer quando o maître os conduziu à mesa.

– Sabe, Camila, você é realmente linda – observou Natasha, do outro lado da mesa. – Alguma vez você, tipo, já pensou em ser modelo? Você tem mais de 18 anos, né?

– É... tenho 24. Mas nunca pensei em fazer nada parecido. Além do mais, gosto demais de comida – falou, rindo, devolvendo o cardápio para o garçom. Malik buscou a mão de Camila e olhou para Natasha.

– De todo modo, eu não ia querer que ela trabalhasse como modelo.

– Por quê? Tipo, ela ia ganhar um dinheiro maneiríssimo, e eu tenho o melhor agente em Nova York. Poderia apresentá-lo a ela.

– Camila não precisa se preocupar com dinheiro. – Malik se recostou. – É só uma coisa que eu preferiria que ela não fizesse, só isso.

Natasha deu de ombros e jogou os cabelos para o lado.

– Então, Malik disse que você vai lecionar na cidade este ano – comentou Jauregui, olhando para Cabello.

– Isso – respondeu ela, pondo o guardanapo no colo. – Em Greenwich Village.

– Pois é, vai dar aula para o primeiro ano, assim não tenho que me preocupar com alunos se apaixonando por ela. – Malik riu e inclinou o corpo para beijar o pescoço da namorada.

– Ah, mas você pode estar enganado quanto a isso, Zayn – disse Jauregui. – Eu tive uma quedinha pela minha professora do primeiro ano.

Malik bebeu um gole do uísque com gelo que pedira.

– Está falando sério?

– Estou. – Lauren se recostou na cadeira. – Se bem me lembro... – Ela fez uma pausa de um segundo e sorriu. – O nome dela era Srta. Molly. E, cara, vou lhe contar, fiquei mal por causa dela. Ela me enlouquecia de um jeito que eu não conseguia entender direito.

Cabello lançou um sorriso irônico para ela e revirou os olhos.
Natasha riu e deu um tapinha brincalhão no braço de Lauren.

– Tipo, você já corria atrás das mulheres naquela época, é?

– Pelo visto, sim. – Cabello entrelaçou os dedos das mãos sob o queixo e a fitou, do outro lado da mesa.

Jauregui ergueu uma das sobrancelhas e permaneceu em silêncio.

– Cacete, se não é o Zayn Malik!

Camila se virou e deu com um homem mais ou menos da idade deles, de sorriso largo e cabelos castanhos escuros penteados para trás com uma boa quantidade de gel.

– Caralho, não é possível! – Zayn se levantou, contornou a mesa e apertou a mão do homem. – Porra, onde você tem se escondido?

– Em Cancun, com as deliciosas señoritas, mas estou de volta e mais quente do que nunca.

Malik se virou para Cabello.

– Gata, este é um velho amigo meu de faculdade, Keith Jacobs. Keith, esta é minha namorada, Camila Cabello.

Ela apertou a mão dele e Zayn o apresentou a Lauren e a Natasha. Seguiu-se uma troca de amenidades e Malik pediu licença para conversar com Keith no bar por alguns minutos. Cabello se virou para Natasha:

– E então, Natasha, já teve a oportunidade de visitar a biblioteca pública de Nova York?

– É... Bem, ainda não, mas gosto de ler revistas. Deve ter algumas por lá, não é?

Jauregui sorriu para Cabello divertindo-se muito com a observação estúpida feita por Natasha. Ela sabia bem a qual conversa Camila estava se referindo ao mencionar a biblioteca.

– Tem sim, sem dúvida. – Cabello arregalou os olhos castanhos. – Você teria centenas, se não milhares, de revistas nas pontas dos dedos. – Tomou um gole do muitíssimo necessário cosmopolitan e sorriu. – Aposto que eles têm uma tonelada de exemplares da Vogue, também.

Natasha pareceu contente.

– Obrigada pela sugestão. Tipo, eu vou ter que ir lá um dia. Mas agora vou retocar a maquiagem. Já volto. – Ela se levantou, deu um beijinho casto na têmpora de Lauren e atravessou o restaurante, rebolando enquanto ajeitava o tomara que caia.

– Essa foi boa – observou Jauregui, inclinando o corpo por cima da mesa. – Eu já disse isso e vou repetir: você é uma garota bem engraçada.

– Sério, Lauren? Uma mulher da sua importância saindo com uma cabeça de vento como esta? Acho que você não estava mesmo brincando quando disse que se sentia atraída pelo tipo cem por cento beleza e zero cérebro.

Jauregui deu de ombros.

– Eu já falei que todos nós temos nossas formas de preencher os vazios de nossas vidas. Ela me dá o que eu preciso e eu dou a ela o que ela precisa. Me parece justo.

– Ah, é verdade, afinal quem poderia sentir falta do pedregulho que ela traz pendurado no pescoço?

– Você parece... zangada? – devolveu ela, a voz monótona e o rosto impassível. Cabello perdeu a paciência, mas manteve o tom de voz num sussurro.

– Você quer saber por que estou zangada? – Jauregui assentiu, sem tirar os olhos de cima dela. – Estou zangada por você, tão espalhafatosamente, fazer questão de me deixar desconfortável. O que aconteceu com aquela coisa de querer ser minha amiga?

– Estou dificultando as coisas para você? – perguntou Lauren, zombeteira.

– Está sim, Jauregui – disparou ela, baixinho, os nós dos dedos brancos em torno do copo.

Com o desejo por Camila preso dentro de si – incendiário, sufocante e pronto para explodir – Jauregui se inclinou um pouco mais para a frente, baixando a voz.

– Ótimo, porque sempre que você está por perto, eu perco cada pingo de autocontrole que ainda tenho.

Cabello sentiu um nó na garganta ao ouvir aquelas palavras inesperadas. Expirou com vontade, o som pesando no ar enquanto ondas de comichões tomavam todo o seu corpo. E, para piorar, a cada segundo que Lauren a fitava daquela forma, Camila ia sentindo o calor aumentar. O impacto criou uma explosão entre suas pernas, causando uma reação em cadeia de raiva misturada a um desejo ainda maior do que antes. Cabello retribuiu o olhar carregado de desejo dela, demonstrando traços de desafio enquanto tentava recuperar o fôlego.

– O que você quer de mim?

– Eu quero que você se renda àquilo que vejo toda vez que me aproximo de você. – Muito lentamente, Jauregui lambeu os lábios. Os olhos verdes brilhantes endureceram com um desejo palpável. – Quero que você se renda ao modo como tremeu nos meus braços quando a toquei, ao modo como fica mais ofegante quando olho para você. – Camila a encarou, o coração ribombando, sem conseguir formar uma única frase. – Eu amei a sensação dos seus lábios nos meus e estou quase certa de que você sentiu o mesmo. Também adoro a maneira como quase consigo sentir você ficando molhadinha agora. – Ela fez uma pausa antes de dizer, num sussurro ríspido: – Vai fingir que não sente nada por mim, Cabello?

Jauregui nem a estava tocando e, no entanto, estava certíssima: a calcinha dela estava úmida. Cabello odiava o fato de ela estar certa. Odiava o fato de ela notar cada reação física e emocional que provocava nela. E odiava o fato de desejá-la tanto. Que desgraçada!

– Não vou responder à sua pergunta.

– Você não gosta de responder a perguntas – afirmou Jauregui através de dentes cerrados, tentando lutar contra o desejo de arrastá-la para cima da mesa e tomá-la nos braços. Poderia ter devorado cada centímetro dela bem ali. Como um tornado que arranca do solo tudo que está em seu caminho, a simples presença de Camila funcionava como um ímã. Que desgraçada!

– Não, Lauren. Eu não gosto de responder às suas perguntas – sussurrou ela rapidamente em resposta. – E pelo visto nem vou precisar fazer isso, porque seu preenchedor de vazios está chegando.

As pupilas de Lauren abandonaram os olhos dela e se dilataram com a compreensão do que Camila acabara de dizer. Recostando-se displicentemente, ela colou um sorriso artificial nos lábios quando Natasha se aproximou. Antes de se sentar, Natasha a puxou para beijá-la.

Cabello foi tola por não desviar os olhos. Sentiu náusea ao ver Jauregui deslizar a língua quente pela boca de Natasha. Não sabia por que sentira-se assim ao observá-las, mas ficou furiosa, mesmo ciente de que não tinha o menor direito. Quando o beijo chegou ao fim, os olhos verdes de Lauren passaram a fitar Camila. O olhar foi vacilante, com uma forte sugestão de algo semelhante a um pedido de desculpas.

Um dos cantos da boca de Natasha subiu com um sorriso satisfeito antes de ela se sentar ao lado dela.

– Desculpe por eu ter demorado tanto, mas, tipo, tive que tirar tudo da bolsa para encontrar o batom.

Cabello respirou fundo e quase deu um pulo ao sentir o aperto da mão enorme de alguém em seu ombro. Virou-se e viu Zayn. Tentou fazer com que o coração desacelerasse do choque frenético causado pela conversa que tinha acabado de terminar.

Enfim o garçom trouxe a comida. Camila e Lauren passaram o restante da refeição trocando olhares acalorados, o que fez Cabello brincar nervosamente com os talheres o tempo todo.

Depois de ser obrigada a aguentar uma hora de uma conversa entediante sobre a preocupação de Zayn com as escolhas de Lauren a respeito de seu portfólio de ações, Camila ficou exultante quando os casais enfim retornaram ao carro, encerrando uma tarde que deixara seu estômago revirado.

Ficou praticamente em silêncio durante o percurso até o outro lado da cidade para deixarem Jauregui e Natasha, mas, se Malik notou a sua súbita mudança de comportamento, não comentou. Ao chegarem ao edifício de Lauren, Cabello alegou que não estava se sentindo bem, um pretexto para ficar no carro enquanto Zayn as acompanhava até a entrada. Beijou a bochecha de Natasha e se despediu de Lauren com um aperto de mão firme. Enquanto Malik voltava ao carro, os olhos de Camila foram atraídos por Jauregui, que manteve a porta aberta para Natasha enquanto esta saltitava portaria adentro, sacudindo os cabelos para todos os lados. Antes de segui-la, Jauregui se virou, as mãos enfiadas nos bolsos da frente, e lançou um último olhar para Cabello, penetrante e cheio de desejo, que ficaria cauterizado em sua lembrança pelo restante da tarde. Malik se recostou no assento e sorriu:

– Pronta para ir às compras na Quinta Avenida?

Embora sentisse como se tivesse acabado de fugir de um manicômio, Cabello abriu um sorriso artificial e assentiu.

– Sim, vamos dar o fora daqui.


Notas Finais


'Tipo'... O que acharam do capitulo?
Até logo! :)


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