História Teoria do Caos - Agora que está ficando bom?

— Nada de festas ou bebidas enquanto estivermos fora. — minha mãe diz colocando a última mala no porta malas.

— Se for sair para qualquer lugar, leve sua irmã. — meu pai diz para Cameron.

— Se ela não for, você também não vai. — minha mãe completa.

— Parem de se preocupar com a gente e se preocupem em pegar o navio antes que ele vá embora sem vocês. — Cameron diz e passa o braço por meu pescoço. Ele tá forçando a barra.

— Não é todo dia que se faz 20 anos de casados. — digo. — Agora vão curtir suas pequenas férias no meio do mar.

Meus pais fazem o maior drama e, em seguida, se despedem de Cameron e eu e então vão embora. Tiro a mão de Cameron do meu ombro e entro para dentro de casa novamente me jogando no sofá e imaginando qual série vou fazer maratona primeiro. Tenho tantas opções e tantas horas pra ficar em casa que nem sei o que faço primeiro.

Cameron passa correndo e sobe as escadas na velocidade da luz. Ligo a televisão e começo a procurar algo para assistir na Netflix, por fim coloco na primeira temporada de Teen Wolf. O jeito é assistir novamente a série favorita para não ter que ficar ouvindo Cameron reclamando das suas peguetes.

— Onde você vai? — pergunto a Cameron quando ele pega a chave de seu carro na mesa de centro.

— Na casa do JJ.

— Você não pode sair sem mim. — digo convencida.

— Assista enquanto eu saio sem você. — ele diz indo em direção a porta de casa. Ele para por alguns segundos para ler uma mensagem e então se vira para mim. — Se arruma.

— O que é? A mamãe mandou uma mensagem já adivinhando que você estava deixando essa criança de 16 anos em casa sozinha?

— Brooke, levanta desse sofá e vá se arrumar antes que eu mesmo te arraste com esse pijama horrível pro meu carro.

— Que insensível. — digo fazendo drama e caminho em direção a escada. — Vou chamar Noah e Lizzie, então. — digo subindo a escada e sorrindo. Quase consigo imaginar sua cara de raiva atrás de mim.

— Lizzie, sim. Noah, não.

— Você não tem escolha, Cam. — grito do andar de cima batendo a porta do meu quarto.

Deixar Cameron esperando é uma das coisas que o irrita e por isso me arrumo para sair como um tartaruga anda em terra firma. Depois do banho visto uma calça jeans rasgada, um cropped branco e um tênis all star na mesma cor. Cameron berra do andar debaixo e eu pego a jaqueta de Johnson antes de sair do quarto andando lentamente pelo corredor.

— Entra naquele carro antes que eu mate você. — ele diz com toda sua delicadeza de irmão mais velho e eu o sigo até a garagem.

Durante o caminho ligo para Noah e aviso para Lizzie e ele me encontrarem na casa do Johnson e, é claro, Cameron não gostou nada da ideia. Assim que o carro para vejo alguns carros estacionados na porta, mas nada que indicasse uma festa grande ou algo do tipo. Talvez uma reunião entre amigos que eu, muito provavelmente, vou estragar.

Vejo Lizzie e Noah saindo do carro dele a alguns metros de nós. Lizzie diz alguma coisa a Noah e então ele começa a rir, e por alguns segundos eles parecem mesmo um casal. Um casal de verdade, daqueles que não tem tempo para os amigos e só querem saber de aproveitar a presença um do outro e transar mais do que o necessário. Okay, Brooke, se acalma.

— Se continuar encarando vai matar um deles. — Cameron diz e eu reviro os olhos.

— Vai se foder, por favor? — pergunto e saio do carro.

— Achei que você não viria mais. — Lizzie diz me dando um abraço assim que se aproxima.

— Melhor do que ficar em casa, não é? — pergunto e ela sorri.

— Não é uma boa ideia eu ficar, então estou indo. — Noah diz e eu junto as sobrancelhas em confusão.

— Na verdade, eu iria adorar ver você e o Nash juntos. — Cameron diz animado.

— Que? — pergunto mais confusa ainda.

— Vamos ver quanto tempo vocês conseguem ficar no mesmo cômodo sem se matarem. — Cameron diz puxando Noah com uma animação fora do normal e eu encaro Lizzie ainda confusa, mas ela parece estar tão confusa quanto eu.

— Eu não faço ideia do que está acontecendo. — digo e ela balança a cabeça em concordância.

Lizzie e eu entramos e seguimos as vozes até o lado de fora, estão todos na beira da piscina e Noah está com eles. Johnson, Gilinsky, Nash, Maia, uma outra garota que não conheço, Matt e meu irmão. Todos conversando, menos Nash e Noah que se encaram como se pudesse sair rolando na porrada ali mesmo.

É uma péssima ideia continuar aqui, mas se conheço Noah bem, ele não vai ir embora. Não depois de Cameron insinuar que ele e Nash vão se pegar na porrada e o que Noah mais quer no momento é bater no Nash. E eu até o apoiaria em outra situação, mas é claro que os amigos do Nash não vão deixa-lo apanhar sem entrar no meio e Noah não vai dar conta de todos eles sozinho. Vir aqui não foi uma boa ideia e chamar o Noah foi pior ainda.

— Brooke. — ouço a voz de Johnson e só então percebo que Lizzie e eu ainda estamos paradas na porta os encarando.

— Trouxe sua jaqueta. — digo me aproximando e ele se levanta para pegá-la. — Obrigada. — sorrio.

— Quando precisar. — ele retribui o sorriso.

— Quando vamos começar o jogo? — Maia pergunta.

— Agora que todo mundo já chegou, podemos começar. — Matt diz se levantando assim como os outros.

— Que jogo? — Lizzie pergunta tão confusa quanto eu.

— Verdade ou desafio, lindinha. — Gilinsky responde e eu encaro Noah que me encara de volta por alguns instantes antes de se juntar ao outros na roda na sala.

— Cuidado com o que vão mandar minha irmã fazer ou eu arranco a cabeça de vocês. — Cameron diz e me sento entre Matt e Lizzie na roda.

Noah está sentado entre Johnson e Cameron, de frente para mim e ele não parece tão deslocado quanto eu achei que estaria. Johnson começa a jogar, ele gira uma garrafa de cerveja vazia que, quando para, aponta para a garota que não conheço. Ela, que descubro que se chama Adelaide, escolhe verdade e fala algo sobre sua primeira vez. Fiz questão e ignorar essa parte.

Adelaide roda a garrafa e cai em Nash, ele escolhe desafio e é desafiado a deixar Maia excitada. Os dois começam uma seção de beijos que mais parece uma tentativa de engolir um ao outro, tenho que desviar os olhos da cena para não acabar vomitando e quando acabam Maia está vermelha de vergonha e não é para menos. Que baixaria.

Nash roda a garrafa e eu fico a encarando com tedio, esse é o jogo mais idiota que eu conheço. Ficar rodando uma garrafa apenas para ter uma desculpa para mandar outra pessoa fazer algo que você quer e que talvez vá a envergonhar por anos... Isso é ridículo. A garrafa para apontando para Noah, encaro Nash e depois Noah, e por alguns segundos sinto medo do que Nash vai fazer.

— Verdade ou desafio? — Nash pergunta calmamente com um sorriso de lado.

— Desafio. — Noah responde.

— Te desafio a... — Nash faz uma pausa dramática e encara Lizzie. — Te desafio a beijar a Lizzie e deixar um chupão no pescoço dela.

Pisco algumas vezes até conseguir absorver tudo que Nash acabou de falar. Ao meu lado Lizzie se mexe, mas não sei se está desconfortável ou ansiosa. Prendo minha respiração quando Noah se levanta e Lizzie faz o mesmo. Continuo o encarando, mas ele nem parece se lembrar que estou no meio da roda e isso me incomoda. 

O beijo começa de maneira apressada, como se os dois esperassem por isso a vida toda, Noah segura Lizzie com tanta força que imagino que talvez ela tenha deslocado algum osso da cintura. Desvio o olhar e encaro o chão a minha frente sem conseguir ver a cena que está acontecendo. 

Ao tentar manter minha atenção em qualquer outro lugar que não fosse meus amigos se beijando encaro Nash. Ele parece satisfeito por ter feito esse desafio e me dá seu melhor sorriso de deboche, reviro os olhos. É claro que quando ele viu Noah e Lizzie ele planejou isso, ele fez de proposito, fazerem os dois se engolirem do meu lado. Mas com que propósito, afinal? Não é como se o Noah fosse odiar beijar Lizzie. Quem odiaria beijar a Lizzie? Ah, Nash Grier, como eu te odeio!

Depois de algum tempo Noah se senta novamente e gira sua garrafa em silêncio, os outros da roda estão batendo palmas pra ele, como se ele tivesse feito algo formidável. Olho levemente para o lado e consigo ver a marca avermelhada no pescoço de Lizzie que mais tarde, provavelmente, irá ficar roxa.

Fico encarando a garrafa durante um tempo. Não estou com ciúmes. Não é como se eu gostasse do meu melhor amigo, mas... Também não é como se fosse legal ele ter uma namorada. Sempre foi Noah e eu e não consigo imaginar sendo de outra forma.

— Brooke? — Gilinsky me chama e eu o encaro. — Sua vez.

— O que?

— Verdade ou desafio? — ele pergunta.

— Hm... — penso um pouco, talvez o desafio seja divertido, afinal. — Desafio...? — respondo, mas sai quase como uma pergunta.

— Te desafio a deixar o Johnson duro. — Gilinsky diz e eu arregalo os olhos.

— Vocês não tem criatividade? — pergunto.

— G, eu vou te matar. — Cameron diz.

— Ela não vai fazer isso. — Nash diz sério chamando atenção de todo mundo, inclusive a minha. Junto as sobrancelhas em completa confusão quando vejo seu olhar de surpresa, quase como se tivesse falado aquilo sem querer. Então ele completa. — Quer dizer, é claro que ela não consegue fazer isso.

— Como é que é? — pergunto o encarnado.

— Você ouviu bem. — ele responde. 

Me levanto e seguro a mão de Johnson o puxando e o faço se sentar no sofá. Me sento em seu colo e passo meu braço por seu pescoço chegando meus lábios bem perto dos dele, sua mão aperta minha cintura com firmeza e então o beijo. Sua lingua adentra minha boca a deixando com gosto de cerveja e menta, o que fico incrivelmente delicioso. Rebolo em seu colo sentindo-a apertar minha bunda, passo a língua em seus lábios e mordo o ouvindo gemer baixo contra meus lábios.

Ouço Cameron reclamar, mas não paro, assim como Johnson também não. Ele segura meu cabelo e aumenta a intensidade do beijo enquanto, com a outra mão, aperta mais ainda minha bunda. Sinto-o começar a endurecer embaixo de mim e sorrio entre o beijo.

— Tá bom, chega. — Cameron berra e eu saio de cima de Johnson limpando os lábios. — Em casa conversamos sobre isso. — Cameron diz de cara feia, mas eu o ignoro e me sento no meio da roda novamente.

Todos parecem surpresos pelo que acabei de fazer, principalmente Nash. Não sei identificar o significado de sua expressão facial, mas é divertido vê-lo assim. Parece que finalmente fiz alguma coisa que o deixou sem palavras, mesmo que não tenha sido com ele.

— Vamos embora, Brooke. — Cameron diz emburrado.

Não acredito que meu irmão mais velho é uma criançinha ciumenta.

— Agora que está ficando bom? — pergunto com um sorriso inocente, mas ele não parece achar graça. — Okay, até mais... — digo seguindo Cameron.

Faço questão de não olhar para trás para não ter que ver Noah me encarando com sua típica cara de quem não entendeu nada do que aconteceu. Apesar de, no fundo, ele saber exatamente o que há de errado.