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História Texas - Um traidor dá as caras


Escrita por: littlezackary

Capítulo 15 - Um traidor dá as caras


Aviso: este capítulo contém diálogos fortes sobre violência. Texas é entretenimento e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência, não havendo nenhuma intenção de incitar o leitor a nenhuma dessas atitudes negativas.


“-Na hora que você menos esperar, o traidor dará as caras.
Foi o que Quinn disse antes do líder lhe desferir um soco no queixo, e desmaiar de vez.”


Cresson foi abençoada pela simplicidade. Mas naquela época do ano, bem perto do fim do verão, parques e circos itinerantes passavam por lá, trazendo um pouco de animação para a pacata região.


Seguindo firme e forte no seu objetivo de tornar Frank o melhor e mais feliz garoto do mundo, ao que ouviu o anúncio da visita deles no avião de pequeno porte, não vacilou em decidir levá-lo para um passeio e se divertirem juntos.


Acreditava muito naquela força que estava o movendo para um caminho mais amoroso em relação à seu sobrinho, mas temia que todo o desconhecido e intenso sentimento amolecesse demais seu coração, o tornando um babaca bonzinho. Ele precisava ser firme e autoritário em outros quesitos de sua vida, assim como era fazendo “sexo” com Frank. 

E embora de vez em quando, se deparasse com um garoto de olhar escuro e sombriamente penetrante, Gerard ainda acreditava que ainda existia uma infantilidade e jovialidade suprimida dentro da alma dele. Mesmo que aquele olhar, aquele, cheio de uma coisa estranha que não sabia distinguir, o deixasse meio aflito. Parecia ele próprio quando mais novo. Jovem e sequelado. Sequelas estas que o levou a cometer tantas atrocidades.

Por isso queria tanto fazer Frank se sentir como um garoto normal da sua idade – exceto pelo fato de estar tendo um affair com seu tio, para que não se tornasse um adulto mentalmente doente.

Mal sabia Way que todo seu esforço viria a ser em vão.

Porém, quando viu as luzes do parque contra os olhos marcantes e expressivos de Frank, o sentimento desconhecido pareceu martelar em seu peito. Óbvio que boa parte dele o avisava do quão imbecil estava sendo por se permitir sentir aquilo, e logo pelo próprio sobrinho. Mas Way nunca foi alguém muito normal, então ter um relacionamento com seu sobrinho não era grande coisa. Não para ele.

E Frank se convenceu de que nunca se sentiu tão normal como quando se viu diante dos carrosséis, da montanha russa e da roda gigante daquele parque cheio de luzes coloridas e pessoas circulando. Lembrou da sua infância, do que provocava euforia em si, e do quanto sempre foi fácil em qualquer idade entrar no carrinho de bate-bate por ser pequeno.

O rosto de Gerard se abriu em admiração quando viu que o garoto sorria alegre; um olhar nostálgico e as mãos pequenas enfiadas nos bolsos de trás de seu jeans velho. E Frank nunca imaginou que seu tio faria uma cara daquelas, ao que retribuiu seu olhar.  Way sorriu brevemente, condescendente, como se soubesse exatamente como o seu garoto se sentia; que não precisava falar nada. Que apenas aquele sorriso já era o suficiente para que todos os seus pecados fossem pagos e toda sua ira do mundo desaparecesse.

-Obrigado por ter me trazido aqui. – Frank disse, ainda segurando aquele sorriso alegre nos lábios.

Para Gerard soou sincero. Na verdade, aquela frase em especial, nem o próprio Frank saberia explicar se veio de coração ou foi só um fragmento do seu plano de vingança.

-Não tem que agradecer nada. – Gerard espalmou suas costas, subliminarmente sugerindo que começassem a andar. E foi o que fizeram. Way com uma mão no bolso e a outra nas costas, fazia com que mantivesse o controle ali. Não, não que achasse que o menino iria fugir, mas sim porque queria se agarrar a ele, abraçá-lo ali. Porém, se lembrou de que para os outros eles eram um tio e um sobrinho caminhando num parque de diversões, não um casal homossexual comum e sem nenhuma relação consanguínea. – Você tem o direito de se divertir.

Frank, que achou aquele papo muito ridículo, massacrava o próprio orgulho para manter sua máscara de menino apaixonado. Ele não sentia nada por Gerard e o usaria para sua vingança e para apaziguar sua carência. Porque alguém o paparicando e o beijando e o dando prazer – pelo menos isso seu tio sabia fazer direito e deveria ter feito direito há muito tempo, e não o estuprado. Era muito bem vindo. Uniria o útil ao agradável, não se importando se no final iria destroçar os sentimentos de Way. Para o garoto, Gerard não merecia ser amado. Nem receber amor de ninguém. Por isso, estava fingindo como ninguém gostar dele. Estar aos seus pés.

E sabia do fraco dele por sexo. E ganharia sua confiança com isso.

Sem nenhuma piedade.

-Podemos ir à algum lugar mais quieto? – Frank pediu, com a voz um tanto infantil e muito sugestiva.

O parque estava num estacionamento público. O espaço era enorme e umas poucas lojas se distribuíam além das grades que demarcavam o local. Frank caminhou em direção aos geradores de energia, uma parte escura e vazia, que ficava na lateral. Como as pessoas estavam preocupas em vencer os jogos das barracas e ganhar seus brindes, ou estarem conversando nas filas dos brinquedos, ninguém percebeu enquanto aquelas duas pessoas se direcionavam desconfiados para a parte escura e de menos interesse de todo o local.
 
Gerard ficou excitado só de pensar no que Frank estava pretendendo com aquilo. Mais ainda ficou, quando reparou a forma confiante na qual o garoto andava, e um tanto provocador também.

Sabendo da paixão de seu tio por poder, Frank decidiu assumir uma postura submissa e que levaria Gerard à loucura. Sexualmente falando. Seria aquele que geme e o arranha, que pede por mais seja onde for. E quando tudo estivesse perfeito aos olhos de Way, iria destruir todo seu castelo de felicidade. E faria de um jeito, que Gerard nunca mais iria encontrar ninguém que fizesse sexo como Frank fazia, se entregando inteiramente – Claro que falsamente se entregando.

Frank se encostou no grande contêiner que era um daqueles geradores. A imagem dele fora contrastada pela cor laranja do objeto, já que ele usava uma blusa cinza e de mangas pretas. Gerard, íntimo do garoto, se encostou em seu corpo, o encurralando com os braços e o olhando daquela maneira de quem estava tentando se controlar.

-Eu vou deixar você me chamar de seu esta noite. – E sorriu de um jeito sedutor para seu tio, perambulando os dedos pela gola de sua camisa dos Misfts.

Estranhando a maneira na qual estava sendo tratado pelo sobrinho, Way apenas se rendeu ao que sua excitação clamava. Agarrou os cabelos curtos do garoto e mergulhou seus lábios nos dele, empurrando o quadril contra o dele, apenas para mostrar o quanto queria foder. Ele em especial. Frank o agarrou pelas costas, circulando seus braços pelo cintura de Gerard e gemendo sutilmente para mostrar que estava gostando do volume que estava sentindo. Pendendo a cabeça de um lado para o outro, exibindo toda sua sexualidade com uma língua ousada e atrevida, o garoto apimentou a situação enfiando a mão dentro da camisa dele. Cravou suas unhas ao longo de suas costas, e ouviu Gerard arfar.

“então quer dizer que ele gostou. Ótimo.”

Com aquele ato, Gerard empurrou um pouco mais o quadril, o que causou um tanto de dor  no outro, já que ele também se encontrava consideravelmente excitado. Way apertava a cintura esquerda de Frank com posse, e a outra mão se ocupava em repuxar seus cabelos, deixando um leve ardor no couro cabeludo do garoto.  E mais uma vez Frank cravou as unhas, só que na região das ancas de Gerard, o fazendo gemer desesperado por mais algum tipo de dor misturada a prazer. Sim dor.  Descobriu que ele gostava de dor. Então, quando Way passou a se friccionar contra sua parte íntima de uma maneira completamente descontrolada e animalesca, Frank largou seus lábios e percorreu o pescoço do outro, e mordeu a região de seu ombro com força, arrancando um grunhido gostoso e arrastado do cara mais velho no qual estava quase transando num parque de diversão repleto de crianças.

Com isso, Gerard o virou, e ele espalmou a lateral do gerador, empinando um tanto por já saber o que iria fazer. Espalmou e apertou aqueles quadris delicados e se roçou naquela bunda extremamente apetitosa. A única  coisa que se passava na sua cabeça era sexo. E daqueles bem violentos. Se inclinou e ficou ofegando bem perto do ouvido de Frank.

-Olha só como você me deixou... – Esfregou com mais força. – Veja só o que você faz comigo Frank...

Frank sorriu satisfeito ao que sentiu a boca molhada de Gerard passear por seu pescoço, distribuindo chupadas nada cuidadosas. Empurrou delicadamente ele com as costas e se virou, o encarando antes de se ajoelhar e ficar cara a cara com aquele volume estrondoso de Way dentro da calça.

Se ele não fosse um filho da puta, Frank até diria que era um volume apetitoso e que o queria inteiro dentro de si.

Mas Gerard era apenas seu objeto de vingança contra ele mesmo.

Desabotoou a calça e a abriu. Abaixou a roupa íntima de Gerard e viu aquela coisa imponente “pular” para fora, rígida e cheia de veias. E não pode negar: agora sim era mais do que apetitoso. Way o olhou de cima, tentando se manter calmo e esperar Frank tomar a atitude de abocanhá-lo como se seu pênis fosse chocolate. Então o garoto o envolveu  firme com as mãos, causando uma descarga de adrenalina em Gerard. Agarrou os cabelos de seu menino com as duas mãos e vislumbrou aquela cena dele o engolindo, com os olhos fechados e logo depois as bochechas se afundando pela sucção, afilando seu rosto de uma maneira completamente erótica. E apenas o fato dele ter se ajoelhado e se mostrado submisso, deixou-o de um jeito tão atiçado que nem ele mesmo conseguiria explicar se tentasse.

Frank permanecia de olhos fechados. Mas algo dentro dele dizia que era para olhá-lo descaradamente. Literalmente olhá-lo como uma vadia. Mas se sentia envergonhado para fazê-lo. Seria exigir demais de si em uma primeira vez sendo exatamente aquilo que Gerard queria no sexo. Precisava ser convincente, e por isso o fez.

Gerard o fitava, sem desviar o olhar um instante sequer. E viu as pálpebras dele se abrirem lentamente, exibindo aquele olhar deleitado e cheio de satisfação em estar pagando um boquete no parque. As pupilas dos olhos bonitos dilatadas e avermelhados pelo sangue circulando no corpo de forma desenfreada. Olhos bêbados pelo sexo. E sorriu. E Way quase gozou com aquele sorriso safado e cheio de insolência. Empurrou a cabeça do garoto com força contra seu quadril, o engasgando e alcançando o início de sua garganta. E repetiu o movimento, arqueando a cabeça para trás, completamente inebriado pela mucosa quentinha e molhada de Frank.
Só que o garoto se afastou. E se levantou, deixando Gerard completamente perdido e excitado. Se aproximou e colocou o pênis dele de volta na roupa íntima e em seguida fechou o cós de sua calça.

-Está brincando com a minha cara não é?! – Gerard perguntou irritado.

-Não... – Frank falou, passando as costas das mãos contra a boca para limpá-la. – É que acho arriscado. Não sei.

-Tudo bem. Você tem razão. Algum segurança pode aparecer.

Frank se encostou no gerador, tentando se acalmar para não sair por aí exibindo sua ereção ridícula. Seu tio repetiu sua atitude, buscando um pouco de ar e direcionando seus pensamentos para outro patamar que não fosse sexo. Ainda estava atônito pelo surpreendente libido de seu garoto, que sempre se mostrou muito indiferente em relação à sexo.

“isso significa que ele me deseja”

-Vamos. Já deu tempo suficiente. – Way se desencostou e ajeitou a camisa e os cabelos, para não levantar nenhuma suspeita. Frank limpou a testa de suor e passou a seguir os passos de seu tio, logo atrás dele, com uma cara não muito amigável. – Vou comprar algodão doce e refrigerante, você quer? – E seguiu andando enquanto Frank ficava um pouco para trás, mas as luzes dos brinquedos já se chocavam contra  seu rosto.

-Quero sim.

-Fique aí. – Gerard deu mais uns cinco passos indo em direção ao carrinho de algodão doce. Se virou e sorriu brevemente para Frank, que correspondeu o sorriso com a maior falsidade do mundo.

Ao que Way se voltou para a fila, um onda negra pairou sobre a face de Frank, e ele fez uma careta de nojo:

-Babaca. – Disse com desdém.

Na volta para casa, ainda perturbado pela boca de Frank, Gerard parou o carro no meio da estrada escura, onde só havia pastos ao redor. Way se inclinou em sua direção.

O garoto já sabia o que ele queria.

***

Bert ajustou o casaco no braço e passou a mão nos cabelos. Endireitou a gola da camisa e checou se seu perfume ainda exalava da roupa. Caminhava pela rua movimentada, à procura de um certo cassino. Sempre achou ridículo o fato de que a maioria dos hotéis em Las Vegas eram espalhafatosos e chamavam muito a atenção. Fora as fontes, e até mesmo as palmeiras eram exageradas.

Ele não estava em Las Vegas por simples vontade de ter ido até  lá. Na verdade ele odiava aquela cidade por ter sempre muita gente e depois de alguns anos naquela profissão, criou certa antipatia por pessoas. Ele amava seus cachorros, mas odiava a maior parte dos seres humanos. Se pegou assustado pensando sobre isso uma vez, já que Hitler também era assim. Mas deu de ombros, afinal, ele era uns dos melhores assassinos de aluguel do país. Trabalhava mais com encomendas na Deep Web, e de vez em quando viajava para a América do Sul ou Europa para fazer uns servicinhos para os Governos corruptos de alguns países. Ficou milionário com o sangue alheio, porém, não esbanjava sua fortuna para não despertar suspeitas. Afinal de contas, todos pensavam que ele trabalhava como administrador das empresas MONO, muito bem sucedida no Texas.

Mas um fato estava o irritando.

Claro que ele fazia tudo por dinheiro. Mas se tratando de Gerard, as coisas estavam ficando um tanto quanto descontroladas. O que mais o fazia se roer de ódio por dentro era que Way enfiou na cabeça que a única maneira de lidar com alguém que está no seu caminho é o matando. E se ele deixar um rastro de sangue ao seu redor, logo vão farejar o cheirinho ferroso e irão deduzir que a culpa toda era do fazendeiro punk de Cresson.

“Não, mas ele não pensa. Depois que enfiou o pau na bunda daquele garoto, ficou cego e burro. Mas eu já estou cansado dessa palhaçada de ter que ficar limpando a sujeira dele. Nem por dinheiro nenhum no mundo eu faço isso”

McCraken estava seriamente pensando em parar de matar pessoas, se afastar de Gerard e abrir o próprio negócio. Talvez uma loja e instrumentos ou um foodtruck em Nova Iorque. Pois sabia que as coisas não iria parar por ali. Principalmente com Frank no meio. Imagine só, o garoto quando começar a fazer o último ano na escola e Way o mandando matar o infeliz que o paquerou na hora do intervalo?! Não. Era demais. Era loucura.

Arriscaria a própria pele para se livrar daquele estorvo que carregava há anos. A imagem que se repetia todas as vezes que deitava para dormir e que nunca superou.

Dollores morta na banheira.

Dollores ensanguentada na banheira.

Dollores morta.

Dollores morta.

E a culpa era de Gerard.

Ela era uma menina adorável e brincalhona. Mas Way sempre teve o talento de se fazer de louco quando estava apaixonado. Alguém sempre acaba morrendo. E se não tomasse as providências logo, o próximo a morrer seria Frank. E Gerard não teria a mesma sorte de antes. Já que todos de Cresson sabiam quem o garoto era e o Xerife Carl estava na sua cola.

E como o próprio amigo disse: se ele caísse, o levaria junto para o buraco. E bem, Bert não nasceu para a prisão. 

De uma forma ou de outra, a hora de trair Gerard chegaria. Teria que boicotar não só para não ter que sujar mais as mãos, mas também porque estava cansado da inconsequência dele e de sua falsa crença de que era invencível.

E mesmo achando que Frank iria acabar morrendo, alguma coisa lhe alertava sobre aquele menino quieto demais para seu gosto. Se ele realmente tiver puxado às características psicológicas dos Way, não deixaria barato um tapinha sequer que levou de Gerard. Disso tinha certeza.

E bem, se o garoto decidisse se vingar, a terceira guerra mundial estava travada. Com direito a todos os métodos sujos para ser o vencedor.

Nem que a vitória seja a morte de um dos dois.

Então antes que a bomba atômica explodisse, se mandaria para bem longe.
Faria o boicote e depois voltaria para Grunbury e sua vida na empresa e comendo caras e vagabundas por aí.

Entrou no estabelecimento cheio de seguranças. Pensou que se tivesse que matar o pai do Frank mesmo, teria um trabalhão para tirá-lo das vistas e das câmeras de seguranças e daqueles homens de terno vermelho que olhavam para tudo e todos atentamente. Havia um grande conversível logo na entrada, como mostruário de um sorteio que iria acontecer dali duas semanas. Para a esquerda, onde o salão de carpete aveludado era mais amplo, haviam mesas de pôquer lotadas de homens de terno e mulheres bem vestidas e máquinas caça-níqueis espalhadas por todos os buracos daquele lugar. 

Observou tudo antes de assinar seu nome no livro para que pudesse entrar. Olhou rapidamente a folha antes de caminhar, mas não conseguiu ver o nome de Anthony.

Vestiu o casaco, preto e de zípers prateados, que o dava um ar moderno e dark ao mesmo tempo. Mandou um sms para seu informante, que costumava trabalhar sempre com ele e estava ali de férias.

SPECTRUM123[8:56 p.m]: em que ala ele está?
DEATHSKULL49[8:56 p.m]:  dos caça-níqueis de moedas.
SPECTRUM123[8:57 p.m]: valeu cara. Te devo uma cerveja. Boas férias.

Caminhou e logo viu a placa em vários idiomas pendurada no teto, indicando a ala que desejava ir. Foi lentamente e observou de longe as pessoas que estavam ali. Um pouco mais para a direita havia as mesas de blackjack e viu seu amigo tomando uma cerveja e o olhando sem demonstrar nenhuma evidência de que se conheciam. Bons profissionais esses. E então, voltou a percorrer seu olhar para a região almejada e lá estava ele, de costas. Compenetrado em ganhar dinheiro naquela máquina que nunca vingaria seu esforço e investimento . Sorriu insolente, achando aquela atitude ridícula.

Iria dar a volta, por que gosta de entradas triunfais. E como Anthony estava jogando na máquina da extrema esquerda, iria dar a volta pela direita.

O fez.

E surgiu por detrás da máquina e se encostou na lateral dela, cruzando os braços e exibindo aquele seu sorriso torto e cheio de si.

-Então aqui é a sua caverna.

Anthony parou de jogar e olhou para Bert, o reconhecendo e arregalando os olhos. Seu coração acelerou por lembrar que aquele cara ali a sua frente era a pessoa mais próxima de Gerard.

-... Robert...? – Sua voz quase não saiu, e sua face estava atónita. Olhou para os lados, buscando  a saída de emergência mais próxima caso aquele cara fizesse algum movimento brusco.

-O McCraken para ser mais exato. E com um Edward no meio. – Sorriu mais descaradamente ainda. – Então, Anthony. É aqui que você e sua querida esposa se escondem depois de abandonar o filho numa fazenda no meio do nada? – Olhou insolente para os lados, analisando o local e fazendo um biquinho de até-que-não-é-tão- ruim-assim. – olha, deixar um bilhetinho foi algo interessante. Agora, deixar seu filho como responsabilidade de um cara que  não suporta crianças e ainda por cima investigar ele pelas costas, isso sim que eu diria que foi um golpe de faca.

Desesperado, Anthony não conseguia pensar direito. Não via Linda há um bom tempo e estava temeroso por ela. Sabia que Bert não era boa gente, assim como seu irmão. E por alguns instantes se amaldiçoou por ter deixado Frank no meio daqueles dois mau caráter. Pois a probabilidade de o menino se tornar um monstro perto daqueles dois era grande.

-Linda. O que você fez com ela?! – Se levantou do banquinho, afobado e imaginando um milhão de coisas ruins.

Bert gargalhou chamando a atenção das pessoas que passavam.

-Relaxa. Eu amarrei e carbonizei ela num terreno baldio aqui perto. – Falou como se não fosse nada.

Anthony ficou lívido e colocou a mão no peito.

-Foi o Gerard não foi? Foi ele quem mandou você fazer isso! – O velho arregalou os olhos.

-Nãaaao. – Bert balançou a cabeça entediado. – Estou brincando com você. Será possível que você não tem senso de humor? Pois deveria ter porque a coisa vai ficar muito séria se você não for para o restaurante agora comigo! – Agarrou Anthony pelo braço e o arrastou.

Ao que chegaram na parte do restaurante, o pai de Frank se jogou pesadamente na cadeira e ficou remexendo os dedos. Bert sentou calmamente, ignorando o nervosismo do cara a sua frente. Um garçom logo se aproximou e perguntou o que eles queriam. Bert pediu uma lasanha pequena e macarronada, enquanto Anthony ficou cabisbaixo e não pediu nada. O funcionário do restaurante se afastou, dando a chance de McCraken falar.

-Vamos falar de negócios. – Disse animadamente. – Eu vim aqui para matar você. – Juntou as mãos e observou o outro levantar lentamente a cabeça e o olhar de forma assustada. – Mas eu tenho um bom coração. – Disse com certa ironia na voz.

-Tem é? – Falou fracamente.

-Se bem que você e sua mulher deveriam morrer apenas pelo fato de ter deixado o Frank com aquele maluco do Gerard. – Olhou para o teto e pareceu ponderar. – Mas aí eu lembro que ele é um Way e vocês Ways nunca são boa pinta. – Balançou as pernas. – Acontece que não iria passar despercebido você investigando o passado da MONO e o passado das empresas Way em Nova Orleans. Gerard é tipo o diabo na terra. Ele sabe de tudo. – Até que aquela conversa estava o deixando de bom humor.

O garçom chegou, mais rápido do que esperava, manobrando aquela bandeja de prata com seus pedidos. Colocou-os na mesa e logo depois saiu.

-Não acredito que sente fome me dizendo esses tipos de absurdos. – Anthony disse com indignação, observando Bert ajustar os talheres em mãos para começar a comer.

-Absurdo foi o que você fez com o seu filho. Eu deveria te denunciar por abandono de incapaz. – Cortou a almôndega no meio e a comeu. – Você tem sorte de eu ter um bom coração. – Disse de boca cheia. – Mas ele mandou eu esquartejar vocês ainda vivos. – Mentiu. Óbvio que Gerard não iria entrar em detalhes do que queria. – Ou então eu envolvia vocês com gângsteres mexicanos que estuprariam sua mulher e arrancariam seus olhos assim ó – Largou o garfo e estalou os dedos.

Anthony tentava entender como alguém comia tão avidamente falando sobre esquartejamento, gângsteres mexicanos e estupro.

-Você é um monstro.

-Eu sou o monstro? Esqueceu que eu disse que vim aqui pra te matar? Por acaso você acha que eu vou fazer isso contigo? Agradeça aos céus que eu tenho um bom coração. – Enfatizou. – Bem, é o seguinte. – largou os talheres e abriu o zíper do casaco que usava, enfiando a mão no bolso interno deste e tirando um envelope gordo. O jogou sobre a mesa. – Aqui está a outra metade do dinheiro.

-Que outra metade? Que dinheiro? – Anthony sentia suas mãos tremularem perto do envelope branco.

-A outra metade do dinheiro que você e a Lindinha precisam para fugir.

-Fugir?

Então Bert, percebendo a resistência de Anthony, teve que partir para métodos mais radicais para convencê-lo. Teria que fazer o jogo sujo da manipulação: a chantagem emocional.

Suspirou dramaticamente.

-A minha vida é muito difícil trabalhando com o Gerard. Depois que ele descobriu sobre a investigação e consequentemente que você estava a par delas. E ah só pra te lembrar que ele ficou meio puto quando você deixou o sobrinho dele lá na casa dele, ok? – Usou sarcasmo na sua frase. – Trancafiou Frank no porão por achar que ele era seu informante. – Mentiu, enrolando o macarrão no garfo e o saboreando com muita fome. – O garoto vomita e faz cocô nas próprias calças. Só bebe água e come pão seco. Daqui há alguns dias ele morre se permanecer assim. E ele disse que só iria parar se você morresse e levasse a sua mulher junto no pacote. Mas já deu para ver que eu não vou fazer isso. Então eu te dei cem mil dólares. Metade já está na sua conta e a outra está aqui na sua frente. Saía dos Estados Unidos. Vá sei lá, para Síria. Ou Malásia. 

Para Bert, a melhor parte de estar mentindo, era as caras que Anthony fazia ao que escutava tudo. Pelo menos ali, ele estava demonstrando que se arrependeu do que fez com o filho.

-Mas como assim? Você não me deu escolha. Eu preciso conversar com Linda antes, saber se ela quer sair do país...

-Lembra da minha piadinha sobre ter queimado ela no terreno baldio? Se você não convencer ela, a piadinha vai ser verdade. – Apontou a ponta da faca em direção ao rosto exausto de Anthony, com um tom de voz ameaçador. – E além do mais. – Mudou de tom e relaxou na cadeira. – Ela não tem problema em deixar as coisas para trás né? Deixou um filho. Deixar um país não é nada para ela. – Passou a devorar a lasanha. – Vamos Anthony. É pelo seu filho. Se ainda tem um pouco de compaixão por ele, porque eu sei que está se arrependendo de ter deixado o garoto, faça o que eu estou mandando. Mas faça direito. E nunca mais volte, por que para Gerard,  fugindo ou não, você está morto. Entendeu?

-Se eu fugir e nunca mais voltar vou viver como um morto em algum lugar do mundo. Se eu ficar eu morro de verdade?

-Carbonizado ou por gângsteres mexicanos.

Anthony ponderou. Ele não era burro. Tinha uma vasta ideia de como Gerard era nocivo e que confiava em Bert para fazer aquilo.

E Bert estava tranquilo pois, geralmente quando matava por pedidos na Deep Web, tinha que fazer relatórios, contando cada detalhe da morte. Por isso ele falava atrocidades com tanta calma e comendo. Gerard não exigia documentação. Só exigiu uma foto  dos corpos, no qual já tinha em seu computador de um casal que matou há alguns anos atrás na Colômbia por denunciarem um esquema de corrupção envolvendo um nome de um presidente.

-Tudo bem. Eu aceito. Mas quero a certeza de que Frank está bem.

-Fechado.

Depois de alguns minutos a mais comendo, Bert deixou a conta para que Anthony pagasse e saiu do cassino. Quando chegou no hotel, pegou o notebook e ligou para Gerard.

-Está feito. A foto chega daqui a pouco aí. 



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