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História Texas - Aventuras no banheiro


Escrita por: littlezackary

Capítulo 17 - Aventuras no banheiro


Óculos de sol e dedos longos. Uma roupa social preta, já que acabara de sair de uma reunião tediosa. Mas os botões na altura do peito estavam preguiçosamente abertos. Volante, revestido em couro, alto relevo. Um aro que cintilava com o reflexo da luz do sol e uma sensação de plenitude que há muito não sentia. Gerard seguia pela rota principal, janelas abertas e vento nos cabelos. Divagava sobre a ausência de Frank perto de si. Claro, a ideia de tirá-lo imediatamente da escola lhe veio em mente, mas sua personalidade visionária não permitiu que isso se alicerçasse nos seus pensamentos, pois formado, seu sobrinho daria um ótimo administrador. Quem sabe, poderia até estar no top 3 da hierarquia dos Acionistas.

Passou a mão nos cabelos, para no mínimo deixá-los organizados, já que o vento o bagunçou por completo. Mas ao tempo em que Gerard parecia ter absoluta certeza de tudo, esse “tudo” parecia suspeito e desconhecido.

Seu lado humano – acreditem, ainda permanecia ali, dizia para analisar tudo que havia feito contra Frank. Será mesmo que ele iria perdoar tudo? Ou a nova fase da relação dos dois se dava pelo fato de que o garoto simplesmente aceitou seu destino?

É sabido que Frank não daria o braço à torcer. Não deixaria Gerard ileso, porém... O ser humano tem uma inclinação à cegueira quando está apaixonado.

E way estava irredutivelmente cego.

Deu de ombros. Confiava piamente em Frank. Na sua concepção, ele não faria nada pois havia aceitado que aquela era sua vida. Uma vida a seu lado.

Mas aquele homem cheio de si, apesar das novidades em sua vida, permanecia ali. E foi exatamente por isso, que um sorriso de vanglória apareceu em seus lábios quando estacionou e todas as mulheres notaram isso. O carro preto e caro, brilhando como um sapato engraxado, os óculos de sol e o cabelo vermelho, a força na qual usou para fechar a porta e seguir até a entrada da escola... Tudo isso despertou curiosidade nas pessoas que ali estavam.

Pois todos sabiam quem era aquele homem.

Way era o tipo de homem que chamava a atenção por ser misterioso. Claro, apenas o fato de ser nitidamente rico, sujeitava as pessoas de Cresson a certa submissão social. As famílias mais simples, quando cruzavam com ele – como naquela situação, ficavam comentando admirados sobre a imensidão de suas terras; o provável preço de suas roupas e imaginavam-se em seu lugar, com toda a facilidade que o dinheiro lhes proporcionaria.

Mas se soubessem o tipo de coisa que ele já fora capaz de fazer, nunca iriam desejar ser Gerard Way. Nem mesmo em devaneios.

A grama verde do campus do colégio não tirava o glamour de seus sapatos lustrosos. A manga da camisa, frisada na altura do cotovelo, junto à um relógio reluzente, davam um ar sensual àquele homem de cabelo tingido de uma cor incomum. As chaves do carro sendo colocadas nos bolsos arrancou um suspiro cheio de consternação e deleite da senhorita Farr, uma jovem e recém casada moça, nós seus vinte e poucos anos e mãe de três crianças.  Um de seus filhos, o menor, de três anos, esbarrou em Frank depois do almoço.

Coincidência? Quem sabe. Mas Farr imaginou Way como seu marido e pensou no quanto sua vida seria mais fácil se casasse com ele e seu dinheiro. 

Era esse tipo de pensamento que ele despertava nas pessoas. Gerard sabia disso, o que tornava esse fato um suprimento e tanto para seu ego. Tinha Cresson praticamente aos seus pés. Parecia que quanto mais antipático e inacessível era, mais as pessoas queriam saber dele. Mas mal sabiam todos que ele estava completamente rendido à seu sobrinho.

Um garoto de dezessete anos fora capaz de submeter um criminoso e inteligente homem de trinta e cinco.

É muito fácil enganar alguém através de seus sentimentos.

Seu caminhar pela escadaria já não parecia despertar tanto interesse, o que permitiu que sua cabeça voltasse a pensar somente em Frank. O corredor que dava acesso à saída se esvaziava consideravelmente e como não era muito fã de multidões, decidiu aguardar um pouco ali, em frente aos quadros de avisos. Estava de costas para ele, até que a aproximação de um aluno para se inscrever em uma atividade qualquer o chamou a atenção. O menino escreveu seu nome rapidamente e saiu quase aos tropeços. Sabia que quem estava ali, bem próximo de si era o tal fazendeiro esquisito de quem todos comentavam pela cidade.

Gerard, com os óculos entre os dedos, analisou um aviso em especial. Colocou o acessório que tinha em mãos na camisa, e logo após, envolveu seus dedos, numa pose pensativa, em seu queixo. Leu o aviso e esboçou um sorriso de canto.

-Hm. – Murmurou satisfeito. – Interessante.

Notou que o silêncio tomou conta do corredor. Não havia mais ninguém no corredor. Onde estava Frank?

Concluiu que deveria estar fazendo algo muito útil para não estar ali. Tentou não pensar que ele havia aproveitado a chance de estudar para fugir. Na verdade, vez ou outra isso vinha na sua mente. Se estivesse em juízo perfeito, diria que a probabilidade de ele ter fugido era grande. Porém, Frank o transformou em um indivíduo pouco inteligente. Antes, Gerard girava entorno do racional e lógico; agora, ele se entregou ao comportamento impulsivo. Um comportamento que constantemente é guiado por sentimentos intensos e desnorteantes.

E quando viu seus dois garotos surgirem no final do corredor, quase não pôde controlar o suspiro orgulhoso que subiu até sua garganta. Precisava ter autocontrole, para o caso de algum professor inconveniente aparecer do nada e perceber sua admiração. McCregor tinha razão em tentar seduzir profissionalmente o garoto: ele era dono de uma beleza singular. Com certeza faria muito sucesso na mídia por causa da sua imagem.

Frank, que se sentia aliviado pelas horas que passou longe de seu tio, quando o avistou, escureceu toda sua mente. Claro que o sorriso radiante – fruto de uma história constrangedora que Noah estava lhe dizendo que passou, permaneceu ali, em seu rosto.

-Olha só. – Noah disse naturalmente, notando a presença de Gerard. – Ele veio nos buscar.

-...É. – Disse desgostoso. – Ele veio.

Caminharam até ele. Claro que a imagem de seu tio estava especialmente atraente naquele dia, absolutamente tudo lhe caiu bem. Mas a grande questão ali foi o leve sorriso contido que ele esboçou. Ocorreu à Frank que ele estava tentando controlar algum tipo de empolgação. Agora, empolgação para que?

-Então meninos, como foi o primeiro dia de aula? – Ele perguntou, gentil.

Noah, acostumado com o nítido torpor de Gerard, estranhou aquele tom de voz adocicado e calmo. Já Frank estava desconfiado ao extremo, à ponto de não conseguir mais fingir seu sorriso animado. Não pôde controlar sua testa franzida.

-...Bem, foi normal. – Noah deu de ombros. Gerard olhou para Frank, esperando algum tipo de comentário seu sobre a escola. Mas permaneceu calado.

-Frank. – Disse.

-Hm.

-O que achou da escola?

-Normal. Como todas as outras.

E realmente para ele era. Era o mesmo alvoroço infernal; crianças e adolescentes falando sem parar; professores que o deixou desmotivado apenas olhando para eles e a única coisa realmente legal naquele prédio todo era a comida. O resto era tudo “normal”. O “normal” que é ruim. Quer dizer, pior seria se Gerard tivesse o colocado em uma daquelas escolas chinfrins de gente rica, onde o uso de uniformes é obrigatório e todo santo dia teria que sair de casa parecendo o Harry Potter.

De repente – vendo que não iria arrancar nenhum tipo de elogio de Frank, enfiou a mão no bolso e puxou uma nota de cinquenta dólares.

-Tome Noah.

“Ok. Tem alguma coisa muito errada com ele” Frank pensou.

-An? – Noah deu um passo para trás. A atitude de Gerard era tão inédita que a única coisa que o garoto conseguiu sentir foi medo.

-Pegue. – Assegurou, estendendo a cédula em direção à ele. – Vá na lanchonete da rua de trás. Chame aquele seu amigo... O... O filho dos Reese.

Os olhos de Noah brilharam. Fazia tempos que não ia à lanchonete, e ainda mais com o Billy Reese. Iria tomar muito sorvete e colocar as conversas em dia. O tal Billy, foi a única pessoa no qual Gerard permitiu que seu empregado fosse amigo, já que seu pai tinha estreitas relações comerciais com ele.

Mas Frank ficou disfarçadamente triste com a inocência de Noah. O garoto não percebeu que ganhou o dinheiro, não por bondade ou solidariedade de Gerard. Ele ganhou para ficar longe e Way conseguir o que quer que fosse. Ele pretendia algo.

-Tudo bem. – Disse animado. – Estou indo lá. Obrigada... Tchau Frank...

-Tchau. – Sorriu minimamente.

Gerard e seu sobrinho o acompanharam com o olhar até o perder de vista, logo após ele descer os degraus imponentes da escola. O silêncio fazia com que coisas ruins passassem pela mente de Frank. Aliás, por mais “supostamente” normal aquele comportamento de Way pudesse parecer ser, ainda sim, era perturbador e preocupante.

Quando ele se virou, o garoto já o encarava com os braços cruzados e uma expressão de curiosidade no rosto. Gerard arqueou as sobrancelhas, se surpreendendo com a postura autoritária dele.

-Acredito que para ter feito isso... – Se referiu à deixar Noah sair. – O que tem para me dizer é muito bom. Ou ruim. – Disse sem emoção.

De fato, a cada dia que se passava, Frank ficava cada vez mais parecido com Gerard. Parecia que a frieza era genética.

-Você é muito esperto. – Sorriu minimamente. A insolência de Frank ainda o irritava. Era inevitável. – Acredito que queira se ocupar com alguma coisa além da escola. Sei que ficar naquela fazenda é muito entediante. Então, se quiser trabalhar comigo...

-Trabalhar com você. – Frank assentiu pensativo. Agarrou as alças da mochila que carregava nas costas.

-É. Trabalhar comigo. – Enfatizou, reforçando que não era um convite. Era uma ordem.

-Deixa eu adivinhar... – Avançou alguns passos e elevou o queixo para ampliar ainda mais seu ar insolente. – “Não é uma escolha”.

-Se quiser interpretar assim. – Deu de ombros. – O fato é que eu não estou a fim de criar um sobrinho mentalmente atrasado. Trabalhar será bom para você...

“Você dizendo o que é melhor para mim. Pff. Ridículo.”

-Tudo bem então. – Abriu um sorriso de aceitação. Andou com o intuito de chegar até a saída, mas quando passou ao lado de Gerard, este o segurou pelo braço. Frank tomou um breve susto, mas não deixou transparecer tanto. Claro, seu peito  ficou descompassado; as pupilas dilatas... Entretanto aquilo não parecia tão assustador quanto um estupro.

-Aonde pensa que vai? Vamos ali... – Sorriu,  apontando com o queixo. Frank se voltou na direção   que ele indicava. Leu duas vezes a placa na porta. “Banheiro”. Bem, o corredor estava vazio, nenhum sinal do zelador... Seu tio estava sorrindo para ele. E quando ele sorria daquele jeito, só poderia significar uma coisa.

Sexo.

E claro que Frank o daria.



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