POV WILL
Engraçado como o chão parecia realmente interessante aquele dia.
Claro, o fato de eu não conseguir tirar os olhos das pedrinhas espalhadas ao lado do meu sapato não tinha nada a ver com Reyna ter procurado por mim e Nico incessantemente esta manhã, tanto que até chegou a utilizar seus cachorros de metal, conseguindo assim nos encontrar. Vergonhosamente nus e adormecidos na tenda da enfermaria.
Eu ainda me lembrava de como Nico tentou me proteger usando o lençol da maca, tão assustado e envergonhado que o ato brusco acabou por derrubar vários frascos de poções que estavam nas prateleiras ao lado no processo. O que serviu apenas para chamar ainda mais atenção para a nossa situação.
Eu também lembrava da pele bronzeada de Reyna adquirindo aquele tom ruborizado ao que processava a cena e tentava conter uma risada escandalosa. Os cachorros, um dourado e outro prata, sabiamente viraram seus focinhos para o lado oposto ao que nós estávamos, como se estivessem constrangidos com nossa situação deplorável, ou apenas não suportassem continuar a assistir aquela vergonha alheia.
Reyna se virou de costas para nos dar privacidade, assim como seus fiéis companheiros metalizados, e enquanto ainda segurava o riso me avisou que partiríamos para a missão em trinta minutos e então saiu da tenda sem mais delongas.
Após sua saída, Nico ainda manteve a expressão petrificada, olhos arregalados, bochechas vermelhas e as mãos segurando fortemente o lençol branco contra nossos corpos, tentando esconder precariamente nossa nudez, embaraçado como eu nunca o tinha visto antes.
Agora, já fora do acampamento e entre as árvores altas e antiga daquela floresta esquecida no norte de Nova Iorque, Reyna ainda olhava para mim de lado e curvava os lábios franzidos para baixo, tentando conter a gargalhada que eu via por trás de seus olhos.
Thalia parecia não saber de nada, totalmente alheia ao acontecido hoje pela manhã, ela se mantinha totalmente focada em encontrar o monstro.
O acampamento havia recebido uma mensagem de alguns espíritos da natureza pedindo por ajuda para lidar com um monstro segundo eles pequeno, mas que de alguma maneira parecia estar sempre em dois lugares ao mesmo tempo.
Aparentemente, a coisa era venenosa e louca, além de muito, muito rápida. Não era nada demais para Thalia e Reyna, que aceitaram a missão apenas para sair do tédio. Fui convocado para o caso de alguém sair ferido ou encontrarmos um animal envenenado.
Nós ainda não sabíamos a natureza do veneno expelido por aquele monstro em particular, e devido a perca de alguns dos meus frascos de poções no fiasco desta manhã, se algo do tipo acontecer terei que me virar do avesso para conter os danos até que eu consiga identificar a procedência do veneno e então repor os suprimentos necessários para criar o antídoto.
- Ei, Thalia. – Reyna disse com um brilho maligno nos olhos.
- Fala. – Ela parecia bem concentrada em achar algum vestígios do monstro em meio a vegetação, mas também sentiu a malícia na voz de Reyna, o que facilmente aguçou sua curiosidade.
- Se você encontrar o monstro antes de mim, vou te contar um coisa muito interessante que vi hoje pela manhã.
Gemi em frustração. Era ridículo da minha parte esperar que ela não fosse contar pra todo mundo e perder a chance de zoar com a minha cara e a de Nico.
- Pelo visto tem a ver com os pombinhos. - Disse ela em seu típico tom malicioso - Ah, Reyna, você logo verá esse monstro virando pó. E você, Will, vai sofrer para caramba nas minhas mãos.
Conformado com o decair constante da minha dignidade, apenas concordei com a cabeça. Eu sabia que era verdade. Agora, elas estavam em uma competição silenciosa para encontrar o monstro e mesmo que Reyna quisesse falar, ela também não queria perder. E em segredo eu torcia para que ela encontrasse a criatura primeiro e me poupasse mais daquela vergonha que me tomava desde o instante em que acordei.
Porém eu sabia que minhas chances não eram lá muito altas, já que, provavelmente, mesmo que ela o encontrasse primeiro, ainda assim não deixaria de contar para todo mundo a cena constrangedora que presenciara está manhã.
Thalia parecia concentrar ainda mais seus esforços para rastrear o monstro, usando de todas as sua habilidades de caçadora naquela busca, não apenas para acabar com a besta, mas porque também amava ver o circo pegar fogo.
Elas analisaram o chão com as botas degastadas e as árvores com os olhos afiados, os ouvidos atentos a qualquer barulho desde o farfalhar das folhas até as passadas despreocupadas dos animais que ali habitavam.
Enquanto isso eu não conseguia refrear minha mente de voltar seus pensamentos para os acontecimentos da noite anterior, de lembrar do calor da pele de Nico contra a minha, de sua voz, seu cabelo, seu cheiro... Eu já estava sendo tomado pela saudade e havíamos saído do acampamento a menos de duas horas.
Fui arrancado dos meus devaneios quando as duas gritaram ao mesmo tempo, em lugares diferentes da floresta:
- Achei!
Fiquei confuso por um momento, aquelas duas não eram do tipo que errava, mas alguém ali havia encontrado uma pista falsa.
Eu poderia usar aquilo para acabar um pouco com a moral de uma delas mais tarde, assim como pretendiam fazer comigo. Meu coração se aqueceu com a possibilidade da minha pequena vingança.
Segundos depois, uma coisa estranha cheia de garras translúcidas e dentes negros, mais ou menos da altura do meu peito passou como um vulto correndo logo a minha esquerda, em uma velocidade incrível ela se esgueirou na direção de uma clareira que havia bem a frente. Sem hesitação corri atrás da criatura enquanto preparava meu arco, meus ouvidos captando os passos apressados de Thalia e Reyna bem atrás de mim.
Corri furiosamente, não deixando que aquela coisa horrenda saísse do meu campo de visão, e com um esforço absurdo para alcançar aquele ritmo me deparei com meu campo de mira livre, monstro enquadrado facilmente na mira da minha flecha, então antes que ele chegasse às sombras do outro lado da clareira onde as árvores extensas forneceriam ao inimigo uma boa cobertura, disparei uma flecha perfeita, bem no meio do que parecia ser o pescoço daquilo.
Ele cambaleou para frente com o impacto mas ainda não havia morrido, o veneno expresso e esverdeado escorria abundantemente das longas garras e dentes enquanto ele arranhava o chão e grunhia em fúria.
Preparei mais uma flecha, no entanto, uma lança e outra flecha passaram zunindo por mim antes mesmo que eu tivesse a chance de soltar a linha do arco e destruíram o monstro, o reduzindo a pó em um piscar de olhos.
- O que foi isso? Essa porcaria não deveria ser tão rápida. – Thalia reclamou enquanto caminhava até a montanha de pó que segundos atrás compunham o monstro e deu um chute indignada.
- Ei, acho que ganhei. - Me apressei em dizer, pois já que a missão havia sido concluída, eu sabia muito bem o que viria em seguida. - Se vocês não tivessem o matado, eu teria. Sendo assim, o segredo continua segredo. – Tentei justificar.
- Desiste, Solace.
- Qual de vocês duas se enganou? Porque alguém achou uma trilha falsa.
Reyna franziu o cenho, não gostava de perder.
- Eu não sei, Will. Parecia muito verídico. Acho que o monstro deixou dois rastros, então não perdi.
Thalia riu e eu dei de ombros. Não havia como evitar aquilo, então confirmei com a cabeça para Reyna, dando permissão para que ela me envergonhasse. Não havia muito o que se fazer naquele ponto, ela iria dizer de qualquer forma. Então era melhor que fosse logo de uma vez. Eu me sinto derrotado.
- Sabe qual foi motivo do Will ter se atrasado hoje mais cedo? - Levantou as sobrancelhas em um gesto sugestivo.
- Qual foi? – Thalia retrucou, ela estava mesmo interessada.
- Ele passou a noite com Nico na enfermaria. - Sorriu maliciosa. - E sabe qual é a melhor parte? - Fez questão de provocar. - Os dois estavam do jeito que vieram ao mundo.
A boca de Thalia se abriu em um "o" perfeito, olhou para mim embasbacada e por fim, para me torturar de uma vez por todas ela jogou a cabeça para trás e se pôs a gargalhar. Tanto que ela teve até que se apoiar em uma árvore para não cair.
Contagiada pelas gargalhadas sonoras da amiga, Reyna não foi capaz de se conter por muito mais tempo e logo também estava se curvando para a frente de tanto rir. Elas estavam quase chorando em meio às risadas, enquanto comentários maliciosos eram feitos nos intervalos das gargalhadas.
Eu estava pronto para mandá-las para os círculos infernais do Tártaro quando ouvi um grunhido sonoro e horripilante rente ao meu ouvido, não tive tempo de esboçar nenhuma reação antes que meu ombro fosse atingido, minha pele dolorosamente dilacerada ao que cinco garras transparentes e embebidas de um veneno rançoso a atravessavam.
Entorpecido pelo choque, todo o meu mundo saiu de foco ao que o veneno rapidamente se espalhava pela minha corrente sanguínea, meus joelhos fraquejaram, e no segundo que levou para que meu corpo atingisse o chão encoberto por folhas e grama, tudo fez sentido: o monstro que diziam estar em dois lugares ao mesmo tempo, duas trilhas. Haviam duas criaturas.
Fomos pegos com a guarda baixa, distraídos e fazendo barulho, tanto que não conseguimos perceber sua aproximação até que fosse tarde demais. Um erro. Um custo.
Meu rosto atingiu o chão violentamente, se chocando contra uma pequena pedra que havia ali e junto com o corte que se abriu em minha testa, meu ombro pegou fogo.
O veneno era tão forte e concentrado, que eu podia senti-lo se espalhando sem piedade. Cada gota era como uma agulha dentro de minhas veias. Minha consciência já não me pertencia, eu tinha a impressão de que eu gritava, mas não podia dizer com propriedade, meus sentidos estavam se perdendo.
Eu estava cego. Eu via, mas não enxergava nada. Tudo estava lá e não estava. Eu tinha a vaga lembrança de pensar que não queria morrer longe de Nico e dos meus irmãos. Eu não conseguia respirar, já não sentia mais o meu corpo, o que considerei um alívio pois a dor lancinante que senti momentos atrás não me afetava mais, minha audição não passava de um zumbido distante.
"Então isso é a morte?" pensei.
Meu rosto se arranhava ainda mais no chão ao que eu inconscientemente convulsionava.
Eu não queria morrer.
"Me perdoe por entrar na sua vida e te fazer sofrer mais uma vez quando eu prometi estar sempre ao seu lado, meu amor. Pelo nosso amor, por favor, me perdoe." - As palavras tomaram conta da minha mente de forma incoerente.
Senti parcialmente o gosto de ferrugem se espalhar por meu paladar junta a quentura do sangue escorrendo pela minha boca.
Abruptamente meus sentidos voltaram, trazendo com ele aquela dor angustiante, fazendo com que mais um grito sofrido rasgada e minha garganta e que eu me engasgasse com o acúmulo do sangue em minha boca.
"Hades, se você for capaz de me ouvir, pelo menos me deixe morrer rápido. Dói demais. Por favor, tenha pena de mim e diga a Nico, que meu último pensamento foi o de que eu o amo incondicionalmente."
Mas o deus do Mundo Inferior não parecia me ouvir, não obtive nenhuma resposta alguma além do abrupto silêncio. A inconsciência estava me tomando, minhas pálpebras pesavam.
De repente, senti mãos me virarem para cima. Vozes incoerentes e distantes pareciam gritar algo familiar. Seria meu nome? Estava tão frio que eu não conseguia pensar direito.
Acho que mexeram na bolsa de antídotos que eu levava, mas eu sabia que o que tinha sobrado provavelmente havia se quebrado durante a minha queda.
Senti algo molhado em meu ombro, acredito que elas tentavam jogar os antídotos restantes em cima da ferida aberta. Quis rir da cara delas. Da esperança que elas tinha de que aquilo surtisse algum efeito, eu sabia que não.
"Está tudo bem. - Queria conseguir dizer, mas meus lábios não se moviam. - Não me importo de morrer, apenas cuidem de Nico para mim. Digam aos meus irmãos o quanto os amo. Está tudo bem."
Eu estava com tanto sono... Minha garganta doía, acho que devo ter gritado muito. Meu rosto estava molhado e eu não sabia se era de sangue ou de lágrimas. Acho que os dois.
Me senti flutuar, provavelmente alguém estava me pegando no colo, o coração disparado da pessoa entregava seu desespero, me aconcheguei. Era melhor morrer nos braços reconfortantes de alguém do jogado sozinho no chão daquela velha floresta.
Quis agradecer aquela pessoa, mas não consegui. Esperei que os bons momentos da minha vida passasse meus olhos como alguns diziam acontecer, mas a dor pungente cegava tudo. Em minha mente dispersa, ouvi a voz do Senhor do Submundo:
- Seja forte, garoto. Lute com tudo o que você tiver, não morra, por favor.
Sorri. Hades era tão bobo. Lembrei da minha mãe. Quem contaria para ela que eu morri? Quem contaria para todos os outros? Por uma última vez, pedi perdão a todos que deixei para trás e me deixei levar na confortável inconsciência que anulava qualquer resquício da dor.
Logo tudo se tornou escuro. Vazio. Solitário.
"Nico."
POV NICO
Eu podia sentir, a exata sensação se se alastrou em meu âmago quando Leo se foi, eu dolorosamente, conseguia sentir a vida de Will se esvaindo, passando como água por entre os meus dedos, um fio inalcançável, se arrastando impiedosamente para longe de mim.
O pior de tudo, eu não podia fazer nada. Mais uma vez fui tomado pela sensação de insuficiência, pela minha incapacidade de proteger as pessoas que amo, pela for imensurável de mais uma perca.
A incapacidade de manter as coisas e pessoas que me fazem feliz e bem ao meu lado sempre vindo a tona, nada de bom durava em minha vida, os momentos de felicidade sempre eram passageiros, meu amor incapaz de mantê-lo a salvo.
Gritei por Hades, por Apolo, por qualquer Deus idiota que pudesse ajudá-lo. Não obtive nenhuma resposta. Todos se mantinham calados a sina do meu sofrimento.
Meu coração batia desesperado, cada pulsar doloroso ameaçando a qualquer momento rasgar meu peito. Certamente eu corria, sentia meu rosto molhado, provavelmente eram lágrimas, sombras densas me circundavam ao meu redor criando pequenas espirais enquanto eu mantinha o ritmo apressado em direção a entrada do acampamento. Desesperado para me agarrar ao que quer que fosse.
Eu sentia a essência de Will cada vez mais fraca, ele estava me deixando, era como se eu pudesse ver aquelas três velhas hediondas se preparando para cortar o fio fraco e tão precioso que ainda o mantinha vivo.
Viajei pelas sombras até a árvore de Thalia, pouco me importava que eu ainda estivesse me recuperando, eu o sentia perto, precisava estar lá no momento em que eles chegassem.
Assim que me apoiei a árvore, o cansaço me tomando instantaneamente, pude avistar logo ao longe Reyna correndo feito louca com um corpo inerte nos braços, me teletransportei mais uma vez.
Assim que me vi em pé em frente a ela, puxei meu Will para os meus braços, é sem uma palavra sequer ser dita entre nós, não esperei um segundo sequer para nos teletransportar para à tenda da enfermaria. Onde naquele mesmo dia tínhamos acordados um ao lado do outro. Sem nenhuma ideia do que estava por vir.
Tudo se passava como flashes em minha cabeça, cheguei a enfermaria gritando, logo os irmãos de Will apareceram, entre eles Kayla. Os olhos de um azul profundo completamente arregalados, enquanto ela corria assustada na direção da estantes, atrás de vidros de poções e algumas ervas eu o repousava cuidadosamente na maca. Todo o meu corpo tremendo com o medo cru de perdê-lo.
- Por favor, salve-o. – sussurrei, não tirando meus olhos de sua figura inerte na cama. A pele esfriando, desprovida do calor característico, a pele naturalmente bronzeada agora pálida, desprovida da aura de luz que sempre o cercava.
Fraquejando ao encará-lo daquela forma e esgotado pela viagem pelas sombras, minhas pernas facilitaram e eu desabei no chão ao seu lado, nunca me senti tão impotente na vida, o meu Sol estava se apagando e a escuridão parecia me abraçar convidativa.
- Por favor, Will. Não me deixe, por favor. - Solucei em meio ao choro sofrido. - Eu não vou aguentar mais uma perda. Você é tudo que me resta, não vá. Fique comigo, meu Raio de Sol.
As lágrimas grossas e incessantes embaçavam minha visão, os irmãos de Will corriam de um lado para o outro, um rasgava sua camisa, expondo o ombro dilacerado pelo que pareciam garras, a pele ao redor era de um azul escuro oleoso, o cheiro que exalava do ferimento era tão pungente que causava ânsia a qualquer um que chegasse perto demais.
Austin trazia consigo bandagens e uma bacia de água, provavelmente para limpar o ferimento coberto de sangue coagulado e veneno.
Kayla estava afastada jogando ervas em uma vasilha para o que parecia ser o antídoto.
- O quão ruim ele está? – Ouvi a voz de Quíron soar ao longe, ou talvez ele estivesse perto, nesse momento eu não conseguia discernir nada corretamente, a única coisa capaz de me manter concentrado era a figura imóvel de Will.
- Estamos o perdendo, o sangue está coagulando devido ao veneno. O coração está batendo em um ritmo muito lento, não sei se vamos ter tempo de salvá-lo. – Kayla respondeu, a voz entrecortada pela agonia de ver seu irmão naquele estado.
- Vocês não vão o que?! – Gritei. – Vocês podem e vão salvá-lo! – As sobras que antes estavam apenas ao meu redor se expandiram por toda a enfermaria.
Meu coração aceleração, todo o meu corpo tremia, suor frio tomava conta de minhas palmas e eu sentia minha respiração lutar por espaço em meus pulmões.
- Nico se controle agora. – Quíron disse de maneira séria. – Não vê que está atrapalhando o trabalho deles?
Prontamente minhas sobras se recolheram, voltando para mim tão subitamente que faz com que eu me engasgasse, e a exaustão novamente reivindicasse minha inconsciência, mas eu não deixaria aquilo acontecer. Permaneceria muito bem acordado até que seus olhos azuis voltassem a se abrir e sua voz melodiosa me dissesse que ele estava bem. No entanto, Quíron tinha razão, eu só estava piorando a situação agindo daquela forma.
- Se não consegue se controlar é melhor esperar lá fora. - Ele não hesitou em dizer.
- NÃO! Eu não vou sair do lado dele, não até saber que ele está bem.
- Ele está tendo uma parada cardíaca, Kayla, rápido. – As mãos de Austin foram postas uma em cima da outra sobre o peito esquerdo de Will, prontamente iniciando uma massagem cardíaca com o intuito de impedir que o coração de Will parasse de bater por completo.
Um soluço agonizante saiu por meus lábios.
- Eu estou tentando! Algumas coisas estavam quebradas, Kayla teve que ir buscá-las, enquanto ela não chegar não tenho como finalizar o antídoto. - Disse alguém que não consegui identificar.
E lá estava mais uma coisa que fora minha culpa. Eu podia ter evitado que tudo isso acontecesse. Tudo por culpa de minha irresponsabilidade em dormir ali, por causa de meu gesto brusco naquele momento de susto. Will poderia morrer, e a culpa era toda minha.
Eu senti que algo de ruim iria acontecer, não devia ter permitido que Will fosse nesta missão, ou então deveria ter quebrado qualquer uma dessas regras idiotas de apenas três por missão e os seguido para garantir que nada daquilo acontecesse.
Eu sou realmente imprestável, esse é o problema de ser filho do Deus da Morte, no final tudo sempre acaba com o corpo daqueles que amo pálidos e sem vida, a sempre morte me perseguia independente do caminho que eu tomasse.
- Hades. Pai. Me ouça, Will é tudo que me resta, ele foi um dos únicos capaz de me arrancar um sorriso verdadeiro depois da morte de Bianca, ele me fez sentir novamente. Por favor, não deixe que ele atravesse os portões. – Senti um toque gelado em meu ombro, mas nada mais que isso.
Olhei para o rosto do garoto que amo, seus cabelos dourados e brilhantes como a luz do sol estavam opacos e respingados de vermelho, os rosto angelical sujo de terra e maculado por vários arranhões. O tom cinzento agora revogada quase completamente sua pele dourada, as sardas não pareciam mais constelações, era como se a luz de todas as estrelas tivesse se apagado, os olhos azuis se encontravam fechados.
Por um segundo senti o impacto de pensar que nunca mais os veria abertos, nunca mais iria sentir o calor de seus sorrisos, nem sua voz melodiosa cantando para mim, nunca mais iria sentir a intensidade de seus toques nem o conforto de seus abraços.
Mais lágrimas desciam desenfreadas pelo meu rosto, enquanto todo o meu mundo desabava e se apagava.
- Will, volte para mim. Por favor, amor.
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