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História The Cure - Jikook - 39


Escrita por: AP_Moura

Notas do Autor


Cheguei cedo dessa vez, hein?

Capítulo 39 - 39


  O som não era cronometrado, a água não caia ao mesmo tempo, mesmo ali debaixo, ainda estático no vão da porta, eu podia ouvi-la perfeitamente. O desespero das milhares de ideias criadas na minha cabeça, me despertou para que eu voltasse a ter o movimento das pernas. Larguei a maçaneta da porta, que eu ainda segurava nervosamente e corri em direção as escadas. Repetindo um "não" em cada degrau. Ao chegar no patamar, ouvi a som de água mais claramente, mas não vinha do quarto lá em cima, vinha logo abaixo de mim. Olhei meu pés, os sapatos salpicados da água rala que corria pelos degraus. Meu desespero aumentou ainda mais, corri subindo as escadas, ouvindo meus sapatos chapinhando na água que já formava uma camada de meio centímetro no chão. Não procurei saber se a água vinha do meu quarto, corri direto para o dele, forçando a maçaneta que não abriu. O mundo parecia conspirar para que tudo desse errado. Esmurrei a porta chamando-o, sentia o nó formado na garganta. Houve um momento quando meus murros e chutes na porta fizeram a madeira estralar, me afastei. Sem perceber eu já chorava, sentindo as lágrimas quentes descerem as bochechas. Respirei fundo pensando um jeito de abrir aquela porta. Um chute a mais talvez a arrancasse das dobradiças já gastas pelos outros chutes. Eu me preparava para mais um golpe com toda a força que eu podia acumular. Eu tinha que tirá-lo dali, ele querendo ou não, ele estando vivo... ou não. Porém algo me impediu, um som baixinho, um voz baixa, que me fez abaixar a perna e não chutar mais a porta, mas me encostar nela com todo o corpo para tentar ouvir. 

  -Jimin? -chamei. A pontada de esperança era fraca, dolorosa. Na minha mente algo me dizia para eu não me iludir. -Yaegiya, você está aí? 

   Esperei por alguns segundos, pronto para desistir da ideia de ouvir e voltar a esmurrar a porta. Foi quando repetiu. 

  -Jungkookie. 

  Meus olhos já não controlavam mais as lágrimas. Ele estava ali do outro lado. Meus joelhos fraquejaram e eu caí de frente a porta. 

  -Jimin, você está bem? -perguntei segurando um soluço. -Yaegiya, abra a porta. 

  -Está trancada por fora. Só... me machuquei um pouco. 

  -Onde? -perguntei já rompido em lágrimas, largado no chão onde a água molhava meus sapatos e calças. -De onde está vindo essa água? 

  -Um cano explodiu no meu banheiro, estou sem celular. 

  -Onde você se machucou? -insisti. 

  -Cortei a mão sem querer. Está enrolado com uma camisa, mas... não sei. Está doendo muito. 

  -Eu vou te tirar daí, espera. 

  Me esforcei em me levantar, ganhei uma distância da porta e passei as mãos no rosto para tirar as lágrimas. Respirei fundo, fiquei um pouco de lado e chutei a porta com toda a força que eu pude. Mais um estralo veio das dobradiças, mais um é ela cederia. Voltei a minha posição, me concentrei em tirar meu mochi dali e chutei. A porta fez um barulho horrível e se escancarou, atirando lascas de madeira para todos os lados. Eu entrei correndo no quarto, olhando desesperado como se fosse tudo mentira o Jimin está ali. Mas ele estava na cama, sentado de perninhas cruzadas, na mão uma camisa ensangüentada, molhado da cabeça aos pés, menos a camisa, devia ter trocado. O ver me deu paz, mas eu continuava desesperado, corri para ele e o puxei pelos ombros , o apertei em um abraço, dando-o tempo apenas de ficar de joelhos na cama. 

  -Está tudo bem. -repeti, varias vezes, para mim mesmo. -Você está bem. 

  -Fica calmo. -pediu sentindo as batidas do meu coração de tão próximo que estava. -Yaegiya, eu estou aqui. -disse segurando meu rosto, com os braços espremidos entre nós dois. -Se acalme. 

  -Você sabe o desespero que me deu ver toda essa água? -não era o objetivo, mas a frase saiu em um tom agressivo que o fez se encolher e abaixar a cabeça. -Por que não me respondeu antes? 

  -Porque você não me ouvia, estava fazendo muito barulho chutando a porta. E... eu me sinto fraco. -disse jogando os braços no meu ombro e se pendurando em mim antes que eu o induzisse a isso. -Saiu muito sangue do corte. -murmurou. -Me tira daqui?

  -Claro. 

  O levei nos braços para o andar inferior que se mantinha seco. Ele estava leve como um passarinho, mas mesmo assim desci com cuidado os degraus e quando chegamos na sala, o deitei no sofá. Depois cuidaria do cano estourado, por enquanto eu cuidaria dele. Peguei meu celular e liguei para um radiotáxi, parecia que era só isso que eu fazia na vida, pegar táxis. Me disseram que chegariam em dez minutos. Eu tinha que levar o Jimin para o hospital. Ele parecia muito pálido, com aquela camisa enrolada na mão, eu não sabia fazer curativos de verdade, então era a única saída ir ao hospital. 

  Me sentei ao lado dele no sofá e ele me olhou piscando devagar. 

  -Eu te dei um susto não foi? -perguntou cabisbaixo. -Eu sei, não sou confiável. 

  -Não. Não é. -minha sinceridade pareceu o chocar por um momento, então ele voltou a mexer em um fio solto do sofá. -Pensei que tinha feito a pior burrada da sua vida. 

  -Eu estava estudando e o cano estourou, não tinha ninguém em casa. Tentei fechar o cano mas nada serviu, então eu escorreguei e me segurei na pia, mas sem querer acertei numa lâmina de barbear. -ele desenrolou a camisa da mão, lentamente, para me mostrar um corte horizontal na palma da mão aparentando ser fundo.

  -Não mexa. Você lavou isso? 

  -Claro, mas... não adiantou muito. Continua sangrando se não pressionar. Essa é a segunda camisa. 

  O olhei e suspirei, enquanto ele voltava a por seu curativo provisório. Eu estava tão aliviado por ele estar ali. Me inclinei e lhe roubei um beijo esfomeado, ele correspondeu, me puxando pela camisa e também o meu lábio só que com os dentes. 

  -Eu não vou te deixar. -ele disse. -Eu... me prometi isso. 

  Eu desabei em lágrimas, já não controlando mais os soluços, curvado, com o rosto no ombro dele, que estava deitado. Não era uma posição confortável, mas no momento parecia perfeito. Não economizei oque eu guardava no peito, chorei até ter que puxar o ar com dificuldade, prendendo o lábio para que ele não tremesse. Jimin acariciava minhas costas com a mão boa. Repetindo vez ou outra que estava ali comigo. Aos poucos o choro foi passando, eu estava apenas recuperando o fôlego com a respiração um pouco entrecortada, sentindo o cheiro dele e me deixando acreditar nas palavras dele. Jimin estava ali. 

  -Yaegiya, me desculpa. -ele disse baixinho e eu ergui os olhos para ele. Jimin deu um sorrisinho e acariciou meu rosto inchado. -É a segunda vez que te faço chorar. 

  -Não importa. -sussurrei pegando sua mão e beijando-a. -Não se preocupe se eu chorar, pode ter certeza que não é sua culpa. 

  -E de quem é? 

  -Minha. Tudo, absolutamente tudo, é minha culpa. 

  Ele abriu a boca para replicar, mas uma buzina nos chamou a atenção. Congelei meus olhos nos dele por um momento, então levantei e chequei na janela se era o táxi. E sim, era. O ajudei a levantar, sem dizer mais nada, e após deixar um bilhete no espelho do Hall, seguimos para o táxi. Dessa vez não era o motorista legal, era apenas um senhor desconhecido e calado, que só nos perguntou para onde iríamos. 

 

  Ele foi o caminho inteiro encostado em mim, olhando a camisa ensanguentada na mão e suspirando baixinho. Com certeza aquele seria um assunto que o Carcereiro iria querer tratar quando visse o recado na porta, provavelmente ligaria perguntando onde estávamos, Jimin passaria algum tempo no hospital cuidando daquele corte e eu temia que, durante sua ausência, nossos pais chegassem. Então eu teria que explicar, e ficar cara a cara com aquele sujeito nojento, o motivo da porta ter sido arrombada, e o porque da sua casa perfeita está com o primeiro andar inundado. Também teria que explicar as condições de Jimin e sobre o corte, e talvez isso não me ajudasse. Jimin não estaria ali para ajudar a me controlar com oque dizer. 

 

  -X-

 

  Os meus pedidos haviam sido feitos em vão. Não haviam me deixado acompanhar o Jimin para a salinha de curativos. Então eu estava, forçadamente, esperando na sala de espera do hospital que não era lá aconchegante. Seis fileiras de cadeiras estavam dispostas em frente a recepção, todas de plástico azul, ligadas por uma barra de ferro soldada aos seus pés. A única distração era uma tv na parede atrás das recepcionistas, passava o noticiário com legendas geradas automaticamente, a maioria das palavras que eu conseguia entender em seu som baixo, eram muito diferentes das escritas nas caixinhas pretas no canto da tela. Me faziam companhia mais cinco pessoas; uma mulher com um bebê de colo, um homem de meia idade de terno, que verificava o celular de minuto em minuto, uma menininha muito jovem e nervosa, e um outro homem, mais simples que o outro, de camisa polo com um crachá e calças jeans. A mulher estava preocupada com o bebê, botava a mão sobre o peito da criança e as vezes tentava sentir a respiração dela pondo um dedo em frente às suas narinas. Já os outros pareciam bem relaxados, menos a menina que estava a duas cadeiras de distância de mim, balançando as pernas e quase pulando na cadeira, oque fazia tremer todos os bancos. Eu estava partilhando do nervosismo da garota, com medo de algumas burradas que eu podia fazer. Apertei os dedos no assento da cadeira, como se pudesse me manter parado ali contra a vontade de sair correndo. Olhei o relógio na parede e já era quase meia noite. Eu estava cansado do show, ainda um pouco surdo por causa do som alto, que só então eu havia percebido e com as mesmas roupas, apenas um pouco molhadas. O tédio já estava ficando muito intenso, então tirei meu celular do bolso e nele haviam mensagens desesperadas de Taehyung sobre J-Hope Hyung ter o dado um beijo na bochecha antes de ir embora, com sua riqueza de detalhes, quase medindo os centímetros de onde havia sido o beijo até a sua boca. Respondi, ignorando suas mensagens, que estava no hospital com Jimin, expliquei o cano e tudo o mais, mas aparentemente todos estavam dormindo. 

  O banco voltou a se mexer, me deixando enjoado, eu estava cansado e sem comer a um bom tempo, o balanço constante devia estar mexendo em algo no meu organismo. Me virei para a garota e acenei para que ela me visse. Ela ergueu os olhos para mim com espanto e parou de balançar as pernas. 

  -Você poderia parar de fazer isso? -pedi apontando para suas pernas contra o banco da frente. Ela as abaixou constrangida e assentiu. -Está nervosa? 

  -Um pouco. -disse com a voz baixa. -Estou esperando meu irmãozinho. 

  -Ah. Boa sorte com ele. 

  -Obrigado. 

  Fazia sentido agora, o nervosismo dela. Me levantei e fui a máquina de lanches perto da recepção, onde uma das recepcionistas me acompanhou com os olhos e quando retribui o olhar ela desviou rápido para a tela do computador. Ignorei. Eu era quase comprometido. 

  Desviei meu caminho para a máquina de café, era melhor ficar acordado. A máquina cuspiu o café no copo de isopor com violência, quase respingando em mim, mas mesmo assim, melhor que nada. Peguei meu copo e voltei para o meu lugar perto da garotinha, ela agora cantarolava uma música de Natal, acho que Jingle Bells. Beberiquei o café assistindo a tv muda, só vendo as cenas e lendo as legendas raramente, não percebi quantos minutos passaram disso, mas eu já estava acabando o café quando uma mão apertou os dedos no meu ombro sem muita força. Levantei o rosto e vi de baixo um queixo pontudo e os cabelos escorridos e compridos da minha mãe, ao lado dela estava ele, Carcereiro. Respirei fundo e me levantei, ele me olhou com desprezo, mas perguntou a contragosto:

  -O que vocês fizeram com a minha casa? 

  -Ninguém fez nada. -respondi. A raiva presa debaixo da língua como quem esconde um comprimido. -O cano estourou, e o Jimin se cortou, infelizmente ele não podia pular a varanda, nem abrir a porta, porque ao invés de está vivendo como uma pessoa normal, você trancou ele. 

  -Disciplina é necessária. -respondeu seco, sem um pingo de emoção na voz. -Você tentou o corromper, só estou recuperando meu trabalho. 

  -Ele é uma pessoa. -andei um passo e ele me olhou como se questionasse essa audácia. -Não um robô para você controlar. Por sua culpa, ele se cortou fundo. 

  -Não seria a primeira vez. 

  Essa resposta me deu um frio na nuca e segurei um estremecimento. Nos encaramos alguns segundos, seus olhos tão ridiculamente gelados que me deu nojo. 

  -Não é hora de discussão. -foi a única coisa que minha mãe disse. -Vamos nos sentar e esperar ele. 

  Sentamos, ela no meio de nós dois. Não era possível que ela fosse boa com ele, quando tudo que ele faz é machucar os outros.

 

-X- Jimin -X-

  As máquinas, os bipes, podiam ser ouvidos ali mesmo da sala de curativos. Talvez estivessem no quarto do lado, ou fazendo eco no corredor mesmo estando distante. Não importava, porque enfim, aquele som irritante, o cheiro de hospital, e até as cortinas, me faziam sentir como se ainda tivesse seis anos. Enquanto a enfermeira limpava minha mão com um algodão amarelado com alguma coisa que ardia o corte, me lembrei da expressão de dor da minha mãe quando ela estava no hospital. Que por coincidência, Jungkook havia me trazido para o mesmo. Segurando a dor da ardência, mordi o lábio com força e prendi a mão boa sob a perna, ela estava tremendo, eu estava todo tremendo. Hospitais não eram agradáveis, me lembravam da minha mãe, suas últimas palavras para mim (que era o único que se importava com ela), foram as mais doces possíveis. Disse que nos encontraríamos nos nossos sonhos, que ela sempre estaria ali para me ouvir e que ele não a veria por muito tempo, mas um dia nos encontraríamos de novo. Essa lembrança me encheu os olhos de lágrimas e a mulher que cuidava do meu corte achou que era por conta do remédio, parou o algodão a alguns centímetros do corte e ergueu os olhos para mim. 

  -Está doendo muito? -perguntou baixinho e eu neguei limpando uma lágrima com a mão trêmula. Sorri para ela tentando apaziguar seus temores, mas ela pareceu ainda preocupada. 

  -Não foi o remédio. Só... tenho más lembranças com hospitais.

  -Ah, sim. -disse assentindo como se compreendesse. -Eu não gosto de dentistas. Todas aquelas ferramentas, parece que estão fazendo uma cirurgia e não apenas uma limpeza dos dentes. 

  Eu ri, e ela me acompanhou. Continuou a cuidar do corte, ela franziu a testa deixando o algodão de lado e me olhou com um vinco entre as sobrancelhas. Devia ter uns vinte e poucos anos. 

  -O que aconteceu com você? 

  -Escorreguei e me cortei numa lâmina. -disse simplista, mas ela arregalou os olhos para mim. 

  -Mais um pouco para o lado e você teria acertado uma veia muito importante, você podia ter morrido. 

  Suspirei sofrido, não que eu quisesse aquilo, mas também não era algo que eu nunca tivesse pensando. Mas eu havia prometido, então eu devia cumprir, não deixaria Jungkook, mesmo que não nos deixassem juntos. 

  -Então eu tive sorte. -respondi e ela assentiu. 

  A enfermeira me distraiu com assuntos banais enquanto costurava a palma da minha mão e depois a enfaixava com gaze. Podia parecer que eu estava entretido no assunto, eu a agradecia por fazer isso, mas eu me forçava a sentir aquela dorzinha, era uma auto punição por quase ter feito uma besteira enorme. Quando ela terminou, ela sorriu para mim e pegou a bandeja de ferro com os curativos e algodões.

  -Cuidado com isso, garoto. -ela apontou para o curativo. -Venha para repor daqui a alguns dias, ok? 

  -Ok. -retribui seu sorriso e ela foi embora da salinha.

  Pulei da maca, que não me deixava tocar o chão e respirei fundo. O cheiro de hospital entrou para os meus pulmões e eu segurei a vontade de chorar de novo. Eu precisava do Jungkook, queria um abraço. Sai da salinha, o caminho não era muito difícil de voltar, era pegar a esquerda daquele corredor e mais uma direita que sairia direto na sala de espera e entrada. Segui pelo corredor olhando para o chão, sem querer ver quem estava nos quartos abertos, não gostava de ver a dor dos outros, pois me lembravam da minha. 

  Empurrei as portas duplas de vidro para a sala de espera com o ombro, passei os olhos pelos que estavam ali, havia muita gente a mais do que quando cheguei. Quando cheguei em um rosto conhecido, não era o do Jungkook, nem o do meu pai que captei logo depois, mas sim Taehyung. Ele estava em pé olhando um quadro de avisos, sem interesse provavelmente, mas procurando oque fazer. O medo se agravou no meu peito, Taehyung era um dos mais preocupados comigo entre os amigos de Jungkook, e meu pai não gostava deles. Prendi a respiração e me aproximei da fileira onde meu pai, minha madrasta e Jungkook estavam. Meu pai olhou a gaze na minha mão, e depois ergueu os olhos para mim. 

  -Levou pontos? -perguntou, mas não parecia preocupado, ao contrário de Jungkook que quase pulou sobre ele e ficou de frente para mim. 

  -Levei. -respondi, mas mesmo assim meus olhos já não estavam mais nele. -Está tudo bem. -sussurrei para Jungkook. 

  -Taehyung. -sussurrou de volta. 

  -Vamos embora. -disse meu pai se levantado. 

  Me virei e Taehyung ainda estava olhando o quadro. Talvez não fosse uma boa ideia me arriscar a falar com ele, meu pai estava ali e... eu não queria punição maior do que ficar trancado no meu quarto e longe de Jungkook. 

  -Tae. -chamei, era um risco, mas eu tinha que me arriscar. -Taehyung. 

  Ele se virou como se ouvisse um fantasma, com os olhos arregalados e procurando de onde vinha a voz. Eu ri involuntariamente e ele me viu, abriu seu melhor sorriso quadrado e veio me abraçar. Suspirei, outro risco. 

  -Você está bem. -disse me balançando. -Quando Jungkook falou eu já estava imaginando milhões de coisas. 

  -É. Vocês dois estavam. -ele se afastou e segurou meu braço com delicadeza. 

  -Vai ficar tudo bem. Deixei Yoongi dormindo, ele ficaria com raiva se eu o acordasse e Jin Hyung e Namjoon Hyung... não vamos comentar. -sussurrou o final e eu ri. 

  -Kim Taehyung. 

  Eu me espantei. Taehyung piscou como se tivessem jogado sal nos seus olhos, olhamos para meu pai e sim, ele estava falando mesmo com o Tae. 

  -Diga ao seu pai, que quero falar com ele, que me ligue o mais rápido possível. 

  -Ele não é secretaria eletrônica. -Jungkook resmungou. 

  -Conhece o meu pai? -perguntou Taehyung. -Quero dizer... o que? 

  -Nos conhecemos a muito tempo. Diga a ele para me ligar, só isso. 

  Normalmente pessoas ficariam felizes em reencontrar velhos amigos, meu pai parecia um buldogue. Não, buldogues devem ser mais gentis. Saímos todos para a noite, Taehyung me abraçou mais uma vez antes de irmos para o carro do meu pai, Jungkook vinha perto de mim como um guarda costas e sua mãe caminhava calada. Eu desconfiava dela, não tinha como achar que um casamento como aquele era bom, ela devia ter motivos, se eu pudesse pelo menos ter algumas horas a sós com ela, eu a perguntaria. No caminho eu tive que manter distância de Jungkook, mas ele se virava e me mandava beijos silenciosos de vez em quando, oque me fazia querer rir. Comparada a atmosfera que eu achei que estaria no carro; com meu pai mais carrancudo do que estava e gritando comigo. Estávamos em paz dentro do carro. Todos calados, meu pai não se importara comigo, eu também não precisava que fizesse isso, Jungkook e Taehyung haviam sido suficientes para mim. Porém, chegou o momento em que o assunto se fez, por meio do Jungkook. 

  -Então o quarto do Jimin está alagado. Não deve ter secado ainda. -disse hesitante. -Então ele vai ter que dormir no meu quarto. 

  A freada que se seguiu foi muito brusca, os pneus cantaram, e se não fosse o cinto eu teria batido a cabeça no banco do carro, mesmo assim foi um certo impacto. 

  -O que disse? -perguntou meu pai, com um tom que eu sabia reconhecer. Que Jungkook tomasse cuidado com as palavras. 

  -Quero dizer, o quarto dele está alagado, não pode dormir lá, pode escorregar de novo. 

  -Acha que eu sou burro? 

  Jungkook discretamente jogou os ombros. 

  -Ele não quer receber outro castigo por sua causa. - ele deu uma risadinha.

  Eu podia tê-lo sufocado ali de trás jogando meus braços pelo banco, mas isso causaria o acidente com todos nós, então me contentei em segurar a raiva prendendo o lábio e com olhos cheios de lágrimas. Jungkook deve ter percebido, porque ele soltou aquela risada de quando estava com raiva. 

  -Você é muito ridículo. -murmurou. -Eu durmo no sofá, ele dorme no meu quarto. 

  -Então é melhor que você fique lá na sala. 

  -Não. Vou agarrar ele de madrugada. 

  Ele se virou rápido, meus olhos mal conseguiram captar quando isso aconteceu. Puxou Jungkook pela camisa, e ficamos empacados no trânsito. Tentei me colocar no meio deles, com a mão boa no pulso do meu pai, que me batesse, mas ele não devia nem tocar no Jungkook. 

  -Deixem disso. Vamos para casa. -pedi. Meu pai respirava como um touro, e atrás de mim, Jungkook tinha as mãos na minha cintura. 

  Pensei em como estava me arriscando de novo, que Jungkook fizesse valer a pena aquela segunda chance que eu estava me dando. Que fizesse valer a pena eu não ter completado aquilo.


Notas Finais


COmentem <#


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