História The Guardians - O Último Primeiro Dia

— Ben, já está na hora, acorde!

Ouço a voz de minha avó me chamando na porta do meu quarto, e aos poucos desperto.

— Não se atrase no primeiro dia. E o café da manhã já está pronto. — Ela diz calmamente e logo depois fecha a porta. Levanto da cama me espreguiçando e despreparado para o início das aulas nesta manhã.

Olho meu reflexo no espelho do meu guarda-roupas, essas férias realmente ajudaram a esquecer que ainda vou à escola. “O primeiro dia novamente. O último primeiro dia.” 

Finalmente o último ano, em filmes dizem que é o ano que realmente nos "divertimos". E com isso, quer dizer festas, popularidade, bebidas e sexo. 

Mas nunca me considerei alguém popular, tenho vários amigos e talvez até seja conhecido por muitos, mas não preciso de nada disso para ser importante.

                            — * —

— Obrigado pela carona, vô.

— Tenha um bom dia. — Ele diz com um meio sorriso e fecho a porta de seu carro e caminho para dentro da San Francisco High, ando pelos corredores indo em direção ao meu armário para guardar um dos livros que estava em minha mochila.

Para quem está na dúvida, sim eu moro com meus avós maternos. Verônica; minha avó, me contou que quando eu era recém-nascido, meus pais morreram em um acidente em uma estrada. Ainda temos fotos deles pelos cômodos de nossa casa, sinto falta deles, mas estou bem com meus avós.

Comprimento algumas pessoas conhecidas no caminho até o armário, e quando chego até ele vejo um garoto com dificuldades de abri-lo.

— Ei, o que está fazendo? — Pergunto ao estranho. Afinal, não é normal quererem abrir armários alheios. Ele vira seu olhar para mim e em seu rosto se ergue um sorriso.

— Poderia me ajudar? Sou novo no colégio e essa droga não quer abrir. — O garoto estranho ainda me encarava, como se estivesse me analisando e com isso fico sem graça. 

— Posso...ver o número do seu armário? — Ele assentiu com a cabeça e pegou de seu bolso da jaqueta um papel que alguma secretária da Diretoria anotou os dados e lhe entregou. Pego o papel e leio o número rapidamente.

— O papel estava ao contrário, porquê o 19° é o meu, o seu é o 61°. — Sigo em frente no corredor lendo os números dos outros, é bem provável que o dele seja por aqui. Encontro o armário correto e coloco a combinação que também estava contida no papel.

— Pronto, agora está certo.

 Quando me virei para ele, percebi o quão perto estávamos, mais um passo e estaríamos colados um no outro.

— Obrigado pela ajuda. Sou o Wes, e qual é seu nome? — Diz simpático, aparentava saber da nossa aproximidade repentina mas não fazia menção de se distanciar.

— Ben, e eu...tenho aula de Biologia agora, então tenho que ir. — Sinto meu rosto ficar mais quente, com toda certeza estou corado.

— Bom te conhecer, Ben. Espero te ver de novo. — Wes lança mais um sorriso e me afasto caminhando para a sala de aula. De repente uma mão passa pelo meu braço direito, abraçando o mesmo. Era a Becca, minha melhor amiga desde sempre.

— Oh meu Deus, viu a cor daqueles olhos, B.? — A loira ao meu lado exclama, se referindo a aparência de Wes.

— Você conhece ele? — Pergunto.

— Não, mas agora mesmo ouvi no banheiro as garotas falando que eles vieram de Londres.. ou será que foi NY?

— Eles?

— Sim. Aquele que você acabou de conhecer ali, tem mais cinco amigos. E nem me pergunte como que adolescentes mudaram de cidade todos juntos, porque não sei. Não acredite em tudo que ouve no banheiro das garotas. — Diz ela explicando o que sabia. 

Entramos juntos na sala de Biologia esperando o sinal tocar, temos quase todas as aulas iguais. 

— Onde está a sua alma gêmea, Becca?

— Eth veio mais cedo para treinar basquete antes das aulas começarem. — Ethan é o irmão gêmeo dela, quase sempre estão juntos. O sinal tocou e as primeiras aulas passaram tranquilamente, como era o primeiro dia não tinha muito conteúdo nas matérias. 

Na hora do intervalo, me sentei em uma mesa junto com Ethan e Becca e outros colegas nossos. E de repente, um grupo de seis alunos passaram pelas portas do refeitório.

Realmente parecia que eles ensaiaram com o clube de teatro aquela entrada dramática, pois chamavam a atenção da maioria das pessoas presentes. Quando passaram pela nossa mesa, conversando entre eles, Wes que estava no meio, sorriu e piscou para mim e seguiu para uma mesa vazia com seus amigos. É, parece que temos aqui um novo grupo populares do terceiro ano.

— É impressão minha ou aqueles lindos olhos verdes piscaram para você? — Diz minha melhor amiga ao meu lado, sussurrando.

— Não sei. E porquê ele faria isso? — Pergunto à ela enquanto olhava para a mesa em que os seis novos alunos estavam, percebi que eles às vezes me olhavam e depois voltavam a conversar entre eles. Ou isso é só ideia da minha cabeça?

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— Meu Deus, ele é idêntico aos pais, achei que fosse mentira que ele estivesse vivo, mas e agora? — Pergunta uma garota que estava na mesa ao lado, a mesma olhava Ben descaradamente.

— A Naomi tem razão, como vamos lhe dizer que os pais que ele imagina que morreram, nos pediram para zelar por sua segurança? — Fala formalmente uma loira ao seu lado.

— Estamos no século 21, Amelie, podia tentar falar como uma adolescente normal. — Propõe Wes.

— Talvez ele nem saiba a verdade. — Disse o garoto ao lado de Wes, o Brandon.

— Impossível, Verônica já deve ter contado o quê ele realmente é. — Defende Wes. 

— Já foi falar com ele, não é? Não assuste o garoto no primeiro dia. — Outro garoto diz, que estava ao lado de Amelie, seu nome é Thomas. — Mas a ideia de Brandon deve estar certa. Se Ben soubesse sobre nós, já teria rastreado nosso poder de longe.

— Comportem-se como pessoas civilizadas, nada de falar sobre poderes no refeitório do colégio. — Disse uma ruiva que estava sentada perto de Brandon, aquela era a Amber.

— Mas se ele não sabe, tem que saber rápido, tem seres sobrenaturais vindo atrás dele. — Fala Wes com um tom preocupado.

— Preocupado com ele, Wes? — Pergunta Naomi com um sorriso. — Que fofo. Mas enfim, precisamos contar a verdade para ele, toda a verdade.