— Se arrume, porque vamos sair hoje. — Disse Becca assim que atendo o celular após desistir de ignorar as outras 4 chamadas perdidas da garota.
— Hoje não, Becca. Estou estudando para a prova de Química que vai ter segunda-feira, e você devia fazer o mesmo. — Ela sempre me ligava nas sexta-feiras à noite, implorando para sairmos juntos.
— BeeBen, você é o único ser no mundo que não sai em uma sexta à noite para ir em alguma festa. E eu como sua Conselheira Oficial, não posso deixar isso acontecer.
Ah, odeio esse apelido. Respiro fundo antes de lhe dar uma resposta.
— Certo, de quem é a festa?
— Da Megan, eu não gosto dela, mas ela faz festas incríveis! — Disse cantarolando no final da frase.
— Mas não tem como eu ir, estou sem carro.
— Eu te busco no meu.
— Não tenho roupas decentes.
— Te ajudo a achar alguma.
— Mas essa festa vai começar muito tarde e.. — Ela interrompe minha fala.
— Benjamin Niccolai Marshall, você vai comigo ou vai contemplar a bela morte que vou te oferecer. — Agora Becca dizia em um tom ameaçador, uma coisa que aprendi é que nunca se deve irritar essa garota.
— Você venceu! Eu vou nessa droga.
— Ótimo! Chego em meia hora, e não me faça te arrastar pela rua até chegar na festa. Beijos!
*
— Não acredito que deixei você me trazer nessa porcaria de festa! — Eu falei..ou melhor, eu gritei assim ao pisar na cada da Megan.
— “Ter deixado”? Eu quase tive que te bater para entrar no carro! — Becca também estava gritando, tentando falar mais alto do quê a música eletrônica extravagante e conversas ao nosso redor.
— Só se divirta um pouco!
— É Ben, se divirta um pouco! — Disse Wes, que até o momento eu não tinha percebido se aproximar com o número de pessoas circulando.
— Vocês querem diversão? Tudo bem, onde fica a droga das bebidas?
— Acho que ele ficou irritado. — Diz Wes para Becca.
— Ele faz drama de vez em quando mesmo. — Ela responde.
— Parem de falar de mim como se eu não estivesse ouvindo! — Saio caminhando com dificuldade em meio à multidão de adolescentes bêbados e vou até a cozinha onde estava garrafas e mais garrafas de bebidas. Pego um copo descartável e coloco nele a primeira coisa que vejo, e sim; tenho certeza absoluta que vou me arrepender disso amanhã, mas que tipo de pessoa da minha idade não fica de ressaca às vezes? Bebo alguns goles e a bebida desse queimando. Vodca, com certeza é vodca. Encho o copo novamente, mas tanto faz, não estou me importando no momento. De repente, sinto uma mão quente em minha cintura.
— Vá com calma, você não vai querer dar trabalho para a sua amiga. — Disse Wes com a sua voz baixa para que apenas eu ouvisse.
Dou mais um gole da minha maldita vodca e me viro para ficar de frente com ele, eu estava encostado no balcão da cozinha e a mão dele ainda estava me segurando, aonde ele quer chegar com isso? Wes estava muito perto, e parecia querer fazer algo, eu já não permanecia totalmente são e então disparei uma frase que se estivesse sóbrio nunca falaria cara a cara.
— Você está interessado em mim?
— E se eu estiver, seria um problema? — Ele abriu um sorriso, aparentava estar se divertindo com a situação.
— Para mim seria, nos conhecemos faz apenas uma semana, não vou me jogar em você só porquê é..
— Porque sou o quê? — Ele pega o meu copo e bebe o resto que continha, deixa o mesmo no balcão atrás de mim e me puxa com as duas mãos me prensando em seu corpo. Agora sim estou começando a ficar nervoso, tinha outras pessoas no cômodo e ficar daquele jeito com ele me deixava ainda mais desconfortável.
— Porquê é do tipo que qualquer um ia querer ter na cama.
— Então está dizendo em entre linhas que me quer na sua cama?
— Não! Eu não quis dizer isso, olha eu...eu já bebi o quê não devia, eu nem deveria estar aqui, só quero sair daqui. — Saio de seu meio abraço e volto para a sala, empurro algumas pessoas no caminho mas logo consigo sair da casa sentindo o vento gelado bater no meu rosto, ando em passos apressados pela calçada me distanciando daquele lugar.
— Ben, espere! — Algo em mim sabia que ele viria atrás de mim.
— Não, Wes. Não quero isso, eu só.. — As palavras sumiram da minha boca assim que vi a cena à minha frente. Diretamente para a esquina, a rua estava vazia exceto por nós dois e o que presenciei naquele momento.
Na esquina, havia dois homens tendo um tipo de briga que seria considerada impossível, pelo menos nesse planeta. Um deles estava com a mão esquerda esticada para o céu, e o outro homem que na minha visão era a vítima, estava levitando no ar com suas mãos em volta do pescoço, e pelo seu olhar horrorizado acho que ele não estava conseguindo respirar.
— Pare imediatamente antes que eu o leve sob julgamento do Conselho. — Wes se colocou na minha frente em um sinal de proteção e disse alto e claro com a voz em um tom autoritário, parecia ser algo decorado como se ele já tivesse dito essas mesmas palavras outras vezes.
— E quem é você para me impedir? Esse humano inútil merece a minha vingança! — O homem que cometia tal tentativa de assassinato disse com puro ódio. Eu não conseguia falar nada e meu corpo estava imóvel, eu apenas presenciava a cena.
— Sou um Guardião Primordial, tenha mais respeito.
O "vilão" ficou estático ao ouvir o que Wes acabara de falar e no mesmo instante abaixou sua mão, e a vítima caiu no chão respirando com muita dificuldade.
— Saia agora antes que eu te leve para as autoridades de Arcadion Angges.
O homem saiu correndo e Wes foi ajudar o que estava caído no chão, mas percebi que ele estava com o celular em uma das mãos discando um número, que logo atendeu a chamada.
— Alô, Naomi? Preciso de ajuda. Um homem viu um “deles” usando poderes, preciso que faça ele esquecer o que viu e ouviu. — Ele disse rápido para a pessoa do outro lado da chamada. — Hey amigo, ligação para você.
Entregou seu celular para o homem assustado, o mesmo atende a ligação ainda sem entender o que acontecia. E no que acho que foram no mínimo dois minutos, o senhor devolve o aparelho para Wes e se levanta e sai andando como se nada tivesse acontecido.
E nesse momento, meu corpo volta à funcionar após esse susto, ergo o olhar para o garoto à minha frente, sabe se lá se é mesmo um garoto ou não. Ele não sabia o que dizer, abria e fechava a boca para tentar explicar mas nada era dito.
— Isso...isso não pode ter acontecido, não pode ser real. Não pode!
— Ben, se acalme — Segura em meus ombros e fixa seu olhar no meu. — Tudo isso aconteceu, todas as lendas são reais e está mais do que na hora de você saber a verdade.
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