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História The heart wants what It wants - O inimigo esta sentado do lado


Escrita por: MariiaDestiny

Capítulo 32 - O inimigo esta sentado do lado


Sair correndo, deixando meu celular para trás, meu mundo tinha caído, minha vida estava arruinada e não havia mais nada que eu pudesse fazer, liguei meu carro e dei partida, dirigi até o final da cidade onde ficava umas montanhas de rocha, parei o carro e subir até o seu topo, ali era o esconderijo da Candice, em todos os momentos por que justo nesse eu tinha que lembrar dela?

A cidade vista naquela altura era bem pequena, tão insignificante

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Comecei a gritar, eu só queria jogar tudo para fora, gritei com todo o ar que havia no meu pulmão, com todo o desespero que eu estava sentindo naquele momento, o que eu faria? Como voltaria a encarar aquelas pessoas? Como eu olharia meus pais, será que essa altura eles já tinham olhado também?. Sentir lagrimas caírem no meu rosto, e meu corpo desabar de vez no chão, encostei-me em uma rocha, abraçando meus joelhos, ali ninguém poderia me fazer mal, ela me disse que aqui estamos seguras que aquela cidade não existe, os dramas dela também não, eu apenas queria que ela tivesse aqui para me dizer que ia ficar tudo bem que ia me proteger, que enfrentaríamos isso juntas, mas ela não estava aqui, ela destruiu a minha vida e me deixou sozinha.

-

Sentir uma luz forte incomodar meus olhos, abrir eles devagar para que eu pudesse enxergar melhor, foi então que percebi, eu havia adormecido naquele lugar, levei um tempo para me recuperar, respirei fundo juntado forças para levantar, olhei mais uma vez aquela minúscula cidade que  não podia me fazer mal dali, ‘’ eu posso morar aqui ‘’ ‘’ devo pegar o carro e ir para um lugar longe?’’  vários pensamentos passavam agora pela minha cabeça, mas ainda estava perdida, não sabia o que fazer realmente, entrei no meu carro, porém não dei partida, segurava o volante, mas não conseguia sair do lugar, procurei meu celular pela minha mochila em busca de noticias que pudessem me confortar. ‘’ shit’’ – pensei – eu havia deixado o meu celular caído no chão  — Otimo, Selena, você é realmente uma gênia — briguei comigo mesma.

Passei em frente a rua da Candice, pude ver Jellal saindo de sua casa, fumando enquanto procurava algo na sua jaqueta, virei o carro com toda velocidade , estacionando de qualquer jeito na sua porta, desci do carro batendo a porta com força

— Cade ela?? – disse entrando apressada na casa da Candice, procurei por todos os cômodos mas ela não estava ali, Jellal me olhava assustada como se eu tivesse louca.

— Você ta bem Selena? – ele perguntava preocupado

— Eu pareço bem? – respondi friamente

— Você quer uma agua? Refrigerante... um calmante?

— Eu só quero encontrar a sua amiguinha e matar ela, da mesma forma que ela me matou.

— Ah – ele falou com um tom como se pedisse desculpa — A culpa não é dela você sabe né?

— A culpa é toda dela.

— Não tinha como prever que isso aconteceria Selena, eu sinto muito, tem algo que eu posso fazer por você?

— Tem – fui até a cozinha e peguei uma faca, apontando na direção do Jellal que colocou seu braço na frente em forma de defesa — Manda uma mensagem pra sua amiga, e diz que ela estava certa, ela arruína a vida de todo mundo, que eu não quero nunca mais ver a cara dela e se eu olhar – aproximei mais a faca do seu rosto – eu vou mata-la.

Sair da casa da Candice batendo a porta com força, peguei a chave do meu carro, vejo Dandara vindo à minha direção, eu não sei porque eu fiz aquilo, mas naquele momento ela parecia o mais perto do que eu tinha de um porto seguro, corri ao seu encontro e lhe dei um abraço, a principio ela ficou assustada, não sabia muito bem o que fazer, mas logo me abraçou de volta, fazendo carinho no meu cabelo como se tentasse me confortar de certa forma

— Vai ficar tudo bem – Dandara dizia me abraçando mais forte.

— Eu mereço Deus esta me castigando, eu fui mal – chorava nos seus braços

— Você não merece isso Selena e você não foi mal ok?

-

— Toma – Dandara me entregava um copo de café quente, peguei agradecendo.

— O que eu vou fazer agora? Minha vida esta acabada – voltei a chorar

— Eu acredito em você, sei que você é forte e não vai ser isso que vai te derrubar não é?

— Eu só queria saber porque ela fez isso comigo, entendo que ela esteja chateada pelo lance da petição, mas por que ela precisou ser tão baixa assim?

— Pera Selena, você não esta achando que foi a Candice que fez aquilo, esta?

— Quem mais seria?

— Eu conheço a Candice desde a infância e sei que ela seria incapaz de fazer uma coisa daquelas, deve haver outra pessoa.

— Foi Ricardo? João? Jellal?

— Logico que não, eles te adoram nunca iriam fazer algo para te machucar.

— Se não foi ela e nem eles, quem foi? Ninguém sabia da nossa relação a não ser vocês.

— Tem certeza disso?

— Claro

— Vou te ajudar a investigar isso melhor, prometo.

— Não precisa – levantei do sofá, entregando o copo de café para Dandara - não importa quantas vezes eu pense nisso, não existe outra pessoa que me odeie o suficiente para fazer isso, esta tudo bem sei que ela é sua amiga não vou ficar aqui falando mal dela para você, até logo, e obrigada pelo café – levantei me preparando para sair, quando sinto ela segurando meu braço

— Espera – Dandara me puxou de volta para o sofá, fazendo com que eu sentasse novamente – tenho algo para você.

Fiquei ali esperando que ela voltasse, olhei em volta e percebi que a casa dela também não era muito luxuosa, era do mesmo tamanho do que o da Candice, sua sala de estar tinha apenas um sofá, tv, e um aparelho de som, logo do lado havia uma parede que ficava a cozinha, olhei rapidamente para dentro dela e percebi que só havia um fogão, uma geladeira, e uma mesa de plástico com duas cadeiras.

— Toma – ela voltava com um celular na mão

— MEU CELULAR, onde você achou?

— Eu vi a hora que você deixou cair, e quando saiu correndo, então eu peguei antes que outra pessoa fizesse isso, não se preocupa não li nada do que estava nele

— Obrigada Dandara, de verdade, eu não mereço isso.

— Se você quiser, pode tomar um banho, minhas roupas não fazem seu estilo, mas pelo menos estão limpas, e também se desejar, pode ficar aqui por hoje

— Obrigada pela oferta, mas vou para casa

Me despedir dela, abrir a porta do carro, botei o cinto de segurança,  fiquei parada por um momento ali, olhando meu celular não tinha coragem de destravar e ler as mensagens, o melhor a fazer é desligar – pensei – desliguei colocando dentro da minha bolsa, dirigindo para a minha casa, as primeiras pessoas que eu queria encarar e me explicar era meus pais.

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— O que você faz em casa Selena? Não deveria estar na escola? – minha mãe estava na cozinha quando eu entrei, ela parecia não esta preocupada, mesmo que eu tivesse passado a noite inteira fora, não entendi o que estava acontecendo

— O que? – era a única coisa que eu conseguir dizer naquele momento

— Liguei para você ontem à noite, sua amiga não disse? – minha mãe mantinha a voz calma, percebi naquele momento que ela ainda não sabia, por algum motivo respirei aliviada

— Não, ela não disse.

— Foi uma tal de dandira, Denise... 

— Dandara?

— Essa mesmo, ela falou que ia lhe passar a informação, mas esta tudo bem, o que você faz aqui? Ela disse que você ia para a escola direto de lá

— Não to me sentindo muito bem, acho que foi algo que eu comi – mentir

— Então tome um chá e vai se deitar, vou pedir para Francisca preparar uma comida leve para você – minha mãe me deu um beijo na testa, então eu subir

Tomei um banho demorado, como se eu esperasse que a agua levasse embora todos os meus problemas, infelizmente eles continuavam lá, coloquei uma camisola, joguei meu notbook e celular de lado, não queria ver nenhuma rede social, muito menos minhas mensagens,  só queria um pouco de paz e esquecer todas essas pessoas.

Fui até cozinha e preparei brigadeiro, peguei os salgadinhos do meu irmão, e refrigerante, eu nunca mais tinha comido aquilo, pois tinha que me preocupar com meu corpo, uma boa líder de torcida não pode ser gorda, a filha de uma modelo tinha que ser magra, um exemplo para todos, mas minha reputação já tava no lixo, quem liga se eu sou gorda ou magra?

Abrir e joguei tudo em cima da cama, liguei em next top model, estava passando sobre a eliminação de uma candidata que eu não gostava, aquilo me fez feliz, gritei e pulei pela minha cama, ver alguém que eu não gosto se dando mal me fazia feliz, eu sabia que era errado, mas naquele momento liguei o foda-se só queria saber que tinha alguém pior do que eu.

-

Passou uma semana as desculpas para não ir para a escola já estavam acabando e meus pais estavam começando a desconfiar que eu estava com problemas, porém eu conseguia enrolar e fazer com que eles mudassem o assunto, meu celular ainda estava desligado e nenhuma das minhas amigas que eu considerava apareceu para me visitar, nem podia entrar em contato com Alessia para ela voltar logo para casa, por que ela estava demorando tanto? O que ela tinha tanto para fazer?

Chegou o dia que eu tanto temia.. Domingo, dia de ir para o culto, tentei falar que estava mal que não conseguia levantar, mas meu pai continuava dizendo que Deus me ajudaria a melhorar e me daria forças para resistir que isso era o inimigo tentando abalar a minha fé. Coloquei uma roupa, respirei fundo, sentir meu coração apertar, queria chorar, queria fugir, no carro a radio tocava Wildest Dreams da Taylor Swift sentir que ia desabar naquele momento, continuava a mentir toda vez que meus pais perguntavam se eu estava melhor da minha dor, sorria dizendo que estava melhor, mas a dor ainda estava la.

— ALESSIAAAAAAA – corri na direção dela assim que a vi parada na porta da igreja com um vestido branco e aquele sorriso maravilhoso que fazia qualquer dor acabar – onde você estava? Eu to precisando tanto de você

— Eu fui visitar uns parentes fora da cidade, você esta bem? Fiquei sabendo o que houve, eu estou do seu lado Selena, sempre – ela disse pegando na minha mão e sorrindo de lado de uma forma que tentasse me conforta.

Fiquei ali parada como de costume, dando bom dia e entregando o folheto para que as pessoas podem acompanhar a mensagem do dia, a medida que as pessoas iam chegando, pude ver alguns rostos familiares da minha escola, tentei manter a pose, como se nada tivesse acontecendo

— Bom dia – disse para Carmem que passava com sua família

Ela me olhava de canto de olho fazendo cara de nojo, passando reto sem pegar o folheto da minha mão, não deixei que aquilo me abalasse, porém a medida que as pessoas iam passando faziam o mesmo

— Bom dia – Alessia pegou os folhetos da minha mão entregando para as pessoas no meu lugar.

O culto acontecia normalmente, meu pai falava a importância de Deus na nossas vidas e como o inimigo sempre tentava destruir nossas casas, Alessia não parava de encarar seu celular impaciente, olhei rapidamente uma mensagem no celular, era do nosso grupo de cheerleaders que dizia ‘’ ela não tem vergonha? Como ela pode aparecer na igreja desse jeito?’’ ‘Ai meu Deus o pai dela continua falando sobre pecado, sera que já sabe o quanto a filha é pecadora?’’ ‘’ acho que esta na hora do pastor receber umas fotinhos’’ Alessia olhou para mim e percebeu que eu tava lendo as mensagens e puxou seu celular rapidamente.

— Deixa pra la, não vale a pena.

Acenei positivamente com a cabeça, sorrindo de canto, Alessia continuava tentando agir como se nada tivesse acontecendo, e tomava mais cuidado para que eu não pudesse olhar as mensagens que chegavam pra ela.

— O inimigo se manifesta nas pessoas de varias formas, a homossexualidade é uma forma clássica de manifestação, pessoas do mesmo sexo se beijando, isso  só pode ser sinal de possuição – meu pai começou a dizer, sentir meu corpo fraquejar naquele momento – não podemos deixar que isso continue acontecendo na nossas casas, temos que fazer um momento de oração todo dia para que..

’ Boa noite, eu sou a Candice Ullamn para quem ainda não me conhece, eu tenho uma banda, e toco aqui as vezes, hoje eu gostaria da compreensão de vocês, e por favor não me vaiem - ela sorriu – mas a musica que eu vou cantar hoje é para uma pessoa muito especial, e ela adora esse tipo de musica, eu sei ela tem muito mal gosto, mas no fundo é uma pessoa legal, não a julguem por seu estilo musical’’

De repente o telão da igreja começou a descer e mostrou o vídeo da Candice na PUB no dia que ela me pediu em namoro, eu fiquei sem reação, meu corpo estava imóvel, eu não conseguia dizer nada, bem ali na minha frente, todos os momentos que eu pensei que ninguém nunca ia saber, passando na igreja, minha mãe assistia surpresa, meu pai havia deixado o microfone cair e não dizia mais nada, os pais das pessoas da minha escola faziam cara de reprovação e gritavam na minha direção que eu era uma aberração, que tínhamos uma pecadora no meio de nos, que o inimigo estava sentado ali do lado, sentir uma lagrima caindo do meu rosto, era meu fim.



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