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História The Holy Incarnation - The Guilt I


Escrita por: SubarashiiHime

Notas do Autor


Oi pessoal!
Novamente avisando que em breve o título da fic vai mudar para "The holy encarnation"
Boa leitura!

Capítulo 13 - The Guilt I


Uma a uma, as criadas perfilaram-se carregando baldes de água quente dos fogões, os vapores saturavam o ar enquanto enchiam e acrescentavam os ingredientes do banho dentro da grande e luxuosa banheira de mármore.

Após cheia, Damon colocou sua mão na água para verificar a temperatura, a banheira já estava pronta para ser usada e a água estava perfeita, em seguida, ele despiu a túnica que cobria o corpo magro coberto por hematomas e cortes, tomou-o em seu colo e compadeceu-se com tamanha leveza, Yára pesava tão pouco em seus braços que a sensação que tivera, era como se carregasse uma frágil boneca. Ele cuidadosamente colocou o elfo, cujo corpo carregava as marcas da tortura, dentro da água perfumada e maravilhosamente morna que chegava pouco acima da cintura.

O conde segurou o pequeno de modo que seu tronco ficasse apoiado em seu braço esquerdo, e com a mão direita, aplicou sobre os longos cabelos brancos o shampoo de ingredientes naturais, utilizando uma pequena vasilha para enxaguar-lhe logo em seguida. As criadas percebendo a dificuldade dele, imediatamente ofereceram-se para ajudá-lo. – Mestre, deixe-nos cuidar disso.

Apesar de exausto, Damon insistiu em fazer isso sozinho e prosseguiu, banhando-o com ternura. – Não, eu faço questão. Apenas preparem-me um banho depois. – Retrucou ele, dispensando-as em seguida. Utilizando uma espoja de pano, coberta pela espuma de um sabonete líquido natural com aroma de rosas, o conde limpou cada parte do corpo magro com delicadeza.

Após tê-lo banhado, o nobre tirou o elfo da banheira, secou-o com cautela, e evitando esfregar na pele ferida, tocava-a suavemente com a toalha de algodão, simultaneamente o vestiu num roupão grande e felpudo que apequenou seu corpo, era tão comprido que encobria completamente seus pés, e o levou nos braços em direção aos seus aposentos. Como se o menor pudesse se quebrar, Damon depositou-o sobre a cama com todo o cuidado do mundo e sentou-se ao seu lado selando seus lábios nos dele.

– Eu finalmente obtive sua resposta, estou tão feliz. Não vejo a hora de vê-lo acordar. – Sussurrou ele rente à orelha pontiaguda. – Você não imagina o quanto eu te amo… – Depois de secar e enrolar a toalha felpuda nos cabelos longos e brancos, o nobre vestiu-o com a roupa que já estava cuidadosamente separada e puxou o cobertor sobre ele na cama extremamente espaçosa, aconchegante e que prometia uma longa e merecida noite de descanso.

O conde levantou para tomar banho e ao dobrar o corredor em direção ao banheiro, avistou três de suas criadas conversando seriamente entre si, curioso, ele rapidamente se escondeu para ouvir do que as três estavam falando. Grace, a criada mais jovem parecia mais ansiosa, mas não no bom sentido.

– Mary está certa em ter partido, não é seguro. – Disse a morena em um quase sussurro, o modo como ela apertava seu vestido entre os dedos denunciava o quão nervosa estava.

“– O que? Mary foi embora? Quando? Mesmo após o ocorrido, eu não imaginava… Não imaginava que ela fosse fazer algo tão imprudente.” – Indagou em pensamento, ele mesmo surpreendeu-se por não ter deduzido sua partida, mas apesar de tudo, ele sentiu-se frustrado e preocupado por Mary ter ido embora da mansão sem ao menos avisá-lo de sua partida, sabia que ela não possuía uma família, tampouco um lar para voltar.

– Sim, simplesmente não podemos continuar aqui, precisamos conversar com o jovem mestre. – Concordou Amelie, uma senhora idosa, de estatura baixa, e cabelos ondulados e parcialmente grisalhos. – Com certeza ele não reagirá nada bem a isso, mas não podemos hesitar. – Damon permaneceu estático à espreita, observando a expressão de medo em seus rostos, medo esse causado pela experiência paranormal com Yára, o que não lhes permitia continuar trabalhando na mansão Dasovic.

O conde estava muito à frente em sua época, o nível de sensibilidade e compreensão, e sua visão em relação ao incógnito permitia-lhe pensar de forma mais racional e avaliar situações de modo mais realista e sensato, mas compreendia que uma esmagadora maioria temia o inexplicável e simultaneamente, ligavam esses fatos com forças demoníacas.

– Creio que essa é a decisão mais sábia a tomar. – Concluiu Olivia, uma mulher de meia-idade de estatura média-alta, olhos verdes e cabelos castanhos dourados presos em um coque impecável. Damon cerrava os punhos, tentando a custo não intervir. Completamente tomados pelo medo, os criados a quem depositara tanta confiança estavam prestes à deixá-lo. – Deus está nos protegendo, mas também deve haver cautela e precaução de nossas partes

– O mestre está completamente maluco, ele podia ter morrido, nunca pensei que fosse se arriscar tanto. Quem iria tão longe pela vida de um elfo? – Amelie fechou os olhos por um breve momento, respirou profundamente, juntou as mãos como numa oração e com fé, proferiu. – Bem, nos resta apenas rezar por ele, Deus sabe o que faz, certamente se encarregará de desviar esse elfo de seu caminho.

Quando o conde estava prestes a intervir na conversa entre suas criadas, o mordomo surgiu silenciosamente, repreendendo-as em tom rude. – Talvez se vocês concentrassem-se em seus afazeres da mesma forma como fofocam, o trabalho lhes renderia mais. – Ditou Dominic colocando a mão sobre os ombros largos da velha.

Sem graça e sem saber o que dizer, a velha abaixou a cabeça e ficou calado, Olivia, por sua vez, tentou contornar a situação. – Perdoe-nos senhor Dominic, não nos entenda mal, estamos decidindo sobre nossa demissão. – Sem pronunciar uma palavra se quer, o mordomo as encarou, lançando-lhes um olhar gélido. – A propósito, também deixarás a mansão? – Insistiu a criada.

Damon estava curioso para saber qual a decisão do mordomo em relação aos pedidos de demissão em massa que aconteceriam no dia seguinte, ele respirou em silêncio pela boca, esperando assim não revelar sua presença. Com fervor, Dominic declarou que jamais o abandonaria ainda que todos o fizessem.

– Ao contrário de vocês, há anos fui servo da família Dasovic, sou fiel ao jovem mestre com convicção e sob hipótese alguma o deixaria. – Dado o fim da conversa, os criados voltaram aos seus respectivos afazeres e o conde seguiu ao seu banho.

XXXXX

Tendo chovido desde a madrugada, a manhã chegou fresquinha, o azul do céu estava claro e límpido com nuvens brancas e uma brisa fresca, chegando a causar frio. Yára já se remexia na cama e não tardou muito para que o mesmo despertasse.

Com os olhos ainda turvos e comprimidos pelo sono, ele olhou para o outro lado da extensa cama e ao perceber a ausência de Damon, levantou-se bruscamente, saltando da cama e indo em direção à porta. O pequeno elfo estava desesperado, ainda não havia organizado suas ideias e levaria alguns minutos até suas memórias recentes voltarem por completo.

– Damon! – tomado por um sentimento de solidão e com o coração prestes a pular de dentro do seu peito, ele correu pelos corredores até que, de repente, esbarrou no peito do conde.

Damon rodeou-o com os braços, pressionando o corpo de Yára contra o seu. – Acalme-se, eu estou bem aqui… – O menor correspondeu o abraço com intensidade querendo fazer daquilo uma eternidade, escondendo o rosto no peito largo do nobre enquanto as lágrimas lhe inundavam os olhos. Ao sentir as lágrimas quentes do pequeno molhando sua camisa, o moreno acariciou os cabelos brancos, tentando acalmá-lo aos poucos e sorriu docemente ao dizer. – Não tens mais motivos para chorar.

– Eu senti tanto medo, pensei que fosse perdê-lo para sempre. – Quando ele o soltou, o nobre tomou o rosto pálido entre as mãos, limpou as lágrimas de seus olhos com os dois polegares e deslizou o dedo sobre a pele delicada até chegar à boca.

– Não se preocupe, não deixarei nada nos separar novamente, eu prometo. – Os olhos castanhos do nobre encontraram-se com os azuis dos de Yára, seus olhares refletiam nitidamente o que sentiam um pelo outro. Ambos os lábios aproximavam-se lentamente, cortando a distância já irrisória entre eles, o elfo sentiu o toque de sua língua nos lábios e abriu a boca lentamente para receber sua invasão, foi um beijo lento, mas, ao mesmo tempo, muito intenso.

 – “Por que demorei tanto para perceber o meu amor por Damon?” – Se auto indagou em pensamento, foi impossível não ficar impressionado pela intensidade dos seus sentimentos por aquele homem, precisava dele, era o porto seguro de que precisava para continuar seguindo em frente.

Quando os lábios cessaram os movimentos, ambos abriram os olhos como se houvessem saído de um estado de transe e com os rostos ainda muito próximos, Yára confessou-lhe em alto e bom som. – Eu te amo.

Damon esboçou um grande sorriso, inclinou-se para lhe dar um beijo na testa e respondeu-lhe carinhosamente. – Eu também te amo, você não imagina o quanto…

 Era quase impossível encontrar palavras que pudessem expressar a intensidade de seus sentimentos, o amava com todas as suas forças, de uma forma tão intensa como nunca antes pensou que pudesse amar. Nada lhe importava, sexo, diferença de raça, tampouco posição social, contudo, tratando-se de um amor proibido, moralmente condenável e ao mesmo tempo perigoso, estava preparado para assumir todos os riscos para viver esse amor.

– Vou fazer o possível para que vivamos em paz daqui pra frente.

– Promete? – Indagou o elfo com os olhos brilhando de uma alegria desconcertante, tinha a esperança de que ao lado do conde viveria uma vida tranquila e normal, uma vida com a qual não precisasse se preocupar com qualquer outra coisa senão o sentimento que nutriam um pelo outro.

– Claro que prometo, vai dar tudo certo. – Respondeu o nobre com a expressão de quem tinha tudo sob controle. – Está um pouco frio, vamos voltar para a cama. – Disse o moreno tirando o casaco e passando pelos ombros delgados do elfo para protegê-lo do frio.

– Vamos, me sinto tão cansado. – Yára sentia-se exausto, a fadiga de seu primeiro contato com a magia de cura ainda estava muito presente, precisava descansar e repousar um pouco mais, assim como Damon, pois perdeu muito sangue.

De repente, seu estômago roncou ruidosamente, fazendo-o corar de vergonha. – E com fome. – Disse o conde entre risos leves e doces. – Vai indo na frente, vou mandar que preparem-nos algo bem gostoso.

O elfo retornou para os aposentos do conde e aguardou sentado sobre a imensa cama de dossel, momentos depois, Damon regressou com Amelie, a criada trazia nas mãos uma bandeja prateada bem servida de ovos fritos, pães torrados, feijão assado, cogumelos, tomates, bacon, frutas e café.

– Sofá ou cama? O que preferes, jovem mestre? – Indagou a velha senhora com o suor frio brotando em sua pele, suas mãos estavam trêmulas, quase derrubando a bandeja no chão.

– Cama. – Respondeu-lhe o nobre recostando-se sobre os travesseiros de seda. Amelie caminhou em direção à cama, depositou a bandeja sobre as coxas de Yára e serviu o café, sua mão tremia tanto que mal conseguia segurar o bule de porcelana portuguesa.

– Q-Quantos cubos de açúcar desejas? – A criada indagou gaguejante, com a voz entrecortada conforme seu corpo tremia.

– Bem… Acho que… – Yára ao perceber que a velha senhora o olhava com uma pontada de medo, optou por adoçar o café ele mesmo. – Ah, deixe que eu mesmo coloco… 

O pequeno estendeu a mão para pegar os cubinhos de açúcar, e suas mãos se tocaram sem querer. A pontada de medo converteu-se em pânico, Amelie estremeceu e recuou assustada, fazendo com que a xícara de café quente virasse acidentalmente e derramasse sobre o colo do elfo, que ao sentir o líquido queimando sua pele, soltou um gemido de dor.

– Está queimando…! – Exclamou ele enquanto as lágrimas de dor afloraram a seus olhos.

Num ato imediato, Damon retirou o arranjo de flores e derramou a água do vaso de porcelana de cima da bandeja sobre Yára, que mesmo depois disso, continuava gemendo.

– Olhe o que você fez Amelie! – Bradou o conde, enquanto ajudou o pequeno a despir-se da roupa quente e molhada, e agora, a pele sensível e pálida ganhou uma coloração rubra pela queimadura.

No mesmo instante, a criada ajoelhou-se, e exclamou desesperada. – Jovem mestre, por favor, eu lhe imploro, aceite meus mais sinceros perdões!

O conde lançou-lhe um olhar frio e extremamente repreendedor, e disparou. – Isso foi a gota d’água, jamais antes havia cometido um deslize desses. – Com os dentes cerrados pela raiva, o moreno vociferou. – Tenha certeza de não esperar seu salário esse mês!

– Mas mestre, minha família…! – Com dificuldade, a velha senhora curvou-se até quase encostar a própria cabeça no chão, e esta, sem se conter, entregou-se totalmente às lágrimas.

Como o garoto de bom coração e honesto que era, Yára não pôde não compadecer-se pelo desespero da velha senhora, ele segurou Damon pelo braço e olhou fundo nos olhos castanhos ao dizer.

– Damon, por favor, acalme-se, eu estou bem, não foi nada, acidentes assim acontecem.

– Sua pele está vermelha como um tomate, isso não foi nada? Entenda Yára, criados simplesmente não podem cometer erros do gênero, ela atingiu o último patamar da incompetência como empregada.

– Mestre, por favor…! – A senhora clamava desesperada, estava pálida e parecia passar mal.

Como era natural em Yára ser gentil e bondoso, o pequeno enrolou-se no lençol de seda e saltou da cama em direção a ela, sua personalidade era muito mais rica e profunda do que se podia imaginar, num nível inconsciente ele se preocupava com os outros, mais do que a si próprio. Quando o elfo colocou sua mão em Amelie para ajudá-la a levantar-se, pôde constatar que estava suando frio e realmente não passava bem.

– Acalme-se Amelie, não vai acontecer nada com a sua família, vai ficar tudo bem. Damon toma decisões precipitadas quando está de cabeça quente, com certeza mudará de ideia, então fique tranquila. – Proferiu ele tentando acalmá-la, o que ajudou bastante a controlar seu nervosismo.

– Traga algo para queimaduras e reúna todos no salão principal após o chá das cinco, certamente vocês todos têm algo a me dizer. – Ordenou o conde rispidamente à empregada, que fez uma reverência respeitosa e retirou-se da sala em completo silêncio. Damon suspirou profundamente, sentindo-se cansado de toda aquela situação. – É o seu primeiro dia de volta e já tens a pele queimada.

– Damon eu estou bem, é uma queimadura leve. Pegue leve com Amelie, ela é uma senhora idosa e será prejudicial a sua saúde estressar-se dessa forma. Por favor, reconsidere isso, a família dela precisa desse dinheiro para sobreviver. – Insistiu o elfo. A expressão pedinte em seu rosto foi o suficiente para dilacerar a decisão do conde.

– O que se supõe que eu deva fazer…? – Suspirou ele, completamente refém daquela expressão. – Eu tenho que admitir, as vezes você me deixa sem escolha, é impossível dizer não quando você faz essa cara…

– Isso não será por mim, você é generoso, tens um coração gigantesco, um coração bom, eu sei disso mais do que ninguém. – Proferiu o pequeno, sentando-se ao lado dele novamente e colocando a mão pálida sobre ombro largo.

Damon colocou a mão sobre a dele, movendo os dedos devagarinho numa leve massagem e encarou-o ao dizer. – Desculpe-me por ter elevado a voz daquele jeito, mas isso me tirou do sério, eu não admito que machuquem a quem eu amo. Estou tentando te proteger, eu realmente não quero que se machuque.

Momentos depois as criadas trouxeram-lhes uma vasilha de água com um pano branco dentro, gaze, um pequeno pote de algodão e um gel natural feito de bálsamo com babosa, excelente no tratamento de queimaduras, além de aliviar a dor, a mistura acelera a cicatrização e reduz as marcas na pele.

– Coma enquanto eu cuido disso. – O conde puxou o lençol que cobria a parte inferior do corpo alvo, e quando estava prestes a despir-lhe a da roupa íntima, o elfo impediu-o segurando sua mão. – O que foi, pequeno? – Indagou ele.

– Bem… Não precisa se incomodar, eu posso fazer isso sozinho… – Murmurou Yára com as bochechas rubras de vergonha. O pequeno tentou puxar o lençol para cobrir-se novamente, mas os seus esforços foram inúteis, numa questão de segundos, Damon puxou de volta, colocando-o na mesinha de cabeceira.

– Eu faço questão. – Insistiu o mais velho, roubando-lhe um selinho. O nobre não pôde reprimir o sorriso que assomou aos seus lábios, Yára era ainda mais adorável quando estava com vergonha, com toda a certeza, a coisa mais fofa que já viu na vida. – Você é uma graça.

 O moreno deslizou a mão suavemente pelas curvas dos quadris do elfo até afastar o elástico e retirar a roupa íntima lentamente. Ele olhava fixamente para o corpo pálido e nu do elfo, que em vão, desviava o olhar, temendo que ele descobrisse a vergonha que sentia, e sem saber como fugir daquela situação, tentou esconder com as mãos o seu pequeno sexo que estava generosamente exposto.

– Deixe-me ver melhor, não precisa ter vergonha de mim, sabes disso.

– Ok… – Seu olhar parecia hesitante, mas permitiu que o conde afastasse sua mão. Suas bochechas ficaram ainda mais vermelhas quando as mãos dele deslizaram por sua coxa e afastaram suas pernas lentamente. – A posição em que estou agora é meio constrangedora… – Murmurou sem graça, colocando para trás da orelha pontiaguda uma mexa de seus longos cabelos brancos.

– Prometo ser rápido. – Disse o nobre, com um sorriso doce no rosto. Ele pegou o pano limpo, molhou-o na água fria e limpou lentamente o local para aplicar o remédio. – Agora vou passar a pomada, provavelmente vai arder. – Avisou o moreno.

Em seguida, começou a passar o gel de bálsamo com babosa lentamente por toda a extensão da pele avermelhada, imediatamente o elfo se contraiu e soltou um leve gemido dor.

– Calma… – Depois da aplicação, ele envolveu-lhe com uma atadura branca e ordenou às empregadas trocarem os lençóis, para que assim, finalmente pudessem descansar novamente.

XXXXX

A tarde havia chegado, o sol escondia-se por entre as árvores e a brisa soprava ainda mais intensa. Damon levantou-se da cama muito devagar, tentando não acordar Yára. Foi impossível não quedar-se à admirá-lo, simplesmente não conseguia tirar os olhos daquele rosto angelical. Com a respiração serena e silenciosa e os cabelos longos e brancos espalhados sobre o travesseiro, o elfo dormia tranquilamente como um verdadeiro anjo.

O moreno vestiu seus culotes, uma camisa branca com babados nos pulsos e no colarinho e seu colete de cetim bordado. Após pentear-se e prender os cabelos castanhos e ondulados com uma fita preta, ele seguiu para sala de estar e tomou tranquilamente seu chá das cinco, saboreando delicadas fatias de plum cake e tradicionais scones cobertos de geleia de framboesa.

Seguido de batidas suaves, a porta abriu-se silenciosamente, era o mordomo que aproximou-se com o semblante sério, anunciando que os criados o aguardavam, o conde, portanto, saiu da sala de estar e dirigiu-se ao salão principal, onde os mesmos estavam reunidos. Alguns estavam ansiosos, olhando diversas vezes para o relógio, outros bastante nervosos, ensaiando em suas mentes o que pronunciar.

Quando o nobre adentrou o salão, todos colocaram-se de pé, reverenciando-o respeitosamente. – Essa noite todos vocês vão me abandonar, não é? – Indagou ele, observando frustrado quando os criados entreolharam-se hesitantes, murmurando algo. – Digam, sou todo ouvido. – Disse fazendo o possível para manter um tom neutro.

Damon era um homem inteligente, bastante flexível e bondoso, com um coração gigantesco. É claro que como todos, tinha seus defeitos, mas o conde era o mestre mais generoso que podiam ter no mundo, não era fácil para os empregados dizerem o que tinham para dizer, porém, Grace, meio hesitante, mas bastante séria, reuniu coragem e foi a primeira a pronunciar-se.

– A princípio, e em nome de todos, queria dizer que o mestre é um homem muito gentil e compassivo. Apesar da alta posição social, consegue ser tão humilde, esse sentimento de humildade e de compreensão para com os humildes é louvável e certamente cativa á todos que lhe conhecem.

O jardineiro estava igualmente muito nervoso, mas encheu-se de coragem, e tomou a palavra. – Perdoe-nos, mas estamos acuados, estamos com medo! Nós realmente gostaríamos de continuar servindo ao senhor, mas simplesmente não podemos mais fingir que nada aconteceu aqui! Eu lamento! – Exclamou Edmundo num tom retumbante.

Damon tentou manter a calma respirando fundo. Apesar da raiva, desapontamento, frustração, todos esses sentimentos tomando conta de si ao mesmo tempo, fez o possível para parecer indiferente.

– Eu imaginei que as coisas acabariam assim. – Respondeu-lhes enquanto retirou um charuto do bolso do colete e acendeu-o com o fogo de uma das velas que iluminavam o imenso salão. O conde inspirava e expirava lentamente, atento à nuvem de fumo que se diluía no ar à sua frente.

Yára acordou, abriu os olhos lentamente, e continuou sentado na cama por um momento, naquele estado de transição entre o sono e o total despertar. Ele esfregou os olhos, buscado foco, esticou as pernas, e levantou-se soltando um grande bocejo.

O elfo foi seguindo pelo corredor com seu passo tranquilo, estava tudo no mais completo silêncio por ali, mas ao se aproximar das escadarias, ouviu seu nome sendo pronunciado e seguiu pelas pontas dos pés até a escada.

Depois de dar uma tragada forte em seu charuto e bater as cinzas com o polegar, firmou uma expressão neutra ao dizer. – Resumindo, vão me abandonar por causa Yára? – O elfo escondeu-se atrás dos vãos estreitos dos Balaústres do corrimão, e ouviu o que eles conversavam sentindo um forte aperto no peito.

– É verdade que esse elfo tem uma aparência completamente inofensiva, mas não se engane mestre, você viu com seus próprios olhos, o garoto e tem uma forte ligação com o sobrenatural, que na pior das hipóteses podem estar ligados à Sa… – A voz de Olivia falhou e ela olhou para baixo, com uma expressão receosa em seu rosto.

– Satanás? Possuir um elfo para salvar uma criança certamente não é de seu feitio, não acham? – Por um momento, suas sobrancelhas se franziram fortemente. Estava irritado, mas no fundo, não os culpava por isso. – Eu não vou convencer com que fiquem, tampouco impedi-los de partir, não posso prendê-los aqui para sempre. Se é isso o que decidiram, então vão, mas estejam cientes de que, se saírem por aquela porta, nunca deem as caras por aqui novamente. – Disse o conde com pesar na voz.

– Nos diga mestre, realmente não há outra opção senão vocês dois ficarem juntos? – Indagou outra criada, levantando os olhos ligeiramente esperançosos para o nobre.

Os músculos do rosto masculino ficaram tensos num esforço para manter a expressão calma.– Não…

 

Continua...


Notas Finais


Se vocês estão curtindo a história, se tiverem alguma dúvida, ou uma crítica construtiva pra ajudar a melhorar a fic, comentem, isso da um puta incentivo pros autores. Beijo <3


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