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História The Judge - The Voice


Escrita por: RGBSfics

Notas do Autor


Agora as coisas começam a mudar um pouquinho. Tem alguns momentos Shawnmila, não nos matem. Aliás, nos matem sim, de comentários sobre o que vcs acharam e... Camren feels está chegando \õ/ Aproveitem ! <3

Capítulo 9 - The Voice


Fanfic / Fanfiction The Judge - The Voice

 CAMILA'S POV 

O nó em minha garganta só fazia com que eu tivesse mais raiva daquilo, raiva pela omissão que ele estava cometendo sendo que nunca havíamos escondido nada um do outro, mesmo que fosse uma coisinha boba. E se aquilo fosse uma traição, eu não o perdoaria nunca, não deixaria ele me fazer de idiota e deixar por isso mesmo. Eu precisava investigar mais a fundo, e quando eu tivesse todas as provas, o colocaria contra a parede e tomaria as minhas devidas decisões, nem que tivesse que terminar nosso relacionamento. Nem que eu tivesse que passar uma temporada na casa das minhas amigas, mas se tinha uma coisa que eu não tolerava, era falta de lealdade. 

— Não foi nada demais, eu tropessei e a xícara caiu sem querer, eu te acordei? — O encarei com um sorriso forçado nos lábios e não obtive resposta. — Me desculpe. 

— Eu estava exatamente indo para o quarto... Você não tem que pedir desculpas. — Disse ainda com os olhos arregalados de susto. — Vai deitar, deixa que eu limpo isso aqui. 

Dei de ombros sem condições para discutir sobre quem limparia os cacos de vidro e voltei para o quarto o mais rápido possível, desejando passar um bom tempo sozinha, refletindo sem ter que encara-lo outra vez. 

Depois de longos minutos deitada na mesma posição, no escuro daquele quarto frio, pude ouvir os leves passos do garoto até a cama e se cobrir com o edredom que dividiamos para dormir. Eu lutava para que as lágrimas não rolassem, garantindo à mim mesma que não valia a pena e que aquilo tudo não passava de um mal entendido que seria esclarecido logo. 

Deus queira que fosse isso. Eu, mais do que ninguém, queria acreditar nessa tese. 

Shawn apoiou um de seus braços ao redor da minha cintura e encaixou seu rosto na curva do meu pescoço, dormindo profundamente bem, como se estivéssemos no ótimo clima de meses atras. Respirei fundo desejando profundamente que ele saísse de perto de mim e, de preferência, não dormisse no mesmo ambiente que eu. 

— Uma hora ele está estranho, outra hora... age como se estivesse tudo normal e é isso que mais me irrita. 

— Calma Mila, vai ficar tudo bem. — Ally me confortou, me abraçando de lado. 

Éram sete horas da manhã e Lucy e eu já estávamos na rua, a caminho do primeiro dia de trabalho. Ela havia passado em minha casa junto com Ally, que estava louca para ver a transformação do lugar, e só depois desse segundo "tour" que abririamos de vez. 

Decidimos ir a pé mesmo para economizar passagem e ir conhecendo melhor o trajeto que faríamos dali para frente, e para contá-las com calma do ocorrido com Mendes, quem sabe elas não tem uma ideia melhor para descobrirmos o que ele andava fazendo. 

— ...E ele falava na ligação que amava a pessoa, que eles poderiam se encontrar, que ele sentia a falta dela... Eu não sei como não desabei ali mesmo. — Eu falava gesticulando enquanto elas ouviam atentamente ao meu relato. 

— Ele com certeza tem outra. Sem sobra de dúvidas! — Lucy exclamou convicta. 

— Cala essa boca Lucy, ou o seu rosto vai conhecer pela primeira vez a palma da minha mão. Respeita o momento da garota, por Deus! 

— Mas... 

— Não Ally, ela tem razão. — Falei interrompendo Lucy. — Eu pensei nessa possibilidade e a única explicação para isso tudo, só pode ser isso. 

Paramos de repente, na calçada, enquanto eu procurava desesperadamente pelas chaves dentro da bolsa e não as encontrava de jeito nenhum. 

— A gente pode investigar. Pode não, vamos! E se ele estiver fazendo isso com voce, eu acabo com a vida daquele desgraçado! — Lucy exclamou. 

— Eu também! — Ally concordou e eu sorri grata por ter as melhores amigas desse mundo ao meu lado. 

Quando eu finalmente encontrei os objetos, abri o café e o cheiro de lugar novo junto com satisfação nos invadiu mais uma vez naquela semana. Depois de vestir nosso uniforme — pois é, agora tinhamos um uniforme —, mostramos para Ally todos os cantos possíveis, os mínimos detalhes e contamos a ela todo o planejamento e como tinha sido a transformação fora dos papeis. Além dos móveis, havíamos comprado várias maquinas e havíamos aprendido, naquele meio tempo, a maioria das coisas necessárias a se fazer, que não era tão difícil, até nos especializarmos no resto. Havíamos conversado com algumas conhecidas das meninas para que elas nos ajudassem com os doces e havíamos recontratado uma boa quantidade de funcionários antigos do sr. John, que aceitaram voltar ao invés de receber o que lhes faltava. 

— Falando em Sr. John, onde está o famoso velhinho? Quero conhecê-lo pessoalmente, vocês falam tanto dele. — Disse Ally sentando em uma das cadeiras, como se fosse pedir algo. 

— Ele não chega agora. Se quiser ficar mais um tempo com a gente até ele chegar, agradecemos. — Disse Lucy, colocando o seu avental por cima do uniforme. 

— Eu quero um frappuccino de café com chocolate estilo Starbucks, quem de vocês vai me atender? — Perguntou a baixinha e eu ri com entusiasmo. 

— Você está falando sério Ally? — Perguntei e ela fez que sim com a cabeça. 

— Quero ser a primeira cliente de vocês. Avaliar se nasceram ou não para a coisa. — tamborilou os dedos nas mesas e voltou a falar — Ah, aproveite e me sirva alguns cookies, quanto ficam? 

— Primeiro a senhora vem até aqui realizar os seus pedidos — Falei já atrás da bancada, encarando-a — e só depois de entregarmos você e ingeri-los, é que vamos até a sua mesa, faremos os cálculos e ai será feito o pagamento. 

— E como vou saber quanto custam os produtos, querida atendente? — A mulher perguntou. 

— Temos ali uma tabela de preços, e se você preferir, acesse o nosso site na web, mas nunca pergunte à uma de nós quanto custa tal coisa porque fica feio. — Lucy explicou e andou ate onde eu estava, analisando atentamente se estava tudo em ordem. 

— Começaram super bem, já ganharam uma cliente fixa no café de vocês, parabéns. Agora me atendam logo, antes que eu perca meu atendimento para aquela mulher que acabou de entrar. — Disse Ally empinando o nariz. 

— Pode deixar que eu atendo, Mila. — Lucy disse empolgada e eu dei de ombros, atendendo a baixinha. 

Depois de passar a maior parte do meu dia ali, atendendo várias pessoas com diversos humores diferentes e me divertindo com algumas delas, havia chegado a hora de ir para casa e eu ao menos havia percebido. Chamei Lucy para ir comigo de táxi, só assim rachavamos a conta e não ficaria caro para ambas as duas. Como já havíamos feito algumas vezes, o motorista a deixou em sua casa e logo após me deixou na minha em apenas cinco minutos. 

Ao por os pés na sala de estar, o aroma da lasanha recém tirada do forno me atingiu em cheio, e tudo o que eu queria fazer era largar tudo onde estava e sentar-me na mesa para comer. Me encarreguei de ir até a cozinha para cumprimentar Shawn — que estava com uma cara muito alegre por sinal — e me dirigi rapidamente para o quarto, me enfiando debaixo do chuveiro sem perda de tempo. 

Assim que terminei e me satisfiz de que todo resíduo de sujeira já havia ido por ralo abaixo, decidir adotar a minha melhor feição e voltar praticamente saltitante para a cozinha. 

— Olha quem voltou, limpa dessa vez. — Comentou e eu o olhei pelo canto dos olhos, enquanto pegava uma jarra de água na geladeira. 

— Eu sempre estou limpa, meu bem. 

— Eu fiz uma... 

— Lasanha? Dá para sentir o cheiro de longe. — Sentei-me na mesa de costas para onde ele estava despejei o conteúdo da jarra em meu copo. 

Quando eu fazia de tudo para agir normalmente, aquela maldita ligação me cutucava e me lembrava do quão falso ele estava sendo comigo. Eu não conseguia disfarçar por muito tempo, eu não sabia mentir para ninguém e enquanto Ally, Lucy e eu não descobrissemos o que estava acontecendo, a situação ia ficando cada vez mais difícil de lidar. 

— Não, quis dizer que eu fiz, quer dizer... Sua familia esta vindo para cá essa semana, ainda não decidimos o dia... 

— MINHA FAMÍLIA? Você quer dizer, meus pais e Sofia? — Deu um sorriso de canto ao me ver praticamente surtando com a ideia. — MAS ISSO É MARAV... Como você decide as coisas sozinho, sem me avisar? 

— Não sei, me desculpe, eu queria fazer uma surpresa Camila. — Disse com as mãos por trás da cabeça em nervosismo e eu não pensei duas vezes antes de ir ao seu encontro e dar-lhe um abraço forte. 

— Obrigado por fazer essas coisas por mim... — Disse com os braços unidos ao redor do seu pescoço, enquanto sentia suas mãos me acariciarem minha cintura. 

— Sabe que eu te amo, não sabe? — Sussurrou em meu ouvido e eu e goli em seco, como sempre fazia quando ele pronunciava aquelas palavras. 

Por um momento eu pensei que estava tudo explicado, que aquele comportamento estranho sempre quieto e inquieto, e até mesmo aquela ligação do dia anterior não passavam de uma surpresa boa. Ele poderia estar falando com Sofi, dizendo que a amava e que sentia a sua falta, ou até mesmo com minha mãe para planejar tudo escondido de mim, mas não era bem aquilo. Eu sabia que não era porque a única coisa que me fazia ter certeza, eram suas palavras adicionais que ficaram gravadas e martelava repetidas vezes em minha mente: " ...acho que podemos nos encontrar para ver isso melhor... Estou tomando o maior cuidado possível... " 

Não poderia ser com a minha mãe que ele estaria planejando um encontro, e por não ter a mínima ideia de quem fosse, eu sentia que poderia explodir à qualquer momento. 

— E-eu... — Tentei pronunciar me distanciando do garoto que estava um pouco confuso com minha atitude — Vou atender o celular. 

Assim que ouvi o escândalo do aparelho vindo do quarto, me apressei em ir atender, quase o derrubando no chão e sentando na cama para tentar recuperar o fôlego. 

— Alô? 

— Alô, Camila? Aqui é a Beth, da produção do The Voice. Me desculpe por ter ligado a essa hora, mas eu consegui com que você se apresentasse no próximo dia das Blind Auditions. 

LAUREN'S POV 

— Ok, pode ser na minha casa nova... Sim, estou negociando ainda, mas é coisa rápida. Nos encontramos mais tarde então para ver como fica os preparativos... Beijos. 

Desliguei pela quinta vez só nesta manhã, uma das ligações que mais me deixavam aterefadas nesta semana. Me espreguicei, deitada no enorme sofá no centro da sala e, como de costume, ouvi os velhos barulhos da chave na fechadura da porta, revelando um Harry bem arrumado, como sempre, de mãos entrelaçadas com ninguém mais, ninguém menos que Louis Tomlinson. 

— Bom dia, flor mais bela do meu jardim. — Disse o garoto fechando a porta atrás de si, e eu tive que me sentar para encarar melhor aquela cena e ter certeza do que os meus olhos estavam vendo. 

— Espera, vocês... O que? Até semana retrasada, pelo que eu soube, o Louis estava com a Danielle. — Apoiei um dos cotovelos em minha perna e apoiei meu rosto na palma da mão, olhando-os fixamente. 

— Lauren, é que o Styles e eu temos assuntos inacabados... Eu não estou cem por cento com a Danielle... 

— Eu não entendi. — Falei calmamente, mas firme — Você está querendo me dizer então que está fazendo os dois de palhaços? Sim porque essa é a única explicação, Louis. 

— Não, é que... 

— Lewi, você não queria ir ao banheiro? Seguindo este corredor, é a terceira porta à esquerda. — Harry disse e logo se aproximou do garoto, selando seus lábios. — Eu não ía subir, passei apenas para pegar aquele blusa de frio que ele me deu e eu deixei aqui, está frio lá fora... 

— Que eu joguei no lixo? — Perguntei assim que Tomlinson deixou a sala. 

— JOGOU NO LIXO??? 

— Óbvio. Eu não quero que você fique alimentando essa paixãozinha ridícula e que sabe que não vai para frente. 

— Isso é o que você diz. Apenas o que importa é a certeza que eu tenho de que ele me faz muito feliz e foda-se o resto. — Falou sentando-se ao meu lado. 

— Foda-se o resto? — Franzi o cenho, virando-me para ele. — Ele te faz feliz te fazendo chorar? Te faz feliz namorando outra garota? Te faz feliz dando um pé na sua bunda cada vez que você está mais afogado nisso que você chama de amor? Desculpa Harry, mas para mim, isso não é felicidade. 

— Ele me faz ser uma pessoa boa, me traz paz e eu me sinto bem Laur. Eu não consigo simplesmente virar as costas e... 

— Quantas vezes vai ser preciso ele te pisar pra você acordar? Você não tem que depender de ninguém para ser feliz. Se você é uma pessoa boa, não é por mérito dele, é por mérito seu. Você tem que parar de ser idiota e aprender que homem é o que mais tem nesse mundo, não existe só Louis. 

— Idiota, eu? — Seus olhos verdes vieram de encontro ao meu e eu os encarava como se a qualquer momento pudesse ser devorada por eles. — Você fala isso porque não tem ninguém. Você vive de saidinhas, de pegar muitas menininhas na boate, de voltar dos shows sempre com uma amiguinha diferente... 

— Como é que é? — Estreitei os olhos e ele riu. 

— É isso mesmo, Lauren. Não sabe o que é ter alguém ali por você, só sabe o que é ter alguém para você. Na verdade, você só se importa com si própria.— Seus olhos se encheram de lágrima ao dizer aquelas palavras e eu continuei imóvel, apenas absorvendo o que ele havia acabado de dizer. 

Ao contrário dele, eu parecia fria, fora de mim e longe de sentir alguma coisa de ruim enquanto aquelas palavras me feriam lenta e profundamente. Por um momento, não parecia o meu melhor amigo ali, diante de mim me dizendo aquelas coisas. Eu via uma pessoa qualquer, que não me conhecia o suficiente para saber que nada daquilo era verdade. Que eu era sim uma pessoa cercada de pessoas legais, mas não dependia de ninguém para garantir a minha felicidade. 

— Talvez, para as pessoas e até mesmo para você, eu seja apenas uma infeliz, que precisa de alguém para preencher meu coração vazio, não é assim que costumam falar? Mas não, eu estou apenas sendo eu mesma sem ter que depender dos outros, sem me iludir por coisas que não valem a pena e saiba que eu sou completamente feliz por isso. Tenho você, a Vero e a Mani que já preenchem o maior espaço dentro de mim, que me estendem não só uma, mas as duas mãos quando eu preciso e isso me basta. — parei por alguns segundos, antes de continuar. — Mas me adimiro você, me dizendo essas coisas. A pessoa que me conhece mais do que a minha própria mãe, meu melhor amigo... mas tudo bem. Guarde bem essas palavras para pensar muito bem antes de bater em minha porta novamente, me pedindo desculpas e eu não dou uma semana para isso acontecer.

— É melhor eu ir! — Disse o garoto se levantando e eu dirigi o meu olhar dele para a sombra no corredor. 

— É bom que você tenha ouvido tudo, Tomlinson. — Falei um pouco mais alto, fazendo o garoto aparecer na sala e se pondo ao lado de Harry. — Está feliz por saber que não importa o quanto você irá pisar no Harry, ele sempre vai estar em volta do seu rabo? 

— Está havendo um grande mal entendido, Jauregui... 

— Pois para mim, tudo me parece bastante claro. — Falei, encarando o menor. — E vão logo. Mas vão pela sombra. 

Os dois voltaram a entrelaçar suas mãos e andaram ate a porta, saindo e fechando-a em seguida, sem dizer mais nenhuma palavra. Fiquei estática por alguns minutos apenas digerindo aquela pequena discussão e assimilando aquelas palavras do garoto que me atravessavam dolorosamente a cada segundo que se passava. 

E mais uma vez eu estava sozinha naquele apartamento grande e vazio, que só de olhar, minha garganta se fechava e a vontade de desabar ali mesmo já se tornava maior que tudo. 

Eu nunca me permitia chorar por qualquer coisa. Eu dificilmente me dava por vencida, me deixava abater pelo que as pessoas me diziam ou opinavam sobre mim, mas naquele momento, eu sabia que tinha ouvido algumas verdades. Por mais que o meu melhor amigo estivesse falando aquilo apenas para se defender e não sair por baixo, eu sentia que 80% daquilo era verdade. 

" ... É isso mesmo, Lauren. Não sabe o que é ter alguém ali por você, só sabe o que é ter alguém para você. Na verdade, você só se importa com si própria.

Aquelas palavras eram como uma bola de concreto, batendo e batendo sem parar em minha cabeça a fazendo latejar a ponto de explodir à qualquer momento. 

Eu me sentia fraca por não conseguir sustentar a velha Lauren de antes, me sentia incapaz de me garantir e exigir respeito ao meu sobrenome. Eu me senti uma completa fraca quando falhei com a menina desconhecida da boate, quando a minha maior especialidade era atraí-las e não afastá-las de mim. Eu havia perdido minha reputação no momento em que fui atingida em cheio do lado esquerdo do meu rosto naquela maldita noite e passei a ser zoada frequentemente depois daquilo. Isso nunca acontecia comigo. Jamais me rendia à uma zoação, sempre conseguia o que eu queria, na hora que eu queria e de uns tempos para cá, percebi que não estava mais dando a mínima para isso. 

E mais uma vez, me peguei pensando naquela garota desconhecida, mas que me parecia tão familiar. Fui tão incompetente que nem o nome da maldita eu consegui, de tanto que eu queria acabar com aquele desafio idiota de Veronica. Ela pode não ter me dito absolutamente nada à seu respeito, mas eu a encontraria, nem que eu tivesse que rodar o mundo inteiro atrás dela, eu precisava vê-la nem que por uma última vez. 

Um barulho irritante soou da cozinha e aquilo era a última coisa que eu desejava ouvir naquele dia. Eu deveria ter desligado aquela porcaria, jogado no chão, quebrado, feito tudo para ele não estar berrando naquele momento, mas infelizmente ele estava ali, me estressando ainda mais. 

Levantei, ainda sem jeito e me arrastei até o outro cômodo desejando profundamente que a pessoa desligasse e tivesse mais o que fazer ao invés de estar ligando para a pessoa errada. Li o nome de Keana piscar freneticamente no visor e arrastei um dos dedos pela tela do aparelho, desligando-o sem atender. 

A mulher insistiu por mais algumas vezes até que eu perdesse a paciência e a atendesse de uma vez por todas. Eu poderia ter desligado o objeto e desmontado-o para que não corresse nenhum risco dele voltar a ligar "acidentalmente" sozinho, mas aquilo seria um enorme convite para que ela viesse bater em minha porta e aquele definitivamente não era o meu dia. 

— Fala! 

— Lauren, tudo bem? Eu estive aqui pensando se talvez... 

— Olha, esquece. — A repreendi — Não estou afim. 

— Nossa, mas o que aconteceu? —A mulher perguntou com uma voz ( nem um pouco ) preocupada, me fazendo revirar os olhos. Sei bem o que ela queria, e se meter besta em minha vida pessoal era uma das opções. 

— Nem se quer apareça aqui hoje ou volte a me ligar. 

— Jauregui, eu preciso fal... 

— Espero que estejamos entendidas. — Suspirei pesadamente interrompendo-a e bati o telefone em sua cara. 

Sorri comigo mesma ao lembrar de que eu havia me esquecido o quão chata Issartel conseguia ser às vezes. Ela era gostosa, atraente, inteligente, legal e eu poderia virar o dia contando suas qualidades, mas ao mesmo tempo que ela era isso tudo, ela conseguia ser irritante ao dobro quando quisesse. 

Sem a mínima vontade de ver pessoas, fazer algo de útil nas redes sociais ou cozinhar alegremente como da outra vez, resolvi deixar a limpeza do apartamento por conta de Eva — a empregada — e dedicar o pouco do meu tempo ao meu violão que deveria estar envolto de teias de aranha de tanto tempo guardado. 

Sentei-me novamente no chão do outro cômodo e, com as pernas cruzadas e o violão apoiado nelas, dedilhei algumas cordas sem ter em mente ainda o que queria realmente tocar. Os sons foram se juntando e com isso, uma melodia de uma música familiar se fornou me fazendo cantar, o que era inevitável. 

I need to try to get to where you are 
( Eu preciso tentar chegar onde você está ) 

Could it be you're not that far
( Pode ser que você não esteja tão longe ) 

You're the voice I hear inside my head 
( Você é a voz que ouço dentro da minha cabeça ) 

The reason that I'm singing 
( A razão para eu estar cantando ) 

I need to find you 
( Eu preciso encontrar você ) 

I gotta find you
( Eu vou te encontrar ) 

Me confundi em uma das notas, talvez pela falta de prática, mas logo respirei fundo e continuei, me concertando desta vez. 

You're the missing piece I need 
( Você é o pedaço que faltava ) 

The song inside of me 
( Da música dentro de mim ) 

I need to find you
( Eu preciso te encontrar ) 

I gotta find you 
( Eu vou te encontrar ) 

— Porra Jauregui! — Exclamei decepcionada comigo mesma ao lembrar pela milésima vez da garota e fechei os olhos na tentativa de fazê-la se afastar dos meus pensamentos. Eu precisava saber mais sobre ela e não sossegaria enquanto eu não conseguisse. 

— I gotta find you... — Terminei a música, deixando o violão de lado e desistindo de continuar tocando qualquer outra coisa. 

CAMILA'S POV 

Uma pequena parede de luz solar escapava da fresta da janela entreaberta, impedindo-me de continuar com o meu sono profundo. Me virei para o outro lado da cama encontrando-a completamente vazia e franzi o cenho confusa. Shawn teria de me levar à audição e dessa vez eu não poderia falhar de jeito nenhum. Pelo que eu sabia, ele não teria nenhum compromisso naquela manhã e não estaria na empresa, a não ser que algo de última hora tivesse surgido, mas mesmo assim ele teria anotado um bilhete e posto em cima do criado mudo. Que estava vazio. 

Levantei normalmente, prendi os meus cabelos e calcei minhas pantufas, andando ate a porta e abrindo-a depois. Rodeei a cozinha, passei pela sala, o quarto de hóspedes, o banheiro principal e nada do garoto. Sai da casa e procurei também pela varanda e nenhum sinal de Mendes. Eu odiava esse mistério todo que havia se impregnado nele, odiava ser a última a saber ou o pior, não saber de nada. 

Entrei novamente em casa e voltei para o quarto para pegar a roupa da audição que já estava separada há algumas horas. Tentando não me importar com desaparecimento de Shawn, decidi tomar logo o meu banho e me arrumar já que de qualquer jeito, com ele ou sem ele, eu iria me apresentar. 

No momento em que eu havia sentado na cama para calçar o tenis, já completamente vestida, Shawn adentrou o quarto com uma cara exausta de quem tinha trabalhado muito horas antes e se aproximou de mim, selando nossos lábios.

— Bom dia, amor. — Disse ao se afastar. 

— Bom dia, onde você estava? Não me avisou nada, fiquei preocupada. — Menti para ver qual a próxima desculpa que ele iria inventar. 

— Eu? Eu sai bem cedo para resolver as coisas do carro, inclusive, vou guardar a chave dele aqui dentro. — Abriu a gaveta da pequena comoda branca ao lado da porta e me olhou sorrindo. — Já está arrumada? 

— Estou né. Estava te esperando para me levar, caso não voltasse para casa, eu teria que ir sozinha. — Revirei os olhos, voltando minha atenção aos cadarços. 

— Jamais eu esqueceria de te levar, Mila. Já tomou café? — Neguei com a cabeça e ele voltou a falar — Eu trouxe muffins quentinhos da Starbucks só para você. 

— Eu amo muffins! — Disse entusiasmada — Traz aqui para mim. 

— Vamos comer na cozinha, amor... 

— Não, quero terminar de me arrumar e comer aqui. — Garanti e ele deu de ombros, indo buscar os muffins. 

Terminei rapidamente de amarrar os tenis e andei até a cômoda, abrindo a gaveta onde ele havia posto as chaves e as peguei, vendo que aquelas, definitivamente não eram as do carro e muito menos as daqui de casa. De onde ele estaria vindo com essa chave, de manhã? 

— Aqui, Cabello... — Entrou com um prato nas mãos e me encarou com a gaveta aberta. — O que você está procurando ai? 

— Sabe aqueles brincos que eu colocava aqui? Não sei onde estão... 

— Procura na gaveta de baixo. — Se apressou em dizer e eu o obedeci, fechando esta e abrindo a outra de baixo, encontrando os brincos. 

— Ah, puff, olha eles aqui. — Ri sem graça e peguei o prato de suas mãos. 

O nervosismo aumentava cada vez que nos aproximavamos de onde seriam as audições e, pela primeira vez, eu estava tremendo e com a garganta cada vez mais seca. Já era a segunda garrafinha de àgua que eu tomava e parecia que a minha sede nunca cessava, muito pelo contrário, só aumentava. 

Entrelacei minha mão na do meu namorado e apertei forte, como se aquele gesto me desse mais força e mais coragem para encarar aquele desafio. Ele me olhou sereno e me lançou um sorriso motivador, enquanto eu, só queria sair do carro e correr dali. 

Havíamos chegado com antecedência ao local e entramos para dar o meu nome na recepção do programa e aguardar até que eu fosse chamada. Conforme Shawn e eu andavamos, eu percebia que alguém nos seguia, mas como eu não estava sozinha, resolvi ignorar e seguir em frente. 

— Camila! — Chamou a voz que eu reconheceria até no pior estágio de alzheimer e, no mesmo momento, olhei para trás e vi minha família juntamente com as minhas melhores amigas andando cada vez mais rápido para nos alcançar. — Filha! 

— Mãe?! — Pronunciei com a voz falha e solteira Shawn para abraçá-lá. — O q-que vocês vieram fazer aqui? Como vocês vieram? 

— Kaki, olha eu aqui. — Sofia gritou batendo em minha bunda e eu gargalhei pegando-a em meus braços. 

— Que saudade, minha princesinha! — Beijei o topo de sua cabeça com os olhos marejados e vi papai se aproximando para me abraçar. 

— Viemos te dar a força que você precisa, minha filha. — Beijou-me assim como fiz com Sofia e apertou a mão de Shawn. — Obrigado por tudo, garoto. 

— Imagina. — Shawn respondeu. 

— Você pagou a passagem deles? Como vocês vieram pra cá?! — Perguntei um pouco atrapalhada e Ally e Lucy se aproximaram com um sorriso cúmplice — Foram vocês não foram? 

— Shawn pediu a nossa ajuda para pegá-los no aeroporto, daí viemos todos juntos... Ah me dá um abraço também, sua mula. — Lucy disse puxando Ally e demos um abraço triplo. 

— É muito importante tê-los comigo neste momento, um enorme obrigado a todos vocês. — Falei limpando algumas lágrimas e abraçando Shawn, o beijando em seguida. 

Entrei acompanhada de todos eles e aguardei, na maioria do tempo, em silêncio. Olhei para a garrafinha em minhas mãos e a mesma estava vazia, fiz uma carinha sofrida e ouvi a voz de Shawn atrás de mim. 

— Está sentindo alguma coisa? 

— Vontade de fazer xixi. — Entreguei-o a garrafinha — Eu já volto. 

Andei até a porta que havia uma bonequinha de vestido, indicando que era o sanitário feminino, e corri para uma das cabines vazias, realizando o que eu pretendia fazer. Minutos depois, sai e fui direto à pia para lavar as mãos, quando uma garota loira e alta se aproximou, sorrindo simpática. 

— Vai fazer a audição? — A menina falou e eu afirmei. — Eu também. Estou muito nervosa, ainda mais que estou sozinha. 

— Você está sozinha? — Perguntei e a garota confirmou — Nossa, além das minhas amigas e do meu namorado, minha família veio lá de Miami pra me ajudar.

— É sempre bom ter alguém para se apoiar né. — Disse e eu concordei. 

— E deve ser muito ruim esperar sozinha. Você pode ir para ficar comigo, te apresento à minha família e, assim, uma oferece apoio à outra. 

— Não, imagina. Não quero te atrapalhar de jeito nenhum... 

— Não tem problema. Se você não aceitar, eu vou ficar chateada. — Falei, secando minhas mãos enquanto ela terminava de retocar seu batom. 

— Tudo bem. Muito obrigada... 

— Camila. — Completei. 

— Muito obrigada, Camila. Me chamo Dinah, e se a gente passar, pode contar comigo aqui dentro. — Se aproximou de mim para me abraçar e eu retribui. 

— Pode começar a contar comigo desde agora. — Comentei e saimos juntas do banheiro. 

Dinah e eu seguimos para onde o pessoal estava e a apresentei para a minha família e para as minhas amigas, no fim, todos nos simpatizamos com a menina. 

Quando enfim chegou sua vez, o apresentador nos acompanhou até a famosa "televisãozinha", onde veríamos a apresentação e só de imaginar que eu ainda passaria por aquilo, meu coração quase saltava do peito. 

— Gente, e se depois for a minha vez... 

— Calma Mila. Vai dar tudo certo para as duas. — Ally me garantiu e papai sorriu de um jeito encorajador. 

— Ela tem razão filha, vai dar tudo certo. — Agora foi a vez de minha mãe e eu suspirei um pouco mais calma. 

— Obrigada, mãe. — Sorri e Lucy me balançou, me dando um susto. 

— Mostra pra eles como uma Latina rebola a bunda naquele palco, Mila! — Vives comentou, fazendo-nos rir. 

Depois de mais alguns minutos entretidos nas merdas que Lucy falava, que nos faziam rir até chorar, Dinah começou a cantar Pretty Hurts da Beyoncé encantadoramente, fazendo todos os jurados virarem quase que no mesmo momento. A garota chorou ao fim da música agradecendo a eles e escolheu ficar no time de Jessie J. , que vibrou de alegria. 

Minutos depois, a garota saiu da apresentação, ainda emocionada, e abraçou minha mãe como se já se conhecessem há tempos. Virei-me para Shawn e o mesmo cruzou seus dedos no meu, após meu nome ser pronunciado para me apresentar. 

— Vai lá. Eu acredito em você, basta fazer o que você sabe de melhor que é cantar com o coração. Eu amo você, vou ficar aqui te esperando. 

— Entra comigo. — Falei choramingando, 
desejando mais do que tudo que ele pudesse entrar comigo e segurasse minha mão enquanto eu estivesse cantando. — Eu também te amo. 

— Camila Cabello?! — Carson Daly, o apresentador chamou e eu selei meus lábios nos de Shawn pela última vez antes de entrar. — Você tem cara de que vai arrebentar lá dentro. 

— Será? Muito brigado. — Sorri de mãos dadas com o apresentador, enquanto ele me guiava até o palco e voltava para a televisãozinha, onde meus parentes e amigas aguardavam. 

Eu estava pronta para iniciar uma das etapas que mais mudariam a minha vida dali para frente e estava cem por cento certa de que eu daria o meu melhor e conseguiria realizar o meu sonho. O meu sonho de ser reconhecida, de ajudar a minha família e o mais importante: Emocionar o mundo com o meu trabalho.   


Notas Finais


E ai? Como estamos?


:)


~RGBS


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