História The Key - Stranger Things - Capítulo 13

Hopper abriu a porta de sua casa, dando espaço para que Eleven entrasse. Ele segurava seu urso Waffles em mãos, encolhida contra a parede.

Felizmente, uma semana e meia passou bem mais rápido do que ele (e provavelmente ela também) imaginaram. Internamente, ela preferia estar com Mike agora, porém Hopper também tinha a ajudado muito durante o tempo de sua recuperação, de certo modo, gostava dele.

O delegado apressou seus passos até o sofá, jogando de lado, algumas latas de cerveja. Sentiu-se envergonhado por não ter dado uma geral na casa antes de trazê-la.

- Bom, essa é sua nova casa - Ele tentou sorrir - Não é lá essas coisas, mas vai ser bem tratada aqui.

Ela olhou a sua volta, olhando atentamente cada detalhe do lugar. Estava completamente desorganizado, com roupas, papéis e latas no chão. Sorriu, achava engraçado.

- Gostou?

- Sim.

Ela acomodou-se contra o sofá, se setia sem energia.

- O que quer para o café? - Hopper estava nervoso, não era todo dia que se passava por aquele tipo de situação.

- Waffles.

- Ah, eu tinha me esquecido que você os adora. Enquanto preparo seu café, tente se distrair, quem sabe vendo um pouco de TV. - Ele apontou com seu queixo para o eletrodoméstico.

- Estou cansada - Eleven disse apoiando seu corpo contra o sofá.

- Sei que está, tente se manter acordada. Depois irei te levar para casa de Mike porque preciso resolver uns assuntos, tudo bem?

- Sim - Hopper sorriu, seguindo para a cozinha, onde procurou por sua torradeira, já Eleven encarava fixamente a TV à sua frente decidindo se iria ou não ligá-la.

- Pode ligar, é apenas um TV - Disse da cozinha, alto o suficiente para que ela o ouvisse. El permaneceu da mesma forma.

Ela sentia seus olhos arderem, não tinha certeza do que era. Apenas sabia que podia notar seu próprio corpo esquentando, tanto que sua respiração estava quente também. Ela deitou-se no sofá. Tinha um cheiro esquisito, mas ela o ignorou.
Logo Hopper aproximou-se de Eleven estendendo um prato para ela.

- Seus Waffles - El sorriu para ele, esticando um de seus braços afim se pegar o prato. Hopper sentou-se ao seu lado, a observando comer.

- Parece mesmo cansada. Se quiser posso cancelar meus compromissos e a deixo dormir.

- Não.

- Tudo bem então. Lá na casa de Mike, tente descansar, terá uma noite corrida.

- Por que?

- Vamos ajeitar seu quarto, é para isso que irei sair, para lhe comprar algumas coisas.

- Entendi.

Joyce amarrou seus cabelos em um coque alto. Cozinhar nunca havia sido seu forte, tanto é que na maioria das vezes, Jonathan que cozinhava as refeições.

- Você quer ajuda? - Will perguntou, aproximando-se aos poucos da mãe.

- Oh, sim - Ela riu - Faz um tempo desde que não faço um bolo.

- Sabe como começar? - Will pegou alguns dos ingredientes que faltavam, os colocando sobre a mesa.

- Uhum - Quebrou os ovos, misturando-os com a farinha e logo em seguida o leite - Ainda é estranho?

- O que?

- Voltar para sua vida de antes, ou tentar ao menos. Ainda é estranho pra você?

- Um pouco - Will suspirou - Sempre dá aquela sensação de que alguma hora, aquele monstro pode voltar.

- Eu entendo, também sinto um medo absurdo em pensar que aquela coisa que pegou você reaparecer e levá-lo de mim de novo, porém isso não vai acontecer, irei protegê-lo. Não importa para onde vá ou para onde o levem, estarei sempre com você - Will sorriu, olhando-a ternamente.

- Amo você, mamãe - A abraçou, sua face apoiada contra a barriga de Joyce, enquanto seus braços estavam envoltos em sua cintura.

- Eu também amo você, querido - Ela levou uma de suas mãos aos cabelos do filho, o afagando, esquecendo-se que seus dedos estavam sujos de farinha. Ao notar que sua mãe o sujara, Will gargalhou.

- Você também tem algo sujo - Ele disse, colocando seu dedo indicador na farinha, o sujando.

- Tenho? Onde? - Will levantou o braço, tocando o nariz de sua mãe com seu indicador, a sujando. Ela riu. Seu filho era alguém realmente muito adorável, nunca iria cansar de sentir orgulho dele.

-  El - Mike esboçou um dos mais doces sorrisos. Desde que toda a burocracia de que Eleven iria para casa de Hopper começou, ele não a tinha visto.

- Mike - Ele a puxou para um abraço apertado. Ignorando o fato de Hopper e até mesmo seus pais estarem o observando.

- Bom - O delegado pigarreou - Tenho que ir até a cidade resolver algumas coisas, tem algum problema deixá-la aqui?

- Claro que não - Karen sorriu aproximando-se do delegado - Pode ao menos me dizer, o que aconteceu com aquele homem que estava atrás dela? Ele não virá nos incomodar de novo, certo? - A mulher o questionou preocupada. A questão relacionada ao tal Dr. Brenner ser o guardião da garota, ainda a incomodava um pouco, até porque ninguém havia paro para explicar à ela, o que realmente aconteceu.

- Acho impossível que alguém venha, ainda mais aquele homem. Está morto - Karen olhou de soslaio para a garota, horrorizada.

- Deve ter sido difícil para ela, perder o pai.

- Nem tanto, assim pelo menos ela estará livre dos maus-tratos que recebia. Bom, tenho que ir, obrigado por cuidarem dela. - Ele aproximou da garota, agachando-se a sua altura - Não esqueça, tente descansar, tudo bem?

- Sim - Hopper sorriu, ajeitando novamente o chapéu, antes de enfim partir. Todos permaneceram em silêncio por alguns minutos, entreolhando-se.

- Olá, sou o Ted - Ele tentou sorrir, mesmo não sendo muito bom nisso. Eleven sorriu para ele - E qual é seu nome?

- Eleven - Ted fraziu seu cenho por alguns instantes, logo voltou à se forçar a sorrir.

- É um nome exótico.

- Hey, Mike, que tal levar Eleven para conhecer Holly? - Mike apenas deu de ombros, puxando El pelo pulso, não para o quarto de sua irmã Holly e sim para o porão. Ele a ajudou as descer as escadas, até que ela sentou-se no sofá, olhando para ele.

- Gostou de morar com o delegado? - Mike perguntou, receoso. Ela apenas balançou a cabeça em desdém -

- Lá é legal como aqui? - Ele sentia-se um pouco enciumado, ainda preferia que Eleven tivesse ido para sua casa.

- Não sei

- É engraçado, o porão parece meio vazio, sem você aqui - Ela olhou à sua volta, até que seus olhos focaram-se na sua antiga cabana, ainda armada.

- Mike.

- Sim?

- Estou feliz.

- Com o que?

- Você está aqui.

- Eu também estou feliz - Aproximou-se do sofá, apoiando sua cabeça contra a almofada do móvel onde ela estava deitada, de forma que pudesse encará-la de perto.

- Senti muito sua falta - Tentou sorrir, mesmo sua respiração acelerada atrapalhando todo o processo - Isso não é a mesma coisa sem você.

- Pensei que fosse me esquecer.

- Nunca vou esquecer você - Ela sorriu para ele. Em seguida levou os dedos até a face de Mike, deslizando seu indicador por seu rosto.

- O que está fazendo?

- Gravando.

- O que?

- Sua face - Ao entender o que ela quisera dizer, fechou seus olhos, sentindo seus dedos irem para lá e para cá, sobre seu rosto.

Ela havia começado inicialmente pelos traços de suas bochechas, ele tinha marquinhas nelas, não sabia como se chamavam mas os adorava. Logo seus dedos seguiram até seus olhos, tocando seus cílios e sobrancelha. Ela sorriu, ao tocar em seus lábios. Mike abriu os olhos, encarando-à. Podia sentir sua respiração acelerada.

Receoso, Mike levou sua mão até sua bochecha, usando seu polegar para fazer carinho em sua face, ela fechou os olhos, permitindo-se sentir seu toque.

- Nunca mais vou deixar você partir - Ele sorriu, ela retribuiu esboçando um sorriso para ele também. Ele sentiu seu corpo aproximar-se dela. Ela havia o levado para perto usando seus poderes.

- Não os use, ainda está fraca - Mike limpou o sangue de seu nariz com a alça de seu casaco, ela por outro lado, aproveitou a proximidade do garoto e o beijou em sua bochecha. Ele sentiu suas bochechas arderem.

- O..O que está fazendo?

- Vi hoje, na Tv.

- Não faça isso com todos, ok? - Ele pigarreou. Ela assentiu.

- Michael! - Ele pode ouvir sua mãe o chamar antes de abrir a porta do porão.

- Sim?

- Os meninos estão descendo.

- Oh, claro - Não demorou muito para que Lucas, Dustin e Will descessem as escadas ao encontro dos dois.

- Eleven - Will sorriu, correndo até ela - Lembra-se de mim?

- Sim - Ela também sorriu.

- Como você está? - Dustin juntou-se à eles.

- Cansada.

- Ainda por causa dos remédios? - Lucas perguntou.

- Sim, segundo Hopper ela vai permanecer por mais alguns dias assim - Mike explicou.

- Você gosta de desenhar? - Will perguntou à ela. Ela balançou sua cabeça desdenhando.

- E música, gosta de ouvir? - Agora fora Lucas quem a questionou.

- Música?

- É quando se toca algumas notas em instrumentos músicas, ai a canção que eles componhem se chama música.

- Estão deixando ela confusa - Mike interferiu.

- Antes de tudo isso acontecer, não tivemos oportunidade de perguntar essas coisas para ela, estamos curiosos - Disse Dustin.

- Ela está cansada, perguntem depois.

- Tudo bem então - Lucas deu de ombros.

Nancy apressou-se, tentou acompanhar os passos de Jonathan, caminhando ao seu lado.

- Acha que ela irá gostar? - Ela perguntou.

- Provavelmente sim, afinal de contas foi ideia de seu irmão - Ele segurava o bolo que sua mãe fizera em mãos, tomando cuidado para que não o derrubasse.

- Mike fica diferente quando está perto dela - Ela sorriu, mudando a sacola que segurava para a outra.

- Ele gosta mesmo dela.

- Antes eu pensava que era apenas algo como uma paixonite de verão ou algo semelhante.

- E agora?

- Agora eu sei que ele realmente gosta muito dela. Tanto que ele estava em depressão desde que ela havia partido.

- Deve ter sido realmente complicado, eu sei como é se sentir impotente. - Nancy suspirou, lembrando-se que há meses atrás, ambos estavam por ai, tentando salvar tanto a Will quanto a Barb.
Hopper estava na porta de sua casa, os aguardando. Ele parecia nervoso.

- Aqui está o bolo - Jonathan deixou a sobremesa sobre suas mão.

- Preciso me lembrar de agradecer sua mãe mais tarde.

- Vai precisar de ajuda para arrumar isso? - Nancy deixou a sacola que trazia sobre a mesa, apontando com seus queixo para as pilhas de roupas na sala.

- Ah, sim, por favor.

Nancy amarrou seu cabelo em um coque, puxando as alças de seu casaco para cima, pronta para a limpeza. Jonathan juntou-se à ela. Já Hopper seguiu para a cozinha, onde guardou o bolo no forno e iniciou a limpeza por lá.

Holly tocou as bochechas de Eleven rindo. El também sorriu para ela.

- Bonita - Eleven falou à menininha. Aquilo era novo para ela, nunca havia tido a oportunidade de conversar com crianças, muito menos as da idade de Holly.

- Ela gostou de você também - Mike e os meninos as observavam.

- Eu sou a Eleven.

- E...Eleven? - A garotinha falou, iniciando uma risada travessa.

- Sim.

- Diga à El seu nome Holly - Mike interferiu.

- Holly.

- Seu nome é Holly?

- Sim - A menina ainda sorria, ela olhava para El como se fosse uma grande boneca de porcelana.

- É bonito - A menina pegou uma de suas bonecas correndo até Eleven, na intenção de fazê-la brincar com ela. Já que Nancy não se achava graça em brincar de boneca e Mike muito menos, ela quase nunca tinha companhia para suas brincadeiras. Eleven pegou a boneca, encantada.

- Hey Mike - Lucas o puxou para um canto.

- Sim?

- Será que enquanto ela está brincando com Holly, podemos jogar Dungeons & Dragons?

- É que faz um tempo que você não participa, e você é o mestre então...

- Ah, tudo bem. Inclusive, gostaria de agradecer vocês por tudo, eu sei que estivesse ausente desde que tudo aconteceu e sinto muito, mas ela precisava de mim, assim como se vocês precisarem também, estarei lá por vocês.

- Nós sabemos - Will sorriu assim como Lucas e Dustin.

Não demorou muito para que a tarde se passasse. Depois de ter brincado com Holly, El conseguiu dormir um pouco enquanto os meninos ainda jogavam. Tinha sido muito agradável passar aquele tempo com a família de Mike e os garotos, foram muito gentis com ela. Agora, estava voltando para casa com Hopper em seu carro. Ele havia a levado para tomar algo chamado Milk shake, nunca havia tomado algo daquele tipo antes mas gostara muito.

- Como foi o seu dia? - Ele a olhou através do espelho retrovisor.

- Bom.

- Descansou?

- Sim.

- Isso é ótimo, vai precisar de energia - Ele estacionou o carro descendo para que pudesse abrir a porta para ela sair.

Hopper e El caminharam até a casa. Ao entrarem as luzes estavam apagadas, o que a assustou um pouco.

- Pode ligar a luz para mim?

- Sim - Ela tentou lembrarsse de onde ficava o interruptor. Ao acender, arfou surpresa. Todos estavam ali, Mike, Nancy, Karen, Joyce, Clarke, Lucas, Dustin, Will, enfim, todos seus amigos, seguravam balões coloridos enquanto gritavam por um "surpresa". Ela olhou para Hopper.

- Fizemos um bom trabalho certo? - Ele sorriu. Mike correu até ela.

- Hopper queria lhe fazer uma festa de boas vindas, mas como nós pensamos que você ainda não tinha comemorado nenhum aniversário antes e que provavelmente nem sabe que dia é, decidimos organizar isso pra você.

- O que é um desses?

- Aniversário? - Ela assentiu.
- É quando comemoramos o dia em que você nasceu - Mesmo sem entender muito bem, ela olhou para a face de cada um, emocionada. Todos sorriam abertamente para ela. As crianças correram até ela, abraçando-a num abraço coletivo.

- Ela parece feliz - Joyce disse, entre seu sorriso.

- Fico bem em saber que tudo deu certo.

- Está fazendo um ótimo trabalho, Hop.

- Obrigado, eu acho - Os dois observaram a garota abraçar apertado cada um dos convidados ali presentes. Ela podia estar não entendendo bem o que estava fazendo, mas estava lhe fazendo bem, e isso era o que importava, fazia valer todo o esforço que tiverem em distraí-la durante a tarde a até mesmo o cansaço de quem teve de ajudar em limpar e organizar a casa.