Narrador
Seu ouvido zumbia, seu corpo paralisou, se movia nem respirava, o coração estava normal, era como se estivesse levado um choque e não podia mais pensar, como se sua consciência estivesse em outro lugar, outro mundo. Não é como se o que estava vendo não fosse normal, sente que já havia visto isso antes, como se essa cena estivesse perdida em sua memória. Olhou de relance para a criatura áspera que corria em sua direção e não pudesse se mexer e fugir. Não pudesse fazer nada apenas esperar e ver sua morte se aproximar.
Seus olhos eram pretos, como a escuridão profunda, dentes pontudos e manchados pelo sangue de alguém que no momento está na mesma situação, a pele apodrecida, como o corpo de alguém que está morto à duas semanas, mas não poderia pois havia visto a mesma hoje cedo. Seu rosto foi reconhecido, a mulher de colarinho verde, que subia as escadas correndo e soltando um grunhido alto e estranho, era como se ela não estivesse mais aqui, como se tivesse morrido e algum tipo de demônio agora habita seu corpo. A ultima coisa que aquela criatura viu foi à porta batendo em sua face tão forte fazendo com que sua pele se rasgasse, logo caindo para trás.
Mãos seguravam os braços finos e pálidos de Brooke, mas não se deu conta quando estava sendo carregada para longe daquele telhado, absolutamente nada, e quando se deu conta. Arthur a puxava para dentro de uma sala. E logo a porta atrás de si ser fechada.
- Arthur! – alguém dizer à frente, esse alguém se chama Harley, uma loira do primeiro ano, sua blusa estava suja de sangue e em sua mão esquerda havia um pedaço de madeira que usou para se defender. Mais a frente estava Mike e ao seu lado Carlos que quando viu o amigo, Arthur, logo foi em sua direção. Estavam todos assustados, ofegantes e suados de tanto correr e fugir daquelas criaturas famintas.
Junto com Carlos, Arthur colocava a mesa do diretor em frente à porta, logo vieram varias batidas na porta, como se houvessem quatro ou mais batendo, tentando entrar. Todos ficaram calados e alguns segundos depois o barulho cessou, mas ainda eram ouvidos gritos de longe.
- Que merda tá acontecendo? – perguntou Harley ainda tentando respirar com mais calma. Mas tentativa em vão, estava tão assustada que não conseguia se acalmar.
- Eu tenho que sair daqui – Mike foi para frente tentar abrir a porta, mas Arthur e Carlos o impediram de tentar algo, se ele conseguisse seria o fim de todos, precisavam pensar com calma, e achar uma saída segura.
- O que você tá fazendo, cara? – disse Arthur – Você tá pensando que vai abrir essa porta e vai sair sem ser visto? Têm várias dessas coisas pela escola, você ser devorado antes de conseguir passar pelo corredor.
- Então o que vamos fazer? – ele estava irritado. Nesse momento, várias ideias se passaram pela cabeça de Arthur, mais nenhuma boa o suficiente para conseguirem sair e não morrer.
- Eu não sei, preciso pensar – disse Arthur e virou de costas. Ele escondia, mas tinha medo, mesmo que bem, bem no fundo. Ele não gostaria que desse uma ideia que alguém morresse ou todos, se a ideia não funcionar.
- Ah meu Deus – falou Harley, Brooke se virou e a viu – o seu... – ela apontava para sua perna, não havia visto antes, mas enquanto estava em transe, acabou se cortando em um pedaço de ferro solto na porta, não havia sentido dor até o momento.
- Que droga – Arthur correu apressado em sua direção, tocou sua perna um tanto preocupado – Isso dói? – perguntou, mas Brooke não sentia, não sentia por que ainda estava em pânico, a tudo o que está acontecendo, que não pode pensar ou sentir qualquer coisa.
- Não – sussurrou pensativa, olhou em seus olhos e viu que estava assustado, ela também estava, na verdade, todos estavam. Arthur correu pela sala e pegou uma tesoura, se aproximou e cortou um pedaço de sua blusa. Ele guiou Brooke até a mesa e eu ela sentou em cima.
- Precisamos chegar até a enfermaria - ele passou o pano pelo machucado parando o sangue – Isso vai ajudar, mas eu preciso desinfeccionar.
- A enfermaria é do outro lado da escola, não tem como chegar lá agora! – disse Carlos. E ele estava certo, Brooke não queria arriscar a vida deles por que estava com medo e não percebeu por onde andava. Não iria arriscar a vida de ninguém.
- A gente tem que sair da escola e depois eu vejo o meu machucado! – ele a olhou por alguns segundos e depois virou o rosto, não queria arriscar, mas também não podia fazer com que o machucado infeccione. O barulho havia cessado, mas pouco a pouco se ouvi gritos e vozes vindos por parte das salas. Não sabiam onde estava seguro e onde era perigoso, talvez todos os lugares fossem perigosos.
- Se isso ficar assim, você pode pegar uma infecção, não sabemos onde se machucou. – ele foi até a porta e pareceu pensar, pensou em todas as possibilidades, e que Brooke poderia até mesmo perder o braço dependendo de onde se cortou, e então chegou à conclusão.
- Okay! Então, a gente já está perto da saída, tem uma farmácia aqui perto, corremos até a farmácia e depois vamos para a casa mais próxima!
- É um bom plano – falou Carlos – Qual é a casa mais próxima?
- A minha casa é do outro lado da cidade, muito longe daqui, não teria como chegar a pé – Falou Arthur – e a Brooke com a perna machucada demoraria o dobro do tempo.
- A minha é do lado da casa do Arthur, e a da Harley é atrás da minha – falou Carlos, Mike também não teria como, já que morava em um apartamento no centro da cidade.
- Se a cidade está que nem a escola, a minha casa não vai ser a melhor opção – falou Mike.
- Minha casa então é a mais próxima, fica a três quadras daqui – falou Brooke. Todos acabaram concordando. Cada um pegou algo que pudesse usar para se defender.
- Então, passamos pelo corredor e vamos correr até a porta – falou Mike.
- É agora ou nunca...
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