História The Life - Capítulo 1

Pov. Camila

Amy: — Camila, você tem certeza de que quer mesmo ir? – perguntou pela milésima vez.

Camila: — Tenho Amy! Louis e eu, iremos rapidamente e chegaremos em casa antes dessa chuva.

Amy: —Você me liga quando chegar em casa?

Camila: — Ligo! Agora para de falar como se fosse a minha mãe.

Amy: — Eu não tenho culpa de você ser uma irresponsável, que quer sair numa tempestade.

Camila: — Nem está chovendo, quanto drama. – digo terminando de pegar minhas coisas e ajeito meu filho no carrinho, sim eu tenho um filho. — Tchau, Amy até amanhã.

Amy: — Vá com segurança! Não fale com estranhos! Me ligue assim que chegar.

Camila: — Está bem mamãe.

Amy é minha companheira de trabalho, minha chefe e minha amiga. Nos conhecemos a 6 meses, mas parece que faz anos, quando comecei a trabalhar na cafeteria da sua família.

Camila: — Temos que correr filho, vai cair uma grande tempestade. – digo olhando para meu pequenino que está quase dormindo.

Engravidei do Louis quando tinha 17 anos, não foi planejado e nem acidental, fui abusada dentro de casa, por um conhecido do meu padrasto.

Tudo começou quando um boato que eu gostava de garotas se espalhou no colégio e chegou até meu padrasto, ele nunca gostou de mim e esse boato só serviu para piorar nossa relação, que já não existia. Quando cheguei em casa naquele dia fui espancada por ele, minha mãe não pode fazer nada por mim pois também foi agredida ao tentar me defender. Fiquei com muitos hematomas visíveis no meu corpo, felizmente minha amiga de infância Dinah estava na faculdade e não me viu naquele estado. Durante esses tempos em casa percebi uma movimentação muito estranha na casa, toda hora uns homens saiam com umas caixas. Em uma madrugada fui acordada por Alejandro que me arrastou para o carro, minha mãe já estava dentro, e fomos para uma fazenda onde tinha um avião de pequeno porte nos esperando, não quis entrar no avião e tomei um soco no rosto. Fomos para uma outra cidade. Fui proibida de manter contato com qualquer pessoa de Miami e de ir para o colégio. Descobri que Alejandro era um traficante, drogas, armas, pessoas, esse eu descobri da pior forma possível... Um mês após chegarmos em New Orleans, ouvi uma conversa do Alejandro no telefone, estavam oferecendo 5 milhões de dólares para eles por um recém-nascido. Três dias após esse telefonema, fui abusada dentro do meu próprio quarto por um dos homens que andavam com Alejandro, naquele dia eu tentei tirar minha vida, infelizmente não deu certo. Dois meses após o abuso, descobri que estava gravida, mas uma vez tentei tirar minha vida e mais uma vez falhei. Após a confirmação da gravidez e minha segunda tentativa de suicídio, Alejandro contratou uma pessoa que me vigiava 24 horas por dia. Com o passar do tempo, eu acabei me apegando ao feto em minha barriga, ele não tinha culpa de o Alejandro ser um merda e não tinha culpa do que aconteceu. Aos 4 meses descobri que era um menininho. Quando completei 6 meses, em uma noite Alejandro precisou sair para resolver uma coisas, minha mãe dopou a mulher que ficava comigo e me ajudou a fugir daquela casa, ela se recusou a vim comigo, porem antes de sair me entregou um cartão e um envelope com algumas informações sobre meu pai biológico, ele era um homem muito rico e tinha uma empresa de advocacia, era para mim procurar por eles pois ele sempre quis me conhecer e sempre depositou dinheiro, naquele cartão, para que minha mãe nunca deixasse me faltar nada, só que pelo o que eu entendi Alejandro nunca deixou ele me conhecer. Desde que sai daquela casa, nunca mais tive notícias da minha mãe. Fui direto para a estação de metrô e comprei minha passagem para Miami, felizmente o horário para a viagem estava perto. Quando cheguei em Miami, fiquei alguns dias em um hotel, depois consegui alugar uma casinha em bairro não muito seguro, mas foi o único lugar que consegui pois ainda era menor de idade, arrumei um cantinho para meu bebê e comprei umas roupinhas... Não tive coragem de ir atras do meu pai e muito menos da Dinah, não queria ser um estorvo para nenhum deles.

Na manhã do dia 24 de fevereiro de 2017, acordei passando muito mal. Um taxista me levou para um hospital, ele me deixou na emergência e foi embora. Uma enfermeira me atendeu e logo em seguida a médica veio me atender acompanhada de ninguém mais, ninguém menos que Selena Gomez, minha ídola desde que eu era criança, quase que morri, mas minha dor me lembrou o motivo deu estar lá. Fui levada para o quarto, descobri que estava em trabalho de parto e que Selena seria a ajudante da médica que faria meu parto. Ela ficou no quarto comigo, quase o tempo todo, na hora do parto segurou minha mão...

Louis nasceu dia 24 de fevereiro de 2017, às 17:27 com 3,450kg.

Como tudo que é bom dura pouco, Selena me informou que segunda feira uma assistente social estaria indo ao hospital, porque eu era de menor. Depois de muito implorar ela me deu umas “dicas” de como sair do hospital sem ninguém perceber. Durante a troca de turno no domingo eu fugi do hospital com Louis, nunca soube se aconteceu alguma coisa com ela, mas eu não podia parar em um abrigo.

Os primeiros dias com Louis em casa foi um pouco complicado, mas com o tempo tudo foi se ajeitando. Quando Louis completou 2 meses, decidi procurar um emprego, por mais que o dinheiro daquele cartão estivesse aumentado de uma forma absurda, após que comecei a comprar coisas para meu filho, não podia viver dependendo apenas dele. Como eu quase sempre frequentava a cafeteria da família da Amy, um dia vi uma placa que estava precisando de alguém para trabalhar, decidi me oferecer e Elizabeth, avó de Amy adorou a ideia, pois ela sempre brincava com Louis e até se ofereceu para ficar com eles enquanto trabalho, eles acabaram se tornando uma família para mim...

Saio dos meus pensamentos com o barulho de um trovão, ainda tem uma boa caminhada pela frente e os pingos grossos da chuva começaram a cair. Louis está dormindo e decido parar um pouco e esperar para ver se a chuva dá uma maneirada.

*

Já faz quase uma hora que estou parada embaixo de uma coberta com Louis e não tem nenhum sinal da chuva parar. Não sei como iremos sair daqui, mas temos que arrumar um jeito.

Um carro branco parou ao lado da calçada que estou e o vidro se abaixou. Era uma mulher, ela não me é estranha.

Mulher: - Oi, está tudo bem? Você precisa de alguma ajuda?

Camila: - Olá! Está tudo bem, só estamos esperando a chuva passar para irmos embora.

Mulher: - Sinto em te decepcionar, mas esta chuva não irá parar tão cedo. – eu tinha ciência disso. – Você aceita uma carona? – a voz da Amy veio na minha mente “não fale com estranhos”.

Camila: - Não precisa, muito obrigada. – ela deu um tapa na cabeça, riu e desceu do carro.

Mulher: - Isso soou muito estranho, mil desculpas. – disse parando ao meu lado – Olá, sou Lauren muito prazer em conhecê-la. – estendeu a mão para mim.

Camila: - Camila! – pego em sua mão.

Lauren: - Olha Camila, eu não queria parecer uma pervertida ou coisa do tipo quando lhe ofereci carona. – disse sem jeito – Só queria ajudar você e seu irmão?! – não entendi se ela estava perguntando ou afirmando, ela parecia confusa enquanto olhava para Louis.

Camila: - Meu filho! – ela me pareceu surpresa – E não se preocupe você não pareceu uma pervertida.

Começou uma forte ventania e começou a molhar onde estávamos.

Lauren: - Melhor entrarmos no meu carro. – concordo e pego Louis.

Ela pegou o carrinho do Louis, colocou no banco de trás e abriu a porta para que pudéssemos entrar.

Lauren: - Meu Deus! Que chuva! – disse se sentando e eu pude reparar melhor nela e ela é muito linda. – Minha mãe vai me matar se soube que eu saí nela. – ela deve ter pensado alto, porque me olhou estranho. – Onde vocês dois moram? Vou deixar vocês em casa.

Expliquei e ela começou a dirigir, estávamos quase chegando quando a chuva piorou e ficou quase impossível enxergar a pista. Felizmente, chegamos em minha casa em segurança.

Lauren: - Estão entregues!

Camila: - Muito obrigada! Você gostaria de entrar? – deixa a Amy saber que além de aceita a carona de uma estranha, você ainda a convidou para sua casa.

Lauren: - Não quero incomodar... E tenho muitas coisas para resolver.

Camila: - O que vai me incomodar é saber que você está dirigindo nessa chuva sem visão alguma. Já pensou se você sofre um acidente ou pior morre, eu nunca iria me perdoar, afinal você desviou seu caminho por minha causa...

Lauren: - Ok! Já entendi! – disse me cortando – Você consegue ser mais dramática que minha mãe, Ally, Vero e Taylor juntas.

Camila: - Eu não sou dramática, é a realidade. – me defendo.

Lauren: - Vou entrar, para você não ficar com remorso da minha morte.

Ainda bem que me mudei, porque se eu morasse no meu antigo bairro, até essa chuva passar não existiria mais um carro para contar história.

Meu deus, se eu estivesse ficado parada na chuva não teria me molhando tanto, igual me molhei para entrar na minha casa.

Camila: - Fique à vontade, vou pegar uma toalha e uma troca de roupa para você e vou trocar o Louis.

Lauren: - Não se preocupe comigo, pode cuidar do seu filho e você.

Camila: - Pensei que você tivesse “muitas coisas para fazer”. – ela me olhou com as sobrancelhas arqueadas. – E com um resfriado que você não vai conseguir fazer nada.

Deixei Louis em cima da cama, fui até o banheiro peguei uma toalha limpa para que Lauren pudesse se secar e uma troca de roupa, a entreguei, soltei para o quarto troquei Louis, com calma para não o acordar. Tomei um banho rápido e quando voltei para sala, Lauren estava dormindo no meu sofá. Eu poderia acordá-la, porém a chuva continuava forte e não teria como ela ir embora, peguei um coberto e a cobri. Preparei algo para eu comer, mandei mensagem para Amy, avisando que eu tinha chegado em segurança e fui me deitar.