Seoul, alguns dias depois.
– Essa coisa de cidade é tão grande! – Taehyung passou pela porta surpreso, caminhamos para dentro casa do senhor Minho, Tae não parava de reclamar sobre como tudo era grande e barulhento; mal sabe ele que esse é o horário que menos faz barulho. – Ah caramba eu me sinto tão perdido.
– Imagina eu... – Minghao comentou, o garoto se sentou na mesa onde todos estavam se sentando, Yuju estava cuidando de Sowon mais ao fundo.
– Bem-vindos a Seoul meus amigos. – Suga disse ironicamente sem nem olhar para nós enquanto caminhava mais afrente.
Todos caminhamos e nos sentamos na grande mesa, Taehyung e eu nos despedimos brevemente de todos, até do nosso amado filho que agora iria voltar para Atlântida. Taehyung caminhava desatentamente pela calçada admirando os prédios, pessoas, e tudo mais que haviam em Seoul; isso graças ao fato de que o mesmo nunca tinha visitado uma cidade moderna antes.
– O que são essas coisas? – Ele perguntou enquanto apontava para os grandes telões emparedados em prédios maiores ainda. – ‘Pra que todas essas luzes, ainda nem é dia.
– Isso são outdoors digitais Tae... – Comentei enquanto fazíamos uma curva dentre as pessoas. – Eles servem para anunciar, expor, mostrar, divulgar, também servem para transmitir eventos ou shows... sabe, essas coisas.
Expliquei.
– Aaaaah.
Respondeu.
Continuamos andado dentre as pessoas.
– O que são essas coisas?
O mais velho apontou para uma caixa de correio que eram postas nas ruas.
– Isso é um deposito para colocar cartas Tae, se chama correio. É como algumas pessoas se comunicam com parentes a longa distância.
Continuamos andando enquanto contava para ele sobre as novidades do mundo moderno; depois claro sobre a explicação do que eram cartas e para que os correios serviram.
Adentramos o pequeno prédio simples cumprimentando o senhor que recepcionava, já fazia um tempo que não vinha e algumas coisas estavam diferentes. Subimos até o quarto andar pelas escadas já que por alguma ironia aquele Elevador ainda insistia em não funcionar. Caminhamos pelo corredor largo e de cores escuras até finalmente chegar, pedi para Taehyung abrir a porta enquanto eu cuidava das sacolas de compras. O garoto abriu a porta devagar, desconfiado, entrou lentamente enquanto podíamos ouvir o barulho da madeira velha do chão ranger.
– Assustador... – Taehyung disse em um momento que ele parecia mais ter se estremecido todo.
– Assustador por que? – Ascendi as luzes clareando o lugar, coloquei o casado no balcão que separava a cozinha da sala, contornei aquele lugar que me trazia uma sensação de nostalgia. – Essa era minha casa antes de te conhecer...
– Sério? – Ele continuou andando pelo ambiente como se tivesse explorando o lugar, se sentou no sofá de canto tocou na madeira do piano. – O que é isso?
– Isso se chama piano... – Separei as coisas que iriamos usar para o jantar, deixei tudo encima da pia e voltei para Taehyung. – É assim, você senta aqui. – Bati com as mãos em sua coxa, puxei a madeira que protegia as preciosas teclas e abri a partitura. – O intuído desse instrumento musical é produzir músicas, óbvio.
O garoto riu.
– Você põe as mãos aqui e conforme for tocando, sons diferentes saem.
A risada de Taehyung se intensificou e então suas mãos alcançaram meu rosto.
– Jeon... Eu sei o que é um piano, eu só estava me referindo a esse troço aqui que estava encima dele.
O garoto puxou um pedaço de vidro praticamente quebrado, que eu não fazia ideia de onde era, mas provavelmente tinha sido de quando Sowon entrou no meu apartamento. No entendo o que me deixou mais curioso era que Taehyung já sabia o que era um piano.
– Como você sabe o que é isso?
– Jeon... Eu tenho quase 8 mil anos, o que você acha que eu não sei ainda? – Sorriu travesso.
– O que são cartas, para o que servem os correios, como funcionam os outdoors, ‘pra um príncipe e agora rei você é bem burrinho até. – Fiz aspas com as mãos e ele riu.
– Olha... – Taehyung suspirou, e então colocou os dedos que antes acariciavam meu rosto no piano, sua expressão ficou quase que vazia e então ele começou gentilmente a tocar o instrumento, de início ele pareceu errar algumas coisas, mas a canção foi tomando forma e ritmo e Taehyung pareceu se distrair mais com ele mesmo do que com o som; ele estava tocando Für Elise que é uma das mais populares canções de Ludwig van Beethoven. Composta em 1810, só foi publicada em 1867; 40 anos após a morte do compositor, em 1827. A composição ficou desconhecida até que Ludwig Nohl a encontrou e entregou de volta ao mundo. – Meu pai me ensinou essa música durante uma viagem que ele fez, eu não me lembro quanto tempo, mas eu realmente demorei para aprender a tocar isso.
– Taehyung você é demais. – Me sentei em seu colo assim que o mesmo parou de tocar o instrumento, ele ficou me olhando com aquela cara de orgulhoso de sí mesmo quando era elogiado, eu sorri.
– Tem mais coisas que eu sei fazer... – Ele disse entre um riso baixo.
– Ah é?
– Sim, quer saber o que é? – Respondeu entre outra pergunta já em um tom malicioso.
– Quero. – Abracei seu corpo por cima do seu colo, continuando com aquela troca de olhares.
Taehyung se ajeitou sob mim e então levou seus lábios até a parte exposta do meu pescoço onde deixou um singelo selar, gemi baixo pelo arrepio súbito que percorreu meu corpo. Seu olhar então se dirigiu mais uma vez a mim, aproximei meu rosto o suficiente para nossos lábios ficarem a menos de 10cm um do outro, ele sorriu e começou a mexer o rosto; fazendo aquele típico beijo de esquimó. Ficamos nisso por alguns minutos até então Taehyung ter vontade suficiente de me beijar, nossos lábios colaram-se numa dança não tão ritmada, afinal, quanto mais tempo teríamos que esperar para fazer isso de novo?
Atlantis, no mesmo momento.
– Oh Wow, quando seu tio disse que fugiu, eu não pude acreditar. – Seokjin, o ex rosado e agora moreno exclamou indignado enquanto descia as escadarias da sala do trono real. – Wow, Minghao; você parece exatamente o seu pai agora.
– Nem tanto, tio; nem tanto. – Disse enquanto ia de encontro com o rosado.
– No entendo as atitudes atuais parecem as mesmas. – Completou formalmente o loiro mais ao fundo.
– Não esqueça quem foi que te deixou viver, Namjoon. – Disse simplista sem me importar em ser rude, não que queira ter sido, mas apenas saiu.
– Uau, okay. – Respondeu dando de ombros.
– Não deixa que essas formalidades e hierarquias de Atlântida te derrubem pai. – Uma voz indiscutivelmente melódica surgiu mais ao fundo, olhei adianta até encontrar o rapaz dono da vóz. Seu sorriso era estranho, porem bonito. – Bem-vindo de volta!
– Pai?
– Você fica fora daqui por alguns dias e já nem me reconhece mais, uau. – Ele continuou lá parado sobre o batente da porta da sala real, uma outra risada vazou de seus lábios. – Você não mudou muito Minghao... ou deveria te chamar de the8 de novo?
– Jun? – Chamei-o surpreso, realmente tinha mudado bastante em alguns dias. Maldito gene de processo avançado, ele quase nem parecia mais o mesmo garotinho que corria comigo por aí; exceto talvez pelo sorriso estranho. – Realmente....
Ele riu novamente, terminei de subir todas aquelas escadas e agora mais de perto, o sorrido do mais velho já não parecia mais tão estranho assim. Ele deu alguns passos e então me abraçou.
– Eu senti sua falta. – Disse enquanto sentia meus ombros serem envolvidos pelos longos braços do outro.
– Eu sei que sentiu. – Ele confortavelmente enquanto eu entrelaçava meus braços por debaixo dos seus.
– Sem graça, e eu tentando ser fofo. – Enfiei meu rosto contra a camiseta do outro, tamanha a minha vergonha.
Junhui contraiu seu corpo de forma que sua cabeça pudesse alcançar meus ouvidos, ele mordiscou a parte superior antes de sussurrar.
– Eu também senti sua falta.
Ficamos um tempo abraçados até uma voz familiar cortar o silêncio.
– Jin, vem vamos deixar as crianças a sós. – Namjoon disse enquanto tentava puxar Seokjin pelo braço.
– Por que? Isso é fofo. – Disse o outro fazendo contrapeso em seu braço para ficar.
– Kim Seokjin vem agora!
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