História The love awakens - Skywalker

Rey e Luke passaram os dias seguintes debruçados sobre os cristais. O cubo azul foi aberto facilmente revelando diversos hologramas, eu não entendia nada daquilo, mas podia sentir que era algo poderoso e perigoso. Já eu, passei boa parte da minha estadia na ilha conversando com Chewbacca, o pobre wookie ainda estava devastado pela morte de Solo, e mesmo que não falasse diretamente, decepcionado com Skywalker.

Rey me explicou coisas sobre a força, sobre como jedis a usavam para manipular objetos, ler mentes e influenciar pessoas, ela também explicou que não há limites para o seu uso, mesmo no auge da ordem jedi os antigos guerreiros não atingiram o ápice de seus poderes.

- Pelo jeito você aprendeu muitas coisas - eu observei.

- Muito mais teoria do que prática - ela respondeu frustrada - Skywalker tem medo de ensinar depois do que aconteceu com o sobrinho dele.

- Hm, mas a culpa é de Snoke e não dele, não é mesmo?  - perguntei.

- Parece que ele e Snoke tem um passado, mas o mestre é tão misterioso que não sei decifrar direito o que ele fala.

Ela soava frustrada e decepcionada.

- Achei que o templo fosse aqui - eu disse.

- Eu também, por que ele ficou os últimos dez anos nesse lugar se o templo não é aqui?

 - Não sei de verdade, Rey. Ele deve ter seus motivos.

 De certa forma eu estava começando a compartilhar da decepção da garota, Luke tinha um semblante cansado e devastado pela idade mais ou menos como estava Leia quando parti, mas tive a impressão de que ele estava num estado de letargia muito mais profundo do que o dela.

 Ele falava sobre distúrbios na força, templos místicos, mas quando o assunto era a sua irmã ou seu falecido cunhado ele apenas ficava quieto. Em partes eu sentia pena, Han Solo era o amigo mais próximo de Luke, eu conhecia sua história. Cresci ouvindo meu pai contar sobre como Luke Skywalker cresceu em um planeta distante cheio de contrabandistas, caçadores de recompensa, vivendo como um fazendeiro, sua família foi morta pelas mãos do Império e assim ele saiu em jornada junto de Obi-Wan Kenobi.

 Não sei que fardo ele carregava, mas por muito tempo ele foi conhecido como a Nova Esperança da Galáxia, diziam que ele era um dos melhores jedis, afinal foi treinado por Obi-wan Kenobi e por Yoda, que eram notáveis no auge da República, Yoda era considerado até mesmo lendário.

 Para mim todas essas histórias soavam como lendas distantes e quase impossíveis, mas ainda assim eu não deixava de acreditar em cada uma das palavras que ouvi ao longo dos anos, sobre os jedi, sobre o Império e sobre o lado negro. Desde que eu mesmo presenciei a morte de meu amigo, Muran*, a serviço da Nova República e sob o meu comando, eu soube que algo estava muito, mas muito errado.

 Meus dias eram um tanto quanto entediantes naquela ilha, mas eu sabia que não poderia partir enquanto não recebesse qualquer ordem de Luke, afinal eu deveria reportar alguma coisa para a General, dar algum retorno, não poderia chegar e dizer “Olha, eu encontrei seu irmão, viu. Deixei os holocrons com ele e tudo o mais, mas ele continuou lá naquela ilha meditando”.

 Demorou algumas semanas até que alguma atitude fosse tomada, eu estava conversando com Chewbacca e fazendo manutenção básica no cargueiro que eu pilotava na parte baixa da ilha, Rey e Luke desciam as escadas intermináveis, a garota estava com um brilho no olhar tão grande que eu tive certeza de que ela trazia boas notícias. Às vezes ficávamos dias sem nos vermos, eu não queria atrapalhar o treinamento de qualquer forma.

 - Encontramos o templo – ela disse – com as informações do holocron.

 Eu fiquei eufórico, não poderia ser coincidência que aquele holocron em específico tivesse chegado as mãos deles.

 - E onde está? – perguntei.

 - Bom, isso não poderemos revelar – Luke disse – não que você não seja confiável, mas tem coisas que...

 - São só para os jedis, eu entendo. Quando partirão?

 - Amanhã de manhã – ele respondeu.

 Milhares de coisas se passaram em minha mente naquele momento. A esperança passou a encher meu peito novamente, talvez agora eles conseguissem adquirir o conhecimento necessário para derrotar o Líder Supremo Snoke, ou assim eu esperava.

Conversei com Skywalker durante a nossa refeição noturna, Rey e Chewie dormiam e os dróides estavam desligados, o único barulho que se ouvia era o das ondas quebrando no mar que nos cercava. Luke estava sério e um tanto quanto soturno.

- Não vamos direto ao templo – ele declarou – a Millennium Falcon precisa de manutenção para viajarmos.

- Fica em algum lugar muito remoto? – perguntei – posso ajudar.

- Aqui já é bem remoto, né? – ele me respondeu com uma pergunta, evitando dizer qualquer coisa sobre a localização do templo.

- Sim, é.

- Imagine um local mais remoto ainda.

Minha expressão era de surpresa, mas eu não tinha certeza exatamente no que pensar, Luke parecia falar sempre por enigmas e parecia haver uma aura de mistério o envolvendo.

- Eu conheci seus pais durante a guerra – ele disse – sua mãe era uma ótima piloto, lutou na batalha de Endor conosco. 

- Sim – respondi.

- Você é uma daquelas crianças que foram chamadas de “filhos da vitória”**.

- É – respondi sem graça – sou.

- Sua mãe já saiu em missão*** especificamente comigo, sabia disso? A última missão dela antes de se aposentar – ele me perguntou, fitando-me profundamente.

- Não sei de muitos detalhes, ela não gostava de compartilhar histórias de guerra.

- Imagino – Luke suspirou – eu fico pensando em como tudo aconteceu naquele tempo. Nas pessoas que conheci, nas pessoas que perdi. Mesmo eu, um jedi, tive de percorrer um longo caminho para chegar onde cheguei, e o que é um esforço para mim é uma missão impossível para qualquer outra pessoa normal.

- Onde o senhor quer chegar? – perguntei.

- Haverão batalhas grandiosas de novo, Poe Dameron – ele disse – esteja preparado para perdas.

Um arrepio percorreu minha espinha quando ouvi aquelas palavras, imediatamente pensei em Finn e em como seria doloroso perdê-lo, assim como seria doloroso para ele se eu viesse a morrer. Pensei no meu pai e em como ele tinha medo de que tudo pelo o que ele lutou no passado tivesse sido em vão.

- A morte é inevitável as vezes – peguei-me dizendo.

- Sim, é.

O silêncio voltou. Alguma coisa na presença de Skywalker me incomodava, ele parecia sábio demais para existir como se quase não fosse humano, eu já estava me aprontando para dormir quando ele finalmente disse.

- Nós iremos para Yavin 4 com você.