Finn estava meio nervoso quando chegamos a minha antiga casa porque não queria que meu pai percebesse o que estávamos fazendo. Eu sabia que para o meu pai eu era um caso sem solução, desde bem novo ele teve lidar com algumas situações constrangedoras envolvendo a mim e a outras pessoas, então eu não estava nem um pouco preocupado, mas Finn suava frio ao meu lado.
- Fica tranquilo, Finn – cochichei.
Ele apenas resmungou alguma coisa em resposta.
Kes Dameron era um homem solitário, desde a morte de minha mãe, Shara Bey, ele não teve interesse nenhum em se relacionar com outras pessoas. Eu o admirava muito, ele era mais uma pessoa marcada pela guerra e vivia uma vida perfeitamente normal naqueles dias, mas havia algo em sua presença que era como o que eu sentia na presença da General ou de Skywalker.
Se alguém percebeu alguma coisa quando chegamos não deixou transparecer e percebi que Finn começou, aos poucos, a ficar mais aliviado ao meu lado. Meu pai estava conversando animadamente com Luke, eles relembravam os velhos tempos e percebi como esse reencontro estava fazendo bem ele.
Eu não entendia sobre essas coisas relacionadas à Força e nada disse, mas percebi que Rey estava bastante apreensiva. Ela viu o poder do lado negro de perto quando lutou contra Kylo Ren e suas palavras deixavam transparecer que também sentia medo de sucumbir. Ela estava preocupada com o que quer que fossem encontrar no templo e com medo do que o holocron sith poderia conter.
Eu me sentia bem por estar em Yavin 4, na verdade eu não sentia tantas saudades de casa até estar lá e perceber o quanto eu gostava daquele lugar. Foi lá que aprendi a voar na antiga A-wing de minha mãe e eram muitas memórias que aquele lugar me trazia.
Após dois dias que estávamos lá recebi a notícia de que a General – que estava em Hoth – iria nos encontrar em Yavin 4. Por não ter sido militarizada ainda, a lua era o lugar perfeito para a instalação de uma pequena base e o local não estava sendo priorizado pelos radares da Ordem. Poucos dias depois, a General Leia Organa se instalou em Yavin 4 com sua pequena caravana.
Eu não assisti ao reencontro dos irmãos Leia e Luke. Todos os deixamos a sós para que pudessem conversar e, aparentemente, havia muito a ser dito. Percebi que havia muita união entre os dois mas também, muitas palavras não ditas. O exílio de Skywalker havia a machucado bastante. Fiquei pensando em como era difícil para a General aguentar tudo o que aguentou sozinha.
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Desde criança eu sempre gostei de me sentar próximo a Árvore da Força para refletir. Finn estava em reunião com seu time, Leia, Luke e Rey tomavam conta de seus assuntos. Era um dos primeiros dias que eu tinha um tempo só para mim e sentei-me próximo à Árvore pensativo, aproveitando um dos poucos momentos de paz que eu tinha nos últimos tempos.
- Você sabe que em breve estará em ação de novo, não? – ouvi a voz de meu pai que se sentava ao meu lado.
- Eu sei, pai – falei – mas devo aproveitar esse pequeno momento de paz.
- Não é paz de verdade se a galáxia está ruindo – seu semblante era triste, tudo pelo o que ele lutou no passado havia desmoronado nas mãos da Primeira Ordem. Lembrei-me de quando ele me disse que o maior medo que tinha era de que tudo tivesse sido em vão.
- Nós iremos dar um jeito – falei com toda a convicção que fui capaz de juntar.
- Tenho certeza que sim – ele olhava para mim, mas era como se olhasse por dentro de mim – você me lembra tanto sua mãe, Poe.
Eu sorri em resposta, por mais que minha mãe tenha morrido há muitos e muitos anos atrás sua menção ainda me era dolorosa. Ficamos um tempo sentados ali, sentindo a brisa fresca, até que ele quebrou novamente o silêncio.
- Finn, então? – ele perguntou.
- Está tão fácil de perceber assim? – repliquei.
- Ele é um bom garoto, Poe.
- Eu sei.
- Quais são suas intenções com ele? – seu olhar era incisivo em cima de mim e estava me deixando tenso, ele nunca se interessou em saber sobre minha vida amorosa.
- Eu... quero ficar ao lado dele – respondi.
- Por quê?
Eu sabia o que ele queria ouvir e custou para que as palavras saíssem de minha boca.
- Porque eu.. eu... o... eu me importo com ele e ele me faz bem.
Kes levantou uma sobrancelha, parecia desconfiado.
- Nunca achei que ouviria você dizendo algo assim – ele ponderou – não machuque o garoto, ele parece ser bem apaixonado por você. Você não parece ser capaz de verbalizar o que realmente sente.
- Não irei machucá-lo – respondi, um pouco enraivecido por estar tendo essa conversa.
Ele deu uns tapinhas no meu ombro e saiu, eu sabia que era estranho para as pessoas a minha volta que eu resolvesse levar alguém a sério e não me importava com nada disso, só não queria que passassem essa insegurança a Finn. Ele era realmente uma ótima pessoa.
Continuei sentado ali por um tempo, até que Finn se aproximou de mim, beijamo-nos por um tempo, ele ainda estava preocupado sobre meu pai desconfiar de algo até que eu lhe disse que ele já sabia.
- Todos já sabem, Finn – eu insisti – não precisa ficar nervoso com nada. Eu não permitiria que fizessem qualquer coisa com você.
Eu beijei seus lábios levemente e segurei seu rosto em minhas mãos.
- É apenas... esquisito saber que todos sabem – ele disse.
- Bom, nós não estamos juntos? Então é normal – repliquei.
Parecia que havia um nó no cérebro de Finn, todas as questões sobre relacionamentos o deixavam confuso, uma vez que ele cresceu sem saber direito sobre essas coisas. Eu toquei sua face com a ponta de meus dedos e fiquei o olhando.
- Você é tão lindo, Finn.
Ele sempre ficava um pouco tímido quando eu começava a elogiá-lo demais e, antes que pudesse pensar em alguma resposta, eu já estava o beijando de novo.
- Não quero que fiquemos longe de novo, Poe – ele declarou.
- Eu também não – suspirei – mas infelizmente ainda iremos nos separar até essa guerra chegar ao fim.
- É, eu sei.
Enquanto conversávamos bateu uma brisa fina e gostosa que movimentava as folhas da Árvore da Força, eu sentia o campo de energia proveniente da planta mística e uma sensação muito ruim se apoderou de mim, como se algo ruim fosse acontecer em breve. Abracei Finn fortemente.
- Eu prometo que nada de mal vai te acontecer de novo – eu disse, protetor.
- Não prometa o que você não pode cumprir, Poe – ele respondeu em tom de brincadeira.
Mas ainda assim, aquelas palavras doeram.
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