História The New Mockingjay - Segunda Temporada - Hero

- Peeta, me empresta o arco que vou dar uma flechada naquele desgraçado! – Diz Katniss quando vemos Homerus.

Ele é o comandante da sala de treinamento, e por isso adora rebaixar todas as pessoas que vão lá, não tem escrúpulos em usar armadilhas que mexam com as condições mentais e físicas de alguém. Ele está parado ao lado da porta de entrada da sala de treinamento, falando com os 5 carreiristas salvos. Quatro deles, os da equipe 4 e 6 estão usando roupas de treino, porém, Pearl usa roupas casuais, e mantém uma expressão abalada.

-Parece que os dois passarinhos saíram da gaiola – Homerus, com seu sotaque da capital, onde treinava tributos, me irrita, sua mente é doentia, não sei como aceitaram ele no 13 – Vieram treinar?

-Não, viemos fazer o jantar – Katniss o odeia com toda motivação que tem – Óbvio que viemos treinar.

Ele solta uma risada falsa.                                                 

- Estamos em manutenção, vão ter de esperar.

Suspiro longamente e me sento em um dos bancos um pouco distante. Olho para os Carreiristas, continuam parecendo ameaçadores. Fir com seu estilo militar e June com o tapa-olho e a perna robótica, Amber (Ela é algo como uma melhor amiga de Vênus, as duas competiram por Nuno nos Jogos do Amor, e parece que se conhecem desde crianças) com olhos frios, cinzentos como uma nuvem de tempestade e cabelo dourado preso em uma longa trança, e junto dela está Magnus, calmo, extremamente bondoso, corpo esguio, mas forte, olhos verdes e cabelo negro.

Pearl, com sua aparência radiante ofuscada pela tristeza em seu semblante, se senta ao meu lado.

-Tudo bem com você? – Ela pergunta.

-Acho que sim – Fico envergonhado, não posso reclamar de nada diante dela, que acabou de perder uma pessoa importante – Sinto muito por Brutus.

-Nosso casamento era uma fachada – Ela diz, sinto a tristeza carregada na sua voz – Mas mesmo assim ele era importante para mim, assim como os outros, Barry era um dos meus melhores amigos. Imagino que deve estar sendo difícil ficar sem Cato e Finnick.

- Coin autorizou um resgate a eles, que eu mesmo irei fazer, mas para isso preciso controlar Metatron.

Ela mantém seus olhos de brilho solar voltados para o chão.

-Esse tal Metatron – sua voz sai um sussurro – Como acha que conseguiu ele?

-Ainda não sei, mas acredito que tenha a ver com a Arena, desde lá eu tenho visto e sentido coisas estranhas.

Ele vira o rosto para mim, assustada.

-Isso é terrível... Acha que pode controlar esse ser?!

-É o que pretendo descobrir.

Katniss acena para mim, a porta automática da sala de treinamento começa a deslizar, e pela abertura a luz forte passa, e a cidade em escala real surge, Katniss e Vênus entram, seguidas dos Carreiristas e depois eu. O fato é que a sala possui apenas 8 metros de altura, o resto da altura é apenas uma projeção, que o formato esférico do teto ajuda a tornar real. O sol falso brilha intensamente, e o vento frio atinge nossos rostos. Homerus some ao passar por uma porta camuflada em uma parede da Arena, e dentro de algum tempo ouvimos sua voz nos microfones:

- Eu vou iniciar o sistema básico de ataque e ir aumentando a dificuldade com o passar do tempo, as armas estão disponíveis na praça principal. Darei 5 minutos para vocês se prepararem.

Imediatamente começamos a correr pela avenida principal, a cidade é um conjunto de prédios em tons pasteis, sujos de cinzas e queimados, com ruínas por toda parte. Um monumento que forma um círculo amplo de pilares com uma fonte no centro está totalmente rachado. Seguimos pela lateral da obra e dobramos em uma esquina com uma loja cheia de placas com iluminação em neon. A praça está logo a nossa frente, abandonada, árvores com galhos retorcidos assomam sobre nós, adentramos uma trilha coberta de folhas secas, passando por um lago sujo e chegando ao centro do parque, onde um grande círculo com um obelisco e uma fonte, mantém as armas guardadas. Eu e Katniss pegamos arcos, Vênus um Piolet, os carreiristas se enchem de armamentos, parece que pode se virar com qualquer objeto.

Agora vem a parte estranha, as projeções. São quase como hologramas, porém, podem ser “impressas”, sofrer e causar dano. Ainda não conseguiram usá-las em batalhas, já que necessitam de muita energia e um ponto de apoio propício, elas podem reproduzir qualquer imagem, no entanto, elas só irão existir enquanto o projetor estiver ligado. Assim que ele se desliga, elas voltam a ser pixels e se esfacelam no ar. As projeções já foram testadas em ambientes fechados e campos de batalha, são extremamente úteis para simular situações e acontecimentos, realistas, por isso elas usam elas no treinamento.

Logo ouvimos o som de passos, Amber sobe uma árvore como um gato, rápida e habilidosa, ela observa a rua com o monumento, da qual é possível acessar a praça.

-Tem 3 esquadrões de pacificadores vindo, dos 3 lados do cruzamento, alcançaram o monumento e estão vindo pra cá, cada um deve ter 50 soldados, no mínimo.

Homerus está empolgado com tudo isso, talvez esteja exagerando. Avançamos até a borda da praça e observamos a marcha, fileiras cerradas e uniformes brancos impecáveis. Katniss faz um sinal e dispara um flecha explosiva em um prédio, derrubando pedras e acabando com uma dúzia de Pacificadores. Um grupo começa a correr a frente e eu disparo uma flecha incendiária logo atrás destes, criando uma barreira de chamas, isolando o grupo menor do restante da tropa. Vênus e os carreiristas saem do meio das árvores e iniciam uma verdadeira chacina, e os disparos começam.

Um detalhe importante, os Pacificadores não usam mais armas de fogo, apenas os Blasters, são armas que disparam uma carga energética em forma esférica ou de disco. Me escondo atrás de uma árvore, preparando outra flecha.

-Por que usar essas armas tão fracas quando tem a mim.

Metatron, você tem razão, eu vim aqui pra aprender a usar seu poder.

-Deixe-me ajuda-lo, apenas se acalme e concentre-se.

Respiro fundo, retiro a aljava das costas e largo o arco, fecho os olhos, focando em me proteger, em mudar de posição. Sinto meu corpo ficar leve, como se eu flutuasse, abro os olhos e... Estou sobrevoando a Praça, a cerca de 5 metros de altura, longas asas de chamas alaranjadas se expandem em minhas costas, com plumas flamejantes e brilho intenso.

O que você está fazendo?

-Protegendo você, se prepare, siga seus instintos.

Mergulho em direção à rua, como um torpedo, meus pés tocam o chão com força, mas não sinto dor alguma. Os Blasters se voltam para mim, e realizam vários disparos, ergo os braços na vã tentativa de defesa, e um escudo esférico surge a minha volta, parecendo ser formado por milhares de pontinhos brilhantes de cor alaranjada, como as asas que... sumiram. Assim que um disparo atinge essa matéria, danificando a parede de energia, o poder de Metatron trata de reforçar o local. Da palma de minhas mãos, fios feitos dessas esferinhas brilhantes seguem até o escudo, mantendo forte. Por um momento os disparos se contém.

-Hora de contra-atacar.

O escudo se expande jogando os soldados próximos para traz, e de uma barreira esférica, passa a formar membros extras, quase como tentáculos, acertando soldados, esmagando-os. Movo as mãos e começo a controlar o corpo dos soldados, envolvendo-os com algo que parece uma fumaça alaranjada (Ou mesmo os milhões de pontinhos brilhantes), jogando-os para longe, e até mesmo partindo um ao meio. Cada movimento dos meus dedos tem uma consequência, deixando os ataques mais leves ou mais intensos.

Do outro lado da muralha de fogo, disparos se reiniciam, e o escudo surge parcialmente apenas na minha frente, me protegendo sem que eu dê ordens. O mais incrível é que esta energia laranja pode se manifestar até na forma de disparos, que eu uso para derrubar dezenas de soldados. Mas então surge o problema. Sobraram apenas 40 soldados, escondidos nos escombros, afugentados, e atrás de mim estão meus companheiros de equipe, que liquidaram vários inimigos. Como eu disse, o problema, é que a barreira de fogo começou a se apagar, e a frente do monumento, se juntou uma tropa gigantesca, com uns 400 soldados, parece que Homerus se empolgou um pouco.

-Nada que nos preocupe, mantenha o foco, use toda sua força, esse é o momento de mostrar do que você é capaz.

Minhas mãos se movem quase sozinhas, é mais um instinto que um vontade própria. Aponto-as para os prédios ao redor da tropa, me concentrando neles e no monumento, esquecendo tudo ao meu redor. As pequenas pedras que me cercam começam a levitar, e o chão treme sobre nossos pés, sinto o poder percorrer toda a extensão do meu corpo, sendo despejado em torrentes ao redor da grande tropa.

Metatron, como isso funciona?

 -Acalme-se, ficar tenso só vai piorar tudo.

Novamente, respiro fundo, e então, simplesmente, acontece. Os prédios ao redor da tropa se partiram, os pilares caíram, esmagando os soldados, que começam a correr desesperados, mas nada os deixa escapar. O desmoronamento durou quase 10 minutos e agora, a poeira está baixando.

-Vamos lá – Diz Fir, correndo a frente de todos, caminhando em meio aos escombros e sua espada desce como um raio, aniquilando os poucos que sobraram.

Os outros o seguem passando boquiabertos por mim, Vênus pisca um olho pra mim, e Katniss para ao meu lado disparando uma flecha em um Pacificador que tentava sair do meio dos escombros.

-É sério isso? – Ela me olha, fascinada – Você voou! E atirou aquelas coisas, e derrubou todos eles, destruiu uma rua inteira.

- Não sei exatamente como fiz isso. – minha voz sai pouco confiante, não sei por que, mas acho que isso não deveria o tom de voz de alguém que acabou de liquidar uma tropa gigantesca.

- E aquele escudo que você usou para nos proteger? – Katniss aponta pra a floresta.

Escudo?

-Cortesia minha, sabia que não gostaria de ver seus amigos desprotegidos.

Olho para ela de volta, absorvendo a informação que acabei de receber.

-Foi algo do Metatron, ele sente meus instintos ou algo assim.

Ela faz que sim com a cabeça e seguimos andando, chegando aos destroços do monumento, onde os outros eliminaram todos que restavam. Vênus e Amber são uma grande dupla lutando, mas ao mesmo tempo fazem uma competição para ver quem matou mais. Magnus só ataca quando é necessário, diferente de Fir e June, que fizeram uma verdadeira chacina.

- Foram muito bem, mas agora vem o principal. – A voz de Homerus ecoando no local me faz lembrar de Claudius na Arena.

A surpresa que nos foi reservada surge de uma abertura do chão. Uma esfera branca, com duas aberturas em forma de círculo nas laterais, e acopladas a elas, duas armas. A placa negra a frente tem uma luz vermelha piscando e alguns pequenos furos de onde sai um som estranho.

-Drone – Grita Fir – Abaixem-se.

A coisa começa a disparar, e seus Blasters são 10 vezes mais fortes que o dos pacificadores. Os tiros passam acima de nossas cabeças, acertando a pilha de escombros.

-Peeta, meu escudo não vai poder proteger tantos de vocês contra disparos tão poderosos.

Metatron, você está correto. Rolo em direção a um beco, e chamo todos para o local, eles vem engatinhando e se escondem atrás da parede.

-Vou atrair ele, tentem ataca-lo pelas costas. – Minha voz sai com um tom de liderança que eu não sabia ter – As armas e a placa na frente dele são suas fraquezas.

Corro em meio a rua, os disparos abrindo crateras atrás de mim, o escudo surge quando um dos tiros me atinge. A matéria alaranjada está com uma abertura e se reforma lentamente. Usando a telecinese, jogo algumas pedras contra ele, mas elas apenas o distraem. Me ergo e faço posição para disparar uma flecha, e então me dou conta... O arco ficou na praça.

Metatron, precisamos voltar até a praça, tenho de pegar meu arco.

-Isso não será necessário.

Uma grande quantidade de matéria brilhante forma um arco alaranjado e uma flecha em minhas mãos.

-Estou dando uma forma familiar para os disparos que você usa, aumentando o poder de perfuração, agora é como se você tivesse um arco.

Me concentro no Drone, ele está se preparando para disparar novamente. Disparo a primeira flecha, que sai como um fino feixe de luz laranja e acerta a abertura da arma. Quando o tiro é efetuado, a flecha o tranca e uma explosão ocorre, inutilizando um dos Blasters, mas agora meu próximo disparo acerta a placa negra em frente ao Drone, abrindo um buraco, atravessando-o de uma ponta a outra, e criando uma abertura na parte traseira da armadura branca.

Ele contra-ataca com dois tiros seguidos, o primeiro é parado pelo escudo, o segundo eu tenho de me jogar no chão para esquivar. Ele voa rapidamente em minha direção, pronto para disparar de novo, preciso sair daqui antes que...

Uma nuvem de fogo surge a minha frente, uma explosão. Metatron criou um escudo, que me manteve vivo. As chamas são abafadas pelo seu poder e então vejo, Katniss disparou uma flecha explosiva do teto de um prédio não muito alto. Os outros estão perto dela, novamente impressionados com meu desempenho. Os restos do Drone estão por todos os lados.

-Parabéns Peeta, você é um héroi.