História The New Mockingjay - Segunda Temporada - The Hanging Tree

5 - Phox Ogilbee e Thor Overwhill; 6 - Amber Spectrone e Magnus Dothraki

O brilho do sol se derramava sobre as pedras. As centenas de árvores tinham suas folhas se movendo levemente. Pilares e paredes se erguiam em ruínas, envolvido por heras, galhos e ramas, mostrando o quanto a natureza havia se recuperado. O pátio antes perfeitamente circular, agora perdera o formato original, pois das fissuras entre os tijolos brancos, irromperam tapetes de grama, pontilhados de flores coloridas. Na tela a minha frente, eu tentava captar todo esse cenário, usando os tons adequados para cada situação. Mas o foco da pintura eram Katniss e Vênus, que eu observei e tentei retratar da melhor forma possível, seus dedos entrelaçando os caules das flores, formando uma coroa. Katniss tinha uma de flores rosa sobre o colo, e vênus uma de azuis. Entre elas (Fui forçado a pintar) estava eu, usando uma coroa de flores laranja.

Cashmere e Gloss ficavam atrás de mim, sentados sobre pedras lendo alguma coisa, eles se voluntariaram para nos vigiar, o que não havia necessidade, mas talvez seja para prevenir algum problema. Katniss ficou bem abalada pois viu quase toda sua equipe ser morta. A morte de Pearl e Brutus me deixou algumas marcas, mas eu tenho uma longa lista de traumas na minha vida, então já comecei a me acostumar a coisas assim.

-É uma pintura muito bonita, um talento a se investir. – Disse Cressida.

Castor e Pollux gravavam Katniss e Vênus, quando, subitamente, a garota com a trança começou a cantar.

Você, você vem para a árvore
Onde enforcaram um homem que dizem que matou três
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
A gente se encontrar à meia-noite na árvore-forca

Seus dedos entrelaçaram dois caules, fazendo um nó, e ela olhou para uma árvore próxima de mim.

Você, você vem para a árvore
Onde o homem morto clamou para o seu amor fugir
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
A gente se encontrar à meia-noite na árvore-forca

Você, você vem para a árvore
Onde mandei você fugir para nós ficarmos livres
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
A gente se encontrar à meia-noite na árvore-forca

Nessa parte eu estava cantando a canção junto dela, mas em um tom muito mais baixo que o de Katniss, e percebo que até Vênus está me acompanhando.

Você, você vem para a árvore
Usar um colar de esperança e ao meu lado ficar
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
A gente se encontrar à meia-noite na árvore-forca

Você, você vem para a árvore
Onde mandei você fugir para nós ficarmos livres
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
A gente se encontrar à meia-noite na árvore-forca

Quando a canção terminou todos estavam em absoluto silêncio, por pouco tempo, pois o canção começou a ser repetida, não por nós, mas pelos pássaros da floresta.

- Tordos – Disse Cashmere maravilhada, que até largara seu livro para ver aquela cena.

Vênus sorria das aves, e Katniss começou a rir também, e logo depois foi a minha vez, como se fosse uma epidemia, todos nós, até Cressida, estávamos rindo, de algo que eu não sei o que era exatamente, e eu me senti muito bem com aquilo. Terminei o quadro (Na verdade, eu apenas disse isso para eles, mas senti que estava inacabado) e depois ficamos lá, olhando as coroas de flores, e conversando sobre dezenas de coisas. Até que Gale chegou, nos chamando para dentro novamente, estava na hora do treinamento.

- Você parece melhor! – Ele diz para mim, esboçando um sorriso sem jeito

-Acho que esse passeio meu ajudou. – Respondo enquanto começamos a descer para as instalações do 13.

Depois de um lance de escadas, chegamos ao elevador e este desce bastante até começar a ir para os lados, descendo em alguns pontos, e quando as portas se abrem um corredor se estende até uma bifurcação. Enquanto Vênus e Katniss, junto de gale e outros vão para o corredor a esquerda, eu sigo sozinho pelo outro. Uma porta desliza a minha frente e chego a uma sala com uma mesa no centro, e nela estão alguns cientistas da Luz, Jason, Haymitch e Beetee.

-Muito bem, agora que você chegou podemos começar – Diz este último, sua cadeira de rodas se dirigindo até um computador cheio de opções, onde ele realiza alguns comandos. – Você está pronto?

Faço que sim com a cabeça e me dirijo até a mesa, Metatron se separa de meu corpo e fica do outro lado da mesa me observando. Haymitch me observa de uma cadeira próxima a mim, sua presença aqui é só para me passar confiança. Jason vem treinar aqui também devido a sua mutação, ele retira o moletom, está usando uma blusa branca, sem mangas, com tiras finas, expondo todos seus músculos. Ele põe as mãos dentro de uma esfera branca e começa a produzir chamas, seu objetivo ali e aumentar a temperatura de seus ataques e torna-los mais potentes. O meu é controlar o Aether.

-Vamos começar com um objeto simples – Beetee fala sem tirar os olhos do computador, e um cientista pega um objeto de outra mesa – Ontem você obteve sete falhas, mas conseguiu replicar dois objetos, um grande avanço, ainda mais com o fato de que diminui seu tempo de produção.

- Peeta, você precisa manter sua mente focada no objeto, respire fundo e você conseguirá. – Diz Metatron para mim, e Haymitch confirma o que ele disse.

Um dos cientistas traz uma flecha e a põe sobre a mesa a minha frente. Estendo as mãos para a mesa e mantenho os olhos na flecha, captando todas suas características, fazendo fotografias mentais com ela.

- Estou começando – Digo e reparo em um medidor aumentando no computador de Beetee – Vou tentar fazê-la por inteiro, na horizontal.

De minhas mãos fios de Aether começam a seguir em direção a mesa, finos, brilhantes, todos com o mesmo tom alaranjado, e se junta sobre a mesa, tomando a silhueta de uma flecha idêntica à que me mostraram, fecho os olhos e percebo minha energia baixando. Mantenho em mente a imagem da flecha, e sinto ela se materializando, até que os rostos de Cato e Finnick, depois seus braços acorrentado e então a cabeça de Vênus sendo engolida, seus sangue vindo em minha direção. O som é o mesmo de quando Zeta morreu, como se um motor desligasse, e a silhueta de flecha, quase que completamente preenchida se desfaz, como se fosse uma bolha de sabão estourando.

-Droga, eu estava quase conseguindo. – Digo batendo na mesa, Jason me olha um pouco preocupado, retirando as mãos da esfera.

-Não precisa ter pressa, podemos tentar de novo, se você quiser. – Beetee ajeita os óculos e me fita por alguns segundos.

-Só me dê um minuto. – Respiro fundo e tento me focar em meu objetivo.

Coin insistiu para que eu treinasse a materialização de objetos inorgânicos e orgânicos através do Aether, depois que ela ouviu Metatron dizer que isso era possível, ficou encantada. Eu até que gosto, é um modo de eu me ocupar, e um novo modo que posso aprender a lutar. Pois de acordo com o próprio Metatron, poderei ser capaz de materializar objetos em poucos segundos depois de algum treino. Os objetos feitos de antes não materializado são úteis em batalha, flexíveis e poderosos, mas não são tão resistentes e rápidos quantos os de matéria pura.

-Vamos tentar de novo – Digo, mantendo as mãos próximas a mesa, e vejo que Jason está voltando a treinar.

-Tudo bem – Beetee vai até o computador e reinicia os processos, o medidor aumentando, começo a materializar a flecha como antes – Nível de Aether estável a 7 gramas por segundo, energia gasta mínima.

Mantenho a imagem da flecha na mente, eu sei que seu quiser salvar Cato e Finnick preciso desse poder, e por eles, eu farei isso.

- Aether está aumentando em 40 gramas por segundo – Beetee fala em um tom assustado – Está indo em rápido.

A flecha de Aether a minha frente começa a ganhar cor, totalmente negra, com exceção das penas brancas. E então os fios se separam de minhas mãos e se fixam no objeto, confirmando que eu consegui materializá-lo por completo.

-Você conseguiu – Diz Beetee – Em apenas 1 minuto e 3 segundos, é seu tempo mais curto. Se sente bem?

-Acho que sim – Digo, e sei que minha energia já baixou bastante – Posso tentar outro objeto.

-Peeta, só mais esse, irá descansar um pouco, e depois volte a treinar, suas reservas energéticas estão aumentando, mas não quero que abuse disso. – Diz Metatron.

Uma semana se passou de que fomos para o 10, e desde então tenho treinado, acho que o principal motivo de minha determinação é tudo o que vi lá. Um cientista traz uma faca e uma planta sem flores, com apenas caule e folhas.

- Acha que consegue dois objetos? – Pergunta Beetee ajeitando os óculos.

- Talvez, vou tentar.

Metatron cruza os braços brilhantes, não parecendo gostar da ideia. Mantenho os dois em mente e começo a direcionar meu Aether, a faca toma forma rapidamente, e começa a pegar a cor aos poucos.

-120 gramas por segundo, e aumentando – Diz Beetee assustado – Está indo rápido demais, talvez...

Beetee parece engasgar e sua voz sai alta e alarmante.

- 357 gramas por segundo!

Todos me olham assustados, mas continuo me focando e formando os objetos, até que finalmente sinto minha energia se esgotando, e os fios de Aether se rompem, concluindo a planta e a faca. Me apoio na mesa, Jason parou de formar chamas na esfera e me olha surpreso.

-Incrível, tudo isso em 37 segundos, nunca pensei que você fosse conseguir evoluir tão rápido.

-Obrigado! Mas acho que cheguei ao meu limite. – Digo dando um sorriso envergonhado, coisa que tenho feito nos últimos dias.

Metatron volta para meu corpo e sai logo em seguida, se dirigindo a Beetee.

-Jason, leve Peeta para a o refeitório da sala de treinamento, vamos fazer uma pausa, vou analisar os seus resultados -Fala minha segunda consciência, de modo determinado – E Peeta, lembre-se, uma hora.

Eu entendi o aviso, Metatron me disse que se ficarmos separados por mais de uma hora ele pode acabar sendo desfeito. Ele também me contou que pode morrer se for atingido por muitos danos quando estiver separado de mim. Jason e eu seguimos em silêncio pelos corredores e escadas curtas até uma sala não muito grande, onde há varias mesas. Prefiro fazer minhas refeições aqui, junto das pessoas da Luz, que vem para cá por decreto de Coin.

Me sirvo de um suco de laranja e um sanduíche natural, alimentos que agora fazem parte de nossa dieta, já que os distritos11, 10 e 9, responsáveis por 85% da produção alimentícia, foram liberados. Também estão fora do domínio da capital os distritos 8 e 7. O 6 mantém apenas a prisão sob controle dos Pacificadores Os outros ainda não começaram a ser atacados pelas forças do 13, apenas pelas revoltas populares. Jason se serve do mesmo que eu, algumas pessoas da Luz estão ali, e todas me cumprimentam com alegria. Nós dois sentamos em uma mesa de dois lugares.

-E então? – Jason me pergunta ao se sentar, sua pele morena brilhando levemente, umedecida pelo suor e esforço, já que ele estava se aquecendo a temperaturas que nunca esteve acostumado, seus músculos todos a mostra, como se ele fosse uma estátua, devo admitir que fiquei hipnotizado por alguns segundos, principalmente por ver a camiseta colando ao corpo – Tudo bem?

-Ah sim – digo piscando rapidamente uma dezenas de vezes, volta a atenção para o sanduíche e começo a abrir a caixa plástica que o envolve – Estou bem, eu acho, e você?

-Talvez – Ele diz, comprime o canudo dentro da boca e suga um pouco do suco, depois volta a me encarar – Você ainda está se culpando.

- Que pergunta estranha – digo, rindo de nervoso – Claro que não estou me...

-Não foi uma pergunta. – Ele me interrompe, sério.

Ele tem razão, sinto uma culpa enorme por ter pedido aos Sete que sua Luz protegesse Katniss e apenas ela, não sei se fui egoísta ou um amigo, é tudo tão confuso. E não consigo esquecer o fato de que Zeta usou a morte de Pearl apenas para me atrair.

- Você é mais que o Anjo em Chamas, eu o considero um amigo, e acredite, eu ainda estou disposto a seguir você, mas precisa se perdoar, precisa ser mais forte. – Jason estende a mão sobre a mesa, e buscando algum conforto eu a seguro com força, imediatamente vejo seus olhos ficarem alaranjados e então, acontece.

Outra avalanche de visões me atinge. Um meteoro, guerra, fogo, morte, e o homem de pele azulada me encarando em mio aos destroços, tudo parece embaçado, enevoado, como se estivesse sendo empurrado e desfeito pelo vento.

-Chega de mártires.

Milhares de imagens surgem, mas não consigo absorvê-las, então tento apagar tudo de uma só vez, e me vejo novamente no refeitório, Jason segurando minha mão, nada de morte e destruição.

-Você está certo – digo, puxando a mão depois de um tempo – Eu preciso ser forte.

...

POV Finnick

Nada? Ou apenas minha imaginação? O que eu sinto?

Tudo parece tão... vazio... quero voltar a sentir, quero ter Peeta e... Cato, ao meu lado, juntos, chega disso, eu não quero mais sofrer. Por que?

-Finnick Odair, você tem se saído muito bem, os testes estão em 80%, pouco abaixo de Cato. – Aquela coisa enorme vestindo armadura me encara através do vidro, um tudo cilíndrico enorme cheio de água, no qual estou preso, vários fios conectados ao meu corpo, e dá pra respirar aqui dentro – Terminamos por hoje.

Essa droga de água começa a borbulhar e baixar até entrar em pequeno buracos no chão... o que ela é? Me solto desses fios e desço da capsula, meu corpo parece mais forte depois dessas seções preso nesse tubo, mas fico muito cansado. Épsilon, o cara de armadura, vem em minha direção com roupas sobre uma bandeja plástica.

-Quem diria – Sua voz eletronicamente alterada se dirige para mim – A Capital facilitou muito para nós, alteraram vocês desde o cabelo até o pênis... também fizeram algo parecido comigo.

- O que quer comigo? – Enquanto me visto eu só quero acabar com as dúvidas – Quem é você? Por que está fazendo isso?

- O Conselho não quer que eu fale muito – ele olha para os lados – Mas o fato é que vocês lutarão ao nosso lado, por que logo Peeta se unirá e completará a vaga vazia entre os 12, já que ele e Jason mataram Zeta.

Jason? Ouvi esse nome antes... Sim, Épsilon disse que ele era um empecilho, então ele é aliado de Peeta.

- Nós não queremos despertar uma mutação em vocês – ele continua – Nós queremos torna-los super humanos- soldados perfeitos, e vejo que seus corpos parecem bem alinhados com o processo.

Olha atrás de mim e vejo Cato se vestindo também, ele está sempre se perguntando como Peeta está, e durante nosso tempo junto na prisão, temos nos conhecido bastante, o que ajuda o nosso trabalho em equipe, pois nós sairemos daqui.

-Peeta não vai ajudar vocês. – Cato fala, sua voz é viril, grave, intimidadora, ele deixou o tom brincalhão para trás.

- Veremos. – É única resposta de Épsilon antes de ele nos conduzir para a prisão novamente.

POV Peeta

-Ele não é uma arma, no começo estava tudo parecendo bom, mas olha isso, estão endeusando ele, e ele é apenas um garoto.

A voz de Haymitch está alterada. Nós o ouvimos enquanto voltávamos para a sala de treino. Jason me puxou junto dele para a origem da discussão, e ficamos espreitando pela porta. Era uma das salas de reunião, e lá estavam Effie, Plutarch, Coin e Haymitch. Enquanto os dois primeiros estavam quietos, Haymitch despejou palavras, em um tom extremamente irritado sobre Coin.

- Ele deixou de ser um garoto quando entrou nos Jogos, já tem dezoito anos, sabe o que deve fazer da vida. – Ela responde no tom calmo de sempre.

- Era para ele apenas entrar na prisão e sair de lá, mas está fora de controle. Acha que ele manterá uma saúde mental boa com tudo isso? As pessoas do 13 podem odiarem ele – Coin parece recuar diante dessa acusação – Mas lá fora eles o tratam como... como... Deus.

Deus?

-Não pode fazer isso, vai matá-lo! – Haymitch continua, irritado – Não é como se ele fosse invencível para você fazer isso. Se enviar ele nessa missão, mesmo com o apoio de tantas pessoas, ele não irá aguentar, ele não tem mentalidade para isso, ele irá morrer.

Consigo espiar uma tela mostrando dezenas de veículos estranhos, e ao lado há uma imagem das pessoas do 10 estendendo suas mãos para mim, enquanto pouso na praça. Mas se Coin é minha adversária dentro do 13, por que ela está defendendo minha decisão de ir para as prisões e ser admirado como um Deus por todos? Enquanto Jason e eu estamos nos afastando da discussão e seguindo para a sala de treino, consigo achar uma resposta. Coin quer que eu seja endeusado, e que eu vá para as prisões, pois ela me quer morto, e quando eu morrer, serei seu maior peão... um mártir. Um homem enforcado em busca das pessoas que ama.