História The Photographer - Capítulo Único.

Na primeira vez que a vi foi em pura ocasião. Estava sem emprego e procurando por um enquanto caminhava nas ruas de Crocus. Esbarrei em uma mulher alta quando ela saía de um táxi. Normalmente coisas assim acontecem diariamente e depois passam como coisas inúteis que você não lembra nunca mais na vida. Comigo não foi assim.

Há 6 meses estou trabalhando como fotógrafo em uma agência de modelos próximo ao centro de Crocus. Por uma coincidência maravilhosa, já havia feito coisas parecidas antes e não tive dificuldade nenhuma com a câmera. Na verdade, aquele objeto tinha sido feito pra mim e talvez não houvesse profissão que eu fosse melhor. Antes de conseguir trabalhar ali, fui demitido de um restaurante cujo o chefe fazia de tudo pra me ferrar e me mandar logo embora e sabe-se lá o porquê. De qualquer maneira, não poderia ter me demitido em momento melhor.

Como já dito, estava andando pelas ruas de Crocus depois de uns dias para procurar emprego, ainda um pouco frustrado pelo ocorrido de antes, afinal minha vida não era das melhores pra eu poder escolher um emprego melhor do que aquele que eu já tinha. Mas como a obra perfeita do destino, eu tinha esbarrado na mulher mais linda que eu já me lembro de ter visto. Em reflexo eu só consegui ver seus longos cabelos vermelhos voando com a ventania daquela tarde e seu rosto não pôde ser muito descrito pela rapidez ao qual ela andava. Pelo frio daquele dia, ela estava usando botas, jaqueta e lenço no pescoço; quase me fazia lembrar uma espiã daqueles filmes de ação. A única coisa colorida ali era seu cabelo de cor muito chamativa, pois as roupas eram todas escuras.

Ainda me lembrava de quando eu segui todos os seus passos até um certo prédio onde ela entrou e por puro instinto eu continuei seguindo. Não sei se estava raciocinando no momento, mas eu tentei parecer o menos notável possível e quase consegui, já que eu não podia entrar no elevador pois começaria a ficar suspeito. Esperei umas duas horas e a vi descer novamente, dessa vez com um cara que parecia nervoso.

- Me escute, Erza. Se não conseguirmos um fotógrafo até o dia da revista, então estaremos perdidos. Já pedi mil vezes para Eileen mas ela age como se não houvesse problema algum na agência. Você é minha única esperança agora! - estava sentado nos bancos de espera ''inocentemente'' e acabei conseguindo escutar a conversa da mulher ruiva que se chamava ''Erza'' e um homem loiro e de cabelos grandes, mas presos em uma espécie de rabo de cavalo e parecido com um cavaleiro medieval se não fosse pelo terno.

Dessa vez consegui notar melhor o seu rosto quando ela tocou em seus cabelos, bagunçando um pouco os fios vermelhos, ou melhor dizendo; escarlates. Ela era realmente muito linda. Sua pele era branca e seus lábios estavam cobertos pelo batom vermelho da mesma cor dos cabelos. Seus olhos castanhos também estavam bem mais realçados com a maquiagem. Quase não conseguiu escutar a voz grave da ruiva ecoando em resposta para o loiro.

- Certo, certo. Eu vou tentar arrumar um fotógrafo o mais rápido possível. Agora, Neinhart, diga para Lucy que o biquíni dela já está pronto pra ser usado. - disse, e em seguida o loiro chamado ''Neinhart'' acenou com a cabeça e sorriu, voltando na direção do elevador. Quando ela andou na direção da porta, jurei que ela havia olhado pra mim por reflexo.

Estava sentado no sofá no canto da sala dos figurinos enquanto ajustava a câmera, cansado do trabalho. Já era noite mas eu ainda estava ali, trabalhando. Ser fotógrafo não era só tirar fotos e pronto, mas isso dependia também do horário das modelos, e por mais incrível que parecesse, já era quase madrugada e eu estava ali, fazendo fotos para a propaganda de um desfile. Enquanto passava o rolo de fotos já tiradas para o lado, parei para admirar uma foto em particular; aquela ruiva que descobri do nome ser ''Erza Belserion'' cujo nome artístico era ''Erza Scarlet'' pela cor dos cabelos. Era uma modelo e uma das mais famosas no exterior. Eu também a fotografei várias vezes, e a simpatia dela com a câmera era tanta que eu sentia ser a própria câmera,  já que ela parecia olhar diretamente em meus olhos sempre que tirava as fotos. Eu também memorizava cada sorriso, cada movimento e pose que ela fazia em diferentes fotos, como a própria câmera. 

No começo era apenas para uma revista, mas Eileen Belserion gostou tanto da habilidade que me contratou oficialmente como fotógrafo de sua agência. A agência Belserion tinha modelos muito famosas pelo potencial profissional e beleza, e sua fama era tanta que frequentemente as revistas e empresários os chamavam para seus catálogos e desfiles. Erza e Mirajane Strauss eram as mais populares entre esses pedidos.

Coisas estranhas aconteceram comigo enquanto eu trabalhava ali, e tudo envolvia Erza. Mesmo que sendo indiretamente, nos encontrávamos muitas vezes em outros locais e ficávamos sozinhos a maior parte do tempo tirando as fotos ou esperando outras modelos juntos - Erza não era obrigada á ficar esperando comigo, mas ela ficava.

A coisa mais estranha até o momento foi em uma sessão de fotos em particular, quando viajamos juntos para a praia de Akane pra Erza fazer um catálogo lá, e isso incluía até mesmo fotos nua. Claro que como um fotógrafo era muito normal tirar fotos de pessoas sem roupa, mas eu me sentia estranho quando soube que seria com ela. Erza não mostrou desconforto algum, mas as coisas mudaram depois daquela viagem.

- A-Acho melhor você deitar naquela cama de bruços e colocar a franja perto do lado direito do rosto. - guiei as instruções para a pose quando ela ainda usava um roupão e só aquilo. Ela seguiu até a cama próxima a janela aberta para o mar logo a frente, com lençóis brancos e travesseiros da mesma cor. Ela tirou o roupão e o largou longe da vista da câmera e eu simplesmente não consegui ignorar todo o seu corpo nu, com apenas aquela grande cascata de fios escarlates cobrindo suas costas até próximo a sua bunda, aquela bunda.

Tentei agir normalmente quando ela deitou na cama, deixando á vista apenas a parte de trás enquanto deixava os cabelos da maneira ao qual pedi. Ela olhou séria para a câmera quando percebeu que já era a hora, e eu me concentrei nas fotos. Pedi a mudança de pose diversas vezes, cobrindo seu corpo com o lençol e das maneiras para não mostrar tudo, de forma que ficasse sensual. Lá no fundo pensava que de qualquer maneira ela ficava sexy, mas já demonstrava isso quando quase babava em todas as fotos.

No fim do trabalho, ela pegou seu roupão e o vestiu, mas não foi embora. Eu a encarei com uma expressão de dúvida, mas ela apenas se aproximou e sorriu, antes de me deixar sem qualquer pensamento racional ao selar nossos lábios.

No começo cogitei se devia mesmo corresponder ou me afastar, mas é claro que optei pelo lado de continuar a sentir aqueles lábios doces e macios aos meus, e não só sentir aquilo como aproveitar o gosto de toda a sua boca também. De um simples beijo ela me empurrou para aquela mesma cama onde fez as fotos e retirou aquele roupão, deixando a marca daquela viagem inesquecível.

Eu nunca entendi exatamente o que aconteceu ali, mas na realidade eu estava muito feliz também, mesmo tendo aquelas dúvidas. Ela se afastou depois daquela viagem e apenas nos encontrávamos para as fotos e nada mais. Nossos encontros e conversas pararam de acontecer e eu não a vi mais sorrindo tão intensamente pra câmera. Depois de tantos dias com aquele clima pesado, desisti de tentar me manter firme naquela situação e decidi conversar com ela. Depois de vê-la saindo do escritório de Eileen, seus olhos se encontraram com os meus e aquele contato visual pareceu durar horas antes dela desviá-lo e se virar para o lado contrário do meu.

- Erza, espere! - gritei de início sem pensar, mas ela imediatamente parou os passos onde estava. Não havia ninguém no corredor, exceto se contar com a Eileen que estava em seu escritório ao lado.

- Estou ocupada. Tenho que ir. - respondeu ainda sem se virar, mas a interrompi para impedi-la de continuar andando.

- Por que você anda me evitando desde a viagem? Por que? Se foi você quem começou tudo, não seria mais fácil me dar uma explicação? - me aproximei e toquei seu braço para fazê-la se virar, e ela não fez nenhum esforço para se manter no lugar, se virando e fazendo o possível para não me encarar nos olhos. - Olhe pra mim, Erza.

Ela continuou em silêncio e com o olhar baixo, mas puxei seu queixo na direção do meu rosto e eu senti seu corpo tremer um pouco com a ação.

- M-Me desculpe...- tentei repor a ação, e ela pareceu achar engraçada a situação, já que um sorriso passou rapidamente pelos seus lábios.

- T-Tudo bem. Você merece uma explicação, você está certo. - ela suspirou, me encarando fixamente nos olhos e embora parecesse querer se afastar por conta dos nossos corpos estarem muito próximos, ela se manteve ali. A coloração em suas bochechas era notável, e eu sentia as minhas bochechas queimarem também.

- Jellal, quando eu te chamei para trabalhar na agência como fotógrafo, inicialmente eu estava mais atraída por você e não pelas habilidades com a câmera. Eu podia estar afundando a agência da minha irmã, mas algo em mim dizia que você tinha que estar perto de mim. Estava sendo complicado me afastar e eu apenas não me afastei. - ela tomou fôlego pra continuar falando, parecia muito nervosa por estar dizendo as coisas ali em frente ao escritório de sua irmã e no meio do corredor onde qualquer um poderia aparecer. - Acho que você notou que eu estava por perto até quando não devia estar, e nessa viagem eu convenci a mim mesma de que iria me declarar, mas saiu tudo do jeito errado. Eu te beijei e...bem...- ela parecia tentar achar uma palavra menos imprópria para o momento, mas simplesmente pulou a parte. - eu não consegui te olhar mais depois daquilo. Me senti culpada por te fazer de idiota todo esse tempo, mas eu estava tão confusa que nem eu mesma entendia o que eu tinha feito e porque eu fiz. Eu só sei que meu coração bate forte sempre que estou perto de você, que me sinto bem sempre que estou do seu lado e que você me traz felicidade quando olho pra você. Não consigo olhar só pra câmera quando você tira minhas fotos, eu sempre estou olhando pra você e sorrindo pra você naquela expectativa de que você tivesse notando, mas ao mesmo tempo não. Não queria trazer problemas pra você sem ter noção do que eu sentia. Mas agora eu entendo o que eu sinto.

O silêncio prevaleceu naquele corredor por vários minutos, mas isso aconteceu por eu não saber exatamente o que dizer depois daquela declaração indireta dela. A declaração da mulher ao qual eu nunca consegui tirar os olhos desde que conheci, a mulher que me fazia ter sentimentos e reações estranhas, a mulher mais linda que eu já vi. Erza Scarlet era um enigma para o meu coração. Eu ainda estava descobrindo cada parte dela.

[...]

Meses se passaram desde aquela tarde em que Erza Scarlet se declarou para mim de forma não tão clara sobre seus sentimentos. Meses que se foram desde o primeiro beijo oficial que trocamos desfrutando de nossos sentimentos correspondidos, e dias ao qual tiramos a primeira fotos juntos, uma foto como qualquer pessoa normal tiraria. Uma foto com os sorrisos mais puramente felizes, uma foto emoldurada e colocada na estante do meu quarto, onde agora eu descansava com uma mulher de lindos cabelos vermelhos sobre meu peito.