Incrível como certas coisas em nossa vida aconteciam de uma hora para outra. Tudo era muito complicado onde eu vivia, principalmente pelo fato de que eu não era visto como totalmente humano pelas pessoas que se auto denominavam normais.
Eu tentava me ver um humano normal assim como qualquer outro. Apenas um cara de 20 anos que tem as mesmas vontades e gostos de qualquer pessoa. Que ri, chora, e por muitas vezes quer ser considerado "normal" e não precisar esconder o que realmente é para conseguir viver em sociedade.
Depois que entrei para a organização, finalmente consegui me sentir normal e aceitar o fato de que eu poder ficar invisível não me tornava uma aberração como pensava e sim uma pessoa que recebeu uma dádiva do universo. Só queria que o resto do mundo também pensasse assim, mas como sempre nem tudo que queremos podemos realizar.
- Joon, tem certeza que estamos indo no lugar certo? Às vezes aquela coisa pode ter errado o endereço. - Suga Hyung disse, parecendo meio impaciente.
- A Sara nunca erra nada, Suga Hyung. - Namjoon hyung respondeu, sereno.
- Eu não sei porque você deu nome praquela coisa que localiza pessoas como a gente. Ela é uma máquina, não uma pessoa. - Suga revirou os olhos.
- Acho que é aqui. - falei, parando em frente a um prédio meio acabado. - É esse o endereço, certo?
- É esse mesmo, Jungkook. Eu já posso até sentir a energia diferente. - murmurou Namjoon.
- Certo. Se é aqui mesmo, como vamos passar pela portaria? - Suga perguntou e no mesmo momento o Namjoon fez uma cara de "você está brincando comigo, não é?".
- Acho que você anda conversando muito com o Tae e tá pegando a leseira e falta de noção que ele tem. - ele respondeu e entramos no prédio. Paramos na frente do porteiro.
- Boa tarde, posso saber em qual apartamento vocês irão para poder interfonar? - o senhor nos interrogou, simpático.
- Vamos no 230. - respondeu Namjoon.
- Certo então, vou interfonar para os Irwin's. - ele concordou, mas de repente parou de se mexer e olhou um pouco assustado para Namjoon.
- Não será necessário interfonar, eles sabem da nossa vinda. Apenas continue o seu serviço. - Namjoon olhava fixamente para o porteiro que assentiu e voltou a fazer seu trabalho; que era vigiar as câmeras de segurança, provavelmente fingindo estar prestando atenção.
- Eu nunca vou me acostumar com isso. Ver você controlando a mente das pessoas é muito estranho. - sussurrou Suga ao entrarmos no elevador.
- Eu acho legal. - dei de ombros.
- Se a garota que vamos recrutar agora for legal, você pode pedir pra ela te hipnotizar e aí você se acostuma a me ver controlando a mente das pessoas quando é necessário. - Namjoon retrucou, e eu dei uma leve risada.
- Não precisa.
O elevador abriu. Chegamos em frente a porta do 230 e Namjoon tocou a campainha. Não demorou nada até ouvimos a porta sendo destrancada e em seguida, aberta, nos dando a perfeita visão de uma garota meio baixa de olhos verdes e brilhantes.
Não tem muito tempo que eu faço parte da equipe de recrutamento, mas gostava de ser uns primeiros a conhecer possivelmente novos companheiros mesmo com um pouco de peso na consciência por estar os tirando de sua zona de conforto e levando para um treinamento de combate para algo incerto. Às vezes até eu mesmo me pegava pensando se realmente fiz a coisa certa de ter entrado para a organização; até hoje ainda tinha minhas dúvidas.
- Posso ajudar?
- Olá Eveline, eu sou Kim Namjoon e esses dois são Min Yoongi e Jeon Jungkook. Viemos aqui para te fazer uma proposta.
- Eu devo ficar assustada com o fato de vocês já saberem o meu nome? - ela indagou, o semblante assustado. - Quem são vocês?
- Não precisa ter medo, não vamos machucar você e nem o seu irmão. - Suga fez cara de tédio.
- Como vocês sabem que eu tenho um irmão? - Eveline parecia cada vez mais aterrorizada.
- A proposta não é só para você, é para o seu irmão também, me desculpe por não mencionar isso. Nós sabemos que os dois possuem um dom. Só ouça a nossa proposta e se no caso recusar, nunca mais nos veremos. Fique tranquila. - Namjoon assegurou, dando um sorriso. A garota suspirou, mas em seguida fez um sinal para nós entrarmos em seu apartamento.
Ao ouvir a porta sendo fechada atrás de mim, tentei esconder o nervosismo que sempre existia em situações onde tínhamos que convocar outros com a mesma situação que a nossa. Era estranho pensar que de certa forma, estávamos retirando pessoas de seus lares e as colocando sob nossa vigilância. Tudo o que elas eram ou seriam de agora em diante seria nossa responsabilidade, o passado nada mais do que um momento vivenciado e distante.
O lugar era pequeno e aconchegante, uma familiaridade distante de uma casa que nunca tivemos com alguns moveis, cômodos com portas trancadas e um ar viciado e morno de mofo. A garota nos encarava com receio e desconfiança. Preferimos ficar de pé, com certeza não soando apropriado perguntar a ela se poderíamos nos sentar ou beber ao menos um pouco de água.
- Ashton, vem aqui agora! - gritou e logo um homem jovem com a mesma cor dos olhos de Eveline saiu de um quarto, com o semblante confuso.
- Evy, quem são esses japoneses?
Suga ao ouvir a pergunta soltou um suspiro, revirando os olhos. Não sei como ele ainda fica incomodado com isso, não é como se essa confusão com o nosso pais de origem fosse algo que nunca acontecesse.
- Japonês? Esse cara só pode estar de brincadeira comigo, não é?! - resmungou em coreano para nós.
- Suga hyung, pare de agir como uma criança impaciente e volte a falar em inglês, antes que eu seja obrigado a controlar sua mente e te fazer bater em si mesmo. - respondeu Namjoon, também em coreano.
- Então, eu acho que seria melhor se vocês começassem a dizer o porquê de estarem aqui. - disse Eveline enquanto o seu irmão continuava nos encarando de um jeito esquisito. Tive vontade de rir, mas me contive.
- Fomos enviados aqui para recruta-los. Somos de uma organização que protege pessoas como nós e recebemos de tudo do bom e do melhor. Roupas, abrigo, comida e treinamento. - Namjoon começou a dizer, mas foi interrompido por Eveline.
- Treinamento? Mas treinamento pra que?
- Estamos sendo caçados pelo governo e mantidos em cativeiro. Não sabemos ao certo o que fazem com pessoas como nós, mas temos certeza de que não é bom. Quando você é capturado por eles, é como se você parasse de existir. Eles não deixam nenhum vestígio seu, você some em todos os sentidos. - respondi, e percebi ela estremecendo.
- Vocês correm perigo aqui. - Suga assumiu a fala. - De uns tempos pra cá, as capturas estão mais frequentes, e estamos nos desdobrando pra conseguir ir atrás de gente como nós antes deles.
- Como podemos confiar em vocês? - era o garoto questionando. - Quem não garante que não é vocês que são do governo? Isso pode muito bem uma armadilha.
- Não somos do governo. Até porque se fossemos; acredite, a última coisa que faríamos seria chegar aqui sem uma abordagem bruta. - comecei. - Eles não são bonzinhos. Estamos apenas dando a oportunidade de se protegerem e ajudar a pessoas como nós. Vamos lutar até o último segundo para sermos aceitos em sociedade. Não somos uma ameaça, só queremos ter os mesmos direitos que os outros.
Eveline me olhou e deu um sorriso doce de quem estava começando a confiar. Um lindo sorriso por sinal.
- Vocês chegam aqui do nada dizendo que tem dons como eu e minha irmã e nos oferecem coisas para nós se juntarmos a vocês, mas não nos deram o mais importante: a garantia de que vamos sair vivos dessa. - ele insistiu.
- Se vocês ficaram aqui a morte estará até com hora marcada se duvidarem, pelo menos com a gente vocês tem um tempo maior de vida; porque de qualquer forma, todos nós vamos morrer um dia. - Suga continuava dizendo tudo de maneira entediada. Ser gentil e amigável definitivamente não era seu forte.
- Suga hyung, pra que isso? Você vai assusta-los mais ainda, pelo amor de Deus. - bufei, o repreendendo em coreano.
- Eu só estou sendo realista. - ele deu de ombros.
Revirei os olhos.
- Eu nem sei porque te chamo de melhor amigo.
- E então, o que vocês dois vão decidir? Aceitam ou não? - Namjoon retomou, nos ignorando.
- Eu aceito. Não tenho nada a perder mesmo. - disse Eveline. O jeito dela me fazia querer sorrir.
- Se você for, eu vou. Eu fiz uma promessa aos nossos pais de sempre cuidar de você e eu vou cumprir. - seu irmão garantiu.
- Então, bem-vindos a organização.
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