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História The Protest - Controller


Escrita por: cabellovip

Notas do Autor


Olá pessoas! Então... Eu sou uma pessoa que sempre gostou de escrever, e ler. Constantemente eu crio algumas historias por ser um tanto criativa mas, nunca tive coragem para escrever nada publico assim, porém, há algum tempo venho pensando em colocar umas ideias em uma fanfic, e aqui estamos. É uma fanfic que trata certos temas, como sou criativa espero passar uma mensagem positiva e surpreendente o suficiente para fazer vocês ficarem comigo até o final.

Enfim, espero verdadeiramente que gostem, estou aberta a criticas e elogios então, me digam o que acharam ok?!
Obrigada!(:

Capítulo 1 - Controller


I tried to write your name in the rain, but the rain never came so I may with the sun the shade always comes at the worst times...

A melodia desconhecida por mim ressoava em um volume considerável o suficiente para não ser incomodo. Já passara das 3:00PM, eu estava apenas no meu habitual café em minha cafeteria favorita desde que havia me mudado a 6 anos atrás. Parece muito tempo para ter somente uma cafeteria favorita em uma cidade tão grande como New York?

Sim, talvez. Mas eu sou assim, exatamente e minimamente acomodada, minha maior qualidade é o controle, gosto de ter controle de tudo que eu assumo seja pessoal ou profissional, gosto de me acostumar com uma situação para que eu possa resolve-la caso algo saia do meu controle. Meu pai dizia que isso era mal de advogado, eu particularmente diria que isto é mal de Camila Cabello.

Ah, e não pensem que eu não visitei outras cafeterias, eu o fiz, só achei que está em especial tinha mais a ver comigo. 

-Srta. Cabello, deseja mais uma xícara? –A voz da garçonete cujo o nome era Jeniffer me questionava em tom calmo naquele momento.

-Por favor... –Disse, apenas estendendo a xicara focando nos papeis que estavam em minha mão esquerda, sem ao menos olhar a jovem que estava a frente de minha mesa, não era necessário contato visual, então eu não o fiz. Ela recarregou minha xicara com o liquido quente e se pôs a caminhar para realizar outros atendimentos.

Senti o gosto quente e amargo quando levei o liquido a minha boca, estava exalando uma leve fumaça que eu fiz questão de inalar.

Hum, exatamente do jeito que eu gosto, quente e amargo.

Fiquei ali pelo que pareceu 25 minutos, então decidi arrumar alguns papeis na minha pasta, e guardar meus pertences em minha bolsa. Me levantei deixando 20 dólares para pagar as 3 xicaras de café consumidas ao longo de minha estadia no estabelecimento, sei que 20 dólares era mais que o suficiente, mas gosto de pensar que a jovem Jeniffer pegava o restante para servi-lhe como gorjeta.

Do lado de fora ainda na mesma calçada da cafeteria, não deixava de me assustar com o barulho intenso do centro de New York, uma diferença enorme de poucos minutos atrás quando eu ainda me encontrava sob as melodias calmas e os vidros fechados da cafeteria.

Fiz sinal para um Taxi que passava no local e agora dentro do veículo, o motorista me levava em direção a 42nd street, estava observando o transito que nesse momento era lento, muitos congestionamentos, típico de New York, até ouvir o barulho do toque do telefone em minha bolsa. Retirei o aparelho e já em minha mão hesitei sobre atender ou não após ver o nome no visor, pois eu já sabia do que se tratava.

-Kaki, Kaki! Você pode me buscar hoje? Papai vai trabalhar o resto da semana inteirinho na construtora e ele mesmo disse que seria bom passar um tempo com você. –Minha irmã desandou a falar assim que apertei o "deslize para atender" em meu telefone.

-Boa tarde para você também Sofia. –A repreendi antes de começar a responde-la, tenho certeza que ensinei bons modos a essa menina.

-Boa tarde Kaki, então, o que me diz?! –Ansiedade era evidente em seu tom de voz.

-Sofia, pra que vou busca-la em plena quarta-feira? Você não tem escola? Você sabe que eu estou lotada de trabalho. –Falei tentando não soar rude. Eu não queria ser dura com ela, adoro passar um tempo com minha irmã, e estava com saudade, mas o momento era inoportuno, não havia chances de eu suspender qualquer processo para estar com a pequena. Eu arco com meus compromissos.

-Sempre muito trabalho... –Ouvi chateação em seu tom de voz. -Serão só 2 dias de falta, eu poderia pegar o voo sozinha após sair da escola na quarta-feira à tarde.

Suspirei ao ver suas tentativas de me vender a ideia de que trazê-la para New York não seria tão complicado. Desviei o olhar para o taxista pelo retrovisor do carro, o mesmo parecia concentrado no transito a frente.

-Por que eu não te busco no final de semana?

-Pare de desculpas Kaki, no final de semana você vai inventar outra coisa e novamente seremos eu em Miami e você em New York conversando pelo Skype ou iMenssage.

Jesus. Ela estava mesmo irredutível.

Eu admito, faltava com minha irmã muitas vezes. O que eu não me orgulho de admitir.

Eu morei com meu pai e Sofia em Miami até os meus 17 anos, minha mãe faleceu um ano depois de imigrarmos do México para os EUA. Ela faleceu por conta de uma bactéria no estomago e negligencia do hospital e médicos, percebi que naquela época, eles mantinham muito preconceito com imigrantes, fazendo de tudo para atrasar tratamentos e não tratando os pacientes com o devido respeito e cuidados merecidos. O próprio hospital americano mandou uma nota dizendo que "fizeram tudo o que podiam por Sinuhe Estrabão mas seu estado estava em um nível avançado e o tratamento estava fora de alcance."

Lembro-me até hoje dos dois médicos que cuidavam do caso dela, seus rostos de "Era só mais uma Cubana qualquer." Meu pai e eu ficamos desolados e desacreditados com a situação, Sofia nem ao menos sabia do que se tratava pois, tinha apenas 1 ano de idade, eu tinha 12. Passei 7 anos da minha vida cuidando dela e dando suporte a meu pai que trabalhava com construção civil para sustentar a mim e minha irmã, eu estudava e levava Sofia para estudar. Éramos uns cuidando dos outros.

A injustiça não deu em nada, como acontece com muitos imigrantes, não dá em nada. Você precisa se conformar com os maltratos recebidos, os preconceitos e as injustiças.

Mas eu não era assim, embora muito nova quando tudo ocorreu com minha mãe, eu sabia do diferencial em conhecer a justiça e as leis. E foi assim que cresci, com o pensamento que não me conformaria em passar a vida sem saber o que eu tenho direito ou não, a forma de agir, em qualquer questão, em qualquer área, não só em questão de imigração, mas também como cidadã.

Foi assim que na véspera do meu aniversário de 18 anos, eu ganhei uma bolsa e fui aceita na Universidade de Direito de Nova York. Embora fosse uma enorme mudança, sair de Miami para uma distância considerável de meu pai e minha irmã que na época tinha 6 anos de idade e sempre contou comigo para tudo, eu iria me jogar de cara em um lugar antes totalmente desconhecido por mim.

Porém, meu pai insistiu que era o melhor a se fazer, que se eu tivesse sonhos e medos, meus sonhos deveriam ser maiores que os meus medos.

 "No piense mi hija apenas salte." Quando eu tinha medo, essas palavras que ele me disse antes de embarcar rumo a New York sempre ecoavam em minha mente "Não pense minha filha, apenas pule."

E foi assim que eu pulei, passei 2 anos na faculdade sem visita-los pois não tinha dinheiro suficiente para comprar as passagens Miami-NewYork que não eram baratas. Meu pai havia conseguido estabilidade financeira, mas, não poderia arcar com as despesas de passagens também, já havia contratado uma pessoa para cuidar de Sofia e de todas as necessidades dela enquanto ele estivesse fora.

 Logo após esse período, eu havia conseguido um estágio em um escritório de advocacia perto na NYU e com todas as economias possíveis que eu juntava comecei a tentar visita-los com mais frequência. Sofia sentia muito minha falta, mas eu tentei ao máximo suprir suas necessidades. Quando estabilizei no emprego depois de formada, ajudei meu pai a coloca-la em um dos melhores colégios de Miami. Visitava-os quase todos finais de semana, o que não acontece mais com tanta frequência assim. Porém, com emprego em New York e uma vida adaptada aqui, retirei da minha lista de prioridades voltar a morar em Miami, mas trago Sofia para ficar comigo sempre que posso e até mesmo meu pai quando ele deseja.

E assim, voltamos a insistência de minha irmã...

-Sexta-feira, eu prometo! Compro as suas passagens hoje e te mando as fotos por mensagem, quero mesmo você comigo esse final de semana. Sinto saudades. Se concentre nas notas boas, e te trago para passar as férias aqui comigo. –Disse, pagando o taxista e saindo logo após estacionarmos em frente ao prédio do TDPNY (Tribunal de Defensoria Pública do Estado de Nova York).

-Também sinto saudades. Eu te amo Kaki. –Ela disse despedindo-se.

-Eu também te amo, minha princesinha.

Era isso que eu amava em minha irmã, a conexão que mantínhamos, mesmo eu sendo 12 anos mais velha que ela, e ela estar na flor da pré-adolescência com seus 14 anos, ela nunca fora rebelde ou muito menos me acusou de ter a abandonado, sempre foi amiga e compreensiva. Nós tínhamos um relacionamento incrivelmente saldável.

E com a ligação finalizada, eu estava subindo pela escadaria do Tribunal para passar pelas enormes portas de madeira, tentando me manter equilibrada ao retirar o aparelho celular de meu ouvido e ao mesmo tempo levar pasta de documentos em uma mão e bolsa em outra.

Eu já fui muito desastrada, mas hoje posso ser considerada uma heroína.

Qual é, vocês já viram uma mulher se equilibrar com tudo isso e ainda por cima calçando seus melhores scarpins pretos do jimmy choo?!

 

Eu estava de volta depois de um longo horário de almoço em minha sala no TDPNY. Por incrível que pareça eu adoro essa sala. É relativamente media, mas possui tudo que eu necessito para trabalhar, tem uma decoração moderna em tons creme, as enormes gavetas de arquivos lotadas de processos do lado direito da sala não negam o quão ocupada eu sou.

Passou pouco mais de uma hora desde que eu havia retornado, agora o relógio na parede marcava que eram 5:30PM.

Eu estava terminando de digitar uma carta de defesa ao júri de São Petersburgo, e meus planos para essa noite de quarta-feira se consistiam em ir para meu apartamento, trabalhar mais um pouco em meu escritório pessoal, tomar um bom banho e depois dormir.

Ouvi batidas na porta, e antes mesmo que eu pudesse responder, minha sala foi invadida.

-Eu posso saber onde é que você se enfiou a tarde inteira? –A voz exasperada cortou o silêncio.

-Almoço, cafeteria, taxi, transito, aqui. –Disse tudo nessa exata ordem, para que entendesse sem ao menos a olhar, continuei digitando em meu computador.

Ouvi som de passos em minha direção e a ouvi bufando, após ir se sentando em uma das cadeiras que tinha em frente à minha mesa.

-Você é a única maluca que depois de almoçar vai de um lugar para outro só para tomar café. –Dessa vez eu tirei a atenção de meu computador e a olhei com os olhos semicerrados enquanto entrelacei meus dedos, e apoiei as mãos em meu queixo apenas esperando que ela prosseguisse.

-Preciso de um favor seu...

Estava demorando.

Essa era Dinah, a cavaluda mais chique do mundo sentada em minha frente. Ela trabalha comigo na Defensoria Pública a quase um ano, mas, eu a conheço a mais de 5 longos anos. Nos conhecemos na faculdade para ser mais exata, embora fossemos de períodos diferentes, isso não nos impediu de nos tornarmos fiel amigas.

Dinah sempre se mostrou uma pessoa além de competente, companheira. Ela também enfrentou muito para estar em New York, deixou sua família para trás em Santa Ana, na Califórnia e veio estudar na NYU. Diferente de mim, ela é advogada de acusação, e se estão se perguntando o que ela está fazendo trabalhando em um tribunal de defesa, a resposta é que ela está fazendo pós-graduação em defesa civil.

-Desembucha... –Falei, mas mantive o bom humor, ela provavelmente queria que eu pegasse algum cliente que ela não queria atender. O que eu não hesitaria muito em fazer, afinal, Dinah já havia me quebrado tantos galhos.

-É que eu tenho um encontro hoje com um cara chamado Frank, eu conheci ele num desses aplicativos e antes que você vá falar algo, eu marquei o encontro em um local público.

Ok isso é um pouco diferente do que eu imaginei...

-E onde eu entro nisso? –Perguntei, mas não vou mentir que estava com medo de onde os rumos da conversa estavam indo.

-Camila por favor, não se faça de boba, é que ele tem um amigo, e eu queria que fosse comigo. –Ela disse entre dentes, as palavras saíram mais para dentro do que para fora, e se não fosse nossa aproximação eu diria que seria impossível que eu a ouvisse.

-E o que te faz pensar que eu vou a um encontro com um cara que eu nem sequer conheço. –Disse incrédula. Ela não estava me propondo isso.

-Walz, por favor. –Ela disse em tom suplicante, usando o apelido que havia me colocado quando estávamos ainda na universidade, agora estava usando golpes baixos. -Além do mais, quando foi que eu te pedi favores?!

-É pra eu começar a listar agora mesmo? –Falei sorriso de canto, pude vê-la revirando os olhos para continuar a falar:

-O rapaz é bonito, ele é latino assim como você, eu sei reconhecer um homem gostoso quando vejo um Camila, tenho certeza que você vai gostar.

-O que te faz pensar que eu estou desesperada para encontrar alguém Dinah? –Disse com a voz um pouco elevada, esse assunto já estava me cansando.

-Camila qual é?!  Quando foi a última vez que você transou com alguém? Já faz mais de 6 meses que você terminou com aquele seu namoradinho Canadense e eu não vi você saindo com mais ninguém depois, na verdade você saiu com um ou dois caras, mas não me lembro nem se você levou algo adiante.

-Eu levei, com o Henry, se você não lembra saí várias vezes com ele. Mas por fim você venceu, eu vou. –Eu disse simplesmente me recostando na minha cadeira e massageando as têmporas com os dedos, essa conversa com Dinah já havia me cansado.

A mesma arregalou os olhos como se tivesse tomado um susto pela minha mudança de humor repentina, parecia não acreditar que eu tinha concordado. Aposto que ela já estava preparando o próximo argumento caso eu continuasse apresentando resistência a sua ideia de encontro duplo.

-Você não vai se arrepender. –Disse se levantando e de costas caminhou até a porta. -Ás 9:00PM em frente ao The Attic Rooftop & Lounge. Sei que você sabe aonde é, não se atrase.

E saiu batendo a porta, olhei suspirando para o relógio, agora marcava 6:35 PM. Minha conversa com Dinah havia sido tão longa assim?!

Melhor eu ir embora ou realmente me atrasaria, o transito de New York não era muito favorável.

Decidi terminar a carta ao júri amanhã. Fechei tudo inclusive minha sala, coloquei meu sobretudo na cor vinho pois, não arriscaria sair pelas ruas de Nova York em pleno inverno com temperaturas de 3°C; e agora estava indo para meu apartamento me aprontar para o tal encontro. Eu iria a pé, fazendo caminhada no frio e sendo banhada pela lua. Eu morava a 1,5 KM de distância do Tribunal, o que é mais ou menos 15 minutos de caminhada, sei que esse tempo se dobraria se eu fosse esperar por um taxi considerando o transito caótico de Nova York, e caminhar faz bem, sou uma amante dos exercícios e qualidade de vida, sempre corro aos sábados no Parque.

Você deve estar se perguntando como uma jovem que era relativamente pobre agora possui um apartamento bem na metrópole de Nova York e a resposta é: Comprei com o dinheiro de uma causa ganha.

Foi minha primeira grande causa ganha, eu processei uma marca de creme dental, ou pastas de dente, chame como preferir. Foi pouco tempo depois de me formar. Eu tive uma enorme alergia, minha cara ficou enorme e cheia de bolhas tudo por conta de um ingrediente que eles deixaram de adicionar no lote de pastas que eu tive a má ou boa, sorte de comprar. Fui minha própria advogada de acusação, assim ganhei a causa e por conta do que me aconteceu a indenização foi um tanto quanto gorda.

Já faz quase 2 anos, mas eu me lembro até hoje, a primeira coisa que pensei foi ter estabilidade então comprei o apartamento, e mobilhei. Não é grande, possui apenas um quarto, cozinha americana e sala, mas é todo branco com moveis claros, piso amadeirado, tem um mini escritório pessoal dentro do quarto, tudo moderno e com plantas, eu adoro plantas.

 Eu morava de aluguel em um apartamento que dividia com Dinah e Anna, outra amiga de faculdade, mas não nos dávamos muito bem, diferente dela e de Dinah que se dão bem até hoje.

 Quando adquiri meu apartamento próprio, chamei Dinah para morar comigo, disse que dividiríamos só as despesas básicas e sairia bem mais em conta para ela, porém a mesma não aceitou, disse que estava muito feliz por mim mas, alegou que não achava justo da parte dela com Anna pois tinham um acordo e não se sentiria bem morando de "favor" comigo. Eu apenas a entendi, insisti um pouco, mas quando vi que ela se estava irredutível, eu aceitei o fato.

 

Após ir para casa me arrumar, estou aqui, parada feito um vegetal na porta desse bar. O pequeno relógio de pulso que eu usava para complementar meu vestido de mangas longas cor branco marcava que eram 9:05PM. Eu não acredito que a Dra. Dinah Jane me deixou plantada aqui. Para piorar, ainda tem uns caras que não se colocam no devido lugar deles e ficam me dando cantadas.

Vontade de processar todos no artigo 216-1, assedio.

Eu só aceitei esse encontro mais por insistência, sei que ela não me deixaria em paz até aceitar. Odeio quando ela começa a falar da minha vida amorosa. Sei que não é das melhores, para ser sincera eu namorei 2 vezes de verdade em toda minha vida, uma vez eu ainda estava na faculdade, era um cara totalmente idiota, não sei como mantive um relacionamento de quase 7 meses com ele.

Tive alguns encontros, mas foram coisas totalmente banais, teve um cara chamado Henry ele era Alemão, eu sai com ele umas 6 ou 7 vezes, dormi alguma vezes, mas não passou disso.

 Acho que nunca amei de verdade, não sou uma pessoa bloqueada, nem tenho nada contra o amor, e realmente fui apaixonada pelo meu último namorado Shawn, não era uma paixão daquelas que a gente ouve por aí, mas ainda assim era uma coisa legal, porém ele foi embora para o Canada e eu achei que a melhor opção era terminar, não iria para outro pais, não voltei nem para Miami exatamente porque estava adaptada a New York.

Não vou dizer que não tenho vontade de ter alguém, parte de mim quer acreditar que eu estou aqui plantada na noite fria esperando alguém que eu nunca vi na vida para fazer um favor a minha amiga, mas no fundo, eu sei que parte de mim está aqui porque quer uma chance de conhecer alguém legal. Eu sempre fui admiradora do amor, acho que amar faz bem.

Na verdade, amar e ser amado é uma coisa incrível, única. Na minha adolescência eu era um tanto desesperada para ter alguém, me sentia sozinha sem minha mãe e longe da minha família, vivia a procura de um namorado, meu erro foi sempre idealizar o cara perfeito, até que quebrei a cara e entendi que não existem pessoas perfeitas, mas não me amargurou ou me afetou em nada, eu apenas fui amadurecendo com o tempo e entendi que quando fosse para ter alguém, eu teria.

Eu não fujo do amor, não estou desesperada, mas eu gostaria muito de ter o prazer de amar e ser amada. Sei que sou jovem, nos meus 25 anos já tenho dois empregos, um apartamento, uma carreira em construção. As vezes gostaria de ter alguém para compartilhar as coisas boas e ruins da vida.

Então amor, eu não estou fugindo de você, só talvez não esteja por aí te procurando, mas sei que quando for, você vai me achar.

E espero que me ache mesmo, seria um saco morrer sem saber o que é amar alguém.

 

Depois de olhar no relógio e ver que já marcava 9:40 PM, esse foi o meu limite. Sem sinal de Dinah, ou de qualquer pessoa que usasse aplicativo de encontros, eu entrei no primeiro taxi que passou e pedi para voltar ao meu apartamento.

Não resolvi nada que iria resolver, graças a Dinah que além de marcar um encontro em plena quarta-feira, ainda me deixou esperando sem satisfações alguma. Era iria me pagar.

Passei pela portaria dando boa noite ao zelador e logo após sair do elevador me joguei em minha cama incrédula com a falta de compromisso de Dinah. Mas ao mesmo tempo preocupada, ela não era de fazer isso, e se ela mentiu e marcou em outro lugar antes com o cara e ele a sequestrou? Por Deus, ela não seria tão estupida.

Decidi tomar um banho após ter passado o jantar inteiro pensando em processos misturado com se Dinah estava bem. Lavei a louça que eu mesma sujei com minha lasanha congelada e fui para o chuveiro para tentar espantar esses pensamentos. Depois iria falar com ela, mas somente amanhã, meu dia seria cheio e eu ainda estava com raiva da sua falta de compromisso.

Sai do banheiro úmida e enrolada na toalha pois o barulho do toque do meu celular me apressou. Olhei no visor e: Dinah

-Você tem 10 segundos para se explicar. –Atendi ríspida, deixando claro a minha raiva.

-Camila eu...

-Tempo esgotado; –A cortei sem dó nem piedade, eu iria realmente desligar, visto que a mulher estava bem, viva e não degolada em algum lugar por aí. Eu não aceitaria suas desculpas assim tão facilmente.

-Camila aconteceu algo! –Ela disse, e eu não me dei ao trabalho de responder, fiquei em silencio dando assim a permissão para que ela continuasse. Ela pareceu entender então continuou:

-O cara Latino que eu te falei, ele passou mal, o Frank ficou desesperado, ele não queria chegar lá sem ninguém pois sabia que eu iria levar você. Eu fiquei presa no transito, e sai atrasada por conta de uma ligação da minha mãe, o transito não ajudou, você sabe que meu apartamento fica um pouco mais longe. O problema que não te avisei porque deixei o celular em casa, na pressa.

-Dinah eu te esperei por quase uma hora. –Eu disse seca, nem um pouco comovida com sua história.

-Deixa eu continuar, foi bom você ter ido embora. –Arqueei uma sobrancelha enquanto colocava o telefone no viva voz para vestir minha roupa de dormir. A voz de Dinah continuava:

-Eu cheguei no bar e não vi você, mas vi ele, o cumprimentei, mas ele estava acompanhado com uma mulher, linda por sinal, branca dos olhos verdes. Camila, eu fiquei imóvel.

Não acredito, será que o filho da mãe tinha esposa, a esposa descobriu e foi com ele para armar um barraco?

-Camila, ta aí? –Ouvi a voz de Dinah, tirei o telefone do viva voz e levei ao ouvido. Agora já vestida me permitir deitar na cama, sentindo o peso do cansaço me atingir em cheio.

-Tô, continua.

-Eu achei que era a esposa ou namorada do filho da mãe, eu cumprimentei ela que por sinal era exageradamente educada e me virei para ir embora. Ele veio atrás de mim e começou a falar. Ele disse que aquela era uma grande amiga dele, que ela tinha saído de um noivado conturbado a alguns meses e só trabalhava, que ele queria que ela saísse um pouco.

Eu arregalei os olhos olhando para a luminária apagada no teto, o quarto apenas iluminado pela luz do abajur, eu estava com sono, mas queria ouvir a história. Dinah apenas continuou:

-Eu perguntei se ele estava maluco, disse que ele prometeu um Latino e apareceu com uma mulher sem nem ao menos saber se você iria ficar confortável com a situação, se eu iria ficar confortável. Ele me deu um olhar de desculpas eu quase não acreditei, mas ele começou a dizer que ela não faria nada que você não quisesse, que ela precisava ao menos conversar com alguém que não fosse seus pacientes ou seus pais e irmãos.

-E você deu o fora nele? –Disse, bocejando, achando essa situação totalmente inusitada.

-Não. Eu voltei para a mesa e ficamos os três conversando, a mulher até que era legal.

-Traidora. –Eu disse entre os dentes, embora meu humor já houvesse melhorado com Dinah, afinal, a culpa da situação ter ocorrido fora do combinado não era de fato dela.

-Camila, foi bom você não estar lá, não que a mulher fosse te agarrar, ela não parece o tipo de pessoa que força alguém a algo, mas eu sei como você odeia que as coisas fujam do seu controle. –Ela disse com pequenos risinhos, eu revirei os olhos.
 

-Engraçadinha. Você me promete um encontro, e aí seria só você nesse encontro e eu fazendo sala para amiguinha de coração partido.

-Você poderia se interessar por ela.

-Ah faça-me o favor Dinah Jane. –Eu sibilei, estava ficando incomodada com a conversa. Era só o que me faltava, ela querer que eu ficasse servindo de band-aid para coração partido de alguém.

-Nunca se sabe. Ah o nome da mulher era...

-Boa noite Dinah Jane. Amanhã como pagamento pelo que você me fez passar, quero uma caixa de Confiserie Sprüngli, aquele chocolate suíço caríssimo que eu amo. –A cortei, queria provoca-la.

-Isso é serio? Ser sua amiga custa caro! Tem certeza que você não prefere uma caixa daquele bombom da vaquinha e...

-Não aceito menos que o chocolate Suíço. Boa noite. –Desliguei rindo, sem nem ao menos ouvir sua resposta. Adorava irritar Dinah, assim como ela fazia comigo.

 

Fechei os olhos e meus pensamentos voltaram a nossa conversa. Meu instinto avaliativo repassou tudo rapidamente em minha mente até eu me dar conta que, eu me importei mais em servir de band-aid para coração partido do que o meu encontro quase ter sido com uma mulher.

Eu nunca me relacionei com mulheres antes, mas não posso dizer que nunca senti atração por nenhuma. Lembro-me que uma vez na faculdade tinha uma menina que me chamava muita atenção e eu definitivamente sairia com ela caso ela me chamasse, isso não ocorreu e eu logo comecei a namorar, depois descobri que era ela lésbica e estava saindo com algumas meninas da minha turma. Eu entrei em dúvida, pensei que talvez se não estivesse namorando poderia ter tido algo com ela.

O tempo passou e eu não me lembro de sentir atração por mais nenhuma, mas não vou mentir, não vejo problemas com isso. Até porque minha situação com homens não era lá das melhores.

Lembrei que cortei a Dinah quando ia dizer o nome da tal mulher. Me arrependi, ela deveria ser linda para Dinah a elogiar daquela forma, aquela ali era uma grande egocêntrica.

Linda, branca, olhos claros, educada...

Nota mental: Perguntar a Dinah o nome da mulher que estava com ela e o tal Frank amanhã.


Notas Finais


Qualquer erro, conserto assim que os ver. Ah, aos que se interessarem, twitter @cabellovip


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