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História The Protest - Destiny


Escrita por: cabellovip

Notas do Autor


Mais um...

Capítulo 2 - Destiny


É impressionante como a cada dia que passa esse campus fica mais bonito...

 

Eu estava caminhando pelo campus da Universidade de New York, embora estivéssemos em março e isso significasse final de inverno nova iorquino, ainda sim, estava uma temperatura consideravelmente gelada. Mas, isso não me impediu de me vestir hoje com um vestido azul claro, meu sobretudo preto e novamente um scarpin na cor também preta. Ostentava no braço direito à bolsa de couro da colcci e pulseiras finas douradas. Os cabelos soltos e lisos. Nariz empinado, maquiagem e perfume impecáveis. Era sempre assim que eu me vestia, como mulher confiante e cheia de si. E era na verdade nenhuma mentira, eu sou confiante, eu confio no que eu faço e no que eu ensino, foi para isso que eu vim.

 Entrei na Universidade e passei pelos longos corredores, era evidente o meu cansaço, mas só se você me conhecesse muito bem, caso não me conhecesse, diria que eu estava ali novinha em folha com uma noite incrivelmente bem dormida. Eu não deixaria transparecer minhas limitações, esse era o meu trabalho, é assim que eu faço, e eu faço bem feito.

Culpa da Dinah e sua ideia genial de encontro, e embora eu a tivesse perdoado... 

Ela ainda me pagaria.

Observei os olhares de alguns alunos sob mim e apenas ignorei. É sempre assim. Sei que eles não cometem de certo modo nenhuma eloquência, afinal eu sou jovem, mais jovem até que alguns, porém não pretendo me envolver com nenhum deles. Já fui aluna e sei que não sou propicia a correr o risco.

Entrei pisando firme no auditório, minha aula começava só daqui a 20 minutos. Eu sempre chegava mais cedo para me organizar e organizar o conteúdo. Olhei para as cadeiras vazias a minha frente, estava tudo silencioso, por enquanto.

Eu mencionei que tinha dois empregos, não mencionei?!

Logo após me formar na mesma Universidade que estou nesse exato momento, eles abriram inscrições para diversas modalidades, e uma dessas vagas me fez chegar aqui onde estou ocupando, por mérito de notas e êxito de curso, eu consegui passar na vaga que era de auxiliar pejorativo de direito e esse foi meu primeiro emprego oficial.

Comecei a fazer pós-graduação em defesa civil e logo ao termino fiz mestrado em direito penal processual. Visto meu esforço e logo abrindo nova vagas, a reitoria da NYU resolveu me passar de auxiliar para finalmente professora, eu dava aulas de direito administrativo todos os dias da semana, até passar em uma prova prestada para o Tribunal de Defensoria Pública. Era gratificante demais para mim saber que depois de todos os meus esforços eu estava finalmente sendo recompensada. 

Agora, eu sou professora de direito penal na parte da manhã as terças e quintas na NYU, lugar que me formei com orgulho, e no restante do tempo, advogada de defesa no Tribunal de Defensoria Pública do Estado de Nova York. 

Parece muito para uma jovem de 25 anos, pode ser, pode ser muito para qualquer outra cubana-mexicana, mas não é muito para mim. É a recompensa de todos os meus esforços.

Em algum momento da vida, quando achamos que não vale a pena prosseguir, é importante sempre lembrar que a perseverança pode te levar a lugares que você jamais imaginou um dia sequer estar.

 

"Na minha disciplina em especial não há mudanças efetivas, pois, a jurisprudência consolidada do STF sempre fez parte da nossa prova da segunda fase. Espero que todos tenham entendido a importância da complacência nesse modulo. Por favor leiam o livro que indiquei. Tenham uma boa tarde. Dispensados." 

Assim eu acabara de finalizar mais uma aula de quinta-feira. Gostaria de ir almoçar no meu apartamento, tenho certeza que Sônia a diarista que fazia limpeza para mim durante três vezes na semana me faria um excelente almoço caseiro. Mas não vai dar tempo, hoje é dia de audiências.

Me pus a arrumar alguns papeis com anotações que havia retirado de minha bolsa enquanto esperava o movimento dos alunos deixando o auditório acabar. Porém, fui interrompida por um enorme estrondo e quando observei tinha um aluno caído em uma das fileiras.  

-Professora pelo amor de Deus me ajuda! –Enquanto eu caminhava para perto do jovem de no máximo 19 anos que era meu aluno a pouco menos de 1 ano, eu ouvi sua voz pedindo socorro. Me espantei com a quantidade de sangue em seu rosto, mas tive que manter a calma.

-Ok Dereck, vamos comigo eu te acompanho até a enfermaria.  

-Não, por favor Professora Cabello, eu preciso ir ao hospital, eu já quebrei o nariz uma vez e o médico disse que caso ocorresse novamente eu deveria voltar ao hospital. –Falou com o desespero evidente em sua voz. Apenas concordei e pus minha mão em seu nariz na tentativa de estancar o sangue. Seguimos em direção ao coordenador do andar para que ele arranjasse alguém para levar o rapaz ao hospital.

-Professora Cabello, ocorreu em sua aula a senhorita quem deve acompanhar o rapaz ao hospital. –Foram essas as palavras do impertinente coordenador que eu me limitei a ignorar pois o estado do rapaz era emergencial.

-Eu não tenho como leva-lo, não possuo carro. – Disse com lamento e preocupação, afinal o rapaz era um de meus alunos e vê-lo jorrando sague pelo nariz era um tanto quanto desconfortável.

 

Minutos depois estávamos em seu carro, ele perguntou se eu sabia dirigir e pediu para que eu conduzisse o veículo. Eu apenas concordei, queria ver o rapaz bem, ele parecia estar sentindo muita dor, e não era sua culpa a negligencia da universidade. Acidentes acontecem.

Estacionamos em frente ao Bellevue Hospital Center, fui auxiliando o jovem a se locomover pois o mesmo estava com uma toalha encharcada de sangue no rosto. Uma enfermeira nos avistou e foi em nossa direção. Eu informei que estava como acompanhante do jovem, e ela me disse que sendo assim eu poderia ir em direção a sala de atendimento junto com ele que a médica de plantão já nos atenderia.

Eu estava impaciente, primeiro que eu não gosto de hospitais, sempre me lembram os dias que passei com a minha mãe. Segundo que a espera no atendimento estava deixando o meu aluno nervoso e ele estava me deixando nervosa. O sangramento do rapaz estava um pouco menos intenso para meu alivio.

15 minutos, exatos quinze minutos haviam se passado e nada o tal medico aparecer.

Justo hoje que eu tinha audiências.

O estado do rapaz era emergencial, que profissional amador demora a realizar um atendimento desse tipo?!

O barulho na porta indicou a chegada da medica, ela passou por mim que estava em pé encostada na parede e foi em direção ao rapaz sentado na maca mais a frente feito um furação, se não estivessemos em um hospital eu diria que tinha acabado de ver um vulto fantasma passando aqui.

-15 Minutos, 15 minutos foi o tempo que a senhora demorou a vir realizar o atendimento no rapaz. Não te informaram que se tratava de uma emergência? –Falei raivosa a observando, deixando evidente meu descontentamento com sua conduta profissional.

-Então rapaz, o que aconteceu aqui? –A médica simplesmente me ignorou e continuou o atendimento, colocando luvas de silicone e mexendo no nariz do meu aluno que agora grunhia de dor.

-Um acidente, eu estava descendo as escadas do auditório e tropecei, eu caí em uma fileira e acertei o nariz em cheio na cadeira de madeira a frente.

-Qual era a universidade? Não tinha enfermaria lá? –Ela estava o questionando, estava com preguiça de trabalhar por um acaso?

-NYU. Tinha enfermaria sim senhora, porém achei mais correto traze-lo a um hospital, não sabia que os médicos daqui mantinham tamanha má vontade em atender. –Eu falei antes mesmo do rapaz abrir a boca para falar qualquer coisa, queria ver até onde ela iria.

Foi então que ela me olhou a primeira vez, e a primeira vez eu mantive o contato visual e que, olhos, belos. Verdes como as plantas do campus da Universidade. Ela manteve as mãos apoiada no nariz do rapaz, fazendo algum tipo de movimento provavelmente para conter o sangramento e ainda me olhando com a expressão calma e serena, disse:

-Senhorita não seja impertinente. Eu apenas perguntei pois estava preocupada com a perda de sangue do jovem, não tem nada relacionado a meu trabalho, esse que faço muito bem.

Ela estava me desaforando.

-Você demorou 15 longos minutos para vir fazer o atendimento mesmo sabendo que era emergencial, será que faz mesmo muito bem seu trabalho Dra... –Olhei em seu jaleco branco o sobrenome apenas para ter o prazer de sibilar seu nome. -Jauregui. –Completei.

Ela arqueou uma sobrancelha, sua calma e leveza estavam me tirando do sério. Pessoas assim me tiram do sério. Não sei se é porque vivo uma vida agitada e costumo ter pose firme diante das situações, mas esse tipo de conduta não me agrada.

 Ela parou de me olhar e pegou uma gaze para limpar e fazer o curativo necessário no nariz no rapaz. Eu realmente achei que ela fosse me ignorar, então ela começou a falar, mas sem tirar os olhos do paciente a sua frente.

-Eu fui informada que era uma contusão na estrutura óssea do nariz, nunca vi ninguém morrer disso senhorita, eu estava atendendo outro caso emergencial, este sim corria riscos. Por favor não conteste meu trabalho, você não o conhece.

Disse a última palavra firme e colocou seus olhos em mim, as orbitas rápidas. Eu não estava intimidada, nem com medo, mas não posso negar que era uma sensação estranha. Seus olhos.

Avaliativos, convidativos eles eram, imprevisíveis.

-Bom, parece que foi só uma contusão rapaz, vejo que você passou por uma cirurgia na concha nasal inferior. Mas pode ficar tranquilo, nada foi alterado. O sangramento foi estancado, vou te receitar um anti-inflamatório, e um remédio para dor. –Ótimo, ela é uma medica atenciosa, meus planos de processa-la estavam indo por agua a baixo.

Passou por mim para sentar-se ao lado em uma mesa pequena, seu perfume era incrivelmente forte, marcante. A dúvida era se eu não havia sentido antes por estar distraída, ou por não me permitir.

A médica então começou a escrever e logo após carimbar, entregou o papel ao rapaz que agora estava com um curativo no nariz e de pé. Ela sorriu para ele e deu algumas orientações sobre o uso das medicações para depois dizer:

-Diga a sua namorada que você está inteiro, e logo estará recuperado. –Tanto eu quanto ele arregalamos os olhos. Ela agora matinha seu olhar diretamente para mim.

-P-professora Cabello, não é minha namorada, é a minha professora. –Dereck mais gaguejou do que falou, fiquei sem graça por ele.

-Então talvez devesse ter mais cuidado em suas aulas, professora Cabello. –Falou debochada.

Eu vou matar essa mulher, ela teve coragem de dizer isso e agora mantem um sorriso irônico no rosto.  Eu estava de frente para ela, Dereck nos observava como se fossemos nos atacar a qualquer momento.

-Oh querida, por gentileza não se preocupe. Eu sei fazer o meu trabalho, e você não o conhece. –Pisquei, o reuso das palavras deu entonação que eu queria, não vou recuar.

Claro que sabe. –Ela disse por fim, eu decidi que não valia a pena insistir em uma segunda discussão então apenas sai porta a fora indo em direção ao veículo do meu aluno para pegar meus pertences e pegar um taxi para o Tribunal, eu estava mais do que atrasada.

Do lado de fora do hospital eu e Dereck caminhamos juntos até seu veículo, ele agora devidamente medicado e sem sangramento estava mais calmo. Eu estava quente. Além de todos os problemas diários que eu tenho para resolver lidar com alguém insolente feito essa médica me deixava fora de mim. Se ela não tivesse demorado eu certamente já estaria a caminho do Tribunal.

-A senhora é casada Senhorita Cabello? –O rapaz questiono-me em tom galanteador. Fechei a porta do carro com minha bolsa já em mãos. Olhei bem séria para o garoto a minha frente e me limitei a dizer:

-Nem pense nisso.

 

Depois de longos 40 minutos, caminhei rumo a minha sala no TDPNY, avistei a caixa de chocolates suíço em cima da minha mesa do lado da placa de metal de exibia em prata meu nome "Dra. Karla Camila Cabello." Sorri satisfeita, Dinah faria de tudo para me agradar.

O dia passou rápido, eu não havia almoçado por isso pedi para Sonia deixar uma janta reforçada para mim.

 

O relógio marcava 19:00PM, eu havia acabado de voltar de uma cansativa audiência, que por sinal foi ganha, por mim. Defensoria pública contra o privado e mais um bônus para Dra. Camila Cabello.

Sonia sabia mesmo como me agradar, ela havia preparado ajiaco, um prato típico de Cuba, é uma sopa de batata, parece simples, mas é maravilhoso.

O restante da noite passou tranquila, eu não havia falado com Dinah o dia todo. Terminei de corrigir alguns exames da minha classe e quando peguei o do Dereck, me lembrei do episódio de hoje com a medica insolente. Queria ir na corte e acabar com o CRM dela só pelo modo que ela falou comigo. Mas sei que não teria motivos suficientes.

Meus pensamentos, muito contra minha vontade me levaram até seus olhos, em especial seu olhar. Imagino que quem se relaciona com uma mulher daquelas dificilmente esquece seu olhar. Lembrei do seu cheiro e...

Camila pare.

Meu subconsciente gritava com um megafone na minha cara me forçando a parar de pensar nas qualidades da mulher. Em cerca de 20 minutos no consultório dela, tudo que mais fizemos foi jogar piadas uma para a outra. Além do mais, eu provavelmente não a verei nunca mais.

 

O resto da semana passou assim, tranquilamente, sem mais surpresas, sem encontros cancelados, sem alunos com sangue. Tudo na perfeita ordem como geralmente costuma ser, fui a minha cafeteria favorita três vezes na semana, almocei com Dinah, jantei com Scoot, um procurador de justiça que é meu amigo há meses. Sofia passou de sexta a domingo comigo. Eu contei para ela sobre o acidente de um dos meus alunos até para alerta-la sobre ter cuidado na escola, eu não ia falar, mas minha boca pareceu ter vida própria e eu acabei comentando também sobre a médica arrogante. Sofia apenas riu incrédula que eu estava querendo processar tudo e todos.

Foi saudável ter minha irmã aqui comigo, mas o pior foi ter que me despedir.

 

-Não vejo a hora de passar as férias com você Kaki.  –Era a voz da minha irmã no domingo à noite, pedi para que ela me ligasse assim que chegasse em casa após o voo cansativo. Estávamos nos falando e eu confessei novamente que gostaria que ela viesse passar as férias comigo.

-Mande um beijo para o papai Sofi, boa noite princesa.  –E foi assim que finalizei a ligação, mais uma semana estava para se iniciar, eu precisava renovar as energias, e eu faço isso com máscara de pepino, massagens e uma boa noite de sono.

Na segunda-feira de manhã acordei com disposição, já estava com as provas do próximo período prontas na universidade, não teria audiências pela próxima semana, mesmo com a presença da minha irmã, e mesmo com os passeios que fizemos, eu consegui adiantar uma quantidade considerável de trabalho.

Desci do meu apartamento, já arrumada, optei por elegância, como de costume, não tinha aulas hoje por ser segunda feira, então eu iria para o Tribunal logo de manhã. Dinah estava me esperando em seu carro, eu logo a avistei assim que passei pela portaria principal do prédio. Ela insistiu que passaria aqui para tomarmos café da manhã juntas.

-Bom dia.  –A cumprimentei adentrando no banco do carona no carro.

-Bom dia Mila.  –Disse e foi logo dando partida no carro.

Ela parou em uma espécie de livraria/cafeteria e tomamos um café delicioso, Dinah estava área, mas eu presumi que se tivesse algo errado, ela me contaria sem pressões.

Após o café estávamos novamente em seu carro em direção ao nosso trabalho. Sua voz eliminou o silencio que havia se estabelecido.

-Eu dormi com o Frank.  –Disse simplesmente, mas manteve seus olhos focados na estrada a frente. Diferente de mim que antes olhava para o vidro agora estava olhando diretamente para ela.

-Você o que?

-Ah Camila, não sou mais criança, nos saímos duas vezes esse final de semana fora aquela vez com amiga dele. Não preciso de um anel de compromisso para dormir com alguém.

-Dinah não estou te julgando, quero saber tudo, como foi e o que de fato está acontecendo.  –Eu disse, animada pela minha melhor amiga, afinal, se ela estivesse feliz eu também estaria.

Dinah então me contou tudo, ela disse que ela e Frank estão indo com calma, mas ela está curtindo estar com ele. Ela me perguntou se eu havia voltado ao hospital da tal medica, eu a fitei incrédula, e comecei a falar mal da medica novamente, ela já sabia da história completa e dizia para eu não voltar ao hospital senão ia acabar transando com a medica. Ela enfiou na cabeça que isso era tensão sexual. O que eu achei um absurdo, por sinal.

 

A parte da manhã já havia se passado, recebi uma ligação do meu pai falando que Sofia estava resfriada, mas que eu não me preocupasse, afinal deveria ser pela diferença de clima que ela experimentou por estar aqui.

Eu estava na porta de uma das seções a espera de Dinah a sair de um julgamento. Quando vi a porta se abrir juntamente com alguns guardas e pessoas que estavam saindo gerando um pequeno tumulto. Avistei a minha amiga, então acenei para que ela me visse. Era um julgamento de uma celebridade que perdeu tudo e precisou recorrer a defensoria pública, se Dinah ganhasse além da repercussão positiva para ela, isso seria muito bom.

-Então como foi? –Perguntei, não contendo a ansiedade. Ela se aproximou e foi caminhando lado a lado comigo.

-Ganhamos Mila, obviamente.   –Não pude deixar de conter o sorriso e abraça-la, ela retribuiu o abraço. Já passei por isso, ganhar julgamentos importantes, ela deve estar se sentindo extasiada.

-Frank me chamou para comemorarmos, ele disse que aquele latino está doido para te recompensar, basta você confirmar.   –Disse piscando e eu fiz uma careta, nem lembrava mais da existência desse homem. Na verdade, nunca lembrei.

-Quem saí em plena segunda feira DJ?  –Coloquei empecilhos, mas porque não estava mesmo interessada em ir.

-Alguém que ganhou um julgamento importante?!  –Ela disse como se fosse obvio. -Vamos Mila por favor, você não precisa ficar com ninguém, Frank vai levar os amigos dele, mas só para distrair, vamos conversar um pouco, distrair, você precisa disso! 

-Sabe que eu posso tirar mil argumentos para te convencer que o melhor para mim é não sair hoje à noite com Frank e cia, não é? Mas, como é por você, então eu vou. Ah vou levar uma amiga.  –Dinah abriu um sorriso enorme, eu estava quase me arrependendo de ter confirmado presença, mas por fim o sorriso de minha amiga me convenceu.

Retornei para minha sala e Dinah foi para dela, o local estava cheio de gente, mais que o normal, o lado de fora do Tribunal estava lotado de paparazzi por conta a celebridade que Dinah ajudou a salvar.

Quando cheguei em minha sala, procurei meu celular e com êxito liguei colocando o aparelho no ouvido.

-Alô. Mila?

-Oi Ally, sou eu mesma. Tudo bem?

Allyson Brooke, uma amiga que também é professora juntamente comigo na NYU, nos conhecemos há uns 2 anos quando eu terminava de cursar mestrado, porém ela faz parte do quadro de engenharias e dá aula de uma matéria que sempre me limitei a saber. Dinah a conhece e se dá muito bem com a mesma, por isso quando disse que iria levar alguém Dinah não fez questão de saber quem era pois deveria ter quase certeza que seria Alysson.

-Planos para hoje à noite?  –Perguntei.

-Não, Mila.  –Ela respondeu, e sua resposta foi como eu esperava.

 

Convidei Ally para se juntar a nós na "comemoração" de Dinah, a mesma que já estava pronta a uma hora e me esperava sentada em minha cama enquanto eu terminava de ajeitar o meu vestido preto de alças.

-Mila você está ótima, e já estamos atrasadas.  –Minha amiga disse bufando pela milésima vez.

-Só vou calçar a sandália e vamos.

Dinah disse que viria me buscar pessoalmente para não correr riscos de acontecer qualquer coisa que fosse como da última vez. Ela disse que o Frank levaria três amigos, o rapaz latino que se chamava Javier, e provavelmente a mulher que eu iria encontrar da outra vez que não deu certo. Ela havia mencionado seu nome, mas eu não me forçava a lembrar. Calcei minha sandália preta de salto fino e fui arrastada por uma Dinah raivosa dizendo que o pessoal e Ally já deveriam estar a nossa espera.

Chegamos no bar e avistamos Ally do outro lado da rua descendo de seu carro que já estava estacionado, caminhamos de encontro a ela que abriu um enorme sorriso ao nos ver. Estava bonita com os cabelos ondulados e um vestidinho na cor nude.

-Chegamos juntas!  –Ela falou com seu enorme bom humor, dando pulinhos nos abraçamos e em seguida ela abraçou Dinah e a parabenizou pela conquista do julgamento de hoje.

Após as saudações, fomos caminhando para a entrada do bar, e fomos guiadas por um recepcionista a um pequeno lounge com alguns bancos e mesas, eu como não conhecia ninguém muito menos Ally, deixamos Dinah com a missão de procurar seus conhecidos.

-Eles estão ali.  –Ela exclamou e foi caminhando na nossa frente.

-Não acredito que você me trouxe para segurar vela em um encontro duplo.  –Ally sussurrou em meu ouvido, mas mantendo o sorriso quando Dinah a apresentou para os dois rapazes. Eu iria explicar a Allyson que não era um encontro, que era para haver mais uma mulher na mesa quando a voz de Dinah me chamou.

-Camila, esse é Frank, e esse é o Javier.  –O rapaz de sorriso polido, visivelmente latino, dos cabelos negros e corpo escultural a minha frente deu um beijo em minha mão.

Cavalheiro.

Todos nós sentamos, Ally e Javier estavam conversando juntamente com Dinah, quando o Frank falou:

-Prazer finalmente te conhecer Camila, Dinah fala muito de você. Queria te pedir desculpas por aquele dia...

-Tudo bem, sei que não foi a intensão.  –Eu o cortei com um sorriso simpático. Frank era educado, havia feito questão de se desculpar enquanto o tal Javier que realmente deveria pedir desculpas só sabia me olhar de cima a baixo e dar aquele sorriso que parece conter mil dentes mergulhados em tinta branca.

-Dinah me falou sobre a sua amiga, disse que ela estaria aqui hoje, que ela é simpática.  Eu gostaria de me desculpar com ela, pareceu meio grosso da minha parte ir embora, mas eu havia esperado muito tempo.  –Eu disse sincera referindo-me a mulher que estava com eles aquele dia. Beberiquei um gole da taça do meu vinho, havíamos pedido vinho para todos.

-Oh Camila, não se preocupe, tenho certeza que Lauren não ficou chateada, ela nem esperava sair com você ou algo do tipo, inclusive peço desculpas pelo mal-entendido, Dinah depois me repreendeu me alertando da sua heterossexualidade.

Lauren, relembrei. Realmente esse era o nome que Dinah havia me dito, após novamente rasgar a mulher de elogios sobre quão simpática ela era. Isso era o que mais me chamava atenção, Dinah a elogiar, não que ela fosse uma pessoa mesquinha ou algo do tipo, porém a minha amiga, assim como eu, é extremamente avaliativa, para ela falar bem de alguém essa pessoa dever no mínimo mostrar-se carismatica.

 Estava tomando meu vinho novamente e observando as interações ao meu redor quando a voz de Frank me tirou a atenção:

-Mas Camila, caso você insista em se desculpar, ela está aqui hoje, ela está inclusive demorando para voltar, foi resolver uma problema, mas é aqui perto.  –Falou observando-me, eu apenas assenti em compreensão, pelo menos eu tinha altas chances de conhecer alguém de fato legal esta noite, porque esse Javier não me agradou nem para amizades.

Sim, talvez eu seja bem seletiva, por isso mantenho minha rede de contatos minúscula. Para mim, quantidade nunca foi, nem nunca será, qualidade.

Passado mais alguns minutos e o Frank se mostrou de fato um cara divertido, tentando entrar nas minhas conversas com Dinah embora não entendesse nada da área de direito. Dinah era até um pouco ignorante com os cortes que dava no rapaz. Allyson ria e fazia brincadeiras, me fazendo lembrar o porquê de eu ter a convidado. A professora era um poço de energia positiva, eu amava me cercar de pessoas assim, e se fosse para passar por uma segunda-feira à noite, que fosse ao lado dela.

Uma voz roca e ao mesmo tempo suave tirou nossa atenção:

-Eu peço mil desculpas pela demora, foi totalmente deselegante da minha parte.  –Eu havia acabado de rir de uma piada que Ally fez e me virei ainda sorrindo para ver quem era a dona da voz que acabará de se desculpar, Frank havia ficado de pé, e meu sorriso morreu na hora.

Não, não, não.

Ela ainda não me viu, pois mantinha o olhar em Frank, mas eu a vi muito bem. A blusa branca por baixo da jaqueta de couro, a calça jeans preta rasgada nos joelhos, os cabelos que agora estavam mais bagunçados. O mesmo jeito presunçoso, a calma transmitida por gestos. Autoconfiança, essa era a palavra para defini-la.

 Se não fosse esse olhar, esse olhar forte e marcante nem em anos eu desconfiaria que a mulher com o estilo alternativo despojado que está na minha frente, e a mulher daquele dia são a mesma pessoa.

Então ela me viu, passou os olhos por todos a mesa até finalmente chegar em mim, olhou diretamente nos meus olhos, mas parecia que estava olhando para minha alma, sua boca se formou um sorriso de canto do lábio. Tentador.

Observei o Frank apresenta-la para Allyson, ela com toda sua educação que fazia questão de exibir a cumprimentou, logo após parabenizou Dinah pela conquista e se desculpou pelo atraso.

Frank se voltou para mim, ela se aproximou, eu sabia que estava na minha vez, ela não usava saltos, apenas uma botina. Eu fiquei de pé, se fosse para fazer que fosse direito, torci para minhas pernas não vacilarem sob aquele olhar. Estávamos frente a frente e praticamente na mesma altura como eu havia dito, ela não usava saltos. Frank fez questão de iniciar.

-Camila, está é Lauren minha amiga.

-Lauren, está é Camila a amiga de Dinah.

Eu ouvia tudo atenta, então estendi minha mão, ela apertou. Estávamos apresentadas oficialmente.

Eu fui do céu ao inferno, para descobrir que a tal amiga perfeita de Frank, a mulher que eu iria encontrar naquela quinta-feira, mas não deu certo, a mulher que possuiu um dos olhares mais convidativos, era ninguém mais ninguém menos que a médica arrogante.

Lauren era ninguém mais ninguém menos do que a Dra. Jauregui.

Lauren Jauregui

Dra. Lauren Jauregui

E eu achava que o destino não poderia ser mais inoportuno.


Notas Finais




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