História The Purple Future - You are all I need

5 meses depois...

Andava pela casa ansiosa pela chegada de Mike. Passei pelo corredor, e segurei em minhas mãos um retrato meu junto com ele. Me lembro desse dia como se fosse ontem. Nosso casamento. Foi o melhor dia da minha vida, suspirei ao me lembrar das coisas boas que aquele dia me deu.

Olhei para o relógio. Eram 9-2-0, nove e vinte. Mike está atrasado. Ajeitei meu robe salmão logo dirigindo-me a sala, onde fiquei confortavelmente na poltrona vermelha que tinhamos em nossa casa. Passaram-se uma hora e nada de Mike, sem notícias, sem avisos, isso me deixou nos nervos.

Ouvi a tranca da porta ser destrancada. Era ele. Suspiro e o vejo abrir a porta, ele parece cansado, muito cansado. Mike sorri para mim, logo desmancha seu sorriso ao ver minha seriedade.

— Atrasado. 1-0-3-5. — o encaro. Já disse a ele que odeio quando chega atrasado, principalmente quando não dá notícias.

— Dez trinta cinco, El — o mesmo riu, pareceu ter graça do que eu disse. Isso me deixou ainda mais brava.

— Teve graça, Michael? — ele me encarou seriamente. Eu nunca o chamara de 'Michael' apenas em casos extremamentes sérios como esse.

— O que? El, porque está fazendo isso? — jogou as chaves em cima da pequena mesa de vidro, onde dirigiu-se até a cozinha. Fui atrás.

— Faz quase duas horas de atraso, nada de notícias, ou avisos. — aumentei meu tom de voz ao vê-lo não se importar com o que eu dizia. — Aonde estava, esse tempo todo?

— No trabalho — respondeu calmamente mordendo um pedaço de bolo. Meu sangue ferveu. Não iria aguentar Mike me tratando daquele modo.

— Aonde você esteve?! — gritei. As luzes começaram a piscar freneticamente. Eu encarava Mike, com raiva das respostas inúteis que ele me dava. Ele poderia está muito bem fora de seu trabalho, fazendo coisas que nem me ouso a imaginar. Uma onda de ciúmes, bateu em mim quando me lembrei, de sua secretária tal 'Jennifer', que está louca para Mike dar-lhe uma chance. As coisas tremiam, e caiam consequentemente no chão. Ele me encarava assustado e implorava para eu parar. — Jennifer é o nome do seu atraso, não é?

— El, por favor, para! Eu estava no trabalho fazendo aquelas coisas que você pediu, lembra? Não falo com ela, e nunca lhe trocaria por ela — minha consciência pesou. Eu esqueci que Mike faria os convites para uma comemoração depois que Jane nascer. Esqueci de mencionar, é menina. O nome será Jane. Por homenagem a minha mãe, porque queria que meu nome fosse Jane. Mas mudei, para Ellen Hopper Wheeler.

Eu fechei os olhos por alguns segundos. Suspirei. Estava ficando brava o tempo todo sem motivo.

— Desculpa, Mike, estou ficando brava o tempo todo, não consigo me controlar — coloquei as mãos na cabeça, lembrando do que eu fiz, e principalmente do que eu pensei. Ele me abraçou, envolveu seus braços em minha cintura, apertando-me. Meus olhos os fechei novamente para apreciar o abraço de meu marido. Coloquei minhas mãos sobre seu pescoço, envolvi-o para mais perto. — Me perdoa?

Ele assentiu e selou nossos lábios com um clássico sorriso no rosto. Puxei-o para perto, colando nossos corpos, ainda sem separar nossos lábios. Amo Mike o suficiente para não conseguir ficar com raiva daquele mundo de sardas.

— Eu vou tomar um banho, depois a gente conversa mais sobre os preparativos — ele beijou minha testa e dirigiu-se até a porta onde o cômodo do banheiro ficava.

*

Sentei-me na cama. Olhei para a minha barriga e sorri. "Crescendo, filha, continue crescendo" pensei enquanto acariciava a barriga. Ouvi Mike sair do banheiro. O mesmo me observava da porta, isso automaticamente me fez sorrir de vergonha de seus olhos curiosos.

— Você está tão bonita hoje — ele sussurou, com o rosto vermelho. Mike fica tão lindo quando está corado. Me levantei e fui ao seu encontro.

— Pare de contar mentiras! Estou mais inchada do que um elefante — rimos, e o abraçei pela cintura já que sou bem mais baixa. O calor terno de Mike me deixava viva, ele era minha luz. Sempre foi.

— Amigos não mentem — senti seus braços me possuírem. Seu moletom me esquentava. Ficamos abraçados por alguns minutos até ele me trazer de volta pra cama. — Eu amo você, El.

— A Jane pode ter poderes também? — perguntei encarando aqueles olhos cor de avelã dirigidos a mim. Ele sorriu com a minha pergunta.

— Pode, se tiver, teremos uma pequena Jean Grey, assim como a mãe — posicionou seu polegar em meu nariz — Eu seria o pai mais feliz do mundo.

— E eu, a mãe mais feliz do mundo — sorriu aproximando nosso lábios. O beijo calmo, apenas aproveitamos um ao outro. — Vamos dormir.

*

"O mar de sardas" escrito por Ellen H. Wheeler

"Eu apenas era uma garotinha perdida em uma floresta. Uma sem teto que roubava comida de restaurantes vizinhos para sobreviver. Até ver três luzes clareando-me, pela primeira vez não senti medo. Três meninos acolhedores que me deram uma 'casa', comida e cama. O príncipal encontrei ali. Amor. Ele tinha olhos castanhos e um mar de sardas que compunham seu rosto angelical."

Me assustei quando vi Mike com sua camisa social e a gravata frouxa sobre o pescoço. Larguei a caneta, virei-me completamente até, voltei a contemplá-lo na minha mente. Como Mike ficou bonito de tempo para cá? Já disse isso, não é?

— El? O que está fazendo? — sorriu de canto para mim se encostando no batente da porta.

— Corringindo alguns livros denovo — disfarçei empurrando meu caderno para trás sem que Mike percebesse. Ele sorriu, o mesmo adorava o meu trabalho na editora. Na verdade foi ele que me colocou lá, sem Mike eu estaria perdida em minha vida. 

— Tem panquecas, não quer tomar café comigo antes de eu sair? — Assenti ajeitando minhas coisas em cima da mesa. Fui com Mike tomar o café da manhã.

Eu tinha começado um projeto de fazer um livro inspirado em Mike. Quero contar nossa história - adaptada claro, não vou envolver meus poderes ou o antigo laboratório de Hawkins nisso, seria um risco para nós dois. - Quero dramatizar. Contar nossa história de um jeito diferente, e acrescentar alguns fatos inventados claro.

— Você fez as panquecas? — perguntei mordendo-a com gosto. Ele assentiu tomando seu café. Estavam muito boas, as vezes Mike mostra seus talentos culinários. Quando quer, claro. — Posso te visitar no trabalho hoje? — perguntei, pegando o xarope de manteiga e derramando em minhas panquecas. O mesmo assentiu, dando uma garfada na panqueca. Sorri, amava vistá-lo em seu trabalho. A empresa de jogos dos meninos, eram mágica.

— Sabe que pode ir quando quiser, El, essa empresa também é sua — odiava pensar nisso. Talvez me sentisse um pouco esnobe. Não gosto de me sentir superior aos outros, por causa de dinheiro. Mesmo nossa condição seja boa, eu e Mike gostamos das coisas simples. Mais uma na lista das coisas que amo nele. A empresa era nossa mas parte de mim não queria muito isso. 

— Vou na casa de Max, depois daqui — continuei comendo. Ele terminou sua panqueca e seu café, levou a louça até a pia. — De lá vou até a empresa.

— De um "Oi" pra ela por mim — pegou seu bleazer preto em cima da cadeira. Vestiu-se calmamente. Terminei meu café da manhã e levei meu prato até a pia também. Assenti, eu iria na casa de Max e Lucas, principalmente para conversamos coisas de "garota". Estamos velhas para isso.

— Estou indo, amor — Mike puxou meu pulso levemente e beijou minha testa. Eu sorri dando um abraço nele. O mesmo abriu a porta, pegou suas chaves e uma "maleta" que levava para todo os lugares o tempo inteiro. — Te amo

— Te amo mais... — sussurei e ele já havia ido. 

*