Os saltos pretos de Harleen faziam um barulho relativamente alto naquele corredor silencioso que a levava para a sala onde seu paciente estava esperando por ela. Nessa manhã a doutora se encontrava com um ótimo bom humor, estava sentindo borboletas no estômago pelo encontro que aconteceria em poucos segundos, nem mesmo as baboseiras ditas por Hera mais cedo havia mudado sua opinião e seus sentimentos pelo palhaço.
Como de costume a Dra. Quinzel cumprimenta os seguranças do lado de fora da sala, dessa vez com um enorme sorriso em seu rosto bonito mostrando sua felicidade naquela manhã cinzenta, suas mãos brancas se dirigem até a porta pesada a abrindo logo após passar o cartão, ao entrar na sala seus olhos claros encontram o ser de cabelos verdes do mesmo jeito que ela sempre o via, com a típica camisa de forma prendendo seu corpo, a calça suja do asilo e os pés descalços por baixo da mesa, sentado com a cabeça virada para a pequena janela, parecia estar desatento e perdido em pensamentos, porém mostrou o contrário a virar o rosto lentamente e olhar para a doutora dos pés a cabeça com um sorriso galanteador nos lábios rubros.
- Doutora Quinzel, você está incrível esta manhã - Harleen deixa um curto sorriso de satisfação aparecer em seu rosto bonito mostrando sua satisfação pelo palhaço apreciado sua beleza que naquele dia ela havia passado uns bons minutos a mais se arrumando apenas para ele - eu poderia dizer que está tão linda quanto o sol, já que faz tempo que não o vejo.
- Sempre dizendo as palavras certas - Harleen dá uma risadinha boba e depois suspira finalmente se sentando - Mr. J, eu tenho ouvido boatos a respeito de você, gostaria que me respondesse algumas coisas.
- Qualquer coisa para minha abobrinha - ele responde ainda com seu sorriso no rosto - O que tanto perturba sua mente?
- Eu ouvi dizer que está fingindo insanidade para não ir a Black Gate - Coringa resiste a vontade de revirar os olhos com sua tola pergunta, ao invés disso ele tem uma idéia muito mais divertida.
- Eu nunca disse que sou insano, as pessoas me julgam como maluco por eu ter gostos diferentes, gostar de umas boas piadas e não me padronizar nos rótulos patéticos que elas seguem. Mas preciso admitir que a idéia de ir para Black Gate não me agrada nem um pouco, embora eu seja tratado como um lixo aqui em Arkham, prefiro ser espancado e levado a sessões de choques elétricos do que ter meu belo corpo molestado por homens de dois metros de altura - Harleen se espanta com a resposta de seu paciente, ela não sabia que isso acontecia na prisão de Black Gate.
- Eu não vou deixar isso acontecer com você, eu faço qualquer coisa - ao ouvir essas palavras Joker olha diretamente nos olhos da doutora.
- Tem uma coisa que você poderia fazer por mim, doutora? - ele diz agora sério, com a boca levemente aberta esperando a resposta de sua doutora.
- Qualquer coisa - ela responde hipnotizada pelas íris azuis de seu amado, ao perceber que parecia desesperada demais, ela balança a cabeça e reformula a resposta - quero dizer, sim.
- Eu preciso de uma metralhadora - a frase é disparada, os olhos continuam ligados, Harleen abre a boca mas nada sai. Uma metralhadora? Como ela iria conseguir uma metralhadora?
Ah por favor, é claro que vocês vão se ver sua bobona, acha mesmo que o pudinzinho te deixaria? Ele te ama, Harley.
Aquela voz fina e debochada volta a dar as caras, depois de um certo tempo sem encomodar Harleen ela decide finalmente voltar, e sinceramente, a doutora se sentia feliz por isso, aquela vozinha a fazia se sentir mais próxima do palhaço, afinal, foi depois que ela começou a trata-lo que essa voz apareceu. Balançando a cabeça rapidamente, ela afasta os pensamentos e a voz, quando a porta do elevador se abre, ela simplesmente sai de dentro dele e caminha para o estacionamento sem olhar para os lados. Foda-se que alguém veja ela, ela não se importava, não agora, não depois de conhece-lo. Estava apaixonada por um criminoso, que mal faz ser uma também?
Harleen avista seu carro no meio de tantos outros, mas uma idéia melhor passa por sua cabeça. Ela vai caminhando pela rua agora escura por conta do horário, ela vê uma mulher entrando em um carro preto. "Perfeito" ela pensa e ajusta o taco em suas mãos enquanto anda até o veículo, chegando a ele, a doutora levanta o taco e acerta o vidro da janela com ele, a mulher que estava dentro do mesmo solta um grito de susto, Harleen enfia sua mão coberta por uma luva pela janela quebrada e abre a porta, puxa a mulher para fora e arranca a chave de sua mão. Os gritos da mulher caída ao chão ainda podem ser ouvidos por Harleen enquanto ela entra no carro e começa a para o mais longe dali.
Um carro preto em alta velocidade sendo dirigido por uma mulher vestida de bobo da corte não era uma coisa muito comum, nem mesmo em Gotham City, porém a loira não dava a mínima, ela ainda não havia cumprido com seu objetivo daquela noite e não iria parar até ter o que o seu pudinzinho exigia. No subúrbio de Gotham havia uma loja dedicada ao comércio licito de armas, e era para lá que Harleen estava indo, ela estaciona o carro em frente a loja e vê que o dono já estava a fechando, ela espera alguns minutos e sai do carro carregando seu taco, dá três batidas fortes na porta que imediatamente é aberta pelo homem, ele abre a boca para dizer algo, provavelmente xinga-la, mas é calado com o taco acertando em cheio sua costela, ele cai ao chão enquanto geme de dor, a loira entra na loja e o arrasta para dentro.
- Onde tem uma metralhadora? - ela pergunta enquanto seus olhos correm por todo o estabelecimento, o homem apenas aponta com o dedo para um vidro fechado que guardava algumas armas grandes, que Harleen julgou serem metralhadoras, ela se aproxima e quebra o vidro com o taco - Qual é a melhor?
- A do meio, que está ao lado de seu braço esquerdo - ele responde e ela pega a arma em suas mãos - Já está carregada - ele complementa
- Ótimo, muito obrigada - ela diz enquanto vai saindo da loja
- Quem é você? - o homem faz a tola pergunta, é lógico que ela não iria dizer, isso era tão clichê de filme de super herói. Porém ela decide contrariar o que os outros fariam, olhando bem para a cara do homem ela o responde
- Eu sou Harley Quinn - e então entra no carro e some na escuridão da cidade, deixando o homem caído ao chão, com a visão turva e prestes a desmaiar.
(...)
A Dra. Quinzel seguia para a cela do paciente 4479, ela carregava consigo uma grande bolsa preta de viagem, dentro dela estava a metralhadora roubada na noite passada, é claro que não a deixariam entrar na cela com essa grande encomenda, não sem fiscalizar o que era, por esse motivo Harleen teve que usar sua beleza para subornar o chefe de segurança do asilo
- Math? - a voz feminina é ouvida pelo segurança, ele imediatamente se vira dando de cara com Harleen Quinzel, psiquiatra da mente majs insana de Arkham, do maior criminoso de Gotham, do Coringa - Graças a Deus eu te achei, preciso muito falar com você.
- Diga doutora, algum problema com o palhaço? Porque se for eu estou louco pra acabar com ele, posso leva...
- Não! - ela se apressa em dizer - Ele não fez nada, muito pelo contrário, tenho notado progresso nas nossas seções e gostaria de mandar um presente para ele, uma flauta - a mentira sai em disparada dos lábios rosados da doutora, ela vê o rosto do segurança se contorcer e rugas aparecerem em diversos pontos de sua face.
- Lamento doutora, mas você sabe que Dr. Arkham nunca permitiria isso, e além do mais você já o presenteou bastante.
- Ele não precisa saber, e caso ele descubra eu cuido dele - ela responde se lembrando do caso de Jeremia com a ingênua secretária - E eu posso te recompensar muito bem - diz enquanto o lança um sorriso malicioso e passa suas mãos gentilmente pelos bíceps do homem.
- Dra. Quinzel - ele solta uma risada - eu não sabia que você era assim. Muito bem, eu posso fazer isso, mas vou cobrar minha recompensa.
Ela se vira e sai andando, agora ela só precisava entregar a metralhadora e dar um jeito de escapar de Math.
Ao chegar em frente a cela de Joker, Math já está esperando na porta e imediatamente abre a porta sem que Harleen tenha que falar nada, ela entra na cela escura e a porta atrás de si é fechada, agora estava sozinha na cela do maior criminoso de Gotham, ela deveria estar tremendo de medo, mas por alguma razão só estava ansiosa para ver a reação de seu pudinzinho ao ver que ela havia conseguido o que ele tinha pedido. A psiquiatra quase nem tem tempo de pensar, em poucos segundos o palhaço aparece usando o traje laranja do asilo.
- Oi amor, a que deve a honra de sua visita? Ficou com saudades? - ele pergunta e Harleen sente seu coração acelerando
- Eu trouxe o que me pediu - ele estende a bolsa para ele, que a abre e sorri ao encontrar a metralhadora - Já está carregada.
- Bom trabalho, tortinha - ela se aproxima dele e segura seu rosto, o fazendo tirar os olhos da arma, na hora Coringa entende o que a doutora quer, ele junta os lábios de ambos em um beijo intenso e molhado, as línguas travavam uma batalha entre si, Harleen praticamente se joga nos braços do outro, o fazendo tendo que segura-la pela cintura com as duas mãos, ele chupa o lábio inferior dela e o morde com força, fazendo o gosto metálico de sangue invadir o beijo.
- Dra. Quinzel, está tudo bem aí? - Math grita do lado de fora da cela, Harleen revira os olhos e separa o beijo para responder.
- Sim, está tudo bem - ela volta a beijar os lábios rubros do assassino, porém ele a empurra, ela o olha incrédula.
- Você deveria ir, não vai querer que os outros desconfiem - ela assente triste.
- Eu vou te ver de novo? - a pergunta sai sem que ela possa pensar.
- É claro, quando menos esperar. Tchau doutora.
Harleen sai da cela, olha uma última vez para trás e vê seu amado sorrindo diabólicamente, a porta é fechada e Coringa se vê sozinho novamente, ele pega o aparelho que Allan havia o entregado e disca o número que sabia de cor.
- Alô? - a voz grave diz do outro lado da linha
- Jonny Jonny, chegou a hora.
(...)
Harleen estava em sua sala fazendo relatórios atrasados quando ouve gritos histéricos e barulhos de tiros e coisas se quebrando, não sabia se aquilo era obra de Mr. J ou outra coisa, por isso nenhuma outra opção ela decide fugir, conhecia Arkham com a palma de sua mão, ela só precisava torcer para a sorte estar ao seu lado e ninguém a encontrar antes que estivesse fora do asilo.
Do outro lado de Arkham, Coringa vestia um sobretudo roxo, seu peito estava descoberto e ele permanecia descalço, pisando no sangue das pessoas que ele mesmo havia matado, ele atirava em todo ser vivo que via pela frente com a metralhadora que a doutora havia arranjado para ele, seus capangas não estavam diferente dele, espalhados por todo canto do enorme asilo, matando todos, sem piedade de ninguém, atrás dele Jonny Frost carregava o corpo do chefe de segurança, Math, seria um presente para o patético diretor do asilo. Joker vira para seus capangas que param de andar na hora.
- Levem o corpo dele para sala do velhote, e peguem a doutora, preciso ensina-la uma lição.
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