À noite, depois que meus pais já estavam dormindo, eu mandei uma mensagem para Taehyung pedindo que me encontrasse na cabana. Esperei sua resposta confirmando para levantar da cama e pegar um casaco por conta do frio.
A porta do quarto dos meus pais ficava aberta, então apenas confirmei que os dois dormiam e sai de casa sem fazer nenhum barulho. Já fazia meses em que eu saia furtivamente no meio da madrugada para me encontrar com Taehyung, acho que era possível eu fazer esse caminho de olhos fechados.
A cabana fica no meio da floresta tem do outro lado da rua. As árvores são pinheiros com quase 10 metros de altura, apesar de haver muitas, a distância entre elas é suficiente para que duas pessoas passem sem esbarrarem nos troncos.
Quando eu era criança sempre vinha correr entre os pinheiros, imaginando que corria de algum um vilão que eu inventava na minha cabeça. Em um desses dias acabei encontrando uma cabana. Seu estado já estava precário. Suas paredes são de madeiras – quase deterioradas – seu tamanho conforta, no máximo, cinco pessoas; ela tem apenas uma janela e uma porta.
Conforme as coisas entre eu e Tae foram ficando mais sérias eu lhe mostrei esse lugar – com intuito de fazê-lo um local aonde poderíamos sempre ir sem precisar nos preocupara se alguém nos veria. Hoje na cabana já tinha um colchão, uma mesa pequena, duas cadeiras e algumas cobertas – tudo nós que colocamos.
Cheguei à cabana e me sentei no colchão para aguardar Tae. Passei o dia querendo vê-lo, mas minha mãe fez questão de ficar em casa – o que não é costume dela – e ficar pedindo minha ajuda nas tarefas domésticas, depois que Hoseok foi embora. Eu fiquei repassando as palavras do mais velho na minha cabeça, ainda surpreso por saber que Jimin gosta de mim, mas morrendo para saber como Taehyung estava.
A porta foi aberta e o acastanhado entrou. Eu me levantei e fui surpreendido ao ser puxado de repente para os braços do mesmo. Eu retribui o conforto sem nem precisar pensar. Sua cabeça deitou no meu ombro e ele me apertou mais forte.
– Você está bem? – Minha pergunta pode parecer sem sentido, mas eu preciso ouvir as palavras da boca dele.
– Jimin está apaixonado por você.
– Hoseok me contou o que aconteceu ontem.
– Eu não sei o que fazer em relação a isso. – Ele olhou para mim. Seus olhos implorando por algo.
Acariciei sua bochecha e depois lhe dei um beijo terno. O levei até o colchão e nos sentamos de frente para o outro. Entrelacei minha mão a dele.
– Você já sabia disso? – Essa era realmente a pergunta que rondava minha cabeça.
– Não. – Sua apertou a minha mão. – Quando ele falou o seu nome foi como se tudo tivesse ficado escuro. Ele nunca nem sequer mencionou alguma coisa sobre você.
“Depois da festa, ele ficou lá em casa. Eu perguntei por que ele nunca tinha me contado nada. Ele disse que não queria que ninguém soubesse, nem eu que sou seu melhor amigo. Ele tinha medo de você descobrir e acabar cortando o pouco contato que vocês tem. Ele prefere ter essa relação rasa com você, do que não ter nada.”
– Se ele não queria que ninguém soubesse por que contou isso no meio de um jogo em uma festa?
– Eu perguntei a mesma coisa. A resposta dele foi que a bebida o fez perder o freio do que falar.
Taehyung se deitou na cama, com um suspiro alto. Ficou encarando o teto. Eu sabia que ele estava pensando – suas sobrancelhas franzidas entregavam isso. Eu me deitei ao seu lado.
– Como você está com isso tudo? – Me aconcheguei em seu peito. Ele começou a passar seus dedos em meu cabelo.
– Eu não sei. Primeiro eu fiquei incrédulo, porque não conseguia acreditar que fosse verdade. Depois eu fiquei magoado por ele não ter me contado. Agora eu estou triste porque meu melhor amigo está apaixonado pela mesma pessoa que eu, quando ele não faz ideia de que essa pessoa está comigo.
– Você quer contar a ele sobre nós? – Ergui o rosto, colocando nossos olhares juntos.
– Não sei se seria a melhor coisa a se fazer. Eu tenho medo de machuca-lo. Não posso fazer isso com ele. – O fiz se sentar e sentei em seu colo, para que pudesse abraça-lo mais confortavelmente.
– Vai ficar tudo bem. Ele deve vim falar comigo, nessa hora eu irei conversar com ele e falar que não posso ficar com ele por que já estou com outra pessoa.
Eu tentei passar todo o conforto possível a Taehyung. Com certeza na sua cabeça corria a imagem de Jimin sabendo sobre nós e como seria sua reação. Se fosse comigo eu me sentiria extremamente traído.
Segurei seu rosto com as duas mãos e o beijei. Um beijo calmo e seguro. Nada me impediria de continuar com Taehyung. Eu sabia que no final tudo ficaria bem.
X
Mais um dia tendo que acordar cedo para ir à escola. A única coisa que me fazia ter coragem para levantar da cama era saber que indo para aquele prédio cheio de hormônios adolescentes eu veria Taehyung.
Me juntei aos meus pais à mesa para fazer o desjejum. Nós três comíamos conversando sobre assuntos variados.
– Jungkook. – Meu pai falou, chamando minha atenção. – Eu e sua mãe teremos que ir a Busan hoje à tarde. Iremos visitar sua avó.
– Como a Nana está? – Minha avó materna sofria de mal de Alzheimer.
– Você sabe como essa doença é. Ela está mais esquecida a cada dia. – Meu pai tomou um gole de café. – Voltaremos quarta à noite. Sua mãe acha melhor você ficar para estudar para as provas que começam semana que vem.
– Está bem. Vocês vão depois da aula?
– Sim.
Minha mãe deu alguns avisos sobre como eu deveria me comportar e me alimentar bem. Eu concordei com tudo e logo em seguida saí para ir à escola.
No caminho eu só conseguia pensar em como esses dias sozinhos me vierem em um bom momento. Eu poderia fazer as coisas – vulgo, coisas com Taehyung – sem precisar me preocupar que horas meus pais chegariam em casa.
As primeiras aulas correram sem nenhum acontecimento interessante, além do fato de que torcia para o tempo passar mais rápido porque eu poderia ver e falar com Tae antes do intervalo.
A terceira aula era Educação Física – a outra aula na qual Deus me abençoou e colocou Tae na mesma turma. O ginásio fica ao lado do prédio principal. Eu me dirigia para a entrada do ginásio quando vi Taehyung e Jimin parados na porta. Os dois conversavam, mas o rosado percebeu que eu me aproximava e olhou para mim.
Eu vi suas bochechas ficarem vermelhas e rapidamente seus olhos foram para o chão. Ele se afastou de Tae e foi para o outro prédio, passando por mim sem proferir nenhuma palavra. Eu fiquei observando Jimin se afastar sem saber o que eu deveria sentir.
Como já havia outras pessoas no ginásio eu fui para o vestiário dando apenas um aceno de cabeça para Tae. Eu falaria com ele sobre a curta viagem de meus pais depois da aula. Nós dois sempre erámos os últimos a sair do vestiário, porque assim podíamos ter alguns minutos a sós.
A verdade era que meu corpo queimava com a expectativa do que poderia acontecer nesses dias em que eu estivesse sozinho em casa. Apesar de estarmos a quase oito meses nesse relacionamento escondido nunca passamos de beijos mais quentes e alguns toques mais íntimos.
Uma vez estávamos na cabana e as coisas começaram a tomar um rumo que só podia ter um fim, porém Taehyung parou ainda enquanto sua sanidade permitia e me disse que não teríamos nossa primeira noite em uma cabana abandonada no meio de uma floresta; que apesar dele querer muito isso, ele queria que fosse uma noite perfeita para nós dois. Foi nesse dia que eu descobri que Tae é virgem, assim como eu.
Mas, mesmo sonhando com esse momento algumas noites, nunca tivemos um momento bom para isso. Era uma opção fazermos isso na casa dele, porém eu queria me preocupar com a presença dos meus pais. Quero que toda minha atenção esteja em Tae e seu corpo junto ao meu.
De alguma forma muito louca, eu cheguei a pensar que o professor queria me ver sofrer mais ainda. Ele anunciou que jogaríamos basquete. Não tenho nada contra esportes – sou até bom na maioria – meu problema estava em ter que ver Taehyung jogar e tentar me controlar para não ataca-lo ali na frente de todos enquanto o suor deixava as pontas do seu cabelo molhadas e a camisa grudava em seu corpo.
A peça de roupa – obrigatória e igual a todos os alunos – é branca e feita de um material que fica transparente com suor. Assim eu – e todo mundo nessa turma – podia ver o corpo delineado do acastanhado. Eu tive que suportar aquela cena durante uma hora sem ter um ataque.
No final da sufocante aula todo mundo foi para os seus respectivos vestiários, feminino e masculino. A escola permiti que tomemos banho depois da Educação Física para que ninguém faça alguém desmaiar por conta do fedor corporal. As duchas ficam no fundo para que não acorra de abrirem a porta e acabar tendo a visão de algum aluno nu, e os armários ajudam também a impedir tal acontecimento.
Tinha acabado banhar quando a última pessoa se retirou, deixando – finalmente – eu e Taehyung sozinhos. Eu estava sentado em um dos bancos, apenas de toalha e o acastanhado se encontrava com a mesma vestimenta. Ele parou na minha frente com um sorriso travesso nos lábios. O puxei pela mão, o fazendo se sentar no meu colo.
– Eu tenho uma novidade para te dizer. – Deslizei minha mão por seu abdômen, o vendo respirar fundo. – Meus pais vão ficar fora por dois dias.
Nos olhamos e eu sabia que o que surgiu em sua mente é a mesma coisa que estava passando na minha.
– Sério? – O brilho pervertido em seus olhos me fez apertar sua cintura e beija-lo com ardor.
Suas mãos apertaram os meus ombros, enquanto eu descia as minhas até suas coxas – o prazer de estarmos apenas de toalha tornava tudo mais intenso. Taehyung mexeu no meu colo, atritando nossos membros. Eu gemi baixo em meio ao beijo.
Passei a beijar seu pescoço, distribuindo selares por toda sua extensão. Me levantei, segurando Tae pelas coxas. Ele enlaçou suas pernas a minha volta. O coloquei de costas no armário atrás de nós. Suas pernas saíram da minha cintura e ele ficou em pé.
Arranhei de leve seu abdômen enquanto ia deixando beijos por onde minha unha passava. Me agachei, ficando com o rosto na direção de sua virilha. Olhei para cima e encontrei Tae mordendo os lábios para não gemer alto e com a cabeça apoiada no armário. Comecei a passar os dedos do seu pé até chegar a seu membro, onde apertei de leve. Taehyung suspirou forte. Quando eu ia retirar sua toalha, ouvimos a porta do vestiário ser aberta e uma vez bem familiar ecoar pelo local.
– Tae?
Me afastei rapidamente do acastanhado, enquanto ele corria para um dos box para esconder a sua ereção. Abri meu armário – que tem a porta que vai da cabeça aos pés – que era justamente no qual Tae estava encostado e comecei a me vestir, entrando no mantra de pensar em coisas ruins para que meu membro voltasse ao normal.
– Tae, você tá aí? – Jimin parou no lado do armário e acho que quase surtou quando me viu apenas de cueca. – Meu Deus.
Acho que essa última frase era para ter saído mais baixo, porque rapidamente o rosto do menor ficou totalmente vermelho e ele começou a gaguejar.
– Jun... Ko... Kook... – Ele se afastou até bater com as costas na parede. – Você... vi... viu o Tae?
– Oi Jimin. – Taehyung saiu do box, ainda de toalha.
Tratei de vestir o restante da minha roupa com medo de causar um surto no rosado a minha frente. Percebi que Tae não gostou que Jimin tivesse me visto quase nu – sua cara de paisagem entregava isso. Peguei meu material e saí, passando por Jimin e lhe dando um breve “tchau”.
Não sei se obtive uma resposta, mas quando chegava perto da porta pude ouvir Jimin comentar com Tae:
– Você viu aquilo Tae? Eu vou morrer agora que vi Jungkook apenas de cueca.
Eu consegui imaginar a cara de esforço de Tae para não ter um ataque de ciúmes.
X
Hoseok tagarelava alguma coisa no meu ouvido, enquanto nós íamos para a última aula do dia.
– E você sabia que coelhos comem a próprio cocô? Eles fazem isso para que o intestino funcione normalmente.
– De onde você tirou essa informação? – Parei em frente à porta da minha sala. A de Hoseok é a sala ao lado.
– Yoongi me falou. Ele faz faculdade de veterinária. – Os olhos castanhos do mais velho brilharam. – Ele não é muito de falar, mas quando é sobre animais é impossível fazê-lo calar a boca.
– É só beijar ele. – Os olhos de Hoseok alargaram e acabei recebendo um tapa no ombro. É incrível como ele gosta de me bater.
– Você está uma criança muito atirada.
Rimos com o seu comentário e Hoseok voltou a falar tudo que descobriu sobre coelhos. Aposto que ele tem interesse nesses roedores – espera, coelhos não são roedores, são mamíferos e herbívoros, Hoseok acabou de falar isso – só porque ele afirma que eu pareço um coelho em forma de pessoa.
Percebi que minha sala fica perto da sala da minha mãe. Olhei para o lado e a encontrei em frente à porta, observando todos os alunos – ela tem esse costume. Nossos olhos se encontraram e sorrimos um para o outro.
Rapidamente seus olhos saíram de mim e foram para o corredor. Olhei na mesma direção e vi que ela olhava para Taehyung, que parou na sala em frente a minha.
Hoseok estava de costas para ele, então não viu quando Tae piscou para mim e lançou um sorriso travesso. Abri um mínimo sorriso e voltei a prestar atenção em Hoseok – que agora falava sobre cavalos.
O sinal tocou e quando eu me despedia do alaranjado, notei que minha mãe me olhava com os braços cruzados e um olhar nada amigável em seu rosto.
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