História The sound of the heart - Thoughts

Pov Leah

Observo todos brincando em volta da fogueira, alguns conversavam, outros aproveitavam o frio para namorar, toda sexta reunimos e hoje todos estão felizes pelo aniversário de Billy, pai do Jacob, por isso estou aqui, se não estaria em minha casa, dormindo ou comendo, não tenho amigos, muito menos amigas, a única que tinha se apaixonou alucinadamente e perdidamente pelo meu namorado, melhor dizendo meu ex, suspiro, pelo menos agora não tem como saberem meus pensamentos, apesar que na forma lobo tudo é mais suportável, porém não desprezo minha forma humana onde meus pensamentos são inteiramente meus.
-Leah se sente bem?- sinto a mão quente de Seth em meu ombro e assinto vendo o quão grande está- Sabe que se quiser pode voltar para casa, ninguém falará nada.
- Está tudo bem Seth- Falo e realmente estou tranquila, sei que minha presença aqui é insignificante, ninguém sentirá minha falta caso quisesse ir embora ou até mesmo não ter vindo, só que a promessa que fiz a mim mesma não vou quebrar, voltarei a viver, escuto a risada de Emilly e olho como não quer nada em direção a eles, ela está sentada no colo de Sam que empurra um bolinho em sua boca, como se ainda ele tivesse uma conexão comigo, bem, ele ainda tem, sente que está sendo observado, seu olhar volta para mim, o vejo se sentir culpado, seus olhos demonstram isso, e Emilly por poder sentir tudo que ele sente me olha também, não desvio o olhar, não teria o porquê ,a roda não é tão grande, com minha audição posso ouvir perfeitamente o que conversam, não que esteja os vigiando, todos podem ouvir se quiser, mas ambos estão distraídos em suas atividades, abaixo meu olhar para minhas unhas curtas e tento me distrair, preciso dizer que falhei?
- Ela ainda não me perdoou Sam, acho que nunca perdoará, nunca quis te tirar dela- Sua voz saiu baixa, e ressentida, vejo Sam afagar os cabelos negros dela, sua voz sai melancólica
-Ela sabe Emy que não temos escolha, também sinto isso, me sinto, culpado, mal, mas o que quer que faça? Que largue você e volte para ela? Sabe que nós dois ficaríamos loucos e aos poucos definhar em vida, você é tudo que importa para mim, sabe que te amo mais do que a mim mesmo, aliás você é a prioridade em minha vida, acima de qualquer um, até mesmo acima de mim.
Sua voz saí severa como sempre, porém amorosa, sinto meus olhos ardendo, não vou chorar na frente de todos, me recuso, me levanto com tanta rapidez que pela primeira vez me desequilibro sendo amparada pelos braços de Jake.
-Vai com calma Leah, nem o mais forte lobo está livre de uma tontura- Disse com humor, sei que quase nada nos afeta, ele fez isso, talvez para descontrair a atenção que se voltou para mim, a única vez que encontramos com Jacob sozinho, é nas fogueiras e rondas que Reneesme não pode o acompanhar.
Me solto do seu braço e o olho
-Jacob preciso ir, me desculpe- Mesmo que tento disfarçar, talvez consegui, mas dentro de mim dói com o que acabo de ouvir
Ele apenas concorda e saio sem nem olhar para trás, vou caminhando, minha casa é perto, enquanto caminho para a aldeia, pensamentos vão e voltam, escutar a declaração de Sam doeu mais que pudesse imaginar, mesmo esses dois anos que se passou ainda sou apaixonada por ele, sei que nosso amor é impossível, tenho que o esquecer e tudo que me liga a ele, o amor as vezes se torna algo tão intenso, tão avassalador que tentar se livrar dele é algo complemente impossível, paro de caminhar e me sento em um tronco que está sem vida, seco, sem folhas, sozinho, assim que me sinto, sou como esse tronco, sozinha, seca e fria, por mais que meus genes de lobo é algo que me faz feliz, também foi a desgraça de minha vida, entendam comigo minha lógica de ser como o tronco a qual estou sentada neste momento.
Ele é frio, não preciso dizer que sou também, não do modo que pensa somente em meu próprio umbigo, ou não me importo com o próximo, mas sim , no modo que me fechei para a vida, não quero amigos, não quero um novo amor, não quero sofrer, tem certas quedas na vida que não podemos levantar sem ajuda, e eu não tenho quem para me estender uma mão e me dizer que tudo vai ficar bem.
O tronco é seco, sou seca, o termo que muitos usam para mulheres que não podem gerar filhos, não posso pelo fato de ser uma loba, o imprinting acontece para que descendentes mais fortes e saudáveis nasçam, o que descarta um dia ter um, nesse quesito agradeço por não ser amaldiçoada com esse fardo, não ter vida e vontade própria, viver apenas para o que seu imprinting precisar, e sei na pele o que é sofrer por ser largada, não farei o mesmo com alguém, Seth, Collin, Embry, e Brady ficam como loucos e ansiosos para que sua parceira apareça, pois não podem se envolver amorosamente com alguém e acontecer o mesmo que aconteceu comigo, fui uma cobaia, um tipo de aprendizado, muito obrigada vida, te aplaudo de pé.
O que me faz perceber que Seth não tem envelhecido no último ano, o que me leva a conclusão que sua futura mulher ainda não nasceu ou ainda é uma criança, mais uma regra do imprinting, os lobos não envelhecem enquanto se transformam ou enquanto sua parceira não atinge maturidade para ser companheira do lobo, como acontece com Quill e Jacob que tiveram imprinting com Claire e Reneesme duas crianças, bem, agora só Claire, e eles vão se tornando o que elas precisa em cada fase de sua vida, me atrevo a dizer que Quill se comporta com Claire em uma espécie de irmão, já que ela está com seus cinco anos e Jacob algo como melhor amigo de Reneesme, agora me pergunto imprinting é amor verdadeiro ou maldição? Sem dúvida maldição.
O tronco está sozinho, sem vida e sem folhas, e é exatamente assim que me sinto, sozinha, todos convivem comigo porque é preciso, sei que não se importam comigo, sem vida e sem folhas, nunca frutificarei, nunca vou criar raízes, me permito chorar, de alguma forma tenho que livrar dessa dor, junto com a primeira lágrima que desce, um uivo de dor ecoa, o uivo de Seth, sei que ele não pode ouvir meus pensamentos, mas assim que me transformar não só ele como os outros irão ver, merda de vida, no momento tudo que ele sente é agonia em ver sua irmã totalmente destruída.