Selena's Point Of View
— Luke, de novo? — reviro os olhos após vê-lo jogado no chão da sala, podre de bêbado. — levante! — puxo seu braço, mas ele não se move, apenas murmura coisas indefinidas. — Luke, por favor, não torne isso mais difícil do que é.
— O que foi, amor? — o mesmo pergunta com a voz presa na garganta. Com certa dificuldade ele se levanta, mas logo cai no sofá.
— Eu não sou sua babá, sou sua noiva. Eu já disse, estas coisas só lhe fazem mal. Pare de beber.
— É uma pena.
— O que é uma pena?
— Você ser minha noiva. — ele ri e eu respiro fundo contando até dez mentalmente. Isto já aconteceu antes, não é como se fosse a primeira vez.
— Vem, vamos para o banheiro. Você está fedendo. — seguro em seu braço com força e o ajudo a levantar, guiando-nos até o banheiro mais próximo. — consegue tomar banho sozinho? — ele nega. — eu te ajudo.
Eu estou simplesmente farta. Conheci Luke ainda no colegial, ele era o tipo clichê de "garoto dos sonhos". E eu, como uma bela idiota, cai no seu papinho. Não posso negar que era muito apaixonada por ele, muito mesmo, mas de uns tempos pra cá ele anda agindo diferente. Meu amor por ele foi esfriando, até chegar ao ponto em que eu vejo como uma obrigação cuidar dele. Luke chega toda madrugada bêbado. Ele vai trabalhar bem cedo e volta bem tarde. É um ciclo. Depois do banho o coloco para deitar e o cubro com um cobertor quente, pois fazia bastante frio, ainda mais agora, às quatro horas da manhã. Feito isso vou à cozinha preparar algo para comer, duvido que voltarei a dormir após o acontecido.
Resolvo ligar para minha mãe. A única que me entende e me apoia em qualquer decisão tomada. Sei que ela está acordada agora pois a mesma está saindo de casa para trabalhar.
No quarto toque ela atende.
— Selena? — sua voz é baixa, creio que para não acordar Brian e Grace, que muito provavelmente se encontram dormindo.
— Desculpe estar ligando esta hora, eu...
— Aconteceu algo? — ela está preocupada, sei disso por seu tom de voz.
— Eu queria saber se posso passar uns dias aí. — respiro fundo me controlando para não chorar. — Aconteceu o de sempre.
— Tudo bem. Vou avisar ao Brian que você irá passar alguns dias aqui e pedir para ele preparar o seu quarto. Que horas você vem? Eu já estou saindo para trabalhar.
— Já estou indo, irei só preparar algumas roupas, tudo bem? A senhora pode me esperar em frente à sua casa?
— Claro. Apenas tenha cuidado, as ruas são perigosas à essa hora.
— Tudo bem, irei me cuidar. Eu te amo.
— Eu também te amo.
Desligo a ligação e vou correndo arrumar uma mochila com as roupas, tenho certo cuidado quando abro o guarda-roupas para não acordar Luke. Feito isso, pego as chaves reservas do apartamento e saio. Antes de dar mais um passo, sinto mãos geladas se pressionarem contra a minha boca, me impedindo de proferir qualquer palavra. Me debato tentando escapar, claro que sem sucesso.
— Fique queita se não quiser morrer aqui e agora. — não, eu não quero morrer, por isso fico queita, mesmo que com a respiração descompensada. — E agora você vai dormir um pouquinho, tudo bem? Tenha bons sonhos.
É a última coisa que escuto antes de sentir um pano úmido contra a minha boca e desmaiar. Sinto que estou mais que ferrada.
A chama que veio até mim encontra a gasolina, estou queimando viva e mal posso respirar.
- Fire meet gasoline, Sia
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