Aos poucos fui ouvindo a voz de Camila me chamar de volta. Era doce e suave e fui voltando. Quando abri o olho a primeira coisa que vi foi seu rosto sobre o meu. Podia sentir até a brisa leve de sua respiração sobre minha bochecha. Como boa médica pegou em meu pulso aferindo meus batimentos e acendeu uma luz em meus olhos.
- tudo bem... Estou bem... Deixe-me levantar – Disse a ela agarrando sua mão a procura de apoio.
- vou chamar ajuda, espere um minuto – disse ela virando seu corpo saindo. Eu a segurei mais forte para que não me deixasse.
- Não... Se chamar eles vão querer me deter aqui e eu estou bem. Afinal, não foi nada.
- Médicos são os piores pacientes, sabia disso? Mas alguma coisa está acontecendo... Senão você não apagaria assim. Qual foi sua ultima refeição? – perguntou ela com interesse.
- Ontem no jantar – disse descendo da cama.
- Jantar? De ontem? Mas já são quatro horas da tarde! Se não vai me deixar chamar ajuda pelo menos aceite ir comigo até um café que tem aqui perto. – disse ela
Caminhamos até o café e nos sentamos em uma das mesas ao fundo. Uma garçonete veio até nos perguntar o que queríamos.
- Um café bem forte, por favor, e...
- Nem pensar! – Disse Camila – Você acabou de passar mal porque está há horas sem comer!
- Mas eu...
- Nada de mais! Ela vai querer uma vitamina de... Bom, a julgar pelo seu perfume eu assumo que você gosta de morango. Pode ser vitamina de morangos? – Ela me perguntou
- Sim... Claro! – Respondi
- E eu vou querer um chá gelado, por favor! Obrigada! – Ela agradeceu a moça que saiu rapidamente.
- Bom agora você vai ter que me explicar sobre os morangos – disse olhando para ela
-Ah... É que... Sabe... – ela começou a falar gaguejando, corando e olhando pra baixo. – Você tem um cheirinho bom de frutas vermelhas.
- Ah... Obrigada! - disse constrangida. Acho que corei um pouco também. Tentei me lembrar da última vez que eu corei e não consegui...
Minha vitamina chegou e estava realmente deliciosa. Não tinha reparado, mas eu estava realmente com muita fome.
- Então quando vamos nos reunir para discutir o caso da Lucy? – Perguntou ela
- Se você quiser pode ir lá em casa hoje e podemos começar
- Infelizmente não vou poder hoje... Vou encontrar a minha família. Cheguei direto do aeroporto para o hospital e tem um ano que não os vejo – disse ela com um sorriso saudoso em seus lábios – e outra, a senhorita precisa descansar!
- Então podemos marcar pra amanhã! Vou te dar meu endereço – disse pegando um guardanapo e tirando minha caneta do bolso já escrevendo – e também meu celular. Qualquer duvida você pode me ligar.
-Obrigada! Acho que vou indo Lauren – Disse ela se levantando – Obrigada por tudo! Você foi um amor comigo hoje e eu não sei como agradecer.
- Eu que tenho que agradecer. Afinal você cuidou de mim lá no hospital e aqui.
-Então nos vemos amanhã – disse ela aproximando seu rosto do meu e colocando seus lábios em minha bochecha.
Eu quase tive uma parada cardíaca com esse simples gesto. Meu coração parece pular fora de meu peito. Não sei o que estava acontecendo comigo. Saímos do restaurante e fomos a direções opostas na rua. Peguei meu carro e dirigi direto pra casa. Estava tão cansada! Tomei um banho quente relaxante, coloquei um top, uma calcinha estilo Box e deitei na cama. Vou dormir só duas horas e depois levantar para estudar mais um pouco o caso da Lucy, pensei.
Apesar do cansaço, antes de dormir eu passei meia hora pensando sobre o meu dia e não consegui tirar a imagem da Camila da minha mente. Ela em cima de mim tentando me acordar. Aqueles olhos castanhos claros... Aquela boca rosada... Aquelas mãos macias...
Acordei com meu telefone tocando. Abri os olhos e raios de sol invadiam meu quarto. O número era desconhecido. Pisquei várias vezes tentando espantar o sono e quando olhei no relógio marcava meio dia. Não acredito que dormir tanto! Atendi o telefone com uma voz mais rouca que o normal
-Alô – disse passando mão pelos meus cabelos
- Alô, Lauren? – disse uma voz tímida do outro lado
- Sim, sou eu. Quem fala?
- Sou eu Camila Cabello
- Oi Camila! – Disse rindo. Porque eu estou rindo se eu estou no telefone? Voltei a me deitar.
- Queria saber se você está melhor... Ontem eu te liguei, mas você não atendeu e fiquei preocupada!
- Own, Obrigada Camila. Eu estou me sentindo muito melhor agora. Não atendi porque, por algum milagre da natureza, eu deitei ontem e só acordei agora com o telefone tocando.
- Então eu não devia ter ligado. Acabei te acordando! – disse ela sem graça.
- Nem pense nisso. Já passou da minha hora de acordar e eu ainda preciso estudar o caso da Lucy. E por falar nisso, você gostaria de vir aqui em casa hoje?
- Claro! Vai ser ótimo! Eu já estudei o caso e tenho algumas perguntas mesmo pra te fazer...
- Então você vem jantar pra jantar comigo. Pode ser as sete?
- Sete está ótimo!
- Então até mais...
- Até...
Desliguei o telefone e fiquei olhando para o teto com um sorriso bobo no rosto. Me repreendi mentalmente. Preciso focar na Lucy, preciso focar na minha pesquisa e principalmente, preciso focar em salvar a vida da minha mãe. Com esse pensamento me levantei e fui tomar uma ducha. Coloquei uma blusinha fina e um short e fui pra cozinha para comer alguma coisa. Estava com fome e peguei um suco e uma tigela de morangos. Ouço a campainha tocar e corro pra atender ainda segurando os morangos.
- Até que enfim – Diz Dinah Jane entrando na minha casa e já pegando um morango da minha tigela – Aonde você se meteu? Te liguei varias vezes ontem e você nem atendeu e nem retornou.
- Bom dia pra você também Dinah – Respondi com um sorriso sarcástico – Depois que saí do café com a Camila eu vim direto pra casa e apaguei. Só acordei com o telefonema dela ainda agora.
- Camila, hum? A ortopedista gatinha? – Disse Dinah olhando para mim como que avaliando
- Sim... Ela vem logo mais pra gente poder estudar o caso da Lucy.
- Ah... Por falar nisso ela estava no hospital hoje e te deixou um beijo! Fui lá só pra fazer uns exames nela pra sexta.
Assim conversamos mais e pedimos um almoço pra nós duas.
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