História The Taste of Your Lips - Prólogo

O que dizer sobre Lee Taeyong? O alfa era considerado o típico clichê do ensino médio, o sonho americano de todo o colégio e como tal, detinha daquela pose ainda mais clichê de badboy e ar de suspense que encantava aqueles pobres adolescentes desavisados, com aquele olhar enigmático que conseguia arrancar suspiros da maioria dos alunos, assim como provocava medo na mesma proporção. Taeyong não escondia quem era, não fazia a minha questão de fazer o papel de bom moço, destruindo corações e colecionando detenções, principalmente por fumar e beber pelos domínios do colégio. 

Os cabelos eram brancos e macios como a neve, o maxilar marcado, o sorrisinho malicioso de quem parecia saber mais do que aparentava, além do odor forte e marcante de alfa. Taeyong atraía quase que praticamente o olhar de todos por onde passava, principalmente de betas e ômegas. Pouquíssimos eram aqueles que conseguiam a atenção do alfa. Para alguém como o Lee, não era difícil manter a sua cama sempre esquentada, bastava um sorriso, um jogo de palavras e era o suficiente para conseguir mais um para a sua lista infundada de nomes e conquistas. Era uma questão de tempo ou até mesmo horas para descartá-los como o típico fuckboy que era. Mesmo que a sua fama fosse notável para todos, mesmo que fosse considerado um perfeito filho da puta. poucos eram aqueles que resistiam aos encantos e lábia do alfa.

Infelizmente, Ten fazia parte do grupo que teve o coração destroçado sem o mínimo remorso. O pobre tailandês se viu perdido na primeira troca de olhares, sendo inocente o suficiente para cogitar a possibilidade de ser diferente, de não ser apenas mais um ficante qualquer. Ten exalava inocência por todos os poros, uma presa fácil demais para alguém sem escrúpulos como o alfa e a maior prova disso foi que o coreano não precisou de muito esforço para consegui-lo. Uma vez que Ten já estava perdidamente apaixonado pelos encantos do alfa mais bonito do colégio, mesmo com todos os seus amigos tentando avisá-lo que Taeyong não era flor que se cheire. Johnny era um desses amigos que tentava colocar juízo na cabeça do ômega.

—  Ten, estamos falando do Taeyong. — Johnny sempre ficava preocupado. — Tome cuidado, por favor! Não faça algo que vá se arrepender depois.

— Eu tenho certeza que ele gosta de mim, hyung! Não se preocupe. — Era sempre a mesma resposta.

O americano suspirava, nunca convencido daquela história de mudança. Ainda via o Lee flertando pelos corredores, sempre cometendo os mesmos erros que havia prometido a Ten que não faria.

— Vai dar tudo certo. — Chittaphon sempre sorria.

Céus, Taeyong nunca esteve com alguém tão inexperiente como o Leechaiyapornkul. Não tinha palavras para descrever como foi a sensação de possuir aquele corpo imaculado, não se importando em ser cuidado ou paciente, estava visando apenas o próprio prazer quando o invadiu de uma única vez naquela noite. Foi fácil convencê-lo a ir para o seu apartamento e com alguns beijos o convenceu a entrar no seu quarto, a armadilha perfeita para um coelho inocente. Não houve qualquer zelo ou respeito pelos limites do ômega, porém Ten não passava de um tolo apaixonado que era facilmente manipulado por palavras bonitas e apesar do seu corpo estar fisicamente machucado, o seu amor deturpado amortecia tudo, perdoando todos os erros do alfa. 

Indo contra todas as expectativas, Taeyong não o descartou de primeira como fez com todos os demais, entretanto era como vivenciar um inferno particular todos os dias. O Lee era manipulador, frio e abusivo, jogando as responsabilidades das suas ações sobre as costas do mais novo, enquanto restava a Ten fazer e acatar todas as suas vontades pelo medo de perder o alfa que julgava como o amor da sua vida. Aos trancos e barrancos, aquele relacionamento torto e nocivo foi seguindo por muito tempo, mesmo com todas as traições e humilhações.

— Se o ômega que chamo de namorado não me satisfaz o suficiente, o meu alfa exige que eu procure por outros. Pare de chorar, a culpa é sua. — Era apenas mais um dos comentários maldosos ditos por Taeyong.

Após quase dois anos de um relacionamento conturbado, Ten sentia-se triste, magoado e frustrado, o alfa sequer cogitava a ideia de marcá-lo ou melhorar, mesmo com todos os esforços do ômega, nada era o suficiente e a resposta era sempre negativa quando questionava sobre o assunto. Ten não esperava, entretanto o alfa mantinha contato com pessoas da época do colégio, costumando visitar algumas camas com frequência. 

Foi em uma noite fria de inverno, sem qualquer aviso prévio que Ten encontrou o apartamento que dividiam vazio após o expediente no trabalho, sentindo-se aflito, correu para o quarto…

Todos os pertences de Taeyong haviam desaparecido. Era como se o alfa nunca tivesse vivido ali. Ten caiu de joelhos no chão, sentindo a realidade lhe acertar com um soco certeiro e cruel ao perceber que havia sido abandonado, descartado como se todo aquele tempo de relacionamento fosse a mesma coisa que nada. Taeyong havia ido embora sem sequer olhar para trás ou pensar duas vezes, deixando o ômega com o coração quebrado em milhares de pedaços com o gosto amargo da desilusão o consumindo. As lágrimas quentes manchavam o rosto bonito, o nariz fungava sem parar e as mãos tremiam quando pegou o celular antes esquecido no bolso e discou os números tão conhecidos, precisava confirmar o que os seus olhos viam, por mais que fosse óbvio. 

— O que você quer? — Perguntou rudemente, enquanto era possível ouvir ao fundo outra pessoa respirando alto.

— O-onde você e-está? — Gaguejava por conta do choro contido.

— Estou ocupado… — Sons de gemidos ecoaram ao fundo, assim como o que parecia corpos se chocando. — Não me perturbe mais! — A ligação foi encerrada.

Taeyong havia o abandonado e estava nos braços de outro. Ten não conseguiu mais segurar o choro, deixando as lágrimas escorrerem com toda a sua força, sentindo o seu corpo tremer e o seu lobo uivar dentro de si de forma dolorosa, encolheu-se no chão frio sem se importar com mais nada.