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História The Walking Dead - Lar... maldito lar. - Uma nova familia


Escrita por: rdalmeida

Capítulo 2 - Uma nova familia


Fanfic / Fanfiction The Walking Dead - Lar... maldito lar. - Uma nova familia

Então depois de meses os sobreviventes estavam novamente juntos. O mais improvável aconteceu, só não sabemos se para o bem ou para o mau.  Estão na mesma sala os três soldados de máscara, Gisis, Jenny, Juju, Fernando e uma outra pessoa que eles não conhecem. O clima está cada vez pior pois Renan está olhando uma ficha e não dá atenção para os que estão à sua frente. Isso se arrasta por quase meia hora até que finalmente ele dirige a palavra ao grupo. Ele olha para um dos soldados e diz:
                - Dia fraco não é mesmo?
                Soldado: Os walkers que colocamos parecem que estão espetando as outras pessoas senhor. Estamos tendo dificuldade para encontrar novos membros.
                Renan olha para o desconhecido na sala e pergunta:
                - Qual o seu nome?
                ???: meu nome é...
                Renan interrompe a pessoa rapidamente dizendo...
                -Não gostei... você está reprovado. Esta fora...
                Olhando para os soldados ele diz:
                - Tirem ele da minha frente agora!!!
                A pessoa se desespera e se afasta da mesa e andando para trás. Acaba caindo junto com a cadeira e vai se arrastando até a parede.
                Renan levantando da mesa com impaciência diz:
                - Vamos logo... Tirem ele daqui. Ninguém aqui precisa ver chiliques.
                Gisis, Juju e Jenny ameaçam esboçar alguma reação e são interrompidas por Renan com um sorriso no rosto e um piscar de olhos balançando a cabeça em sinal de negativo, mas quando volta a olhar para os soldados volta com a expressão séria.
                Os soldados acertam com a arma o estômago da pessoa que se encolhe de dor. Após isso eles arrastam ele pela sala até a saída e Renan volta a olhar para a ficha.
                Renan: Muito bom... Parece que você se safou desta vez não é Fernando? Conseguiu trazer três pessoas de uma só vez. - Diz ele enquanto solta as folhas para bater palmas.
                Fernando: Eu só segui as suas dicas do caderno e fui naquele lugar que você disse para esperar. Encontrei elas no lugar que estávamos convers...
                Renan: Sabe qual é o seu problema... Você fala muito rapaz. Temos convidadas aqui hoje. Seja educado e deixe elas falar. Agora vá cumprir com sua outras obrigações... Cansei de olhar para a sua cara.
                Ele se levanta e sai da sala deixando agora somente os sobreviventes de Alexandria juntos. Renan com um olhar bastante sério olha para elas e pergunta:
                - Nome por favor?
                Elas se entreolham por alguns segundos...
                Gisis: Já chega dos seus joguinhos! Você conh...
                Renan rapidamente interrompe Gisis como se o mundo fosse acabar...
                - Calma ai nervosinha... Ainda temos muito o que falar, mas antes quero escutar um pouco de musica.
                Renan vai até o canto da sala onde tem uma caixa de madeira, bem antiga, e abre a sua tampa. Dentro tem uma daquelas vitrolas chamadas gramofone. Ele pega ela e arrasta para perto da porta. Ele da corda e coloca a agulha na trila de um disco. Assim começa a tocar uma música clássica. Renan volta até a mesa. Desta vez bem mais relaxado. Ele senta se jogando na cadeira, coloca os pés em cima da mesa e as mãos atrás da cabeça dizendo:
                - Agora já podemos falar sendo nós mesmos. E ai, tudo bem com vocês?
                Jenny: Do que você esta falando?
                Renan: As vezes acho que as paredes aqui tem ouvidos, então coloquei um som para podermos nos falar melhor. Quais são as novidades?
                Gisis: Seu doente! Que lugar é este? Por que sequestraram a gente?
                Renan responde de uma forma desconexa e sarcástica:
                - Eu também sentia a falta de vocês. Claro... Eu vou muito bem obrigado.
                Juju: É sério... Eu estou ficando com medo. Que lugar é este?
                Renan: Calma vou responder tudo a seu tempo... Este lugar aqui é uma antiga base militar. Durante a crise eles trouxeram sobreviventes para cá e quando a coisa piorou os militares deixaram o lugar com as pessoas ainda dentro. Aqui as regras são rígidas, mas é um lugar legal.
                Jenny: Como você chegou aqui? Nós estamos andando pois e não encontramos este lugar.
                Renan: Depois que vocês me deixaram para abandonado para a morte. – Rindo descontroladamente.
                Gisis: Vai a merda!
                Renan: Desculpe... É que eu não me controlo. –Falando enquanto chora de rir.
                Renan: Eu logo sai daquele lugar antes que os mortos tomassem conta. Fui para a floresta e fiquei um tempo por lá. Fui para as estradas para ver se achava uma carona. Usei o velho truque de precisar de ajuda e estar ferido. Isso sempre funciona. Encontrei um casal... Eles não devem ter ficado felizes quando roubei o carro deles, mas em fim... Depois de um tempo dirigindo Encontrei um grupo na estrada que estava fugindo de uns mortos. Eles nem conseguiam mais andar direito e os mortos estavam chegando cada vez mais perto e eu dei uma carona para duas pessoas. Um deles estava bastante feiro e se transformou dentro do carro. Felizmente eu tinha a minha faca da sorte e deu para resolver essa situação.
                Gisis: Por que eles te chamam de senhor? Você por acaso manda neles?
                Renan: Não é bem assim... Aquele que eu havia salvado era meu bilhete premiado para este lugar e eu não sabia. Ele era nada mais do que o filho de quem comanda este lugar aqui. Como para ficar aqui eu precisava de uma função e eles me deviam um favor, eu negociei para poder ser uma espécie de consultor. Eu treino algumas pessoas e avalio os novos que chegam.
                Jenny: Quem é que comanda por aqui?
                Renan: Na verdade ainda não o vi. Quase ninguém aqui viu ele. Ele não aparece em publico. Só eu acho isso estranho?
                Gisis: Então está criando novos monstros? Ensinado outras pessoas a ser igual a você? Eu já vi isso antes... Não deu certo.
                Renan: Eu preciso me divertir, não é? E querida... Para o bem da humanidade eu sou único. Detesto concorrência e para o bem de vocês eu fui com a cara de vocês três. A boa notícia é que vocês estão dentro... E a má noticia é que... É que... Sei lá, vou pensar em alguma coisa. Agora tenho que apresentar vocês ao seu novo lar.
                Todos se levantam e saem da sala. Ao sair podem ver que são escoltados por dois soldados ainda de máscara. Eles percorrem um longo corredor até que finalmente chegam a porta. Ela se abre e revela o lugar. Pessoas andando normalmente nas ruas como se nada tivesse acontecido de errado no mundo, comercio funcionando quase que normalmente, pessoas sentadas em bancos lendo livros, crianças correndo e brincando, idosos jogando gamão e dama... Se o mundo havia se tornado um inferno, aquele lugar era o elevador para o paraíso. Renan estende a mão para fora como se estivesse convidando elas a sair e pergunta:
                - E ai? O que acharam?
                Gisis: Este lugar é perfeito...
                Jenny: Isso é real mesmo?
                Juju: Como conseguiram fazer isso? Aqui nada mudou...
                Renan: Mundo bem... Vocês vão ter muito tempo ainda para ficar de queixo caído, agora vamos que eu tenho que levar vocês para seus dormitórios.
                Renan  vai na frente e os dois soldados acompanhando atrás. Ele vão percorrendo o lugar que parece não ter fim. Ele vai mostrando o lugar ponto a ponto.
                Juju: Aquilo ali é uma padaria? Vocês tem uma padaria aqui?!
                Renan: Por que o espanto? Aqui plantamos de quase tudo que da. Trigo é apenas uma das coisas.
                Gisis: Vocês tem dinheiro? Como vocês fazem para pagar pelas coisas?
                Renan: Nossa moeda local são os “méritos”. Você ganha eles após um dia de trabalho ou fazendo algo de alta relevância para a comunidade. Já dá para imaginar quanto eu ganhei por ter salvo o filho do cara, não é? Então...
                Eles vão andando por todo complexo e agora passam pelos campos de plantação. Um lugar imenso e eles conseguem ver milho, trigo, alface, tomate, pimentão, cebola, batata e outras coisas que eles nem mesmo conhecem, mas uma coisa em especial os chama atenção. As pessoas que trabalham naquele local estão acorrentadas, sujas e machucadas. Tem homens armados e de máscara por toda parte.
                Gisis: Por que aquelas pessoas estão acorren...
                A pergunta é interrompida pois eles acabaram de chegar no alojamento. Um lugar como se fosse um galpão muito grande. E neste local podem ser visto vários deles.
                Renan: Bem pessoal... Chegamos. Aqui é onde vocês vão poder dormir e guardar as suas coisas.
                Gisis: Quantas pessoas cabem ai dentro?
                Renan: No geral em cada galpão cem pessoas. Dividimos o galpão com paredes para criar a sensação de casas individuais. Isso dá mais privacidade as pessoas.
                Jenny: Vocês tem tudo aqui... Agora só falta dizem que tem água quente no chuveiro...
                Renan: Chu... Chuveiro? O que é isso?
                Juju: Sabia... Nada é perfeito.
                Renan: Brincando pessoal... Temos aquecimento a luz solar, mas peguem leve pois acaba rápido. Sem mais demora... Esta aqui é a chave de vocês. Nós não temos serviço de quarto, então vão ter que se virar sozinhos. A comunidade tem almoço e janta no galpão principal, vocês serão avisados por aquele sino no alto da casa branca. Podem ficar à vontade e ver seus aposentos.
                Os sobreviventes aos poucos vão entrando na casa e conhecendo o local. São quatro cômodos bem apertados e quase não possui moveis. Apenas uma cama, um sofá, um vaso sanitário e uma banheira com chuveiro.
                Renan: Acho que vocês repararam que não mobiliamos sua casa, bem... Isso é por conta de vocês. Qualquer coisa que vocês pegarem lá fora que não for uma coisa de bem comum podem ficar para vocês.
                Gisis: Como assim bem comum?
                Renan: Comida, água, produtos de higiene, armas e por ai vai... Agora roupas, objetos de decoração, moveis, são todos de vocês. Vocês terão que passar pelo pessoal da revista na entrada e entregar o material básico. Bem... Vou deixar vocês ai pois tenho que rever alguns assuntos pendentes. Uma boa noite a todas.
                Juju: Espera... Na vinda para aqui vimos uma coisa estranha... Nunca vimos aquilo antes...
                Renan: Agora é tarde... Já disse boa noite.
                Ele sai do alojamento fechando a porta. Elas começam a se organizar pois é muito bom poder dormir em um lugar quente depois de meses de relento e fumaça de fogueira. Parece que a vida melhorou muito deste a última noite. Elas já estão deitadas, mas a euforia é tão grande que não conseguem pregar os olhos
                Juju: Vocês conseguem acreditar em um lugar destes?
                Gisis: Isso aqui era o que Alexandria deveria ser. As casas são um pouquinho piores, mas eles tem tudo aqui dentro.
                Jenny: É verdade... Eles tem muros altos e são feitos de concreto. Esse lugar é incrível.
                Gisis: Vocês viram aquele pessoal acorrentado trabalhando? Viram o mesmo que eu?
                Juju: Vi sim.
                Jenny: Não tinha como não ver. Pode ser impressão minha, mas aquilo era trabalho escravo?
                Alguém bate a porta... Quem poderia ser no meio da noite? Jenny vai até a porta para ver. Era Renan Novamente...
                Jenny: Você? Outra vez?
                Renan vai entrando e dizendo:
                - Vocês tem um pouco de açúcar ai? Qual a senha do WIFI de vocês?
                Gisis: para de enrolar e fala logo o que você quer?
                Renan: esqueci de explicar uma coisa para vocês. Aqui temos um sistema de tutor... Até que vocês estejam ambientadas aqui vocês terão a companhia de uma pessoa que vai ajudar vocês.
                Jenny: Você quer dizer vigiar agente?
                Renan: Eu diria mais... Algo tipo... Espionar mesmo e fazer relatórios semanais de suas atividades. – Diz isso com a cara de pensativo e rindo.
                Juju: E por acaso quem vai ser esta pessoa que fará isso?
                Renan: Adivinhem... Vou dar uma chance a vocês. Minha dica é... Não é você, nem você e nem você(Apontando para elas), mas a pessoa esta aqui dentro desta sala. E ai, já sabem?
                Gisis: Esta zoando né?
                Jenny: ...Sacanagem isso?
                Juju: Haaaaa não!
                Renan abre uma brecha no sofá onde elas estão. Acaba ficando bem apertado. Ele envolve as três com os braço e sorrindo largamente fala:
                - Vamos lá pessoal! Vai ser divertido! Como daquela ultima vez que agente se viu na em Alexandria... Se bem que... acho que vocês não gostaram... Mas eu garanto que me diverti.
                Elas simplesmente se levantam e vão para o quarto. Renan vai atrás.
                Renan: Qual é pessoal? Somos uma família agora... Não vamos ficar chateados com pouca coisa.
                Jenny: Seu idiota... eu levei um tiro, lembra?
                Gisis: Nós quase morremos naquele dia...
                Renan: Vocês ficam muito focadas... Quase isso... Quase aquilo... Detalhes... Detalhes.
                Jenny: Por falar nisso, vimos você levar dois tiros... Voltamos para ver e você não estava lá. Nem sangue no lugar tinha. O que você fez?
                Renan: Essa história eu adoro contar... Vamos lá sentem-se. – Diz isso enquanto vai sentando no chão de forma muito eufórica.
                Elas aos poucos se acomodam na cama para escutar
                Renan: Bem... Eu sabia que ela queria de volta. Então combinei com a sua amiga la no quarto que ela teria que gritar, gritar muito e depois ir baixando o som do grito até acabar. Depois fiz uma coisa que não me orgulho muito... Peguei um rato que estava em cima de um morto e dei uma boa mordida, detalhe, não tem gosto de frango. Me sujei bem e com meu dom em artes cênicas fui lá para fora em prantos... Onde estará meu Oscar?
                Gisis: Para de enrolar, queremos saber dos tiros...
                Juju: Era algum tipo de munição falsa?
                Renan: Calma... deixa eu reviver aquela memória. Eu sai do quarto e fui na direção dela. Como ela estava muito emocionada essa parte foi fácil. Eu abracei e com uma das mãos segurei o pulso dela. Assim que mordi segurei ela com reflexo sacou a arma e atirou, mas eu direcionei o pulso dela para o lado do meu corpo e assim ela errou os tiros. Fingi que cai distante e na queda peguei alguns livros atrás da mesa e coloquei em cima de mim para ajudar. E foi assim que cheguei aqui... Não foi genial?
                Gisis: Olha... eu já achava que você era doente... você se supera a cada dia viu?
                Renan: Aaaaaa para. Fico envergonhado quando me elogiam assim no meio das pessoas. – Assim enquanto não controla o riso.
                Jenny: Cara... Na boa... Você escuta as coisas que fala?
                Renan: Claro que sim... Mas agora quero escutar vocês...
                Juju: Como assim?
                Renan: Todos temos história para contar e acho que ninguém mais tem televisão... Então temos que escutar um ao outro, certo?
                Gisis: ... Mas não temos nada para contar. Somos pessoas normais.
                Jenny: É verdade...
                Renan: Vamos lá pessoal... Entrem na brincadeira... Vai ser legal. Por exemplo: o que vocês eram antes disso tudo acontecer?
                Gisis: Eu não vou te contar isso...
                Renan: Poxa... Vamos lá, só para a gente se conhecer melhor. Vocês vão gostar.
                Juju: Esta bom, eu começo... Eu era médica. Formada em Havard. Era uma médica comum até que um dia meu irmão levou um tiro em um assalto. Mesmo sendo médica eu não pude fazer nada. Desde este dia me especializei em cuidados de ferimentos em geral. Fiz doutorado, mestrado e PH.D nesta área... Cheguei a viajar para o oriente médio, bem no meio da guerra para treinar com feridos de verdade. Aquilo sim que era treinamento de verdade.
                Renan: Hummm... Temos uma estudiosa no grupo então? Como foi o seu primeiro encontro com eles?
                Juju?... Eles quem?
                Renan: Os mortos... quando os viu pela primeira vez?
                Juju: Não sei ao certo se foi isso... Mas meu grupo estava com o exército dos britânicos e ouvimos falar que os terroristas tinham desenvolvido um agente químico que deixava os soldados imortais. Estávamos ao sul de Faluja quando alguns soldados começaram a simplesmente andar na nossa direção. Não importava quando tiro os solados dessem neles... Eles continuavam andando. O mais estranho era que no meio dos inimigos também haviam soldados nossos... Soldados britânicos. Nossas tropas foram retiradas do local e assim que voltamos para aqui o mundo praticamente já tinha acabado.
                Renan: Pela ordem agora é você Jenny, o que você era antes? Já sei... Policial?
                Jenny: Como você sabe?
                Renan: Já me prenderam algumas vezes sabe... Nada de demais. Coisas do dia a dia... Pode continuar.
                Jenny: Eu era agente especial do FBI. Fazíamos investigação de todo tipo de crime. Já trabalhei disfarçada dentro de próprias organizações criminosas. Já convivi com muita gente ruim sabe? – Diz isso enquanto olha para Renan firmemente.
                Renan: Nossa... Assim você me magoa sabia?... Na verdade não, pode continuar.
                Jenny: eu me especializei em comportamento humano e fazia os interrogatórios. Pelo que sei hoje você nem chegou perto de nos avaliar... Não era está a sua função?
                Renan: Você achou que eu ia deixar minhas amigas do coração de fora? Nem pensar... Como você viu eles pela primeira vez?
                Jenny: Estávamos em uma operação antidrogas, ouvimos falar que uma nova droga chegaria de navio em um porto em Jacksonville. Como estávamos perto nos aproximamos com uma unidade de seis pessoas. O navio ainda nem tinha chegado, pedimos reforços e ficamos aguardando. Foi ai que a coisa mais estranha aconteceu... Avistamos os navio vindo, mas ele não parou. Seguiu com tudo para cima do porto ficando encalhado e virando no chão. Só não foi pior do que aconteceu depois... Pessoas começaram a cais de várias partes do navio. Resolvemos ajudar... Ainda não sabíamos e três dos nossos acabaram mordidos. Eles viraram dentro do hospital onde acabaram mordendo mais pessoas ainda.
                Renan: Gostei de ver... Isso sim é uma boa história. E você Gisis? Qual é a sua?
                Gisis: Eu era uma das mais novas acionistas de Wall Streat. Eu gerenciava as contas de três multinacionais; Honda, Starbucks e HP. Muitas pessoas mais velhas não conseguiam nem apenas uma. Eu controlava as vendas e compras de ações destas empresas, controlava diretamente seus lucros e tentava reduzir as suas perdas quando preciso. Bem, só isso mesmo... Não gosto de falar muito sobre mim.
                Renan: E como você conheceu eles?
                Gisis: Foi em um dia bem atípico. Tinham uma informação privilegiada que naquele dia haveria uma súbita alta das ações da Diffucap, é uma empresa farmacêutica. Ninguém acreditou, além das minhas fontes eu também fiz pesquisas relacionadas a doenças e seu ramo de atuação, sendo assim a meu ver neste dia valeria a pena o investimento. Foi o que eu fiz... E com apenas uma movimentação fiz a minha empresa faturar cem milhões de dólares, de comissão ganhei um milhão. Eu não tinha acreditado que ficaria milionária. Naquele mesmo dia ainda recebi convite para outras empresas além de proposta para uma promoção para vice-presidente comercial.
                Juju: ... E os mortos? Como vocês os viu?
                Gisis: Foi neste mesmo dia. Com a súbita alta as pessoas estavam malucas trabalhando sem parar. Eu mesmo estava a quase a quarenta e oito horas sem dormir, assim como eu haviam muitos. Rostos abatidos, olheiras, peles pálidas. Não demorou muito para a primeira pessoa ir ao chão, depois o segundo, o terceiro e por ai vai. Estávamos tão obcecados por aquele painel que mostrava os números do dia que nem percebemos o que estava acontecendo. Aqueles que haviam caído estavam se levantando e atacando os demais, antes que a segurança entrasse em ação era muito tarde. Só naquele dia foram mais de vinte mordidos e três mortos. Após isso a sociedade nunca mais foi a mesma... Não tive minha promoção e nem o dinheiro.
                Renan: Nossa... Que chato ver que esse negocio de fim do mundo atrapalhou os seus planos? – diz enquanto trava o riso.
                Renan vai se levantando e diz:
                bem pessoal... vou para a sala pois amanhã o dia vai ser longo, tenho que levar vocês para suas funções e...
                Jenny: Nada disso... Agente falou. Agora é a sua vez.
                Gisis: Isso mesmo... Achou que só você iria zoar a gente. Pode contando a sua história.
                Renan: A Juju já sabe... pergunta para ela.
                Juju: Nada disso... Quero escutar outra vez.
                Renan: Não faz isso... É sério gente? – Estranhamente o sorrizo no rosto se desfaz.
                Gisis: Nunca falamos tão sério nas nossas vidas.
                Renan: Então tá. Eu nunca estudei em uma escola tradicional. Minha mãe morreu no part. Eu e meu pai vivíamos andando pelo pais aplicando golpes para conseguir um dinheiro... Já fingimos até que éramos ciganos prevendo o futuro. Ele me ensinou muita coisa, mas a melhor foi jogar cartas. Nunca perdi uma só partida, mas quem joga com gente grande sabe que não pode ganhar muito se não acaba morrendo. Eu ganhava o bastante para viver até que conheci um cara grande e passei a trabalhar para ele. Eu cobrava dividas para ele e entragava” mensagens”...
                Jenny: Como assim mensagens?
                Renan: Bem, quando uma pessoa não paga você tem que refrescar a memória dela... entende?
                Jenny: Aaaaaa sim. Claro...
                Renan. Algumas vezes ele pedia para levar a pessoa até ele. Eu não entendia o porque, mas ele pagava mesmo, então tudo bem. As pessoas sumiam. Ele fazia reuniões na casa dele com outras pessoas tão importantes ou ricas quanto ele e serviam pratos no mínimo... diferentes. Um dia fui fazer entrega de um dinheiro e ele estava em reunião e pediu para aguardar na sala... Eu estava com sede e fui até a cozinha abrir a geladeira. Não achei nada comum e quando abri o freezer encontrei a cabeça de uma das pessoas que levei com o crânio aberto e uma colher enterrada. Eu não passei mal, eu não entrei em choque. Até eu achei estranho a minha reação. Deixei o dinheiro na sala com um bilhete e sai.
                No dia seguinte ele me ligou e ofereceu um jantar. Eu fui, mas claro que eu não comi nada... Ele colocou algo na bebida. Quando eu estava começando a ficar tonto fui no banheiro vomitar. Voltei fingindo que estava tonto... Ele chegou perto de mim com uma faca dizendo que eu deveria ser purificado... Só lembro que deu tempo de empurra a faca no pescoço dele e desmaiar. Quando acordei todos daquela reunião estavam a minha volta. Eles debatiam sobre me matar ou me ajudar já que por minha conta havia descoberto seus segredos... Eles precisavam de alguém como eu no grupo. Eles disseram que eu teria que purificar o corpo daquele membro para ter tudo que era dele. Eles passariam tudo para o meu nome... Era isso ou morrer ali mesmo. Então... Aqui estou eu não é?
                Gisis: Você comeu mesmo o outro cara?
                Juju: ..Era sério aquilo?
                Renan: Não é exatamente comer a pessoa toda, era mais um ritual de aceitação... Não gosto de falar sobre isso, pois com o tempo você se acostuma e se torna um vicio. Já ameacei várias pessoas assim... Teve uma pessoa que comer uma orelha dela para me contar o que eu queria saber.
                Gisis: Você se orgulha disso?
                Renan: Não sei... As vezes me parece tão certo, outras vezes nem tanto.
                Jenny: ... Como foi que você viu os zumbis?
                Renan: Eu não falo sobre isso...
                Juju: Não? Por que?
                Renan: Não vale a pena relembrar isso... Eu nã...
                Gisis: Agora você vai falar... Todos aqui temos histórias ruins sobre este encontro. Não se sinta especial por isso.
                Renan: Tudo bem netão...
                Renan respira fundo, leva as mãos a cabeça um pouco tremulas e começa a falar.
                - Eu tinha uma boa condição, agora tinha amigos mas continuava aplicando meus golpes de jogo e tudo mais. Certa vez mexi com a mulher da pessoa errada e quando acordei já estava no hospital... Aquilo foi a melhor coisa que já me aconteceu na vida. Quando abri os olhos estava um anjo me olhando. Era uma médica... Só lembro de tentar cantar ela dizendo “Eu morri e estou no céu?”. Para meu azar ela leu a minha ficha médica e da polícia. Me aplicou um sedativo que apaguei na hora... Vocês tinham que ver a cara de raiva linda que ela fez... Foi a última coisa que vi antes de apagar. Deste dia em diante eu sempre brigava nos meus jogos para acabar parando lá... Eu havia decorado todos os dias de plantão dela, já sabia até o seu nome, era Nathalia.
                Foram várias tentativas até que ela finalmente aceitou falar comigo. Eu me sentia um garotinho inocente do lado dela. Ficamos mais de dez meses juntos depois disso... Foi assim um demônio se apaixonou pelo anjo. Eu parei com tudo, jogos, golpes... Cheguei até voltar a trabalhar. Eu era vendedor de TV’s... Da para acreditar nisso?
                Gisis: Sabemos que você era apaixonado por ela... mas e o mortos?
                Renan: Certo dia apareceu um cara na nossa porta me cobrando uma dívida que eu nem lembrava. Eu pensei em fazer alguns golpes mais pois o salário que eu tinha não pagava... Ela teve a ideia de fazer uns plantões extras. Quando aquele cara descobriu nosso endereço e tentou invadir a casa eu surtei e brigamos. Bati tanto nele que ele morreu no hospital... Por força do destino, coincidência ou sei lá... Eu estava também no hospital enquanto ela, que estava de plantão naquele dia, dava os últimos cuidados e anotava coisas na ficha dele sobre a morte. Ela não percebeu e nem eu quando ele se transformou e mordeu ela, e eu vi aquilo tudo... Ainda vejo até hoje aquela cena. Voltamos para casa e ela começou a se sentir mal, cada vez pior... Eu não sabia o que era, mas a febre não para... Só aumentava. De alguma forma ela já sabia sobre aquilo... Ela me deu esta faca aqui e me disse que daria boa sorte. – Ele mostra a faca com a escrita “Você é meu Golpe de sorte, te amo!”.
                Naquela noite. Cerca de seis horas depois ela parou de respirar, o coração já não batia e de certa forma eu também morri naquela noite... Com aquela mesma faca tive que fazer o que ela havia me pedido. Desde aquele dia que eu não sinto mais nada... Passei a dedicar a minha vida a ser a pior pessoa possível, pois se houver alguma coisa depois disso... Alguma espécie de paraíso. Não mereço encontrar ela neste lugar. Me desculpem, tenho que ir. – Com os olhos marejados ele sai do quarto e vai para a sala.
                Jenny: Calma... Espera...
                Mas não adianta... Ele guarda c faca e sai do quarto fechando a porta. Juju tenta ir atrás dele, mas Gisis segura seu braço...
                - Deixa ele... Todos nós temos coisas enterradas na gente. Acho que esbarramos nos fantasmas dele. Ele vai ficar bem...



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