Continuação.....
- C-Carl... o que você está fazendo com o meu diário? - Perguntei apavorada. Temia que ele pudesse tê-lo lido.
- Quantos zumbis você já matou? - Perguntou novamente com o tom mais preciso. Não entendi aonde ele queria chegar.
- Carl.... - Dei três passos na direção dele.
- Não se mexe! - Gritou balançando o diário em sua mão. - Ou eu jogo isso na fogueira! - Ameaçou me forçando a parar, meu coração deu um pulo.
- Não! Não por favor! - Supliquei.
- Ok, então responda as perguntas com sinceridade e o seu diário ficará a salvo! - Falou. O que ele quer?
- Tá... ok. - Aceitei, era isso ou meu diário viraria pó.
- Quantos zumbis você já matou? - Perguntou sério, aonde ele queria chegar com isso?!
- N-não sei... vários! - Respondi apreensiva, meus olhos vidrados no diário.
- Quantas pessoas você já matou? - Essa pergunta me deixou aflita.
- Eu já disse antes, só matei uma....
- RESPONDE A VERDADE! - Gritou tão auto que me fez dar um pulo de susto. Ok, acho que ele leu o diário.
- EU NÃO SEI! SATISFEITO? NÃO SEI QUANTAS PESSOAS EU MATEI! - Berrei já chorando.
- Por que?
- Porque não me lembro. - Respondi soluçando.
Ele baixou a mão e veio na minha direção.
- Toma. - Me estendeu o diário, peguei-o rapidamente.
- Você...
- Sim. Eu li. - Confirmou antes que eu terminasse a pergunta, me senti como se tivesse levado uma facada pelas costas. Eu nunca o perdoaria. - Li tudo. - Acrescentou.
Então era por isso que ele não saía mais do quarto, estava trancado lendo minha vida!
- Eu te odeio Carl. - Levantei a cabeça pra ele e o encarei com o mais puro ódio. E então, num impulso, lhe dei um tapa na cara.
- Não devia ter feito isso! - Gritou e pulo em cima de mim me derrubando no chão, ele ficou por cima de mim e segurou com força meus braços a cima da minha cabeça. Tentei me soltar mas não consegui.
- Olha só Thaylor, eu vou te dar uma chance de se explicar, pra tentar me convencer de que você não é perigosa!
"Peraí, ele vai me dar uma CHANCE de me explicar? Ninguém que tenha realmente lido o diário faria isso, a não ser que..." meu coração deu um pulo, talvez ele não tenha realmente lido! Mas eu tinha que ter certeza.
- O que você quer que eu fale Carl?! - Gritei tentando me soltar. - Quer que eu conte como me senti quando roubei os mantimentos do meu primeiro grupo?!
Ele me olhou confuso.
- O que?
- Tá legal, eu conto! ME SENTI A PIOR PESSOA DO MUNDO! Mas não pode me julgar, eu SÓ tinha onze anos!
Ele saiu de cima de mim, peguei meu diário do chão e me levantei também, ficando de frente pra ele. Carl me olhava meio confuso e atordoado. O que será que ele esperava ouvir?
- Carl, não conta pro Rick por favor! - Implorei fingindo arrependido. - Promete!
- T-tá... eu prometo. - Concordou, ele ainda me olhava meio abobado.
Senti um alívio no peito, ele não tinha lido meu diário, agora tenho certeza.
- Por que leu o meu diário?! - Ralhei. mesmo sabendo que ele não tinha lido, eu fiquei com raiva por ele ter ficado esse tempo todo com ele.
- Por causa da Skyler. - Ele disse se sentando no tronco caído. Senti um ódio me invadir.
- Como assim por causa da Skyler? - Perguntei me sentado ao lado dele.
- A umas duas semanas ela foi lá em casa, e disse que contaria a verdade sobre quem era você, e começou a contar umas coisas estranhas. - Falou encarando o chão, ele estava sem graça.
- Que coisas estranhas ela contou? - Perguntei apreensiva.
- Disse que você era uma assassina, que matou duas garotas da sua escola e falou que você foi internada num manicômio por ter matado sua meia-irmã de dois anos... Julie.
- Que absurdo! - Fingi indignação, mas por dentro eu estava sentindo ódio da Skyler, como ela teve a coragem?!
- É... ela disse que você é doente, que você tem algum tipo de "distúrbio mental". - Contava ainda encarando o chão.
- MENTIRA! - Gritei de repente, que raiva daquela infeliz! - Ela que é doente mental! A Skyler inventou tudo isso, ela nem teve nenhuma filha além da Emma!
- É, agora eu sei que é mentira. Mas não se preocupa, ninguém acreditou nela.
- Menos você, não é? - Falei com certa decepção.
Ele finalmente me olhou, seus lindos olhos azuis refletiam a luz da fogueira.
- Eu sinto muito, muito mesmo. - Falou me encarando envergonhado. - Me desculpa.
- Não sei se posso te desculpar Carl. Você desconfiou de mim e ainda leu o meu diário!
- Eu não li o seu diário! - Confessou.
- Sério? - Perguntei fingindo surpresa.
- Sim. Eu não consegui ler, não tive coragem. A única coisa que li foi "este diário pertence a Thaylor Cristhin". - Falou fazendo uma voz engraçada. - Mas eu tinha que saber se você era mesmo inocente, eu passei duas semanas tentando pensar num jeito de descobrir a verdade sem precisar ler o diário, eu nem dormia. - Então era por isso que ele estava com os olhos vermelhos. - E então, ontem eu tive a ideia de te confrontar.
- E bela ideia. - Ele realmente teria conseguido arrancar a verdade de mim, mas eu fui mais esperta. - Conseguiu me assustar.
- Desculpa, mas eu tinha que saber.
Ficamos em silêncio por um instante antes do Carl me deixar tença ao fazer uma pergunta.
- Thaylor... por que que quando eu te perguntei "quantas pessoas você já matou" e o "Por que", você respondeu que não sabia porque não lembrava?
Fiquei calada, não sabia o que responder. "Isso Thaylor, sai dessa agora!" !
- Thaylor?
- F-foi... foi porque... - Eu tentava pensar numa resposta. - ... eu me referia aos zumbis, afinal, eles são pessoas. E eu já matei tantos que até perdi a conta, impossível lembrar.
Ótimo... acho que me safei dessa.
- Carl, como tinha certeza de que eu conseguiria te achar aqui na floresta? - Não pude deixar de perguntar.
- Pela luz da fogueira. - Respondeu fazendo uma cara de "não é óbvio?".
- Ah.. é claro.
Ficamos em silêncio, apenas admirando a lua cheia no céu repleto de estrelas.
- São lindas, não é? - Carl murmurou olhando pro céu.
- São. - Confirmei também olhando pras estrelas. - Fazia tempo que eu não parava pra observa-las. - comentei.
- Eu também não. - Falou se levantando do tronco e se deitando no chão cheio de mato.
Me levantei também e me deitei ao lado dele, encarando o céu.
- Thaylor, posso... te fazer uma pergunta?
- Tecnicamente você já fez. - Zombei. - Fala.
- Como foi que você e o Ron viraram namorados?
Essa pergunta me pegou de surpresa.
- Bem, ele me pediu em namoro, e como a gente se dava super bem, eu aceitei. - Respondi sem dar muita importância ao assunto, não queria falar de mim e o Ron.
- Hum. - Murmurou meio inquieto.
- E você e a Enid? - Não consegui evitar, eu queria saber.
- O que tem eu e a Enid?
- Como vocês viraram namorados?
- O que? - Indagou virando a cabeça pra mim. - De onde você tirou isso?
- Isso o que? - Perguntei também olhando pra ele.
- Eu e a Enid não estamos namorando! - Senti uma sensação estranha de repente, parecia... felicidade?
- E-eu pensei que...
- Pensou errado. Enid e eu somos apenas amigos. - Falou. - O que te fez pensar isso?
- Hãmm... foi só um palpite. - Menti, mas eu não podia contar que segui eles.
Ele balançou a cabeça.
- Carl.
- O que?
- Acho melhor voltarmos. Já está tarde, seu pai e os outros devem estar preocupados. - E é verdade, podem até estar nos procurando.
- É isso ou você está com fome? - Perguntou rindo.
- As duas coisas, talvez. - Rimos.
Me levantei e estiquei a mão pra ajudá-lo a se levantar. Peguei meu diário de cima do tronco e voltamos pra Alexandria.
[ .... ]
Me deitei na cama e joguei o diário em cima da cômoda, estava exausta.
Me virei pro lado e encarei fixamente a parede.
"Não foi dessa vez que você conseguiu me ferrar Skyler, mas não vou te dar outra chance, não mesmo".
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