~ POV CARL ~
- Tem certeza de que foi aqui que você a encontrou? - Perguntou meu pai.
- Tenho. - Confirmei.
Meu pai, Daryl, Aaron e eu estávamos na floresta, Daryl observava atentamente cada canto em que estávamos.
- E por que você estava aqui? - Meu pai indagou irritado, eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele acabaria perguntando isso. - O que foi que eu disse sobre sair de dentro de Alexandria?
Suspirei e olhei pra ele.
- Eu só... queria respirar um pouco! Ficar trancado lá também cansa. Então chamei a Enid pra vir comigo. - Expliquei, ele me olhou ainda desconfiado. Mas quando ele ia abrir a boca pra falar, Daryl interferiu.
- Achei um rastro! - Informou e corremos até ele.
- Foi daí que ela veio. - Falei.
- Bem... vamos seguir e ver até onde isso vai nos levar. - Sugeriu Aaron.
Daryl foi na frente seguindo os rastros que acreditávamos ser da Thaylor.
- Tem muitas manchas de sangue.. - Daryl comentou mordendo o lábio em aflição.
- Mas... podem ser dela, afinal de contas, ela estava machucada. - Opinei meio inseguro, eu torcia pra aquele sangue no mato ser dela.
- É possível. - Concordou meu pai.
- Olhem só esse rastro, tem muito sangue. - Daryl se agachou olhando aquilo mais de perto. - Aqui tem uma trilha, parece que um corpo foi arrastado naquela direção.
- Um corpo? - Aaron arregalou os olhos.
- Não tenho certeza. Mas acho que sim. - Disse e continuou a andar.
Vi a expressão do meu pai se contorcer, ele parecia um pouco nervoso e receoso, assim como eu estava.
- Caramba... quanto sangue. - Daryl comentava enquanto continuávamos seguindo a trilha. Eu só desejava que ele parasse de ficar repetindo isso. - A trilha acaba aqui.
Daryl anunciou parando em frente a um rio, olhei pro chão e uma poça de sangue seco estava formada no chão perto do rio.
- Mas que merda é essa? - Ouvi Daryl sussurrar olhando pra poça em que ele estava pisando.
- A-acham que... - Não consegui completar. Definitivamente um corpo foi arrastado. - ..p-pode ser de um animal! - Tentei uma medida desesperada de tirar da cabeça deles a mesma ideia que estava atormentado a minha.
- Não acho que seja de um animal. - Disse Aaron olhando pro rio, parecia procurar por algo.
- Então... um corpo foi jogado no rio? - Perguntou meu pai, sua voz embargada. Parecia descrente.
- É, parece que sim. - Confirmou Daryl. Então olhamos uns pros outros, parecia que cada um estava esperando alguém dizer "não é nada disso, tem outra explicação com certeza!", mas ninguém o fez.
- Se um corpo foi jogado ai, então certamente tem alguém faltando lá dentro. - Aaron concluiu apontando na direção de Alexandria.
- Aaron, pode ir ver quem está faltando, por favor? - Meu pai pediu e ele concordou já se retirando.
Ficamos uns quinze minutos em silêncio até ouvirmos um barulho vindo das árvores. Era o Aaron.
- Tem uma pessoa faltando na lista. - Ele disse ofegante. - Procurei ela por toda a parte mas não a encontrei em lugar nenhum.
- E quem é? - Perguntou meu pai e já senti o medo me consumindo.
- A Emma Christin.
~ POV THAYLOR ~
*HORAS ANTES*
Continuação......
Não consegui entender o que havia acontecido. Tentei me soltar mas Emma era mais forte do que eu, e eu mal tinha fôlego pra lutar contra ela.
- Por que fez isso Thaylor?! - Gritou me olhando com tanta fúria que parecia que a qualquer momento sairia fogo de seus olhos. Não consegui responder, não tinha ar suficiente pra isso. Eu tentava puxar o ar de volta pros meus pulmões. - Você conseguiu tirar TUDO DE MIM!! ABSOLUTAMENTE TUDO!
- Emma... Emma p-por favor... - Tentei falar, cada palavra saindo com dificuldade.
- VOCÊ FOI DESTRUINDO A MINHA VIDA AOS POUCOS THAYLOR! - Continuou gritando enquanto as lágrimas desciam pelo seu rosto. - E vai pagar por isso!!
Ela abriu a tesoura e a deslizou no meu braço fazendo um corte fundo. Não sei de onde tirei fôlego pra berrar de dor naquele momento.
- ADMITA THAYLOR! EU SEI QUE FOI VOCÊ! - E passou a tesoura no meu outro braço, fazendo um corte no meu pulso.
Dei mais um grito e as lágrimas já começaram a deslizar de meus olhos.
A dor era terrível, vi meu sangue se espalhando pelo mato.
- EMMA PARA COM ISSO! - Supliquei, mas foi em vão. Emma levantou a tesoura, e sem hesitar, fez outro corte no meu braço. - POR FAVOR! - Implorei em meio aos gritos de dor que eu não conseguia calar.
- ADMITE QUE MATOU ELA! ADMITE QUE MATOU MINHA MÃE! - Fez outro corte no meu outro braço.
- FUI EU! - Confessei tentando me soltar, mas em vão. Eu chorava desesperadamente, não apenas pela imensa e insuportável dor, mas também por quem estava causando-a. - Para por f-favor...
- Você acabou com tudo o que eu tinha, Thaylor... tirou tudo de mim! - Deslizou com força e lentamente a tesoura pelo meu braço, abrindo mais um corte fundo. - Meu pai... minha mãe... e até a Julie você tirou do jogo!
Puxei meus braços pra tentar soltá-los de sua mão, mas fracassei. Eu já não tinha muita força contra ela, e com esse sangue todo que eu estava perdendo eu não conseguiria nem dar um arranhão nela.
- Eu não queria... eu juro Emma... - Falei entre muitos soluços.
- Ahh queria sim! Queria muito! E vai pagar pelo que fez Thaylor! - O que aconteceu a seguir me fez desejar estar morta, ou nunca ter nascido.
Emma apertou mais a tesoura em sua mão e com o mais puro prazer, ela começou a esfaquear meus braços, fazendo cortes fundos e extremamente dolorosos.
- PARA! PARA EMMA! - Gritei e quase já não sentia mais o sangue circular em meus braços.
Emma largou a tesoura na grama e me olhou profundamente com o mais profundo rancor.
- Eu te amava tanto Thaylor!
E então apertou suas duas mãos em meu pescoço na intenção de me sufocar. Eu me debatia desesperada, mas ela apertou mais minha garganta, eu não conseguia empurrá-la, eu mal conseguia mover meus braços.
Virei os olhos para o lado, tinha uma pedra de tamanho médio, estava fora do meu alcanse, mas eu tinha que tentar, era a minha melhor chance.
Estiquei o braço com muita dificuldade, meus dedos estavam quase tocando a pedra, senti minha vida se esvaindo aos poucos... eu não tinha mais ar. Tentei esticar mais meus dedos, estava quase... e então, meus dedos alcançaram aquela maldita pedra e eu consegui empurrá-la pra mim e a peguei, sentindo uma dor horrível, eu segurei a pedra com força e a levantei, e com o pouco de força que me restava, certei a cabeça de Emma que caiu pro lado com um grito de dor.
Rápidamente soltei a pedra e levei minhas duas mãos ao meu pescoço. Tentei buscar ar respirando de pressa.
- Por que Thaylor?.. Depois de tudo o que eu te fiz.. - Emma sussurrou olhando inerte para o céu, o sol já havia nascido.
Eu ainda não conseguia falar, meu fôlego estava preso.
- Eu me arrisquei tanto por você... sujei minhas mãos. - Continuava falando, o local de sua cabeça onde eu taquei a pedra estava sangrando rápido de mais.
- Se arriscou p-por m.. mim? - Falei quase sem conseguir. - Quando?
- Sabe.. sempre achei que você fingia não lembrar de nada. - Deu um pequeno sorriso fraco e sarcástico. - Mas com o tempo eu percebi, percebi que seus problemas eram sérios... eram reais.
Eu não estava entendo o que ela queria dizer, dei um gemido de dor, meus braços ainda sangravam.
Emma ainda mantinha o olhar vidrado para o céu.
- Lembra da Dulce e a Jeny? Aquelas garotas que te bareram feio no colégio?
- O quem tem elas? - Perguntei tentando me manter acordada, eu estava lutando contra uma incontrolável vontade de fechar os olhos.
- Eu me arrisquei quando tive que esconder o corpo delas. - Meu fôlego escapou novamente. Emma virou a cabeça pra mim, fazendo uma careta de dor que logo se transformou num meio sorriso. - Eu segui você até o corredor... e eu te vi tendo o surto, e pegando a tesoura da bolsa, Thaylor. E ai você foi tão rápida.. elas nem tiveram chance de reagir. E sabe o que é impressionante, você nem se sujou!
- Mentira... - Murmurei atordoada, ela está com raiva, ela vai tentar me deixar mal... ela quer que eu sofra. Mas não vai funcionar porque eu sei que é MENTIRA!
- E ai você simplesmente largou elas lá... sangrando até a morte. Eu sabia que eu deveria fazer alguma coisa, e então eu tive a ideia de escondê-las naquele banheiro, e foi o que eu fiz... e voltei pra limpar o sangue antes que alguém chegasse. - Ela me olhava com admiração, eu não conseguia acimilar aquilo, não era verdade.
- Cala a boca Emma... cala essa boca. - Na verdade eu estava mais implorando do que exigindo. As lágrimas escorriam sem permissão, minha cabeça girava e eu não conseguia mais olhar pra Emma.
- Eu lembro de quando isso começou... sabe, no começo era apenas dar veneno pro gato da vizinha, ou deixar meu peixe morrer sufocado fora d'água. Mas então você começou a querer mais... você sempre estava com raiva, e quanto mais calada, com mais raiva você estava. - Falava tudo com uma voz vaga e tranquila. - Eu vi você indo pro quarto da Julie. - Virei a cabeça pra ela, meus olhos se arregalaram, minha respiração começou a falhar. - Eu sabia o que iria acontecer, e eu poderia ter te impedido Thaylor, mas eu não quis... eu simplesmente voltei pro minha cama e dormi. Eu não gostava da Julie, ela roubou até mesmo a atenção da mamãe... eu não me importava de dividir o papai com você, mas dois é demais. Mas eu realmente não esperava que ela morreria daquele jeito tão... cruel. Eu sabia que você seria pega pelas câmeras, e que alguma coisa aconteceria com você depois disso... e acredite Thaylor, eu fiquei muito mal por você ter ido pra aquele lugar.
- Emma já chega! - Falei entre os dentes, aquilo não fazia sentido e eu não queria mais continuar ouvindo, não queria.
- Não, não... não fique assim Thaylor, você não tem que se sentir mal por isso, você não é um monstro. Você é incrível... eu, eu sempre tive inveja de você. Você era forte, calculista... tão... fria! Eu queria ser como você, eu sempre fui tão fraca e burra!
- Para... - Implorei com as lágrimas jorrando de meus olhos, eu me sentia destruída por dentro.
- Eu sabia que eu nunca conseguiria ser como você, então eu apenas cobria seus rastros sem que você nem ao menos soubesse. - Ela chorava mas ao mesmo tempo estava rindo. - Thay, nunca acredite no que aquelas pessoas falavam, que você era um monstro... que você era uma psicopata. Porque você não era, você não é! Thaylor você apenas... tinha coragem de fazer o que outras pessoas apenas desejavam! Ninguém era tão determinado e corajoso pra pegar uma faca e acabar com a vida de alguém! Eu te admiro tanto Thaylor, eu sempre tive orgulho de você... eu te amo maninha. - Senti o choro parar na minha garganta, quase que me sufocando, eu não conseguia mais ouvir aquilo, tapei meus ouvidos com a palma das mãos, mas em vão, ela continuou falando e eu continuei a escutar. - Você pode não se lembrar do que fez, mas você vai... você vai ver como algum dia essas lembranças vão te pegar de surpresa, pode ser num sonho, ou até pesadelo... mas você vai lembrar, porque você fez Thaylor, essas coisas aconteceram, essas coisas são reais! E talvez você tenha feito mais do que pensa que realmente fez. Tenta lembrar... só tenta... Mas quando recuperar essas memórias, não se assuste e nem se sinta um monstro... não fuja. Por que na verdade você é incrível, é grande! Você é forte, você foi feita pra esse mundo. Eles são os monstros... eles são a caça, e você é a caçadora.
- Por que está dizendo essas coisas Emma..? - Minha voz se misturava com os soluços. Eu só queria... morrer.
- Porque eu quero que você saiba Thay, mesmo que digam o contrário, você não está doente, você está completamente sã. - Sua voz já estava fraca, o sorriso já não estava mais em seus lábios, ela apenas voltou a encarar aquele céu claro e azul. - Carl sabe de tudo.
- O que?! - Engasguei e rezei pra que eu tivesse ouvido errado.
- O Carl leu o seu diário Thaylor, mas não tudo... ele sabe apenas o básico. - Sussurrou com a voz fraca. - Não se preocupa, ele não vai te entregar. Ele sabe sobre seu "diagnóstico" mental. - Riu com sarcasmo. Eu não sabia como reagir, eu não sabia o que fazer. - Acho que não vai precisar tomar providências contra ele.
- Eu nunca mataria ele nem ninguém Emma!! - Falei entre os dentes, ela olhou pra mim e abriu um sorriso.
- Ele me contou... e-ele me disse que você tentou matá-lo.
- Não foi...
- "Sua intenção".. - Completou revirando os olhos. - É eu sei. Tenta se convencer disso.
Ficamos um tempo em silêncio, meus braços estavam coçando. Eu via andantes ao longe, Emma estava deitada do meu lado, ainda olhando para o céu, sua expressão calma e seu rosto molhado pelas lágrimas que já haviam parado de escorrer.
- Thaylor... - Sussurrou num tom quase inaudível. - ... minha cabeça está doendo, muito. Que tal andar logo com isso?
A olhei sem entender do que ela estava falando, e percebendo isso, ela esclareceu:
- Me mata logo Thay. É só... um furo no cérebro, simples e fácil.
- Não...
- Thaylor por favor...
- N-não eu não posso, eu não quero! - Voltei a chorar, como ela pode me pedir uma coisa dessas?
- Se você não me matar, eu vou te matar. Você matou minha mãe Thay, e isso eu nunca perdoaria. - Ela pegou a tesoura e a colocou na minha mão. - Faça agora, é eu... ou você.
Chorei com mais intensidade, eu não podia fazer aquilo... eu não quero!
Ela me lançou um olhar significativo, e eu entendi.
Relutante e com muita dificuldade, me levantei aos poucos, a tesoura segura em minha mão. Me ajoelhei sob o corpo de Emma, ela fechou os olhos com força. Respirei fundo e hesitei por uns segundos. E então fiz, segurei a tesoura com as duas mãos e dei a primeira tesourada, mas não foi na cabeça, foi no tórax. Senti o sangue respingar no meu rosto. Ela soltou um grito ensurdecedor e segurou minha mão, eu perfurei sua mão que me segurava e dei mais uma tesourada, foi uma seguida da outra, no estomago, nos pulmões, no peito, na garganta... eu fazia com gosto, eu estava com raiva e queria que ela sofresse, sofresse muito.
Quando finalmente parei com aquilo, olhei pra ela, já estava sem vida. Ao redor, sangue espalhado por toda a parte, havia uma poça vermelha rodeando a gente.
E quando finalmente minha ficha caiu, me deitei sob o peito dela e comecei a chorar, como nunca antes.
- Por que Emma? P-por que me obrigou a isso?! - Nao sei armar o que eu estava sentindo, apenas um vazio imenso no meu peito. Apenas fiquei ali, debruçada sobre ela, chorando.
- Eu não queria... não queria...
............
Não sei por quanto tempo fiquei lá, só sei que me despertei do choque quando senti seu corpo se mexer. Olhei pra ela completamente pálida, seus olhos que antes eram verdes, agora se transformara em brancos.
Peguei a tesoura e a cravei em seu crânio, agora tinha acabado.
Sem mais lágrimas pra chorar, me levantei, quase caindo novamente, minhas pernas estavam bambas.
Eu não sabia ao certo o que faria agora. Segurei Emma pelos braços e comecei a arrastá-la floresta adentro, fazendo uma trilha de sangue por onde o corpo de Emma era arrastado. Me lembro de que tinha um rio por ali, era pra lá que eu iria.
Consegui suportar a horrível dor que estava sentindo nos braços. Demorou alguns minutos pra mim conseguir chegar até o rio, Emma era um peso morto e isso dificultou muito. A posicionei na grama ao lado do rio, soltei seus braços e me ajoelhei do lado dela.
- Eu queria ter te dito tantas coisas Emma, mas eu sempre estrago tudo não é... - As lágrimas que eu pensava não ter mais, agora voltavam a deslizar lentamente pelo meu rosto. - ... eu só queria dizer que eu te amo.
E depois de respirar fundo, empurrei o corpo dela que rolou até a água. E então a vi afundar no rio.
Depois de uns segundos tentando me recuperar, me levantei e joguei a tesoura no rio.
Olhei pras minhas mãos, eu só conseguia enchergar sangue, meu sangue misturado com os dela. Olhei pra mim mesma, minha roupa que nem lembro a cor que era, agora estava ensopada com o líquido vermelho.
Sinto que a minha alma já está condenada para o inferno... mas será que é muito diferente daqui? Desse mundo?
Meio atordoada eu voltei a caminhar pela floresta, voltando pra Alexandria. Eu não estava nem ai pro que iriam falar assim que eu chegasse lá. Se me expulsarem eu não vou me importar, acho que meu lugar não é aqui, não mais. Perdi a Emma, ela era praticamente o único motivo pelo qual eu queria ficar em Alexandria, o motivo pelo qual abandonei a caça ao papai. Mas agora o que eu tinha a perder? Carl já leu metade do meu diário, suficiente pra considerar meu banimento do grupo... e com certeza uma hora ele vai contar pro grupo, e lá vou eu ficar sozinha na estrada de novo.
Acho que está na hora de voltar pra realidade, sair desse "paraíso" e voltar a viver o inferno que se encontra por detrás desses portões.
Senti uma tontura, minha cabeça estava girando e minhas pernas estavam fracas. Acho que a qualquer momento poderia cair desmaiada no chão, quem sabe até morrer de uma vez.
Continuei andando aos tropeços. Ouvi uns murmúrios vindos de uma distância não muito longe.
- Ótimo.. devem ser esses malditos bichos e não tenho nada pra me defender. -Murmurei aflita e cansada. Adentrei um pouco mais a floresta pra ver se a quantidade deles era muita. Mas quando consegui ver o verdadeiro motivo do barulho, tentei rapidamente voltar pra trás, mas no primeiro passo que dei, pisei num galho caído, e o barulho chamou a a tenção do Carl e a Enid.
~ POV CARL ~
Imediatamente saquei minha arma e apontei pra cabeça daquele errante, mas antes que eu pudesse apertar o gatilho Enid me impediu abaixando meu braço.
- Não Carl! É uma pessoa. - Falou um tanto surpresa.
Sem acreditar, apertei mais os olhos e dei uns passos na direção da "pessoa".
- Ah meu Deus... - Levei um susto. - Thaylor?
- O que? - Enid indagou horrorizada.
Era a Thaylor. Corri na direção dela, mas ela se afastou de pressa.
- N-não! Fica longe! - Colocou as mãos a frente do corpo num sinal para que eu não me aproximasse, percebi os vários ferimentos em seus braços.. ela estava completamente ensanguentada, não sei se ficava com medo daquele sangue ser dela, ou se ficava com medo de não ser.
- Thaylor...
- Não!! Fiquem longe de mim! - Ela tapou os ouvidos com as mãos, ela estava completamente atormentada. O que aconteceu com ela? - Não cheguem perto de mim!
- Enid! Vai buscar ajuda! - Mandei sem tirar os olhos da Thaylor.
- T-tá.. - Enid falou, mas continuou ali parada olhando assustada pra Thaylor.
- RÁPIDO! - Gritei e ela saiu correndo.
- Thaylor... deixa eu te ajudar.. - Tentei chegar mais perto dela, mas ela se afastou apertando mais as mãos contra os ouvidos e fechou os olhos com força.
- Não preciso, não quero ajuda! Você não entende! Ninguém entende! Eu só quero que todos parem de me olhar assim! PAREM!! - Começou a gritar, seus olhos ainda fechados. Eu não sabia o que fazer, ela estava transtornada e parecia até confusa. E de onde veio todo esse sangue?! - Me deixem sair daqui! Por favor... - Sua voz foi ficando fraca e ela começou a chorar desconsolada.
Aproveitei que ela estava com os olhos fechados e avancei, segurando-a de surpresa num abraço.
- Me solta!! Me larga! - Lutou pra me afastar, mas não me soltei dela, eu não podia, não conseguia. Depois de uns segundos se debatendo, ela finalmente sedeu e me abraçou de volta. Ela escondeu a cabeça em meu peito e chorou desesperadamente.
A abracei com mais força passando a mão em suas costas.
- Shh... vai ficar tudo bem... eu prometo.. - Sussurrei em seu ouvido, eu não tinha noção do que fazer. Estava me sentindo impotente naquele momento.
~ POV OFF ~
*Dois dias depois*
O grupo estava reunido na sala de uma das casas, eles estavam claramente abatidos.
- Acho que devemos esperar ela sair do choque. - Sugeriu Maggie apoiando seu queixo com uma das mãos.
- Eu concordo. Ela está claramente abalada com alguma coisa, creio que essa não seja a melhor hora pra bombardeá-la com perguntas! - Eugene exclamou.
- É claro que devemos esperar ela se recuperar de seja lá o que for que a tenha deixado naquele estado. - Falou Deanna tomando um gole d'água. - Mas já fazem dois dias que ela está assim...
- Rick já disse que quando eles conseguirem afastar aqueles zumbis e voltarem pra cá ele dará um jeito nisso. - Interferiu Morgan.
- Ela está em transe. Não quis conversar com ninguém, fiz de tudo pra tentar chamar a atenção dela mas... ela nem se mexeu. - Carol suspirou desanimada. - Precisamos saber o que aconteceu.
- Eu vou dar uma volta. - Avisou Carl já se encaminhando para a porta. Ele estava atordoado, queria entender tudo aquilo.
- Oi Denise. Posso vê-la? - Carl perguntou entrando na enfermaria. Denise olhou pra ele meio pensativa. - Não vou ficar muito tempo, prometo.
- Desculpa Carl, mas o Ron também já veio aqui querendo vê-la...
- Denise... por favor.
- Tá bem. - Ela se deu por vencida. - Dez minutos, não sei se a presença de alguém vai fazer bem pra ela agora. E por favor não toque nas mãos ou braços dela, aqueles pontos ainda estão recentes demais.
- Tudo bem, dez minutos. - Carl concordou e entrou no quarto em que Thaylor se encontrava.
A menina estava recostada na cama, olhando inerte para o nada. Suas mão depositadas em cima de seu colo, seus braços enfaixados até os cotuvelos. Ela estava completamente em transe.
- Oi Thay. - Ele cumprimentou fechando a porta, mesmo sabendo que ela não responderia. - Espero que você esteja melhor.
Carl se sentou na ponta da cama e olhou pra ela, que mantinha seu olhar fixo em alguma direção qualquer.
- Eu não tenho certeza se pode me escutar, mas eu espero que sim. - Ele respirou fundo. - Thaylor, eu não sei o que aconteceu. E talvez você não queira falar sobre isso... não agora. E se estiver desse jeito, se estiver inventando essa crise pra poder escapar, por favor pare... pelo menos, pelo menos fala comigo!
Ele a olhou esperançoso por um momento, mas nada aconteceu. Ele suspirou desapontado e se levantou da cama. Estava prestes a abrir a porta quando foi surpreendido:
- Eu estou com medo Carl. - Thaylor sussurrou sem desviar o olhar do nada.
Carl imediatamente voltou a se sentar na cama de frente pra garota.
- Não precisa ter medo. Só... me conta o que ouve. - Pediu mas não obteve resposta, Thaylor apenas ficou calada olhando pra parede. - Olha pra mim Thaylor.
- Eu não queria ter feito aquilo... mas ela pediu, eu juro que ela que pediu Carl. - Thaylor finalmente olhou pra ele.
- Está falando da... Emma? - Perguntou. Thaylor afirmou com cabeça.
- Ela foi mordida. - Mentiu sem desviar o olhar.
- A Emma foi m-mordida? - Carl se espantou, ele não imaginava isso. Mas então ele sentiu um alívio invadir seu peito, não era aquilo o que eles imaginavam.
- É... e eu tive que matá-la. - Ela começou a chorar, as lágrimas eram verdadeiras.
Carl se aproximou mais dela, ele ia abrá-la mas fora interrompido por um barulho e uma gritaria vinda do lado de fora.
- O que está acontecendo? - Os dois exclamaram e se levantaram para espiar pela janela. - Meu Deus...
O que viram foi vários homens atacando os moradores da comunidade.
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