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História The Walking Dead - Odeio Amar Carl Grimes - Desabafando


Escrita por: Mila_Scarlety

Notas do Autor


OIII WALKERS! Aqui está mais um capítulo, espero q gostem.
Desculpem por mais um capítulo grande, até pq eu disse q o próximo seria curto (eu imaginei q seria kk)

> Acho importante q leiam as notas finais.

Desculpem se tiver erros de digitação...
Boa leitura! ♡

Capítulo 32 - Desabafando


Fanfic / Fanfiction The Walking Dead - Odeio Amar Carl Grimes - Desabafando

                  ~ POV THAYLOR ~

   Já faz uns cinco dias desde que a comunidade foi atacada, o pessoal está dando duro pra consertar o que foi destruído, o que não foi pouco. As coisas estão bem calmas por aqui desde então, tanto que chego a ficar com tédio. Carl ainda está na enfermaria, e está se recuperando muito bem, e rápido até. Denise mandou ele praticar alguns exercícios como "tiro ao alvo" pra ele ir se acostumando, assim que voltasse pra casa.
E eu... bem... consegui convencer o grupo de que eu era inocente da morte da Emma, "legítima defesa", tive que descartar o argumento de que ela "foi mordida", pois eu não tinha nem resposta pras perguntas que teria que responder se eu levasse essa mentira a diante.

  Eu estou tentando esquecer de umas coisas ruins, e me esforçando pra lembrar de outras... também ruins, talvez. E o Morgan está me ajudando com isso, ou pelo menos tentando. Até agora não vi resultado em nada, e já estávamos nessa a quatro dias.

   - Tudo bem, esquece tudo.. esvazie a mente. - Morgan falava com tranquilidade. Nós estávamos na floresta, sentados de frente pro outro com as pernas cruzadas, meus olhos estavam fechados, eu tentava "esvaziar a mente", como ele pedia. - Respira fundo e suspire de vagar.
Eu fazia o que ele me pedia, do mesmo jeito que eu fiz ontem... antes de ontem... e assim vai.
   - Agora se concentre no dia que você quer tanto lembrar, pense que você está nesse dia. - Falava.
   - Isso é uma perda de tempo! - Reclamei abrindo os olhos com frustração. - Estamos nessa já faz dias e até hoje não lembrei de nada!
   - Talvez você não esteja se concentrando direito.
   - Como não? "Mente vazia", "corpo ereto", "respirar e suspirar", "me concentrar no dia"... fiz tudo isso! - Retruquei chateada, aquilo não estava dando certo.
   - Já parou pra pensar que talvez, o problema seja... você mesma? - Perguntou me deixando com mais raiva ainda. - Talvez você não queira realmente se lembrar.
   - Ah claro! Venho aqui todos os dias apenas pra passar o tempo, porque é muito divertido ficar zen! - Ironizei revirando os olhos.
   - "Zen" é a última coisa que você está nesse momento, ou melhor, nesses últimos dias. - Replicou, ele fez uma pausa olhando ao redor, e então olhou de volta pra mim. - Thaylor, lembra do que eu te disse? Que quando passamos por um trauma ou algo extremamente horrível que nos cause um choque, nosso cérebro tende a "esconder" essas memórias da gente. Porque isso pode nos consumir, de um jeito que não tem como controlar. E as vezes é melhor não mexer com isso, se o seu cérebro quer esconder isso, deixe.
   - Você não entende. Eu não posso simplesmente largar isso, deixar pra lá! Preciso me lembrar pra... poder continuar em frente. - Expliquei, nem sei por que ainda tento, ele não entende.
   - E o que você quer tanto lembrar?
   - Eu já disse que não posso dizer. Você prometeu não perguntar...
   - Sim, sim... me desculpe. - Falou balançando a cabeça. - Mas...
   - Mas o que?
   - Tenho que entender pelo menos o que está se passando.
   - Como assim? - Franzi a testa.
   - Foi alguma coisa que fizeram com você? Algo que... tê deixou traumatizada?
   - Ta mais pro que eu fiz... - Murmurei pra mim mesma, mas ele ouviu.
   - Alguém que você matou? - Levantei a cabeça pra ele.
   - Ainda não tenho certeza. - Respondi meio distante. - Não pense que tenho medo de matar, faço o que for preciso pra sobreviver. Pessoas morrem o tempo todo, e talvez façamos um favor quando a matamos, quero dizer... talvez o lugar pra onde elas vão, seja melhor do que aqui.
   - É assim que pensa? - Indagou. - Isso te deixa mais confortada? Com menos remorso depois que tira a vida de alguém?
   - Remorso? - Ri desdenhando. - Não sinto remorso se mato alguém por que preciso. Presta atenção a sua volta Morgan, o mundo está acabando... mortos estão se apoderando da terra. Acha que temos tempo pra sentir "remorso" por sermos obrigados a sujar as mãos?
  Ele me olhou intrigado por um instante, e então deu um risinho.
   - Por que está aqui Thaylor? - Olhei confusa pra ele. - Tenho a impressão de que você não está muito feliz aqui. Por que ainda está aqui?
   - Por uma promessa que fiz a alguém. - Respondi.
   - Então não está aqui exatamente por alguém? Pelo grupo?
   - Está insinuando que não gosto deles? - Apertei os olhos pra ele.
   - Não, tenho certeza de que você gosta muito deles... mas você os ama? Como uma... família?
  Hesitei um instante, matei o Sam por eles... é claro que amo, isso... é amor, certo?
   - Sim, somos uma familia. - Respondi não muito convicta. - Eu mataria por eles, eu... já matei por eles.
   - Não duvido disso. - Disse com um sorriso "simpático". - Matar é fácil Thaylor, apertar o gatilho é facíl, tirar a vida de alguém é muito simples. Mas você "morreria" por eles?
  Agora ele me pegou, eu nunca tinha parado pra pensar por esse lado. Morrer por eles? Eu seria capaz de morrer por eles?
   - Thaylor? - Me chamou. - Você morreria pelo grupo?
   - N-não sei. - Respondi me sentindo mal por dizer isso. - Acho que eu não morreria por eles.
   - E tem alguém por quem você morreria?
   - Tem. - Respondi de imediato. - O meu pai.
  Ele balançou a cabeça num movimento positivo, parecia pensar.
   - O amor que você sente pelo seu pai, é com mesma itensidade do "amor" que você sente pelo grupo?
   - Não. - Respondi mais rápido do que pensei.
   - Rick me disse que você procurou pelo seu pai durante anos.
   - Sim.
   - Por que parou de procurar? Desistiu?
   - Não! Eu sei que ele está vivo! - Exclamei alterada, mas sem muita certeza.
   - Então por que parou de procurar?
   - Porque o Rick me convenceu, eu tinha algo pelo qual ficar.
   - Ficou pelo Rick? - Perguntou espreitando os olhos.
   - Não, fiquei pela minha irmã, Emma.
   - E cadê a Emma? - Apertou mais os olhos, me observando com atenção.
Me calei por um momento, me recordando do momento exato em que cravei a tesoura em seu cérebro.
   - Ela morreu. - Minha voz pesou.
   - E você a matou, certo? - Concordei com um movimento de cabeça. - E qual foi a sensação que sentiu quando a matou? Foi fácil?
   - Foi horrível. - Falei encarando inerte a árvore atrás dele. - Horrível.
   - Você a amava?
   - Sim, muito.
   - Então, imagino que você pensou em ir embora depois disso. Afinal, o motivo pelo qual você ficou, não existia mais. - A voz dele era calma, mas ao mesmo tempo era como se ele exigisse as respostas, e eu não conseguia não respondê-las, eu me sentia estranha. Muito estranha.
   - Sim eu... pensei em ir embora. - Confirmei, minha voz saindo vaga. - E eu ia voltar a procurar meu pai.
   - Mas não foi, porque se feriu e não tinha condições pra se arriscar naquele momento. - Falava, eu podia sentir seus olhos me encarando, como se quisesse enxergar através da minha alma. - Mas agora você já está bem, no entanto, continua aqui. Não pode ir porque fez uma promessa a alguém, quem foi esse alguém?
   - Carl. - Respondi sem hesitar, por que eu respondia?
   - O Carl? - Indagou. - Então... você nunca parou pra analisar isso?
   - Como assim... analisar o que? - Perguntei voltando a encará-lo.
   - Você não foi embora, não voltou a procurar seu pai, alguém que você ama, por uma promessa que fez ao Carl. Me diga Thaylor, você daria sua vida pelo Carl?
  Pensei um momento, eu não tinha uma resposta exata pra essa pergunta, o Carl quase morreu pra me salvar, quase deu a vida por mim, será que seria injusto se eu não tivesse a coragem de fazer o mesmo por ele?
   - Thaylor?
   - Não sei. - Respondi confusa. - Eu não tenho certeza.
   - Nao tem certeza... - Ele olhou pro céu meio pensativo, fiquei encarando ele, eu não me sentia muito bem, eu estava me sentindo distante... como se eu não estivesse ali. Ele voltou a me encarar, seu semblante ainda mais calmo do que antes. - Você disse que já matou pelo grupo. Quem você já matou?
  Eu não podia responder, não poderia.
   - Thaylor, o que estamos falando aqui, não sairá daqui. - Assegurou na intenção de me deixar tranquila. - Quer minha ajuda? Então precisa responder as perguntas... vamos, você estava indo bem até agora.
  Encarei ele pensativa, minha cabeça deu um giro e então quase caí pro lado.
   - Opa! - Ele me segurou, e então consegui me equilibrar novamente. Olhei pra ele, eu estava ali, mas era como se eu não estivesse. - E então? Quem você já matou pelo grupo?
   - Sam Anderson. - Respondi e pude perceber sua expressão se contorcer, ele tentou se recompor e voltou a perguntar.
   - Por que?
   - Ele estava com medo, quase nos colocou em perigo, era fraco, iria morrer de qualquer maneira. - Respondi sem demora. Era como se eu respondesse tudo automaticamente. - Só adiantei as coisas pra ele, e preveni a nossa segurança.
   - Você gostava dele? Ficou com remorso depois do que fez?
   - Fiquei triste, mas não senti remorso. E sim, eu gostava dele.
   - Se gostava dele, então por que simplesmente não cuidou dele? - Questionou.
   - Cuidar? Nao tenho tempo pra "cuidar" de ninguém, não dá mais pra dar bobeira e se arriscar, Morgan. Agora a gente ou mata, ou morre. Não dá pra contar com a sorte.
  Ele me encarou boquiaberto, assustado.
   - Não me olha assim. Matei ele pra nos proteger, não sou um monstro.
   - Tem certeza disso? De que matou por eles? - Me olhou franzindo a testa. - Thaylor, o Sam era uma criança assustada, uma criança! E estava assustado com essa situação, como qualquer um ficaria!
   - Uma criança que quase pôs minha vida em perigo! - Retruquei. - Estávamos numa situação perigosa, e ele iria nos matar! Não tive muita escolha!
   - Ouviu o que disse? - Perguntou de repente. - Você disse "uma criança que quase pôs MINHA vida em perigo". Cadê o nós?
  - Não... eu quis dizer "nossa" vida em perigo. - Tentei corrigir, minha cabeça girava com tudo aquilo, eu não queria mais continuar, mas não conseguia parar.
   - Queria mesmo? - Ele suspirou meio atordoado. - Tem noção do que essa sua decisão custou?
   - Um olho do Carl. - Respondi sentindo um pesar.
   - Esse é o menor dos problemas, custou a vida de duas pessoas! Entre elas, uma pessoa que o Rick amava muito. - Falou balançando a cabeça. - Thaylor, olha pra mim. Continue olhando pra mim. - Pediu quando baixei a cabeça. - Se sente culpada?
   - Eu fiquei triste pela morte da Jessie...
   - Se sente culpada? - Perguntou, agora seu tom era mais firme e grosso.
   - E-eu não sei... acho que sim. - Levei minhas mãos a cabeça, de repente tudo estava ficando confuso. - E-eu não sou má, eu tive que me obrigar a pensar assim, eu só... só tenho medo de morrer, eu não posso morrer...
   - Eu sei que você não é uma pessoa ruim, Thaylor. É normal, ninguém quer morrer. - Falava me olhando serenamente. - Mas você matou uma pess...
   - Você não pode entender. - Balancei a cabeça.
   - Entender o que? Me explica, pra que eu possa entender. - Disse. - Olha pra mim. - Mandou, pois eu tinha fechado os olhos com força.
   - Eu tinha doze anos, e fui parar num grupo. A gente vivia num acampamento, eles eram incríveis. Eu não podia ficar lá por muito tempo, porque eu estava procurando meu pai, mas eu não conseguia ir embora de lá, era como se... se eu estivesse presa a eles. - Contei enquanto segurava as lágrimas que queria escorrer, Morgan me ouvia com atenção. - Mas um dia, nosso acampamento foi atacado.
   - Por zumbis?
   - Sim. Um monte deles. - Respondi amargurada. - Então, de repente todo mundo começou a fugir, pegaram suas coisas, foram puxando as pessoas que importavam pra eles e foram embora na picape. E me largaram lá sozinha, só com uma faca, eu quase morri, escapei por muito pouco. - Fiz uma breve pausa pra secar as lágrimas e me recompor. - Eu fiquei mal com aquilo. Em pensar que eu daria minha vida de merda por eles... então prometi a mim mesma, que nunca mais confiariam em ninguém. Eu nunca mais me arriscaria por ninguém.
   - Eu... eu sinto muito por isso Thaylor. Mas por que você já foi traída uma vez, não significa que todos vão fazer o mesm...
   - É claro que significa! Olhe em volta! O mundo tá uma merda Morgan! - Gritei, naquele momento senti vontade de explodir. - Agora você mata ou morre! Tem que fazer de tudo pra sobreviver, o que for preciso! Acha que alguém mais se importa em "proteger o próximo"?
   - Claro que sim! - Gritou de volta. - Acha que todo mundo é tão egoísta quanto você?
   - Não sou egoísta! Apenas não sou mais idiota como já fui! Eu demorei pra perceber que as pessoas tinham virado um lixo igual a esse mundo, não estavam mais nem ai pras outras, só se importavam com quem realmente amavam, só se importavam em ficar vivas. E então eu apenas... entrei no jogo, a questão era sobreviver... apenas sobreviver. Decidi que então eu não me importaria com ninguém, se me atrapalhasse, eu eliminaria. Mate, mas não morra.
  Desabafei toda aquela angústia que eu estava sentindo, ele ficou calado, apenas me olhando com uma expressão franzida. E então, depois de uns segundos, falou:
   - Nem todo mundo virou um lixo incapaz de amar Thaylor. Acha que tem o direito de escolher quem morre e quem não?
   - Claro que não, mas tenho o direito de escolher pelo menos que não é a minha hora de morrer. - Respondi. - Não estou dizendo que não gosto do grupo do Rick, eles são legais. Eu não mataria eles. Mas não daria minha vida pra salvá-los. Acha que eles dariam suas vidas por mim, Morgan?
   - É claro que...
   - Que não. - Completei. - E eles teem razão, eu não valo a pena, e eu sei disso.
   - Como tem a coragem de dizer isso? - Me olhou revoltado. - Carl está na enfermaria, se recuperando por ter ARRISCADO A VIDA POR VOCÊ.
   - Eu sei... me sinto péssima por isso. - Balancei a cabeça. - Mas acha que ele teria feito isso se, soubesse quem eu sou de verdade? O que eu fiz?
   - Tenho a certeza de que ninguém arriscaria a própria vida por você, se soubesse que você se deixou mudar como tantos fizeram, se transformou numa pessoa vazia por dentro. - Respondeu e pude perceber o tom de pena em sua voz.
   - Você fala como se eu tivesse tido escolha. Sabe como eu estaria hoje se eu não tivesse mudado conforme fui obrigada? - Perguntei sem esperar uma resposta. - Estaria como um desses bichos ai fora, eles estão assim por que não eram "egoístas" como você diz. Você sabe que no fundo, todos nós mudamos, fomos obrigados a mudar. Uns mudaram pouco, talvez não tanto quanto outras, quanto eu. Mas eu sempre fiquei sozinha, procurando pela única pessoa que me importava de verdade. E é por ele, que eu ainda me permiti viver, que eu ainda não tirei a merda da minha vida!
   - Já pensou em se matar? - Indagou espantado.
   - Quem nunca pensou? - Ri debochada. - Acho que a maioria das pessoas ainda estão "sobrevivendo" por que sabem que estão condenadas ao inferno, todos nós estamos. O medo de morrer sempre fala mais alto.
  Ele ficou calado. O silêncio caiu sobre nós durante uns segundos.
   - Eu não consigo entender... como foi que você ficou com o grupo por tanto tempo? Como ainda pode estar com eles? - Indagou um tanto atormentado.
   - Eu também queria saber. - Ri levantando a cabeça pro céu.
   - Como se sentiu quando o Carl estava entre a vida e a morte? Como ficou sabendo que ele poderia morrer? - Perguntou de repente.
   - Me senti... eu fiquei com medo. - Respondi ainda olhando pro céu. - Com muito medo.
  Morgan riu. Baixei a cabeça pra ele, e o encarei franzindo o cenho.
   - Sentiu esse medo por alguém antes? Essa angústia de perder alguém? - Pensei um instante e balancei a cabeça em negação. Eu não pensei nisso. - Acho que agora estamos chegando a algum lugar.
   - Do que está falando?
   - Thaylor, se preocupa com eles? Você... tem medo de perdê-los?
   - Eu me preocupou com eles. - Dei de ombros. - Pensa o que? Que eu virei uma pessoa de lata? Eu não sou totalmente uma pedra Morgan, se é o que você está pensando!
   - Eu não disse isso. - Falou ainda rindo. - Mas pense. Você ainda não foi embora daqui, a tal "única pessoa por quem você morreria" pode estar por aí, e você continua aqui, por que fez uma promessa a uma pessoa do grupo, o Carl.
   - Aonde quer chegar com isso?
   - Você poderia simplesmente quebrar essa promessa, sem se importar em machucar ninguém, afinal, você só se preocupa consigo mesma. - Balançou os ombros, ele me olhava com um olhar estranho. - Mas ainda está aqui, não quer quebrar a promessa, por que? - Não esperou uma resposta. - Porque está "preocupada" em "magoar" ele. Estou certo?
  Baixei a cabeça sem responder, afinal de contas, ele estava certo. Eu poderia simplesmente fugir, mas tinha medo de "magoar" o Carl.
   - Foi o que eu pensei. - Suspirou rindo. - Você tem um carinho especial por uma pessoa do grupo, um carinho suficientemente forte pra largar quem você realmente ama, e ficar.
   - Não é exatamente assim.
   - Então como é? - Indagou. - Não precisa ter vergonha de admitir isso Thaylor, você é humana. Talvez esse lugar, essas pessoas... estejam fazendo essa Thaylor egoísta, desaparecer.
   - Eu não posso me apegar a eles. - Comentei angustiada. - Não quero voltar a ser fraca.
   - Ter compaixão não é fraqueza. - Retrucou. - Você já está apegada a eles. Pode ser que você ainda não seja capaz de dar sua vida por eles, mas ainda assim, você tem sentimentos...
   - Eu tenho medo... - Admiti, e as lágrimas começaram a descer sem permissão. - ... eu sei que um dia eles vão me abandonar, é sempre assim que acontece. Mas... eles são a coisa mais próxima que eu já tive de uma família, e já faz tanto tempo que eu não me importo com alguém.. meu pai pode nem estar mais vivo. E eu tenho tanto medo de ficar sozinha, viver sem um motivo pra continuar viva, sobreviver por nada.
   - Eles jamais fariam isso. Eles te consideram da família, e eles nunca abandonam a família. - Falou. - Parece que chegamos ao ponto que eu queria, Thaylor. No ponto em que fala O que realmente sente. E isso me deixa feliz, porque agora eu sei que eles podem confiar em você. Você tem medo de perdê-los, e daria sua vida por eles.
   - Eu não disse isso!
   - Se eu dissesse a você que eu iria sair daqui e matar algum deles agora mesmo, o que faria?
   - Tentaria te impedir.
   - Mas você só tem uma faca, e eu tenho uma arma, e uma vara. Mesmo sabendo dessas suas desvantagens, tentaria me impedir?
   - Sim... - Respondi com ar de "óbvio"!
   - Então é claro que daria sua vida por eles. Você morreria se tentasse lutar comigo. - Comecei a rir. - O que foi? É mentira?
   - Por que aceitou me ajudar, Morgan? - Perguntei. - Não queria realmente me ajudar não é? Sua intenção sempre foi essa, arrancar essas coisas de mim?
   - E eu consegui, não foi? - Se gabou. - Rick me falava que você era uma pessoa difícil, mas que era boa. Só que eu desconfiava de que alguém que viveu sozinha por tanto tempo, perdeu coisas e pessoas... fosse assim tão tranquila. E eu estava certo, você mente bem. Eu era como você Thaylor, acredite, quando perdi meu filho, fiquei revoltado. Eu só queria matar qualquer um que aparessesse na minha frente.
   - Eu não matava qualquer um que aparessesse na minha frente.
   - Eu sei. Então eu ainda era pior do que você, mas veja só! Olhe pra mim. - Abriu os braços dando um sorriso. - Eu estou completamente mudado, hoje eu tento não matar, eu quero salvar as pessoas. Acredito que ainda haja esperança pra elas.
   - Não da pra salvar todo mundo. - Retruquei.
   - Eu sei. Mas eu tento. E estou tentando te salvar também.
   - Eu não preciso de salvação...
   - Você precisava sim. E acho que de qualquer maneira, eu consegui te ajudar. - Falou me encarando com uma expressão curiosa. - Se sente melhor agora? Agora que já desabafou um pouco, depois de chorar e gritar..?
   - Acho que sim. - Respondi, aquele peso, aquela... angústia, tinha cessado um pouco dentro de mim. E isso me dava uma sensação boa de alívio.
   - Fico feliz com isso. E espero que entenda, que se não mudar seu jeito de pensar e agir, vai perder eles, todos eles.
   - Mas se eu mudar, eu vou morrer.
   - Não vai não. Amar não é uma fraqueza. Você vira um monstro se não tiver amor. - Disse pegando sua vara do chão. - Mude seu jeito, e vai ver como é boa a sensação.
   - Como conseguiu? - Perguntei incrédula.
   - Mudar minha forma de pensar?
   - Não. Fazer eu falar tudo. - Respondi encarando-o curiosa.
   - Não foi difícil. - Deu de ombros. - Você estava perplexa, frustrada... só perguntei, e você foi desabafando por conta própria.
   - Quer mesmo que eu acredite nisso? Eu estava quase desmaiando! - Eu desconfiava de que tinha alguma coisa a mais nisso.
   - Você estava sob muita pressão, foi só uma efeito colateral.
   - Você é estranho.
   - E só percebeu isso agora? - Riu.
   - Morgan, jurou que não contaria isso a ninguém.
   - E não vou. - Assegurou. - Mas digo uma coisa, se quiser ficar, mude. Mas se for continuar assim, vá embora o quanto antes.
  Não respondi, olhei pro chão, pensando nas possibilidades de essa conversa ter causado algum efeito sobre mim.
   - Sabe Morgan, - Peguei minha faca do bolso. - acho melhor eu prevenir, não confio muito em você. Vai saber se você fala dormindo... e alguma hora conta o que houve aqui.
   - Pode tentar, mas vai perder. - Ele levantou um pouco a camisa, mostrando a arma guardada na sua cintura. - Lembra que eu disse que estou armado?
  Rimos e eu guardei a faca de volta no bolso.
   - Vamos voltar. - Ele falou envolvendo meu pescoço com o braço, e nos guiando floresta adentro.
   - Obrigado. - Agradeci, mas não tinha certeza do porquê, só sentia que deveria agradece-lo.
   - Por nada.

                             [ ... ]

  Entrei na enfermaria correndo, Denise deu um pulo de susto.
   - Oi! - Exclamei fechando a porta do quarto e me sentei na cadeira ao lado da cama onde ele se encontrava recostado.
   - Achei que tinha ido embora. - Falou virando a cabeça pra mim. - Você demorou de vir hoje, não que eu tenha sentido sua falta... mas é que ultimamente você não sai do meu pé.
   - Ha ha ha! - Ri fingindo achar graça. - Mas não precisa se "preocupar", não vou embora. Você vai ter que me argumentar, Carl. - Debochei e ele riu balançando a cabeça.

  Não tenho certeza de se eu estava fazendo a coisa certa resolvendo ficar, mas o que tem lá fora pra mim? Pela primeira vez consegui me questionar sobre a possibilidade do meu pai estar morto, ou morto-vivo. Ainda sinto que ele está vivo, e me imaginar no mundo sem ele, era impossível pra mim, só de imaginar que ele pudesse não ter conseguido, me matava por dentro. Mas e se eu fosse embora? O que eu ia fazer? Continuar procurando... sem encontrar nada? Isso não era mais a "única opção" que eu tinha, e não era o que eu queria. Talvez eu só queira ficar por medo, medo de descobrir que meu pai estava mesmo morto, e que eu não tinha mais motivo pra continuar seguindo em frente nessa porcaria de mundo.
  Olhei pro Carl, enquanto pensava em tudo aquilo.

  " Temos algum motivo pelo qual vale a pena viver Thaylor, e você vai descobrir o seu." me recordei das palavras de Rick. Quando ele disse isso, eu só pensei no meu pai e na Emma, mas agora, olhando a minha volta, essas palavras parecem fazer mais sentido do que nunca.

  Se a conversa com o Morgan causou algum efeito em mim? É... talvez, sempre o "talvez". A única certeza que eu tinha, era que esse cara consegue deixar as pessoas confusas, bem, foi o que ele fez comigo.


Notas Finais


  Bem, esse foi o capítulo de hj, espero q tenham gostado.😊

   Bom... vamos lá... Eu acho importante eu explicar pra vcs sobre o último capítulo q postei (em q a Thaylor mata o Sam). Pq tiveram umas pessoas q não gostaram do q aconteceu, e me enviaram mensagens, chamaram a Thaylor de filha do Negan (pior insulto do mundo, magoou)😂  Então eu acho importante eu me explicar.

Então... eu sei q ela foi MUITO maldosa em ter matado o Sam, até mesmo por ele ser uma criança. Mas eu queria q vcs entendessem que a Thaylor teve que matá-lo, talvez naquele momento não fosse preciso, mas ela sabia que um dia aquilo teria que acontecer. Eu sei que aquilo foi mesmo maldade, e que ele poderia estar vivo. Quero q entendam, que a Thaylor é uma sobrevivente num *apocalipse zumbi*, e que ela continua fazendo o possível pra continuar viva, que ela não tem medo de matar se precisar, ou mata ou morre.
Sei que agora pode parecer q ela não tem coração e tal, mas ela tem sim, a questão é q ela viveu sozinha praticamente esses anos todos, ela não teve ninguém... digamos assim... pra "amar" e proteger, e as únicas pessoas q ela chegou a gostar, deixaram ela pra morrer. Ou seja, ela não teve ninguém pra cuidar, não sabe nem o que é isso, por isso de ela ser egoísta.. confunde amor próprio com amor de verdade.
Não pensem q estou criando um monstro😂, na verdade é o contrário. E nem pensem q eu sou um projeto de monstro nascida da Lucille.
Mas pensem, viver num apocalipse zumbi não deve ser fácil, com certeza mexe com o psicólogo da pessoa (imagino q se isso acontecesse mesmo, eu ficaria louca até me matar) , e dependendo do modo como a pessoa escolhe sobreviver, isso muda ela... e pode ser pra pior. A Thaylor teve que se ajustar do modo q deu, ela teve q mudar, foi obrigada a isso.
Mas o importante é q ela mude o jeito dela de pensar, de agir... isso com certeza é essencial.
Quando eu criei essa fic, eu quis criar uma personagem diferente das q eu li em algumas outras fanfics do tipo, e nelas, a personagem era fraca, mas depois ficava forte (Mas mesmo assim hesitava em matar alguém), e em outras a personagem era forte, mas mesmo assim tinha medo de matar. (PELAMOR DE DEUS, NÃO PENSEM Q EU TÔ CHAMANDO AS OUTRAS FICS DE MERDA, Até mesmo pq se eu li, foi pq eu gostei MUITO, e até me inspiraram a escrever essa).
Mas entendo a raiva de vcs, podem ficar tranquilos, pq ela vai pagar pelo q fez... não só pelo Sam, mas também por outras maldades q ela fez (ou teve q fazer), e vai pagar tudo de uma vez, numa tacada só (espero q tenham entendido a referência😆)

  Mds eu falo demais, bem é isso... só achei importante eu me explicar. Não me odeiem.

Vou tentar postar o proximo capítulo amanhã, vlwww e até mais! 😘😘


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