História The Walking Dead - Odeio Amar Carl Grimes - Definitivamente precisamos de um tempo

                     ~ POV CARL ~

  Abri meu closet pra pegar uma pistola. Eu e Enid tínhamos combinado de nos encontramos na floresta hoje, ela já deve estar me esperando lá. 
  A porta do quarto que estava entreaberta, rangeu. Me virei e vi um pequeno vulto branco entrando no quarto, e indo pra debaixo da minha cama. 
  Me agaixei na cama e olhei debaixo, dando de cara com um coelho fuçando um par do meu sapato.
  Então era esse o tal coelho que o Morgan deu pra Thaylor, meu pai tinha me falado dele ontem.
  Tirei o bicho de debaixo da cama, e o peguei no colo, rindo.
   - Acho que você não devia estar aqui. - Ri colocando ele em cima da minha cama.

  A porta do meu quarto se abre, e Thaylor entra vindo até a minha cama e pegando o coelho no colo.
   - Desculpa. - Ela se vira pra mim. - Ele escapou.
   - Não tem problema. - Respondo olhando pro coelho. - Acho que não dá pra "adestrar" um coelho.
  Ela riu balançando a cabeça.
   - É, eu acho que não. - Disse se virando pra sair.
   - Thaylor, espera. - A parei antes que saísse pela porta.  
  A gente não tinha conversado desde o dia em que tivemos aquela discussão idiota, no caso, o idiota era eu. Eu só fiquei incomodado por ela ter tocado no meu corativo, isso pra mim era... desconfortável e estranho. E o fato de ela ter rido de mim, me deixou irritado, mas no fundo eu sabia que pra ela aquilo era uma bobagem. Eu não podia fazer ela entender o que eu estava sentindo, e ela não entender isso me deixava agoniado.
  Mas eu sabia que devia desculpas a ela, por eu ter sido tão babaca.
   - O que foi? - Perguntou me olhando.
   - Me desculpa, por antes de ontem. - Falei, ela me olhou surpresa, como se eu pedir desculpas fosse algo de outro mundo. - Admito que eu exagerei um pouco com você.
   - Sabe Carl, eu não ri de você, eu ri da sua preocupação idiota com isso. - Disse dando um passo pra frente. - Mas acho que eu também fui meio sem noção, eu não posso imaginar como deve ser pra você toda essa... situação.
   - É complicado. - Balancei a cabeça.
Um instante de silêncio caiu sobre nós, enquanto encaravamos o chão. Acho que não estávamos muito a vontade em olhar um pro outro depois de lembrar do que aconteceu.
   - Carl. - Ela cortou o silêncio. Levantei a cabeça pra ela e a encarei tentando não deixar transparecer a minha voltade súbita de beijá-la. - Como... como vai ser agora? - Ela pareceu meio relutante e envergonhada em perguntar.
   - Como vai ser agora o que? - Perguntei fazendo-me de desentendido, mas eu sabia do que ela estava falando, só que eu também não sabia o que responder.
   - A dois dias você me procurou pra resolver aquele assunto do beijo. Mas a única coisa que conseguiu foi...
   - Piorar as coisas. - Completei e ela me olhou franzindo o cenho.
   - "piorar"? - Indagou.
   - Não! Eu quis dizer que... apenas fiquei mais confuso ainda. - Expliquei, odeio essa mania de me expressar mal.
  Sua expressão relaxou e seu rosto corou.
   - Então acho que somos dois. - Falou suspirando. - É estranho isso.
   - Muito, e... eu estou com vontade de te beijar agora. - Isso escapou antes que eu pudesse me controlar. Ela arregalou os olhos pra mim um pouco surpresa e espantanda. - Desculpa...
   - Eu também quero beijar você. - Ela pareceu atordoada ao admitir isso, eu não sabia como reagir, ou talvez nem devesse. - Mas eu não quero, quero dizer... eu não quero querer beijar você... - Ela suspirou desistindo de explicar.
  Eu não sabia se ficava feliz ou triste com isso, afinal, eu também não queria estar sentindo esse sentimento estranho por ela.
   - Thaylor, acho que precisamos de um tempo pra acimilar as coisas. - Falei. - Pelo menos até isso passar, por que... com certeza vai passar.
   - É claro que vai, com certeza! - Balançou a cabeça positivamente, como se tentasse convencer a sí mesma disso. E era o que eu também estava tentando fazer.
  Acho que a gente só sentia atração um pelo outro, pode acontecer com qualquer adolescente, ainda mais numa situação como a que a gente está vivendo. E, ela não é bem o tipo de garota por quem eu acho que eu me "apaixonaria". A Thaylor é muito complicada e confusa, sem contar do temperamento forte dela. Não... sem chance de isso ser mais do que atração física.
   - Então... "amigos"? - Perguntou rindo e me estendeu a mão, segurando o coelho com apenas um braço.
  Olhei pra mão dela estendida pra mim, e então levantei minha mão pra apertá-la. Mas não sei o que foi que deu em mim, não sei se foi ao sentir seu toque, mas eu perdi o controle. Então segurei sua mão e a puxei de uma vez pra cima de mim. No susto, ela soltou o coelho, que saiu correndo porta afora.
  Assustada com meu ato inesperado, ela me olhou de olhos arregalados.
   - Carl... - Antes que ela pudesse falar, a calei com um selinho demorado, a única coisa que eu queria era sentir o gosto dos lábios dela de novo.
   - Desculpa, eu só precisava ter certeza disso, sobre dar um tempo. - Expliquei pra ela, que me olhava sem reação. Nossas testas estavam coladas, nossa respiração acelerada e nossos corpos a alguns centímetros de distância um do outro. Eu ainda segurava a mão dela.
   - E já tem certeza? - Perguntou por fim.
   - Não. - Respondi, e seus lábios se abriram num sorriso de lado.
   - Então acho melhor resolvermos isso logo. - Falou descendo os olhos até minha boca.
   - Concordo. - Respondi e sem demora, avancei minha boca em seus lábios. Ela evolveu seus braços em meu pescoço e eu segurava seu rosto, enquanto nos beijavamos selvagemente, como se não houvesse amanhã. Desci minhas mãos até sua cintura, pra poder puxar seu corpo pra mais perto do meu,até que não houvesse mais espaço de sobra entre nós. Eu sentia um calor invadindo meu corpo. 
  Ela levou suas mãos até meu rosto e sua mão tocou minha faixa, afastei um pouco meu rosto do dela, ela me fitou como se esperasse que eu fosse começar uma briga, mas eu não ia fazer isso, de novo não. Então voltei a beijá-la, agora um beijo mais lento e calmo, acho que não tínhamos mais fôlego suficiente pra um beijo selvagem. Enquanto nos beijávamos, comecei a nos guiar até a cama, mas como eu não estava vendo nada, acabei fazendo a Thaylor bater as pernas no beiral da cama e cair deitada nela, acabei me desequilibrando junto e caí por cima dela.
   - Desculpa. - A gente riu e voltou a se beijar. Ela virou um pouco o rosto, e então eu parei o beijo afastando um pouco o rosto.
   - O que foi? - Perguntei preocupado, ela virou o rosto pra mim, e me fitou com uma expressão envergonhada.
   - Eu não sei se... - Ela corou desviando o olhar pro teto. Entendi o que ela queria dizer, então ri achando graça da cara constrangida dela, chegava a ser... fofa.
   - Não vamos transar. - Falei deixando-a mais relaxada. - Está tudo bem.
  Ela voltou a olhar pra mim, e sem dizer nada, ela simplesmente me empurrou de cima dela fazendo com que eu caísse do lado dela. E então ela ficou por cima de mim.
  - Você é muito pesado, Carl. - Sussurrou com um sorriso e começou a beijar meu pescoço, e uma corrente de ar quente passou por mim. Acho que o plano da Thay, de "apenas amigos" tinha ido por água abaixo, e eu estava pouco me importando com isso agora.
  Ela voltou a beijar minha boca, um beijo tranquilo mas ao mesmo tempo preciso. Minhas mãos continuavam segurando sua cintura.
  De repente senti uma coisa estranha, tinha alguma coisa errada comigo. Parei de beijar ela, e olhei pra baixo.
  Porra... porque essas coisas teem que acontecer?
  Thaylor me encarou sem entender o por que de eu ter parado de beijá-la, pelo menos ela não percebeu.
   - Thaylor... espera ai. - Tirei ela com cuidado de cima de mim, enquanto ela me encarava confusa. Me sentei na cama, pegando o travesseiro e colocando-o no meu colo. - Tenho certeza.
    - Certeza de que? - Perguntou balançando os ombros e me encarando um tanto preocupada, como se eu fosse louco.
   - Do tempo, sabe... acho que precisamos pensar um pouco. - Falei rápido, eu só queria que ela fosse embora naquele momento.
  Ela me olhou inexpressiva por um segundo,e então riu sem mostrar os dentes.
   - Definitivamente precisamos de um tempo pra pensar. - Suspirou olhando pra sí mesma, analisando seu estado, que percebi agora, estávamos completamente encharcados de suor. Caramba, beijar é cansativo. - Eu vou indo então...
   - Ok. - Concordei enquanto observava com pesar, ela se levantando da cama e se encaminhando até a porta.
   - Thaylor. - Ela se virou pra mim. - Amigos. - Respondi a pergunta que ela havia feito a minutos atrás. Ela riu  balançando a cabeça e saiu fechando a porta, que já estava aberta, até a porta tínhamos esquecido de fechar... espero que ninguém tenha passado por aqui enquanto a gente "resolvia o problema da incerteza".
  Tirei o travesseiro do colo e o posicionei atrás da cabeça, me deitando de frente pro teto. Minha "sensação estranha" havia passado. 

  Eu estava feliz, porém confuso com tudo isso. Eu não queria sentir o que eu estou sentindo por ela, quero dizer, somos adolescentes, e adolescentes sentem atração e teem necessidades. Mas o meu receio era de que isso não fosse apenas uma atração, ou algo que passasse apenas com um "tempo".
  Ou talvez eu esteja me preocupando a toa, afinal, nunca fomos muito próximos pra de repente sentirmos um "sentimento a mais" pelo outro. Isso.. é só uma atração passageira.
 
  Fui despertado dos meus pensamentos quando ouvi um barulho no vidro da janela. Me levantei indo até a janela, coloquei a cabeça pra fora, quase levando uma pedrada da Enid, que aliás, me encarou com uma expressão enraivecida.
 
  Merda! Me esqueci completamente dela na floresta.

  Agora vou ter que pensar numa boa desculpa pra me justificar pra ela.