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História The Walking Dead - Odeio Amar Carl Grimes - Malditos Salvadores


Escrita por: Mila_Scarlety

Notas do Autor


OOOOOOI WALKEEERS!!! #Saudades de vcs! Sei q demorei, mas já to de volta!
Tá aqui o cap, provavelmente não poderei postar o pximo amanhã por falta de tempo, mas não vou demorar kkk
Assim q eu tiver tempo eu vou responder os comentários do cap anterior, é q eu to correndo muuito MESMO agora, só arrangei um tempinho aqui pra postar (pq faz tempoo q não do um "oi") Então .... Espero q gostem do cap de hj!
Desculpem se tiver erros de digitação...
Boa leitura! 😘😘
(PS: desculpem se o cap ficou grande demais)

Capítulo 43 - Malditos Salvadores


Fanfic / Fanfiction The Walking Dead - Odeio Amar Carl Grimes - Malditos Salvadores

  Rosita atirou num andante que se aproximava do portão, em seguida baixou a sniper e voltou-se novamente para mim.

— Então... não estão todos mortos. – Murmurei pensativa, quebrando o silêncio que se seguiu depois de ouvir a notícia, ela confirmou com um balanço de cabeça. — Pensei que tivessem matado todos eles.

— Também pensamos isso... – Suspirou com pesar. — Mas não.

— Isso significa que Alexandria está ameaçada, todos nós.

— É, significa. – Ela pareceu amargurada em admitir.

Eu não sabia o que dizer, aqueles salvadores que pensamos estarem todos mortos, ainda estão vivos, e já mataram um dos nossos, uma de nós. A raiva e tristeza cresciam dentro de mim, numa mistura perfeita.

Desci do poste de vigia, deixando Rosita sozinha vigiando o portão. Passei por Sasha e Abraham, que estavam conversando, Abraham soltava a fumaça do charuto que estava inalando, não entendo isso: sobreviver a mortos que querem comer sua carne, pra depois morrer com um câncer pulmonar.

Era estranho tudo isso, eu acordei me sentindo diferente hoje, uma sensação estranha, não parecia ser ruim... e então recebo a notícia de que mataram a Denise.

Avistei Daryl sentado na escada da varanda, estava limpando as flechas de sua besta. Respirei fundo enquanto andava até lá, ele parou por um segundo o que estava fazendo quando percebeu minha sombra se aproximando, então me sentei ao seu lado no degrau.

— Fiquei sabendo o que aconteceu com a Denise. – Falei olhando pra ele, que já tinha voltado a sua tarefa. — Sinto muito.

Ele não disse nada por alguns segundos, nos deixando em um silêncio desconfortável. Era visível sua raiva.

— Não finja que se importa. – Disse finalmente, sem me olhar.

— Como pode dizer que não me importo? – Indaguei. — Eu gostava dela, ela salvou minha vida mais de uma vez, praticamente me remendou... – Sorri olhando pros meus braços com as cicatrizes dos cortes de Emma, a aparência já estava bem melhor. — ... não é só você que sente, Daryl.

Dizendo essas coisas, percebi o quanto eu devia a Denise, quantos "obrigados" eu devia ter dito a ela. Mas agora é tarde, sempre nos damos conta dessas coisas quando já se é tarde demais.

Daryl virou o rosto pra mim, sua franja praticamente escondendo seus olhos que tinham um brilho misturado de dor e ódio, era um olhar que eu desconhecia dele, sombrio.

— Eu podia ter evitado isso.

— Não, não podia... você não tinha como saber...

— Tive a chance de matar aquele desgraçado, eu pudia ter matado ele – Balançou a cabeça com desgosto. — eu devia ter acabado com a vida daquele infeliz desgraçado.

— Por que não matou? – Perguntei sem desviar meu olhar do seu.

Sacudiu a cabeça, baixando um pouco os olhos e encarando um chaveiro que estava entre nós em cima da escada, tinha um nome escrito, "Dennis".

— Eu não consegui. – Respondeu. — Fui um idiota.

— Você não foi idiota. – Tentei acalmá-lo, mas sabia que não adiantaria de nada. — Você não conseguiu, não tem nada de errado nisso. Eu me afeiçoei a um coelho, isso que é ser idiota. Mas acho que tem alguma coisa haver com esse lugar.

— Está dizendo que ficamos fracos? – Me encarou com o cenho franzido. — Que esse lugar nos enfraqueceu?

— Aos poucos acho que nos acostumamos em estar "seguros". – Respondi. — Quando chegamos aqui, você disse que não sabia se queria ficar, e era por isso, por medo de nos enfraquecer, não era?

Não respondeu. Pegou o cheveiro e o apertou na mão, olhando para a frente, onde estava estacionada sua moto.

— Aquela flecha era pra mim, não pra ela.

— A culpa não é sua se o cara tem uma péssima mira.

— Eles também fizeram com você. – Levantou os olhos até minha testa e afastou um pouco meu cabelo, analisando minha atadura.

— É, mas eles ficaram bem pior. – Ri.

— Doeu? – Perguntou.

Achei essa pergunta um tanto idiota, mas acho que ele não está no seu melhor estado emocional agora, ele e Denise andavam bem próximos ultimamente.

— É... doeu. – Respondi dando de ombros. — Doeu muito.

— Desgraçados.

— Desgraçados, filhos da mãe... é o que eles são. – Suspirei.

Daryl desviou o olhar de mim e olhou para o chaveiro durante mais alguns segundos, e então, de repente ele se levantou colocando a besta posicionada em suas costas e foi até sua moto, se sentou e pôs um pé no pedal.

— Daryl! – Corri até ele. — O que vai fazer?

— Dar uma volta.

Dizendo isso, ele ligou o motor e acelerou, sem nem dar uma chance de eu pedir pra ir com ele, mesmo sem saber pra onde iria. Ele estava de cabeça quente e com certeza não estava pensando direito nos seus atos.

Sem pensar muito, corri atrás dele, que já tinha sumido na primeira curva da rua, em direção ao portão. Minhas pernas estavam quase cedendo com o esforço que eu estava fazendo... "não faça muito esforço", desculpa Denise, mas nunca fui muito boa em obedecer essas disciplinas.

— Aonde vai? – Escutei Rosita perguntar enquanto eu me aproximava deles.

Ele parou de frente para o portão, onde Rosita, Sasha, Abraham,Michonne, Glenn e Maggie estavam. Daryl tinha descido da moto e estava abrindo o portão, enquanto era observado por olhares curiosos

— Lá fora. – Ele respondeu enquanto arrastava o portão.

— Não brinca, vai dar algum detalhe? – Abraham ironizou.

— Daryl, o que está fazendo? – Michonne o encarou enquanto ele subia na moto, sua expressão vazia, sem dar a mínima pras perguntas deles.

— Algo que não devia. – Glenn respondeu indo em direção a um caminhão.

Eu não ficaria ali imaginando o que estaria se passando na cabeça do Daryl, e estava pouco me importando com isso, então, quando percebi que ele iria acelerar, pulei sentada na garupa e consegui me agarrar à sua cintura antes de ele acelerar e cairmos na estrada.

A partir do instante em que passamos pelo portão, foi como se um alívio preenchesse meu peito, me senti livre de novo. Fechei os olhos, sentindo a brisa bater em meu rosto e o vento jogar meus cabelos para trás, aquilo era libertador. Mas aquela sensação foi interrompida quando Daryl freou tão abruptamente, que se eu não estivesse segurando-o, teria voado pra fora da moto.

Então ele soltou minhas mãos da barriga dele, e abri meus olhos assustada, a tempo de vê-lo descer da moto e dar um chute no pneu, estava visivelmente bravo.

— Que merda você pensa que está fazendo? – Berrou comigo, o vento jogava seus cabelos para trás, deixando seus olhos em chamas a mostra.

— Eu que devia fazer essa pergunta pra você! – Gritei de volta. — Pra onde está indo?

— Você não devia estar aqui! – Ignorou minha pergunta, mantendo-se furioso.

— E o que vai fazer? – Cruzei os braços, desafiante. — Me levar de volta?

— Era o que eu devia fazer mesmo!

— Eles já devem estar vindo atrás de você Daryl, tem certeza de que vai querer voltar?

Ele respirou fundo, rangendo os dentes com frustração.

— Se eles estão vindo, eu posso largar você aqui e depois eles te pegam. – Ameaçou.

— Faça isso então. – Desafiei. — Quer que eu desça?

Obviamente que ele não me deixaria ali largada na estrada, e muito menos voltaria pra Alexandria correndo o risco de os outro prende-lo lá.

— Então sobe e vamos logo pra onde você estava indo. – Falei depois de alguns segundos em que ele apenas me analisava com aquela cara fechada.

— Pirralha. – Resmungou num murmúrio.

Então, sem perder mais tempo, ele subiu na moto. Envolvi meus braços em volta de sua cintura novamente e ele acelerou, e aquela sensação gostosa de liberdade voltou a me invadir.

Pensei em perguntar a ele para onde estávamos indo, mas me contive, algo me dizia que ele não queria falar agora, e não me importo com isso, no momento eu só queria continuar sentindo aquela sensação boa sem ter que me preocupar com o que estaria por vir.

Tive que apertar mais a barriga do Daryl quando ele acelerou mais, e a velocidade alta em que ele estava, fazia com que todos os possíveis ruídos fossem abafados pelo vento forte que batia em meus ouvidos.

...

Chegamos a uma estradinha com trilhos de trem. Descemos da moto e Daryl a escondeu por debaixo de arbustos e galhos. Ele se virou, olhando para um certo ponto nos trilhos, segui seu olhar, onde pendia uma mancha de sangue nas pedrinhas no chão.

— Foi aqui. – Disse com o olhar fixo na mancha de sangue.

Fiquei em silêncio olhando aquilo, imaginando se a morte dela tinha sido rápida, se foi dolorosa... se sofreu muito até que seu coração parasse de bater. O que será que ela pensou em seus últimos segundos de vida? Será que ela pensou? Nunca vou saber.

Isso tudo me faz pensar que... a morte não tem sentido, qual é o significado de morrer? Se você morre acabou, as luzes se apagam, é céu ou inferno, luz ou escuridão. Morrer é simples e fácil, sobreviver é o mais difícil, e nem sabemos o porque ainda tentamos, talvez "sobreviver" é o que não tenha sentido, não nesse mundo.

— Vamos. – Falou me tirando do transe e dos meus pensamentos. — Está armada?

Em resposta, levantei a barra da camiseta, mostrando o cabo do meu revólver que estava guardada na cintura da calça.

Então adentrou a floresta, comigo seguindo-o logo atrás.

Ele estava calado, curvado enquanto passava a mão pela terra, procurava rastros. Mantinha a besta em mãos, preparado para qualquer ataque.

— O que estamos fazendo? – Perguntei, mas já sabia a resposta.

— Procurando aquele desgraçado. – Respondeu sem tirar a atenção da sua procura.

Tirei a arma da cintura e comecei a procurar rastros também, eu não era muito boa nisso, mas aprendi alguma coisa ao longo dos anos. Já que resolvi vir, quero pelo menos ajudar em alguma coisa, não quero parecer uma inútil.

— Por que você veio? – Perguntou me lançando um breve olhar. — Não foi por ela, não é?

— Por que não? – Indaguei.

— Por acaso foi? – Virou a cabeça pra mim, e dessa vez manteve seu olhar no meu.

Pensei um pouco, e ele estava certo, não vim aqui por ela, não exatamente. Soltei um suspiro e balancei a cabeça em concordância.

— Eu queria sair de Alexandria. – Falei, ocultando o real motivo.

— Por que? Aquele seu último passeio não foi bom o bastante?

Arregalei os olhos, espantada com sua arrogância, e meu espanto não passou despercebido, porque logo ele respirou fundo e balançou a cabeça se auto-repreendendo.

— Eu não queria...

— Respondendo sua pergunta, – O cortei, alterando um pouco meu tom de voz. — não foi nada bom o meu último passeio, e não foi intencional ter ido além da floresta. Eu quis sair de Alexandria porque... as vezes fica difícil de respirar lá.

— Sei bem como é. – Disse me dando as costas e seguindo mais fundo na floresta, o acompanhei.

Avançavamos em passos cuidadosos e tentando fazer o mínimo de barulho possível, Daryl achava que aqueles caras ainda estavam por aqui, e ele estava contando com isso.

Entendo que ele queira vingar a morte da Denise, a morte de um dos nossos. Mas fazer isso com a cabeça quente não era uma boa ideia, pelo que ele me disse, esses caras estão em maior número, a melhor chance que teríamos de ganhar essa era pegá-los desprevenidos, e mesmo assim duvido da nossa vitória.

— Eu só quero ele, só aquele desgraçado. – Murmurou quando tentei convence-lo de desistir dessa ideia, seria melhor se viessemos outra hora e mais previnidos, de preferência com o Rick.

— Ah sim, você mata o desgraçado e o que acha que acontece depois? – Ri com sarcasmo. — Que os parceiros dele vão nos deixar ir embora como se nada tivesse acontecido?

Ele parou de andar tão abrupta e inesperadamente que acabei não conseguindo "frear" e colidi com ele, batendo a cabeça no meio de suas costas.

Daryl se virou pra mim, o cenho franzido.

— Pra que merda você veio comigo? Eu não te pedi pra estar aqui, se está com medo vai embora, não quero que fique aqui pra me atrapalhar. Eu vou continuar.

— Não estou com medo! Mas é uma baita idiotice querer fazer isso sozinho, só acho que seríamos mais vitoriosos se saíssemos dessa vivos, qual é a graça de morrer depois?

— Eu vou continuar. – Destacou cada sílaba. — Você quis vir, então agora vamos continuar. – Fez uma breve pausa. — Pensei que naquele dia, quando você se ofereceu pra ir com a gente matar aqueles caras, você quisesse vingança.

— Pensou certo, mas naquele dia vocês tinham um plano de ataque, e qual é o seu plano agora? – Questionei.

— Ataque. – E se virou, voltando a andar procurando rastros.

Percebi que não conseguiria fazê-lo voltar, ele estava decidido, estou surpresa de vê-lo assim, pessoas morrem a todo segundo, a essa altura ele já deveria estar mais conformado com a perda. E eu também não voltaria, não por ele, nem pela Denise, mas por que talvez, lá no fundo, eu ainda acredite na possibilidade de encontrar meu pai por acaso... perdido ou acampando em algum lugar, talvez nesta floresta, se perguntando se ainda havia chances de eu estar viva. Não me sinto patética por ainda pensar assim, num reencontro perfeito.

— Shh!

Daryl parou de repente, levando o indicador a boca, fazendo sinal para que eu ficasse quieta, mesmo eu estando em absoluto silêncio. Parei do lado dele, e então consegui escutar ruídos detrás das árvores à nossas costas.

Eu e Daryl nos viramos para a direção do barulho.

— Deve ser uma daquelas coisas. – Falou posicionando a besta a frente do corpo.

— Pelos passos, podem ser mais de um. – Conclui.

Peguei minha faca e fiquei em posição de ataque, não queria ser pega de surpresa. Ouvimos o estralido de galho se quebrando, então Daryl disparou, a flecha atingiu o tronco de uma das árvores, ficando presa na mesma.

De repente Rosita surge de trás da mesma árvore, ela tira a flecha que estava presa no tronco e encara Daryl com raiva.

— Cuidado com isso, cretino! – Ela esbraveja.

Então Glenn e Michonne apareceram do lado de Rosita, Michonne logo me lançou aquele olhar intimidador de repreensão.

— Cuidado você, – Daryl retrucou indo até ela e pegando sua flecha. — não deviam ter vindo.

— Não devia ter saído! – Repreendeu Rosita, como se o Daryl fosse se importar com sua objeção. Ela desviou o olhar para mim. — "Vocês" não deviam ter saído!

Revirei os olhos.

— Quando eu me separei da Sasha e do Abraham, o Dwight tava na floresta, na mata queimada com as garotas. – Falou Daryl. — Ele pôs uma arma na minha cabeça! Depois me amarrou! – Fez uma careta de amargura. — Eu tinha ajudado ele.

Daryl nos deu as costas e ia seguir seu caminho, mas Glenn o parou.

— Então você acha que a culpa é sua?

— Não, eu sei que é. – Respondeu. — Vou fazer o que devia ter feito antes.

— Pra que? Por ela? – Glenn o parou mais uma vez. — Ela morreu cara, tá fazendo isso por você.

— Você não dá a mínima. – Disse sem esconder o desgosto na voz.

— Daryl, a gente precisa voltar pra lá e pensar num plano, em casa, nossa casa, precisamos de você. – Glenn insistiu, ele estava quase implorando. — E todos lá precisam da gente agora. Olha, não vai funcionar desse jeito, e você ainda está arrastando a Thaylor com você.

— Não pedi pra ela vir! – Exclamou, e novamente revirei meus olhos.

— Vamos resolver, eu vou. – Michonne falou para Daryl. — Eu te prometo. Vamos voltar.

Daryl pareceu considerar a prosta por um momento, e pensei que fosse ceder, mas então negou com a cabeça.

— Não consigo.

— Daryl.

— Não consigo!

E sem dar chances para que mais alguém protestasse, ele deu as costas e sumiu por entre as árvores em meio ao matagal.

— Também não consigo. – Rosita falou, e saiu seguindo na mesma direção que Daryl.

Eu ia segui-los, mas antes que eu pudesse dar dois passos, fui segurada pelo pulso.

— Não. – Michonne me olhou com seriedade.

— Eu quero ir com eles. – Falei.

— É melhor que venha com a gente Thay. – Interviu Glenn, com a expressão séria também. — Deixe eles resolveram isso sozinhos. Vamos voltar.

Puxei meu pulso da mão de Michonne, e os encarei com revolta.

— Não podem me prender.

— Mas ninguém está te prendendo! – Ela me olhou com espanto. — Acha que prendemos você?

— É claro que prendem! Estou cansada de todos vocês me tratarem como criança, e não só a mim, o Carl também. Não teem a noção de o quanto isso é chato, nos faz sentir incapazes e não somos, somos sobreviventes como vocês, eu não estou viva por sorte, ninguém está, lutamos pra estarmos aqui hoje. Então, por favor, parem de me tratar como uma inferior a vocês!

Fiz uma pausa para recuperar o fôlego, eles me olhavam inexpressivos, eu não queria ter gritado, mas senti a necessidade de botar aquilo pra fora da garganta.

— Eu quero ir com eles. – Falei.

Glenn e Michonne se entreolharam. Após alguns segundos em que eles pareciam estarem tendo uma conversa silenciosa, pareceram chegar a um acordo. Glenn soltou um suspiro e veio até mim, suas mãos dentro dos bolsos do seu jeans. Michonne se afastou para a sombra de uma árvore do outro lado.

— Pra que quer ir com eles? – Glenn perguntou. — É pra se vingar dos salvadores? Não entendo o porquê disso, você matou aqueles caras que te pegaram, já teve sua vingança. É pela Denise? Ela morreu Thaylor...

— Você não entenderia. – Desviei o olhar.

— Talvez, se você explicar, eu possa entender.

— É que... – Tentei buscar palavras. —... tem alguma coisa diferente hoje.

— Diferente?

— Não consigo explicar... sinto que eu deveria estar aqui agora, exatamente aqui nesse lugar. – Ele franziu o cenho, confuso. — Algo me diz que... ele está perto.

— "Ele"? – Indagou curioso. — Ele quem?

— O meu pai. – Respondi depois de hesitar um instante.

— O seu pai. – Ele passou a mão no rosto e respirou fundo.

— Eu não espero que você entenda.

Baixei o olhar para o chão e chutei uma pedra na qual eu estava pisando, lançando-a para longe e levantando uma leve nuvem de terra seca.

— Achei que tivesse desistido dessa ideia.

— Não desisti, só deixei pra lá por um tempo. – Dei de ombros. — Mas hoje tem alguma coisa estranha, não consigo explicar... é diferente das outras vezes.

— Escuta, – Ele suavizou o tom, sua mão segurou meu ombro. — eu sei como é. Perdi minha família pra esse mundo, e demorou muito pra que eu me conformasse com isso, mas é preciso aceitar a perda pra poder seguir em frente, se não aceitar, isso vai te destruir aos poucos.

— Eu não perdi meu pai. – Falei entredentes, me esforçando pra não gritar. — Ele está vivo, Glenn.

Ele assentiu, não querendo me contrariar.

Não adianta, eles não entendem, nunca vão entender. Mas nunca esperei muito da compreensão deles, eles pensam que sou louca, mas não entendem que se eu não acreditar que o único motivo pelo qual eu insisti em viver nessa merda de mundo ainda está vivo, eu não teria mais motivos pra continuar, eu não iria querer continuar.

— Tudo bem, ele está vivo. – Tomou a palavra novamente. — Mas e então?

— E então o que?

— Ouça, não quero que pense que estou dizendo que ele está... morto. Mas acha que vai encontrar ele aqui? Assim... por acaso? Coincidentemente você vai estar andando aqui e vai esbarrar com ele?

Falava como se quisesse abrir minha mente, me mostrar que aquilo era impossível, como se eu não tivesse noção disso.

— Pode acontecer. — Dei de ombros, sem me afetar com sua descrença. — Estou contando com isso a anos, "coincidência", "destino"... sou obrigada a acreditar nessas coisas.

Suspirou pacientemente.

— Thaylor, você não está presa, não estamos te prendendo, e nem ao Carl. – Me encarou profundamente, com aqueles olhos esperançosos. — Apenas tentamos proteger vocês. Perderam a Infância, e não precisa acontecer o mesmo com a adolescência. Agora temos uma casa, um lugar seguro... entenda que só mantemos vocês longes das tarefas aqui fora por que... queremos que tenham uma vida normal, o mais normal possível nessas circunstâncias. Somos uma família, e é isso o que fazemos, protegemos quem amamos.

Ao mesmo tempo que essas palavras me encheram de alegria, também me desesperaram. Era como se isso estivesse me prendendo a eles, como se eu não pudesse me afastar, e isso significaria "Adeus papai" ... não gosto de me sentir presa, e ao mesmo tempo eu gostava disso, sobre estar com eles... o que está acontecendo comigo?

— Se quiser ir atrás deles, e do seu "instinto", não podemos te impedir. – Continuou. — Você pode ir atrás do Daryl e a Rosita, e pode acabar sendo pega por aqueles caras, ou talvez saiam dessa bem, o que acho pouco provável. Olha, Daryl e Rosita sabem se virar.

— Eu também sei me virar.

— Sei disso. – Acrescentou rapidamente. — Mas essa luta não é sua, deixe eles resolverem isso sozinhos. Vamos voltar pra casa, a NOSSA casa, podem estar precisando da gente agora.

— Eu não consigo, não dá. – Sacudi a cabeça, Glenn soltou um suspiro. — Desculpa. Mas é melhor eu ir logo, antes que eles vão muito longe.

— Se é isso o que você quer... – Ele sacudiu os ombros, desistindo. — ... eu e Michonne vamos voltar pra Alexandria. Tente não se afastar do Daryl e da Rosita quando encontrá-los.

— Pode deixar. – Dei um sorriso de lado. — Voltaremos pra casa logo.

Ele sorriu e deu as costas. Dei um aceno de mão pra Michonne antes de me virar e seguir por onde Daryl e Rosita foram.

Enquanto caminhava em linha reta pelo mato da floresta, fiquei pensando no que o Glenn disse "somos uma família"... por mais que eu esteja apegada a eles, não consigo me sentir um membro da família, não do jeito que eles são uns com os outros, não ainda. Meu pai é a única família que tenho, e sinto que ele está perto, mais do que nunca. Era uma sensação diferente, estranha e um pouco... tensa.

Por mais que eles tentem demonstrar o contrário, sei que não acreditam que meu pai está vivo. Mas eu acredito, e tenho que acreditar, não quero pensar que durante esses anos todos eu possa estar procurando um fantasma, que fiz aquelas coisas à toa, e é por acreditar na sobrevivência dele que eu ainda estou sobrevivendo. É fácil pra eles dizerem "esquece, ele pode estar morto", mas eles teem um motivo pra acordar todos os dias de manhã, eles teem alguém pra proteger de verdade. Glenn tem a Maggie, Rick tem a Judith e o Carl, Tara tem a Denise, Rosita tem o Abraham... e eu preciso do meu pai, sinto saudades do abraço dele, do cheiro... da voz...

Grunhidos familiares me despertaram dos meus devaneios. Uma andante desfigurada surgiu na minha frente.

— Porcaria. – Murmurei pegando a faca e avancei nela, em seguida a mesma caiu "morta" com a facada na testa que lhe dei.

Passei a lâmina da faca na perna, sujando meu jeans de sangue.

Já fazia mais de vinte minutos que estou caminhando a procura dos dois, seguindo as pegadas que acredito ser deles.

Fiquei atenta ao ouvir o que pareceu ser um galho se quebrando, segui em frente na direção do barulho, a arma numa mão e a faca na outra, prefiro estar preparada para os vivos e para os mortos.

E então parei de repente, quando vi de longe, Daryl e Rosita se escondendo atrás de uma árvore, suas armas apontadas para alguma direção, olhavam espiando alguma coisa do outro lado e não perceberam a presença de um cara loiro de cabelos cumpridos se aproximando lentamente deles, com a arma mirada na nuca de Daryl. Eu estava atrás de uma árvore, um pouco distante deles, precisava dar um jeito naquilo antes que fizesse algo com os dois, aquele cara deve ser um salvador, e pelas características que o Daryl tinha dado, esse devia ser o desgraçado do Dwight.

Guardei a faca no bolso da calça e fiquei apenas com a arma, mirando-a para as costas do homem que continuava avançando vagarosamente sem que qualquer um dos dois percebessem.

Saí do esconderijo e fui avançando com cuidado atrás do loiro, eu precisava chegar mais perto para poder acertar uma bala em sua cabeça. Daryl vai me odiar por matar a "presa" dele, mas um dia ele vai me agradecer.

Dwight parou atrás de Daryl, e o mesmo se virou, Rosita seguiu seu gesto logo em seguida. Destravei a arma e já ia atirar, mas minhas pernas travaram quando senti algo gélido encostar precionando minha nuca.

— Eu não faria isso se fosse você. – Uma voz rouca falou atrás de mim, e então deduzi que o que estava precionando minha nuca, era o cano de uma arma. Merda. — Seja boazinha e largue isso. É um brinquedo perigoso.

Daryl e Rosita perceberam minha presença, e então ele baixou a besta e a largou no chão, Rosita fez o mesmo com seu revólver, e os dois levantaram as mãos em redenção. Dwight tinha um enorme sorriso no rosto, ele segurava a nuca de Daryl enquanto tinha a arma apontada na cabeça dele.

— Só falta você. – O homem disse, e ouvi o estralido da arma destravando.

Daryl me deu um aceno de cabeça, indicando que eu fizesse o que o cara mandou. Inspirei fundo e suspurei, cedendo, então baixei a arma lentamente e a soltei. Logo senti o cano deixar minha nuca e o cara se agaixou esticando o braço para pegar a arma.

Daryl mexeu os lábios para mim, dizendo "corre" sem emitir nenhum som, Rosita fazia o mesmo. Eu não queria deixar eles, mas tinha que aproveitar aquela chance para fugir e pedir ajuda. Então, aproveitei a distração do sujeito e corri o mais depressa que minhas pernas permitiam.

— DESGRAÇADA! – O cara berrou, e começou a atirar em meus pés, as balas ricocheteavam no chão, levantando nuvens de terra seca, eu pulava tentando desviar das balas.

Na tentativa de desviar de um galho de árvore, acabei tropeçando e caí quase batendo o nariz no chão.

Antes que eu pudesse me levantar, ele agarrou meus ombros e me virou de frente para sí, um sorriso amarelo estampava seu rosto enrugado. Meu coração deu um salto ao ouvir um disparo vindo da direção em que eu tinha acabado de sair.

— Se algum deles estiver morto, vocês vão pag...

Não tive tempo de completar a ameaça, ele levantou a espingarda e, com o cabo da mesma, me deu uma coronhada na cabeça, primeiro veio a dor e em segundos a escuridão me tomou.

[ ... ]

— Thaylor... Thaylor... – Ouvia uma voz distante me chamando.

Minha cabeça latejava, era como se um martelo martelasse com força o meu cérebro.

— Thay – Continuou chamando, soltei um gemido de dor. — Acho que ela está acordando.

Então senti dedos cutucando meu braço, fui abrindo os olhos aos poucos, e quando consegui abri-los totalmente, tudo o que vi foi escuridão.

— Thaylor?

— Michonne? – Indaguei reconhecendo sua voz.

Apertei os olhos, mas não dava para enchergar nada, apenas um raio de luz braca que emanava de uma fresta fina do que imaginei ser uma porta.

— Você está bem? – Ela perguntou.

— Estou. – Respondi, apesar de minha cabeça estar explodindo.

Ouvi gemidos fracos.

— Onde estamos? – Perguntei e tentei me levantar, mas caí sentada ao bater a cabeça numa superfície dura.

— Merda! – Resmunguei passando a mão no alto da cabeça, agora estava doendo o dobro. Senti algo molhado onde estava passando a mão, era sangue da coronhada que levei.

— Estamos num caminhão. – Levei um susto ao ouvir a voz fraca do Glenn. — Sabe, estou começando a achar que estava certa sobre sua intuição, "estar sentindo algo diferente hoje", pois... aqui estamos.

— O que? – Indaguei confusa.

— Pegaram a gente, estamos estacionados aqui já faz algum tempo. – Respondeu. — Pegaram nossas armas.

— Onde está o Daryl e a Rosita? – Perguntei me lembrando do disparo que ouvi, e meu coração acelerou. — Eu... eu ouvi um tiro.

— Estamos aqui. – Senti alívio ao ouvir Rosita. — Mas atiraram no braço do Daryl.

— Tivemos que tirar sua atadura pra poder enfaixar o ferimento dele.

— Ele está bem?

Nem precisaram me responder, já que ouvi mais um gemido fraco, era o Daryl.

— Ele perdeu muito sangue. – Foi a voz do Glenn.

— Temos que sair daqui. – Joguei meu ombro contra a porta do veículo, na intenção de tentar arrombá-la, mas nada aconteceu, apenas caí para trás quando alguém do outro lado deu um chute na porta.

— Não adianta, já tentamos. – Falou Glenn, com desânimo na voz. — Mesmo que conseguíssemos sair, seríamos pegos. Pelo barulho, deve ter vários deles lá fora.

Coloquei o ouvido na porta, realmente tinha bastante barulho do outro lado.

— O melhor que fazemos é ficar quietos e poupar o fôlego, pra não morrermos asfixiados. – Alertou Daryl, a voz saindo com dificuldade, quase que inaudível.

— Só resta esperar. – Sussurrou Michonne.

— Esperar o que? – Fiquei um pouco receosa em perguntar.

— Eu também não sei. – Respondeu.

O silêncio que se seguiu aqui dentro aumentou o barulho lá fora, passos, murmúrios, e até gemidos eram ouvidos.

Não acredito que estamos aqui agora, nessa situação, incapazes e Indefesos... mas estávamos juntos, isso não ajudava em nada, mas de certo modo me fazia sentir melhor.

Fechei os olhos com força, guardando uma lágrima que não tinha permissão para sair. Fui tola em pensar, por um momento, que a "sensação diferente" que eu estava sentindo hoje pudesse ser uma coisa boa, pudesse ser algum pressentimento que envolvesse meu maior desejo... mas agora eu sei o quão enganada eu estava.

— Vamos pegar os outros. – Uma voz rouca gritou do lado de fora.

Me afastei da porta quando uma sombra tapou o raio de luz que entrava pela fresta entre as duas portas do caminhão. Minhas mãos esbarraram nos pés de alguém.

Depois do barulho de algo destravando, as portas foram escancaradas. Imediatamente levei as mãos a frente do rosto, a forte luz branca que saía dos faróis de um veículo nos cegaram, me senti um morcego.

Então meus braços foram agarrados por mãos pesadas e fui arrastada de qualquer jeito pra fora do caminhão, o mesmo foi feito com os outros. Já fora do caminhão, pisquei várias vezes até me acostumar com a claridade da luz que saía dos faróis de um trailer. Percebi que o sol já tinha dado lugar a lua.

De repente, meu coração quase parou de bater quando vi eles ali, Rick, Abraham, Maggie, Eugene, Sasha, Aaron e... Carl, todos eles ajoelhados em fileira no chão. Não sei expressar o que senti ao ver todos eles ali. Eles nos devolviam o olhar de espanto e apavoro, meus olhos encontraram o do Carl, que me encarava como se perguntasse como eu fui parar ali, e eu me perguntava o mesmo sobre eles.

— Maggie... – Glenn sussurrou, tão espantado quanto eu.

Maggie tremia e estava suando, não parecia nada bem, reparei que seu cabelo estava mais curto.

Fiquei assustada com a quantidade de homens que estavam ali rodeando o lugar, eram tantos que era impossível contar, também tinham vários carros estacionados, aquilo era um exército.

— Vamos. – Eles nos empurraram até os outros, e nos forçaram a ajoelhar ao lado deles. Me ajoelhei na ponta, ao lado de Eugene, que estava ajoelhado ao lado de Carl. Eugene tremia muito, era evidente seu medo, e não posso julgá-lo, também estou com medo do que vai nos acontecer.

Senti o olhar de Carl em mim, mas não o encarei de volta, eu não conseguia, manti minha cabeça abaixada, com meus cabelos escondendo meu rosto.

Eu ainda sentia aquela sensação diferente, era como um pressentimento, e agora eu estava odiando sentir isso. Não era uma coisa boa.

E de novo, senti aquele medo, o medo de morrer.

— Vamos conhecer o homem! – Exclamou um dos caras batendo na porta da van que estava estacionada ali. Levantei um pouco os olhos, mas sem mover a cabeça.

Segundos depois a porta do veículo rolou para o lado, revelando um homem de sorriso sarcástico que aparentava ter um pouco mais que quarenta anos, ele usava uma jaqueta de couro e tinha um bastão de baisebol com algo metálico em volta apoiado sob o ombro, esse devia ser o tal Negan.

Ele saiu do trailer, e encarou bem cada um de nós, deu alguns passos na nossa direção e soltou um risinho de deboche.

   — Já estão mijando nas calças?


Notas Finais


Bomm foi isso, espero q tenham gostado! Se puderem comentem oq acharam pf
🎆FELIZ NATAL🎉 pra tds vcs❤
Bjinhuus e até logo! 😘😘


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