"O tempo passa e tudo oque eu sinto por você se fortalece, como as ervas daninhas em um muro."
Passaram-se alguns dias após a trágica noite da morte de James, Carmen e as meninas voltaram para casa junto de Brendan. E após muita insistência dela fiquei “morando” com eles até Brendan estar um pouco melhor. Após a noite do acontecido regularmente Brendan estava acordando aos gritos chamando o nome de James e chorando, ficávamos algumas horas em claro apenas conversando até ele conseguir dormir. Era algo meio sufocante ter que conviver quase todo tempo com Brendan, mas eu gostava dele muito pois apesar de ser muito grudado a mim me deixava livre para fazer oque eu quisesse. Mas eu tinha consciência que ele não estava bem, então sempre que eu podia fugia até a casa de Aaron. E em uma dessas fugidas que Aaron e Eric me alarmaram.
— Orion, Rick pediu para termos uma reunião… Eu já sei sobre oque é, então oque eu vou te falar você não pode falar para ninguém entendeu? — Ele me olhou com seriedade e eu assenti.
— Rick e Morgan foram enterrar o corpo de Peter alguns quilômetros daqui e descobriram uma pedreira com milhares de zumbis presos por caminhões. Um desses caminhões está para cair e a hora que ele cair os zumbis virão direto para cá.
— Por isso eles não aparecem muito por aqui… Porque eles ficavam retidos nessa pedreira. — Interrompeu Eric.
— Isso mesmo, Rick tem a certeza que os muros de Alexandria não vão aguentar e pelo que eu pude ver… São muitos zumbis... — Aaron me olhou com aquele olhar temeroso e eu respirei fundo.
— Porque vocês estão me falando isso? — Pedi passando a mão em meus cabelos ainda tentando raciocinar oque eles haviam acabado de falar.
Eric olhou para Aaron e levou as mãos até as minhas e as segurou com calma, seu olhar era inseguro, como se não quisesse fazer aquilo mas precisasse.
— Eu vou me arrepender do fundo da minha alma oque eu vou te falar, mas não vejo alternativa. A outra seria suicídio…
Eric respirou fundo e como Aaron sempre fora mais enérgico, olhou para mim com uma expressão séria.
— Nós dois achamos que é melhor você ir embora com Brendan e a família dele…
— Mas Aaron, Eric? Eu não quero deixar vocês! Estão me expulsando?
Senti minhas bochechas se aquecerem com aquela adrenalina, eu sabia que eles não me queriam em perigo por isso diziam aquilo, mas eu não podia aceitar aquilo de tão bom grado. Desde que eu cheguei em Alexandria até hoje eles eram minha única referência de família, meus pais emprestados, quem em poucas semanas eu havia aprendido a amar como se fossem meus pais de sangue.
— Orion… Não é isso… Nós não queremos que você corra risco, entende? — Aaron me puxou pelo braços e me colocou entre eles. Eric coloco a mão em meus ombros e os apertou com carinho.
— Ficando aqui nós não poderemos tomar conta de você, sendo que temos que nos preocupar com a comunidade. Nós jamais vamos querer que você vá para longe de nós, mas se isso significa colocar sua vida em risco…
— Mas vocês não acham que não seria mais perigoso, nós estarmos lá fora? — Pedi, pois lá fora não haveria ninguém além de nós mesmos para nos proteger.
— Não se vocês estiverem preparados… Eu tenho um presente para você, só tem que prometer que não vai falar para ninguém.— Ordenou Aaron e sem pensar duas vezes eu assenti um pouco curioso. — Certo, Assim que o sol se por você e o Brendan vem aqui em casa que a gente conversa..
Concordei ainda um pouco em choque com oque havia acabado de ouvir e caminhei para a casa de Brendan.
Passei em frente a residência de Rick onde Carl e Enid estavam sentado na varanda conversando e fiz sinal a eles. Como era esperado Carl ignorou e Enid sorriu. Pensei por um instante em parar para conversar mas tinha coisas mais importantes agora.
Cheguei em casa e fui direto a procura de Brendan que estava em um dos quarto trocando o vidro quebrado de uma delas.
— Oi amor, acredita que um pássaro quebrou o vidro? — Deu uma risadinha e ao ver minha expressão se aproximou. — Amor? Oque houve?
— Jura? Que azar... — Desconversei por um instante então fechei a porta do quarto. — A gente tem que conversar e presta atenção no que eu vou te falar, vai ficar por enquanto entre nós, só entre nós, entendeu?
Ele assentiu em silêncio e para seu espanto e alegria, oque me deixou surpreso, havia entendido oque estava prestes a acontecer caso tudo se confirmasse.
— Preciso falar para a mãe, ela tem que saber para arrumar as coisas. — Pediu.
— Não, primeiro vamos esperar o Aaron, ele quer me dar um presente e quer que você esteja junto.
— Eu? Porque?
— Não sei qual a ideia dele, mas ele pediu...
— Certo... — Brendan levou as mãos até minha cintura e se curvou para me beijar. — Obrigado por me contar amor... Você está bem com isso? Imagino que não seu fácil para você ter que abandonar eles.
— Sinceramente? Eu não tenho certeza se quero ir, mas vou tentar focar em vocês. Eu quero que suas irmãs tenham a chance de viver em um lugar seguro, sua mãe e... Principalmente você...
Brendan se ajoelhou em minha frente com um sorriso bobo, e retirou do bolso duas alianças. Aquilo me fez arregalar os olhos e corei de súbito.
— Eu tinha pensado em fazer esse pedido depois que estivéssemos fora daqui, mas depois do que acabou de falar não tem porque não... Orion Ahanna... Você quer namorar comigo?
— Que-quero! — Mordi meus lábios com um sorrisinho nervoso e estendi minha mão para ele. Colocou a aliança em meu dedo me fazendo encher os olhos de lágrimas de pura emoção. Coloquei nele a aliança e ele beijou minha mão como aqueles cavalheiros de filmes. Pulei nele abraçando seu pescoço com força e ele fez o mesmo em minha cintura.
— A porta está trancada? — Pedi olhando para ele com um sorriso safado e sem pensar muito Brendan trancou a porta e começou a tirar a roupa.
Eu fiz o mesmo e logo nós começamos a fazer amor ali no quarto, deixando ele me possuir como queria, tive que segurar meus gemidos enquanto o sentia dentro de mim porque o quarto das garotas era ao lado e qualquer coisa elas poderiam perceber. Não sabia o porque mas aquela transa havia sido muito melhor que a nossa primeira vez e eu consegui chegar três vezes ao orgasmo como Brendan. Fomos direto para o banho depois daquilo, onde fizemos novamente dentro da banheira, foi tão prazeroso como antes e após o banho descemos para a cozinha onde Carmen já havia terminado de fazer o jantar.
— Ai estão vocês! Achei que estavam trocando o telhado. — Carmen olhou as alianças em nossos dedos e sorriu ainda mais. — Ora, ora! Oque temos aqui?
— Meninas, mamãe... Eu e o Orion estamos oficialmente namorando. — Brendan mostrou a aliança em seu dedo e a minha para a alegria delas.
— Já estava na hora!
Responderam juntas oque nos fez cair na gargalhada.
Enquanto jantávamos, momento e outro eu olhava para as alianças em nossos dedos. Aquilo oficializava oque Brendan sentia por mim e aos poucos fortalecia oque eu começava a sentir por ele.
Depois de comermos, saímos de casa justificando que iríamos dar uma volta para ficarmos a sós. Fomos em direção a minha casa e Aaron estava na varando lendo um livro. Sorriu assim que nos viu e eu corri até ele para mostrar a aliança.
— Ué... Mas não ouvi ninguém vindo pedir para mim deixar você namorar... — Brincou ele provocando Brendan.
— Ah... Desculpa Aaro... — Pigarreou — Aaron você deixa eu namorar o Orion? Eu amo muito ele.
— Claro, só não o magoe ou jogo você para os zumbis.
Aaron piscou para mim e eu assentindo agarrando a mão de Brendan.
— Pode deixar senhor.
— E o Eric?
— Está na casa de Deanna, esperando para a reunião... Eu tenho que ir para lá, mas antes venham.
Aaron nos levou até o fundo da garagem onde havia uma camionete, daquelas grandes para toda a família. Ele abriu o porta mala onde ele estava repleta de suprimentos como comida enlatada, água outras coisas mais.
— É para você Orion... Para durante a viajem... Eu a encontrei em uma das minhas rondas, a abasteci em um posto que ainda tinha combustível. O tanque está cheio, deve dar para chegar até mais da metade da viajem.
Avisou mostrando o indicador e eu olhei para Brendan que olhava com curiosidade para o carro.
— Eu-eu não sei oque dizer... O-obrigado Aaron! — O abracei em agradecimento e Brendan fez o mesmo.
— Obrigado Aaron, você está dando uma nova chance a minha família.
— Não agradeçam a mim, apenas quero que vocês fiquem bem, entendeu? Prometam que vão se cuidar... Os dois...
— Sim nós vamos! — Respondi pegando a chave da camioneta que ele estendeu a mim e entreguei a Brendan.
— Ótimo, agora eu vou para a reunião... Preciso estar lá para que os ânimos não aflorem demais. Nos falamos amanhã, boa noite.
— Boa noite Aaron e obrigado!
Respondeu Brendan, então entramos para dentro dela, ele dirigiu de volta para a casa e quando estacionou dentro da garagem me olhou segurando minha mão.
— Quando quer ir?
— Eu não sei ainda... Podemos esperar pelo menos amanhã?
— Sim, como você quiser.
— Certo, quero ver primeiro se consigo um mapa. Para deixar pro Aaron caso ele queira no achar um dia e eu preciso arrumar minhas coisas antes.
— Posso avisar a mãe para arrumar as coisas então?
— Pode, amanhã já podemos estar com tudo pronto para ir embora. Só quero me despedir de alguns amigos antes de ir embora.
— Mas se você fizer isso vão saber dos planos! — Lembrou o ruivo.
— Nesses eu posso confiar, não precisa ficar preocupado Ok?
Brendan assentiu então subimos para a cozinha, tudo já estava escuro, então para não fazer barulho dormirmos ali na sala mesmo, já que havia um grande e confortável sofá cama.
|•••|
Acordei com Sra Buckley passando o café, me fazendo acordar já disposto para o desjejum. Passei meu nariz sobre o rosto de Brendan e deixei um selinho apaixonado em sua boca, ele tinha o sono muito pesado. Levantei com calma e fui ajudar Carmen a terminar o café.
— Bom dia querido, não vimos vocês voltarem ontem.
— Sim, nós fomos falar com o Aaron, ele queria me ver.
— E como ele está? Faz dias que eu não o vejo.
— Está bem sra Buckley...
Ela me olhou como se soubesse que tinha algo para lhe falar.
— Pode me chamar de Carmen querido, você faz parte da gente agora...
— Tudo bem, mas eu prefiro lhe chamar assim... Questão de respeito. — Dei um sorrisinho tímido e ela assentiu voltando as tarefas de colocar as xícaras na mesa. — Oque a senhora acha de ideia de irmos embora para Miami? Me lembro que o sr Buckley falou que a sra. também queria, mas nunca ouvi isso de sua boca.
Ela me olhou com calma, assentiu respirando fundo e fez sinal para que eu e ela sentassemos a mesa.
— Querido... Em um primeiro momento eu achei que aqui, essa comunidade, essa casa essas pessoas, seriam a minha nova família. Seria o lugar onde eu poderia descansar para sempre, ver meus filhos crescerem, meu netos e tudo mais. Morrer velhinha ao lado de James e feliz por ter conseguido dar um lar para meus descendentes longe do terror que é fora desses muros. Agora com James morto, meu motivo de estar viva é por causa de Brendan e as meninas.
— Aaron me deu um carro abastecido com suprimentos e combustível... Ele quer que nós vamos embora.
— Porque? — Pediu Carmen então expliquei a situação já que a reunião havia se dado e aquela hora todos já deviam saber. — Deus... E você acha que vamos conseguir?
— Algo no fundo me diz que sim, pelos meus cálculos teremos que abastecer umas duas vezes antes de chegar em Miami mas de resto teremos comida por uns dois dias oque é suficiente para chegarmos a cidade.
— E Brendan? Concordou sem pensa imagino eu...
— Ele concordou, acha que vai ser bom para todos vocês. E eu ainda acho que será muito melhor para ele. Brendan precisa voltar a ser ele, desde que senhor James morreu ele não é aquele garoto alegre e sorridente que eu conheci.
— Todos nós mudamos querido, mas também acho que vai ser bom para o Brendan. Você faz muito bem para ele, não tive oportunidade para fazer isso... — Ela se aproximou de mim e me abraçou, eu fiz o mesmo apertando ela, passando todo o carinho que eu possuia. — Obrigado por cuidar do meu filho, não sei oque seria dele sem você.
— Eu gosto do seu filho sra Buckley e faria qualquer coisa por ele...
— Eu sei querido... Eu sei...
Voltamos a terminar nosso café e em pouco tempo as meninas e Brendan levantaram juntado-se a nós.
Passamos o dia fazendo as malas, Karen e Hanna deixaram suas coisas prontas antes mesmo de Carmen e Brendan.
Fui para casa juntar minhas coisas e guardei roupas, gibis e outras coisas mais que havia ganhado de presente. Assim que fechei minha mala lembrei da flauta transversal que havia me sido emprestada por dr. Peter e fui a buscar no baú em frente a minha cama. A montei com calma e por uma última vez toquei ela, fazendo o quarto ser invadido pela melodia sublime dela.
Depois de um tempo a levei de volta para o seu verdadeiro dono, entreguei ela a Sam e avisei que estaria indo embora para seu desapontamento. Prometi que voltaria um dia e o ensinaria a tocar.
No final da tarde, já com tudo pronto em seu devido lugar decidi fazer oque eu estava tentando deixar para o último instante: falar com Carl. Avisei a Brendan que dormiria em casa e desci a rua até a casa dele onde fui recebido por Michonne
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