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História The Walking Dead - Underneath - Réquiem - Final


Escrita por: NicoDiAngelus

Capítulo 19 - Réquiem - Final


Carl Grimes

Eu estava brincando com a minha irmã quando ouvi os passos de Michonne vindo em direção ao meu quarto. Ela iria dar banho em Judith, já que estava na hora. Começava a anoitecer e como ela era ainda nova, meu pai dizia que crianças não podiam lavar os cabelos muito tarde para não adoecer. Eu não entendia bem aquilo, mas sempre concordei.

— Carl?

— Oi Michonne. — Falei assim que ela chegou na porta, colocando a cabeça para dentro.

— O Orion está na varanda, ele quer falar com você.

— Comigo? — Me levantei com Judith no meu colo e peguei meu chapéu ot colocando de volta na cabeça. — Oque será que ele quer?

— Não sei, ele apenas falou que é importante.

Assenti entregando minha irmã para Michonne e desci um pouco desconfiado para a sala. Já fazia dias que não nos falávamos, desde a morte do pai de Brendan. Depois que eu soube que ele foi morar com Brendan decidi não ter mais contato, eu sentia uma raiva muito grande quando ele estava agarrado aquele namorado. Deixei de ir na escola depois daquilo, não era obrigado a ver o Orion com o Brendan, meu pai até gostou já que eu estava o ajudando com algumas coisas.

Assim que eu coloquei os pés no carpete da sala pude ver pela janela ele de pé na cerca da varanda, meu coração disparou mesmo eu não querendo sentir aquilo, porque sempre acontecia aquilo quando eu estava perto dele? Se Enid estivesse aqui, quem sabe eu pudesse manter o foco, ela podia pegar minha mão ou coisa aparecida.

— Orion, oque você quer?

Pedi assim que eu abri a porta, para não ter enrolação. Ele me olhou com um olhar daqueles que dizia facilmente que não estava bem e que estava se esforçando bastante para estar ali.

— Ahm... Oi Carl... Será que a gente pode conversar, só eu e você? Obrigado Michonne!

Orion fez um sinal com a mão eu só percebi que Michonne estava ali também quando ele acenou. Eu estava tão focado que não havia percebido ela o tempo todo atrás de mim. Olhei de soslaio para ela que deu um pequeno sorriso constrangido. Quando pensei em voltar para dentro de casa ela fechou a porta atrás de e mim e acabei soando frio.

— Tem que ser rápido, Michonne vai fazer uma ronda e eu tenho que ficar com a Judith, você sabe. — Menti. — Pode falar aqui mesmo, Michonne não é de espionar.

— Por favor Carl, é importante e tem que ser só nós dois... — Pediu e sutilmente daquele jeito que as garotas fazem para conquistar um cara mordeu o lábio inferior.

Suspirei fundo e concordei seguindo ele para a rua. Caminhamos até o cemitério de Alexandria e lá sentamos nós dois sobre a grama. Orion me encarava e eu desviava meu olhar, mantendo minha visão sempre firme, não queria demonstrar qualquer tipo de medo.

— Fala logo cara... Oque você quer?

— Eu... Vou embora...

"Eu vou embora" nunca achei que três palavras bestas me fariam tão mal. Meu peito doeu e meus olhos começaram a ficar vermelhos, irritados porque eu estava segurando o choro.

— E dai? Eu não me importo! Pode ir cara! — Ele baixou a cabeça cabisbaixo e apenas assentiu. — Você não tem o Brendan? Vai deixar ele também?

— Eu vou com ele... Nós vamos embora para Miami.

— Legal, espero que sejam felizes! Vocês dois se merecem muito! Só cuidado para não serem devorados por zumbis, se quiser eu te empresto algumas armas. — Respondi quase gritando, eu podia sentir as lágrimas involuntárias escorrendo do meu rosto. — Se você pensa que precisava me avisar isso, se enganou feio. Eu não ligo para você, para o Brendan e toda essa merda que vai fazer entendeu?

Peguei Orion pelo colarinho ameaçando socar o rosto dele, invés disso ele me abraçou começando a chorar ao ver como eu estava. Seu toque me fez desabar como poucas vezes eu havia chorado, daquela mesma forma que eu chorava quando o assunto era "Orion". Agarrei a cintura dele e enterrei minha cabeça contra seu abdômen sentindo o cheiro dele.

— Você não pode me deixar seu idiota! Eu te amo! Por favor Orion, eu te amo! Não me deixa!

Me deitei no colo dele enquanto me fazia um cafuné tentando me acalmar. Orion continuava a chorar quase como eu.

— Eu não posso Carl! Eu não posso deixar o Brendan sozinho e a família dele! Só eu sei o caminho! Me desculpa...

— Eu faço qualquer coisa Orion! Eu vou lá! Vem, você vai comigo e a gente conta para o meu pai que eu te amo! Mas por favor fica! A gente faz um mapa e dá para eles!

Tentei achar uma saída mesmo que fosse equivocada, eu não podia, não permitiria perder ele para sempre.

— Eu não posso! Olha pra mim Carl! — Ele pegou meu rosto com as duas mãos e me fez encarar ele. — Eu te amo, eu te amo, eu te amo muito! Eu menti! Menti para você, menti para o Brendan e até menti para mim mesmo. Eu não amo o Brendan... Eu amo você Carl! Mas mesmo te amando eu não vou abandonar eles pelo simples motivo que se eu os abandonar vai ser a mesma coisa que eu mandar eles para a morte. E você sabe bem que quando é para proteger de quem gostamos nós fazemos tudo, até nos colocamos em perigo.

Novamente três palavras que agora me fizeram sentir totalmente oposto de antes. Levei minhas mãos a cintura do Orion e o puxei para meu colo. Iniciei um beijo cheio de vontade, matando toda a saudade que eu sentia da boca dele. Acho que ficamos naquele beijo por uns bons minutos, até que parei para tomar fôlego.

— Você não pode ir Orion... Por favor... Eu preciso de você...

Sussurrei olhando para os olhos dele e foi ai que ele desviou do meu olhar. Ele não queria me deixar, eu sabia, eu sentia isso.

— Eu não posso... Mas eu vou voltar um dia... Assim que nós tivermos certeza que lá é seguro e que poderemos viver bem eu volto para buscar vocês, todos vocês! Eu não vou me esquecer de ninguém daqui.

— Eu não quero que você vá! Não podemos sei lá, fazer outra coisa? Obrigar eles a ficarem aqui? — Retruquei.

— Não... Acho que se Brendan ficar ele pode enlouquecer. Ele não tem mais aquele alegria de antes desde... Você sabe... Mas eu volto Carl, volto por nós... Mesmo que o nós não exista mais, mesmo que você case com a Enid e tenha filhos com ela. Eu vou voltar para te ver.

Prometeu ele sentado em meu colo, assenti pensando no que deveria fazer para ele desistir daquela ideia maluca.

— Você vai embora quando?

— Amanhã, após o Almoço... Já está tudo pronto para irmos.

— Tão rápido? Porque? Não podem ficar mais uma semana?

— Não... Depois daquela reunião do seu pai sobre os zumbis da pedreira decidimos não arriscar... Vamos antes que eles façam a retirada deles da região.

— Ok... — Respondi contrariado e baixei o rosto, então Orion se aproximou de mim e colocou seu rosto no vão do meu pescoço me fazendo arrepiar com a sua respiração contra minha pele. — Você falou a verdade, quando disse que...

— Que eu te amo? Sim, eu amo você Carl...

— Eu também te amo Orion e... Mesmo que eu esteja com a Enid agora, eu largaria ela para ficar com você se isso pudesse fazer você ficar.

— Carl... Chega disso ok? Vamos aproveitar o tempo que me resta.

Assenti e me deitei na grama com ele, deitei sua cabeça no meu peitoral e enquanto ele estava agarrado a minha cintura eu fazia um cafuné nos seus cabelos loiros.

— Isso me fez lembrar da primeira vez que eu te vi... Aquela cara de assustado, parecia que ia fazer xixi nas calças a hora que me viu com a arma na mão. —  Soltei uma risadinha sacana e ele me olhou sorrindo.

— Também, eu estava a ponto de ser devorado por zumbis!

Retrucou dando uma gargalhada e continuamos a conversar. Continuamos ali juntos pelo resto do dia até a madrugada, deviam ser quase 5 da manhã pois o sol já estava nascendo e ainda continuavamos jogados na grama abraçados um no outro enquanto a gente conversava, as vezes dava uns cochilos rápidos mas logo ele me acordava com selinhos. Matamos uma parte de toda  aquela saudade que tínhamos de "nós" naquela noite, depois de quase um mês sem nos falarmos.

Voltamos cada um para casa e fomos dormir, eu ainda tinha em mente achar um modo de até a noite convencer Orion a ficar.

Orion Ahanna

— Já? Eu iria lhe acordar Orion... — Respondeu Aaron ainda com a cara amassada por ter acabado de acordar.

— Para falar a verdade eu nem dormi... Fiquei a noite inteira com o Carl...

— Com o Carl? Orion... — Falou em tom de reprovação.

— Nós ficamos conversando... Nos beijamos e então vim embora. Ele falou que contaria para o Rick se isso me fizesse ficar.

— E você?

Fomos então interrompidos por Eric que desceu até a sala.

— Bom dia Eric! Eu disse que nada mudaria, não fazia por mim e sim pelos buckley.

— Bom dia querido, dormiu bem?

Eu apenas assenti olhando para ele e Aaron fez o mesmo, fazendo sinal para que fossemos para mesa de café.

— Então, tudo pronto? — Pediu ele

— Sim, Brendan já deixou tudo pronto... Nós vamos sair daqui a pouco, eles vão passar aqui para me pegar.

— Certo... — Assentiu Aaron comendo um pouco de ovos mexidos com bacon. — Eu e o Eric vamos com vocês até uma parte do caminho como escolta apenas para proteção. Queremos que cheguem com segurança até lá.

— Que caminho Brendan escolheu querido? — Perguntou Eric assim que largou sua xícara de café na mesa.

— Vamos pelo litoral, ele acha mais seguro, pelo menos temos o mar nos protegendo de um lado. Seguiremos pela costa até Miami, vai ser mais rápido do que pelo interior.

— Concordo...

Aaron respondeu com um sorriso satisfeito e novamente assenti. Ainda não conseguia demonstrar felicidade por estar fazendo aquilo. Eric percebeu e chutou o pé dele que se tocou.

— Vem cá Orion...

Ele levantou da cadeira e se pôs de pé fazendo sinal para eu me aproximar e fui ao seu encontro para receber um abraço apertado.

— Nós te amamos, entendeu? Eu sei que é difícil se despedir mas nós vamos estar aqui torcendo por você. E se um dia por um milagre tudo voltar ao normal nós vamos procurar você em Miami.

— Prometem?

— Claro Orion, nós somos uma família. — Respondeu Eric que então se levantou e abraçou Aaron, ficando então nós três abraçados.

Fomos logo interrompidos pelo som do estacionar de um carro em frente a casa. E apertei mais Aaron em mim, pois era Brendan...

Os soltei e fui em direção a porta, pude então ver Carmen sentada atrás com as meninas e Brendan já descendo do banco do motorista.

— Bom dia amor... Bom dia Aaron, Eric! — Cumprimentou ele vindo até mim e selando meus lábios. Correspondi com carinho e segurei sua mão.

— Bom dia dan... Dormiu bem?

— Senti sua falta na cama... Mas dormi sim, dormi eu e as meninas.

Sorri como resposta e fitei Aaron e Eric.

— Bom dia Carmem! Já tomaram café?

— Sim! Obrigado, já estamos prontos! — Respondeu ela que apesar de evidentemente nervosa parecia estar feliz com aquela situação.

Brendan tirou do bolso o mapa que guardava e entregou a Aaron.

— Fiz isso ontem a noite... Era do meu pai, tem certinho a nossa localização. Caso vocês precisem abandonar Alexandria, não pensem duas vezes antes de seguir a gente Aaron. Estaremos sempre esperando por vocês.

— Pode deixar Brendan... Só me promete que vai cuidar bem do nosso filho...

Naquele momento eu senti meus olhos incharem e desabei em lágrimas. Corri para Aaron novamente e o abracei com força.

— Pode deixar Aaron e Eric, eu vou cuidar bem dele sim.

O soltei dando um beijo na testa dos dois, trocamos algumas palavras e então segui para dentro do carro ao lado dele.

Aaron pediu emprestado o carro de Rick e então seguiu atrás de nós para o portão da comunidade. Estávamos saindo escondidos, não haveria despedida... Sabíamos que aquilo causaria mais alarde ainda. Seguimos a rua até que chegamos no portão e lá estava no meio da rua Carl. Eu não esperava que ele visse, por isso eu havia novamente mentido a ele.

— Não!

Foi a única coisa que eu ouvi e coloquei o rosto para fora da janela vendo ele pela última vez. Seu rosto abatido pela falta de sono e se segurando para não voltar a chorar. Eu fiz um sinal de despedida e ele ignorou como eu imaginava que faria.

Brendan me olhou e precisei segurar muito para não chorar em sua frente novamente.

— Tudo bem amor... Logo estaremos em casa... Não se preocupe.

Tentou me reconfortar acariciando minha coxa, eu assenti e olhei para as meninas que estavam dormindo no banco de trás agarradas uma na outra.

— Sra Buckley? — Pedi a olhando.

— Diga filho...

Comecei a contar para ela tentando mudar meus pensamentos sobre como era Miami e como o clima quente era convidativo para um bom banho de mar.

Seguimos nossa viajem pela estrada entre florestas repletas de zumbi, a cada km que nos afastavamos a incerteza do que nos esperava era maior. No fundo eu podia sentir que a escolha não era a errada. Mas mesmo assim, saber que não veria mais aqueles rostos que tão gentis haviam sido comigo desde o começo, que haviam me acolhido e me dado comida, um lugar seguro para viver me doía... Doía de uma forma estranha, que não havia muita clareza.

Logo que chegamos a metade do combustível do carro paramos para nos despedir de Eric e Aaron. Aquela despedir foi doída, mais que a outra pois sabia que não os veria mais.

— Avise ao Carl, que eu amo ele... Por favor.

Pedi baixinho assim que Aaron e Eric entraram no carro para voltarem a Alexandria. Aaron assentiu como Eric, eu sabia que ele poderia não falar para não o deixar mais triste. Mas Eric me entendia oque eu estava sentindo e avisaria a ele.

Fiquei parado na estrada olhando o carro se distanciar e voltei para dentro do veículo. Respirei fundo deixando um sorrisinho tímido sair de meus lábios. Agora era eu, Brendan e a família dele, em dois dias estaríamos de volta a minha casa e iríamos iniciar uma nova vida.

— Então Orion, ansioso para reencontrar seus pais? — Pediu Carmen, enquanto eu colocava um CD de música latina para tocar.

— Sim, saber que vou ver eles e vocês estando comigo me reconforta... — Confessei oque fez Carmen sorrir agradecida.

— Nós somos uma familia agora e juntos vamos transformar esse mundo em um lugar melhor para as meninas e todos que nele ainda sobrevivem. — Respondeu Brendan me dando um selinho.

— Sim querido...

Brendan estava novamente com aquele brilho nos olhos que havia perdido após a morte do sr Buckley. Era bom ver que as coisas voltavam a normal para ele, acho que a esperança de finalmente achar um lugar seguro para a família dele, e eu me incluía nisso, havia o reconfortado e a mim também...

- Fim -



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