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História Three nights - Jikook - Descobertas e confissões


Escrita por: lunefairy

Notas do Autor


Galera, estou mais que feliz com o apoio que vocês me deram no capítulo anterior (apagado), nossa! Me esforcei muito na prova e estou ansiosa pelo resultado, muito obrigada pelos comentários positivos e por alguns de vocês continuarem a acompanhar a história depois de um mês e meio esperando atualização. Estou sem palavras <3 Além disso, estamos com quase 500 favoritos e eu não poderia estar mais alegre. Vocês são demais e eu amo cada um de vocês!!! Fiz um capítulo bem grande graças à minha empolgação e um pouco diferente dos outros, espero que gostem ((:

Boa leitura, flowers!~

Capítulo 18 - Descobertas e confissões


— Eu nunca vou decorar isso — Jeon se jogou em cima de sua cama e enterrou a face no travesseiro, com a expressão chateada. Os professores tinham combinado de, em vez de aplicarem exames, medir seus conhecimentos por meio de apresentações individuais na sala de aula. Jimin estava o ajudando com os assuntos mais complicados, mas já havia se passado uma hora e o mais velho não conseguira captar nada da explicação.

— Eu já disse que não é decorar, é aprender... — Jimin revirou os olhos, repetindo aquela frase ao que parecia ser a milésima vez, irritado. Puxou Jungkook com dificuldade para cima, colocando o caderno no colo do outro, ao passo que marcava algumas partes importantes com caneta azul. — Agora vê se presta atenção. O elemento "a" na função é maior que zero, ou seja, a parábola é voltada para cima... Então, delta é maior que zero, e a parábola corta o eixo de "x" em dois pontos distintos... Nesse caso, menos dois e quatro... Kookie, PRESTA ATENÇÃO!

Jeongguk abriu os olhos rapidamente, parecendo deveras assustado com o súbito aumento no tom de voz alheio. Tinha adormecido no ombro do mais novo, sem querer. Achava que matemática era a pior matéria que existia no mundo inteiro, e apesar de Jimin já tê-lo explicado a grande importância dela, continuava sem entender o porquê de ter que aprender todas aquelas fórmulas cheias de números. Só queria dormir em paz.

Park bufou, desistindo de vez, e tirou a cabeça do outro de seu ombro cuidadosamente, observando-o cochilar de novo. É claro que ele estava irritado. Passara uma hora inteirinha explicando coisas totalmente em vão; mas não conseguira se conter quando viu uma baba escorrer por sua boca: teve de sorrir. Colocou a cabeça dele no travesseiro devagar, atrapalhando-se ao limpar a saliva ao redor de sua boca com um paninho.

E então ele pegou o celular e viu as horas. Pensou que talvez estivesse sendo injusto com o outro, posto que já era mais de onze horas da noite. Devia estar cansado de ver números e mais números seguidos, sem um intervalo sequer. Olhou um breve momento para ele antes de discar o número da mãe e, logo em seguida, ouvir a voz conhecida e preocupada de Seolhyun fazer perguntas.

— Querido, está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? Não esqueça de acordar cedo amanhã para...

— Eu sei, mamãe. Está tudo bem, não aconteceu nada, só liguei porque... — ele olhou novamente para Jeongguk quando este se virou, ainda dormindo, e voltou a babar no travesseiro. Seolhyun ouviu uma risada gostosa do filho no outro lado da linha. — ...fiquei com saudades.

— Também tenho muitas saudades. Está se divertindo muito?

— Ontem teve uma festa aqui e foi tão, tão, tão legal, tinha uma garotinha muito fofinha também, ela é irmã do meu... do meu n-namorado, e eu vi o... o... Seokjin conversando com ela. Não me contou que ele, bem, tinha... voltado.

— Ah, isso... nem eu sabia. Sua tia passou aqui ontem à noite, disse que ele foi transferido com alguns alunos do terceiro ano da outra escola se não me engano; fiquei sabendo que vários alunos foram estudar aí, e que vocês tiveram que dividir os quartos por causa disso... não entendi direito os detalhes porque ela passou pouco tempo aqui, disse que ia viajar ou algo assim. Ah! Falar nisso, com quem você está dividindo o quarto, querido?

— C-com o K-K-Kookie.

— Ah, então está bem. Não mexa em tomadas, tome cuidado com estranhos e me ligue se precisar de qualquer coisa. A mamãe vai terminar de fazer o bol- opa...

— Você está fazendo bolo?!?!?!

— Tsc tsc, era para ser uma surpresa...

— Já disse que você é a melhor mamãe do mundo?

— Já. Duas vezes essa semana. Não me importo se quiser repetir mais uma vez — ela riu. — Mas agora é sério. Tenho que ir ou vai acabar queimando. Mande um abraço para John.

— É Jeon, mamãe.

— Tanto faz, mande um abraço para Jeon. Até amanhã e não se atrase.

E desligou, indo direto na direção do forno. Jimin ajeitou-se ali mesmo, na cama de Jungkook, e se aconchegou próximo a ele. Cobriu-o em seguida com o lençol, e passou o restante do tempo fazendo cafuné no mais velho. Pegou no sono sem apagar as luzes, mas não sem antes sussurrar no ouvido dele um "a mamãe te mandou um abraço...".

Fazia tempo que a cama de Park estava abandonada. Acabava sempre dormindo encaixadinho com o maior todas as noites, ouvindo-o murmurar seu nome enquanto dormia em algumas vezes, nas quais sentia seu rosto mais quente que o normal e seu coração cinco vezes mais acelerado que as outras vezes em que ficava perto dele.

❀❀❀

Jimin acordou antes do dia amanhecer, agitado. Tivera um pesadelo, mas bastou pegar nas mãos de Jeon e se aproximar um pouco mais para se acalmar. Este ainda dormia, com o rosto virado para o do menor, que apertava bem forte um dos ursinhos que pegara na mochila no meio da noite. Seu nome era Tom, seu segundo urso de pelúcia favorito; não que fosse admitir aquilo na frente dele, senão os outros ursinhos ficariam tristes e Jimin teria um trabalhão para animá-los.

Talvez Park fosse um pouco infantil para sua idade. A maioria dos jovens de quinze anos já curtiam bebidas, ficadas e coisas que Jimin nem mesmo sabia o significado. Mas ele não. Isso certamente se dava pelo fato de ele nunca ter tido alguma relação na vida, por ter sido mantido completamente afastado de qualquer pessoa que pensasse em ser seu amigo, ou até pela superproteção de sua tão querida mãe.

Ele se achava sortudo por ter conhecido Jeon e tê-lo conquistado em tão pouco tempo. Jungkook nunca encostara um dedo para fazê-lo mal, nunca levantara o tom de voz consigo para brigar, nem mesmo o mandara se catar quando o menor pediu para dormir com ele, o que já era bastante estranho para muitas pessoas. Era o tipo de pessoa paciente, um garoto que o ajudara a descobrir sentimentos estranhos e até a si mesmo. Para falar a verdade ainda tinha tanta coisa para aprender com Jeongguk, tantos sentimentos para serem descobertos e compartilhados, tantos momentos...

Jimin passou tanto tempo pensando no quanto o companheiro era maravilhoso, que acabou adormecendo, a cabeça encostada no peito do maior. Nem percebeu a hora passar quando acordou mais uma vez e viu as horas no relógio. Arregalou os olhos e os fechou rapidamente com a claridade.

— Kookie, ei, acorda... — ele o sacudiu sonolento, bocejando e levantando, apoiando-se em Jeon para não cair em cima dele de tanto sono. — Estamos atrasados...

Jeongguk murmurou algumas coisas sem nexo, e então virou a cabeça para o outro lado, voltando a dormir. Jimin bufou, tirando o lençol de cima do outro e forçando-o a sair da cama. Agora foi a vez de Jungkook bufar, bocejando e dizendo-o, com uma voz rouca e cansada, que ainda era cedo. Jogou-se em cima de Park e ambos caíram novamente em cima da cama; Jeon dormindo, e Jimin vermelho e irritado.

Este não tentou se soltar. Na verdade, acabou por se embriagar no cheiro doce do pescoço de Jungkook e dormiu com os braços rodeados pelo corpo do garoto.

Já havia passado muito da hora do almoço quando Jimin acordou. Apesar de estar com muita fome, sentiu-se feliz só de ver a face amassada de Jeon próxima à sua. Gostaria de vê-lo daquele jeito pelo resto da vida se fosse possível, dormir do ladinho dele e poder sentir sua mão quentinha sobre a sua todo o tempo...

Então algo o puxou para a realidade quando os olhos de Jeon se abriram. A primeira coisa que percebeu, foi que Jimin estava colado com ele. A segunda, o cheiro de seu shampoo adentrar suas narinas. A terceira, o sorriso bobo dele que o fizera cair da cama ao correr depressa ao espelho, procurando o que havia de errado consigo. Mas não era nada; Jimin só apreciava observá-lo daquela forma.

Então Park se tocou.

— A CONSULTA! — arregalou os olhos, desesperando-se. — AH NÃO, EU PERDI A HORA... NÃO, NÃO, NÃO... — apressou-se em procurar as meias e trocar as calças ali mesmo, esquecendo-se por um momento da presença de Jungkook, que quis profundamente desviar os olhos das coxas alheias; mas parecia ser algo impossível de se fazer.

Jimin saiu correndo dali o mais rápido que pôde, verificando as oitenta e oito chamadas perdidas da mãe e apressando-se em ligá-la de volta. Jungkook ficou sozinho, com sua expressão de sono, levando algum tempo até entender o que estava acontecendo. Em seguida foi arrumar a cama, para depois dar uma passada na cantina e, quem sabe, pegar a matéria do dia com alguns colegas de classe. Já estava ferrado o suficiente para dar mole nos estudos.

Não demorou para acabar de fazê-lo; estava prestes a sair do quarto, quando viu algo roxo debaixo da cama de Jimin. Intrigou-se.

Era um caderno de capa dura, cheio de figurinhas coloridas coladas na frente. No canto inferior direito, havia o nome Park Jimin em letras maiúsculas, cheio de gliter verde-escuro. Jeon abriu-o. A primeira página continha uma data, seguido de uma assinatura com uma letra extremamente grande e feia. Nela, tinha somente um pequeno trecho:

Oi meu nome e Jimin tenho 6 anos e eu ja sei ler e escrever!!! A tia ana me disse que e bom ter um diario porque vosse pode dividi segredos com o papel eu achei estranho e nao sei se vou lembra de escrever tudo aqi todo dia mais eu vou me esforssa

Jungkook riu alto, pensando no que haveria nas últimas páginas. Só uma página, pensou, não é tão errado assim se você ler só um pouquinho...

Então ele avançou para a última página do caderno, curioso. Sentou-se na cama e sua expressão ficou muito preocupada quando leu o começo da página.

Prezado diário,

Eu não sei mais o que fazer. Há algum tempo tenho procurado em sites, livros e revistas voltadas a medicina, mas nunca encontrei o que precisava saber. Estou seriamente preocupado. Acho que pode ser alguma doença do coração — eu sinceramente não sei mais onde procurar, principalmente porque os sintomas sempre aparecem quando estou com Jungkook. Às vezes, quando seguro sua mão, sinto alguns choques. Quando fico perto do seu rosto e o ouço ouvir meu nome enquanto sonha, sinto arrepios em todo lugar. E toda vez que ele sorri pra mim, tenho a sensação de que meu coração vai sair pulando pela boca. É tão estranho! Quero que passe logo, mas ao mesmo tempo é bom sentir tudo isso. Não me entendo. Será que é muito grave? Se eu morrer por causa disso, não deixe nunquinha de guardar todos os meus segredos.

Até outro dia, diário.

Agora, todas aquelas sensações constadas no papel se juntaram e se misturaram dentro de Jeon. Só mais uma página, disse para si mesmo, vermelho e quente, abrindo uma página qualquer no meio do diário.

Querido diário,

Quero desaparecer. Estou com medo. Minha barriga está doendo tanto que mal consigo dizer o que aconteceu a alguém (se bem que não faria a mínima diferença, não é como se fossem acreditar que um pirralho de doze anos foi agredido pelo grupo mais popular da escola...). Não sei o porquê de ter começado a escrever aqui, no banheiro, onde ninguém vai me achar se eu conseguir me manter discreto o suficiente. Talvez eu esteja tentando me distrair, mas acho que não está dando muito certo. Já faz uma semana que Todd cortou metade do meu cabelo e me arranhou com um estilete, e a desculpa de que bati num poste não está convencendo a mamãe. Eu meio que já me acostumei com ele raspado, mas ainda sinto falta dele. É complicado. Mesmo assim, não é como se saudades fossem trazer meu cabelo de volta. Depois cresce, como a mamãe disse. Hoseok tem aparecido por aqui mais que o normal e tem me dado uns conselhos, e talvez ele esteja certo em me querer morto...

Jeongguk parou de ler ali mesmo, avançando para as páginas mais recentes do diário, sentindo os olhos encherem d'água. Tentou se convencer de que era somente um cisco. Naquela outra página, porém, estava cheia de desenhos de corações e florzinhas feitos à lápis de cor e, ao que parecia, duas pessoas de mãos dadas no canto inferior direito.

"Eu amo Jeon" ocupava a folha inteira, junto com gliter da mesma cor da capa. Ele abriu um sorriso de orelha a orelha, então pegou uma caneta vermelha e escreveu ao lado das duas pessoas:

"Eu amo Jimin".

Assim que ouviu a porta ser aberta, jogou o diário no mesmo lugar e deitou-se na cama rapidamente, cobrindo-se como se nada tivesse acontecido.

— A mamãe ficou uma fera e disse que não adianta mais eu ir. Adeus, bolinho... — disse Jimin tristemente, ao passo que soltava um suspiro interno. — Kookie? Tem algo errado? Você parece meio... — ele fez uma careta.

Jungkook murmurou um "o quê? Claro que não, estou ótimo!" que não convenceu nem um pouco o menor. Ele subiu em cima da cama e, preocupado, sentou-se de pernas cruzadas, olhando fixamente para o rosto de Jeon. Então o silêncio foi interrompido pela barriga de Park. Este soltou uma risada nervosa, desviando o olhar do outro.

— Vem, vamos comer — Jeon se levantou na cama, achando a oportunidade perfeita para mudar de assunto, indo na direção da cantina e puxando-o pela mão.

Enquanto isso, na quadra vazia de basquete com excessão dos jogadores que saíam dali cansados, Namjoon esperava todos saírem para ficar sozinho com Seokjin. Depois de muita coragem reunida, ele fechou os olhos e o chamou baixinho, de longe. Achou que desmaiaria de nervosismo quando o outro foi até ele. Ele esticou os braços para esticar uma rosa para Jin, que o lançou um olhar confuso.

— Mas o quê...?

— Eu me apaixonei por você desde o dia em que pôs os pés aqui — disse Namjoon, inseguro. Esteve ensaiando aquilo na frente do espelho durante toda a semana; não achava que seria tão difícil quanto estava sendo agora. — Por favor, aceite meus mais sinceros sentimentos.

Houve alguns minutos cobertos por um silêncio completo, o suspense da resposta dominando-o. Podia jurar que os olhos do garoto a sua frente estavam brilhando, mas era só impressão. Talvez estivesse juntando expectativas demais.

— Eu sinto muito.

— Pelo quê? — Namjoon sentiu um aperto no coração.

— Por não poder sentir o mesmo.

E, carregando um sorriso forçado e melancólico, Namjoon deu alguns passos para trás. Amassou o chocolate que segurava na outra mão, sem mostrá-lo.

— Mas podemos ser amigos, certo? — Jin estendeu a mão, que não foi apertada.

— Então... a gente se vê por aí — ele tentou fazer a melhor expressão que podia, mas acabou fazendo uma careta deveras esquisita. Jin se sentiu culpado, apesar de não ser muito próximo daquele rapaz. E por mais que ele estivesse se sentindo mal por causa daquilo, o que ele sentia nem se comparava com a dor que Namjoon sentia naquele momento.

No fundo, ele sabia que aquilo acabaria acontecendo. Pela primeira vez, o moreno se sentiu agradecido pelos gritos do grupo de garotas que perseguia Yoongi, já que Jin se distraiu com a zoada e não viu uma lágrima solitária escorrer pelo rosto de Namjoon, que saíra correndo dali.

Sua visão estava embaçada; tirara os óculos na tentativa de parecer mais apresentável para Seokjin, e as lágrimas que caíam de seus olhos não ajudavam em nada naquela situação toda. Só parou de correr quando esbarrou em um garoto muito baixinho e de cabelos bagunçados, com uma expressão muito preocupada na face.

Namjoon queria sair dali, mas não conseguiu. O garoto passou vários minutos se desculpando, achando que ele estava chorando porque se esbarraram, e no final acabaram numa mesa da cantina cheia de salgadinhos pagos por Jeon. Jimin, curioso, saiu perguntando várias coisas sobre Kim, e este acabou desabafando tudo sobre desde o dia em que vira Jin, até o que acontecera há pouco tempo na quadra de basquete, além de acrescentar o quanto pareceu um otário dizendo aquelas coisas para o mesmo. Quando se deu conta, já estava chorando mais uma vez, sem nem se preocupar em fazê-lo na frente daqueles dois garotos desconhecidos.

Para falar a verdade, Namjoon não tinha ido com a cara de Jeongguk. Ele ficava todo o tempo com os braços cruzados, a cara amarrada, observando a interação de Park e Kim. Jimin não percebeu o quanto ele estava se roendo de ciúmes, muito menos Namjoon, que mal olhava para ele. Achou Jimin ainda mais legal quando soube que ele conhecia Seokjin.

— É, ele é meu meio-irmão, mas não somos muito próximos, a mamãe e eu nunca falamos dele e também...

Jeon fez cara de surpresa. Conhecia Jin há séculos, e este nem mesmo uma vez mencionara o nome de Jimin.

—:Está falando sério? — Namjoon o interrompeu. — Estou mesmo falando com o irmão do JIN?! — Ele arregalou os olhos, apertando a mão gordinha de Jimin com força. Jeongguk semicerrou os olhos e fechou as mãos.

— Meio-irmão, e nem sequer nos falamos...

— Tanto faz. A propósito, qual é o seu nome?

— Park Jimin — Jeongguk respondeu antes dele, sério. — Meu namorado.

Jimin ficou mais quente que o sol quando ele puxou sua mão debaixo da de Namjoon, entrelaçando elas rapidamente. — Meu — repetiu, mostrando os anéis feitos de cordão dos dois.

— Perguntei pro Jimin — Kim sibilou.

— Pra você é Park — Jeon devolveu, chegando mais perto ainda de Jimin.

❀❀❀

— Você já pensou no que vai fazer quando sair daqui? — perguntou Yoongi, estranhamente sério. Estava deitado na grama, sob a sombra de uma árvore, ao lado de Taehyung, onde geralmente faziam a educação física. O loiro ainda estava usando o uniforme de basquete, e a expressão de tédio habitual não estava presente em seu rosto naquele momento. Era uma espécie de preocupação, uma seriedade incomum que nunca era vista na face dele. Pelo menos por Taehyung.

— Eu ainda não sei. Estou em dúvida entre culinária e... — Kim parou de falar no mesmo momento, avermelhando-se de súbito. Min também nunca o via ficar rubro daquela forma.

— E...? — Yoongi motivou-o a continuar, calmo. — Vá em frente.

— Promete que não vai rir?

— Prometo.

— Professor de educação infantil.

Taehyung esperou que ele quebrasse a promessa e começasse a gargalhar, mas não foi bem o que aconteceu. Ele olhou para o lado, e percebeu que Min sorria de canto. Estranhou, mas não questionou; havia muita serenidade em seu olhar fixo no céu sem nuvens.

— E você? — perguntou.

— Estive pensando — Yoongi começou, meio incerto. — Não quero me separar da única pessoa com quem realmente me importo.

Taehyung não soube o que responder naquele momento. Só continuou observando a calma que o céu transmitia e fechou os olhos, sentindo o vento bater contra o rosto. Quando os abriu, deparou-se com Min apoiado no cotovelo, a face dele na frente da sua. Não precisou de palavras, toda a explicação necessária estava presente entre os olhares de ambos; a seriedade continuava, não eram os habituais garotos que estavam ali. Só por aquele instante, todas as brincadeiras e implicações estavam de fora. Só o que tinha era dois rapazes com medo das responsabilidades que viriam no ano seguinte, tentando esquecer do que aconteceria num futuro próximo.

Uma lágrima escorreu do olho de Yoongi.

— Desculpe. É só hoje, ok? Não vai acontecer de novo. Eu só... andei pensando demais. Não ache que virei um fraco por causa disso, portanto...

Taehyung colocou o dedo indicador nos lábios do outro, sério.

— Você não é fraco por chorar. Chore o quanto quiser. Estou aqui, huh?

— Não me trate como uma criança. Posso estar sentimental hoje, mas ainda sou o Yoongi de sempre, além disso, pare de me interromp-... — ele ia dar uma bronca em Kim por tê-lo interrompido antes, mas agora fora mais uma vez interrompido. Porém não do jeito que imaginava.

Min sentiu uma mão nos cabelos, e quando menos esperava, ficou cada vez mais próximo do rosto alheio. Não pôde evitar. Sem dúvida, de todas as coisas estranhas que andava acontecendo aquele dia — inclusive a mudança de humor de Yoongi —, aquela fora a melhor. Não foi capaz de evitar a aproximação entre seus lábios entreabertos e os de Taehyung, e quando se dera conta, já estava juntando seu corpo com o dele e inclinando a cabeça para encaixar sua boca na de Kim. Não era como o beijo do outro dia; era calmo e extremamente doce (certamente pelo fato de terem comido chocolate). Ao passo que suas línguas se encontravam incontrolavelmente em um labirinto sem fim, seu estômago se enchia de sensações diversas. E não, não era nada legal sentir borboletas no estômago, pelo menos para Yoongi.

Taehyung colocou sua mão livre na cintura do loiro, puxando-o para mais perto. Era realmente uma sorte não ter ninguém perto dali àquela hora. Não demorou muito mais tempo para terem que se afastar devido à falta de ar; Yoongi com os olhos arregalados, Taehyung com um sorriso no rosto.

— Quem te deu permissão para me beijar? — Min perguntou, ainda ofegante.

— Você cedeu, essa foi minha permissão.

Yoongi murmurou um "mas que filho da mãe..." e se levantou, ajeitando o cabelo.

— O que disse? — Taehyung tinha um sorriso muito satisfeito no rosto.

— Eu disse boa tarde.


Notas Finais


Obrigada pelo apoio de cada um, mais uma vez.


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