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História Through Your Eyes - Sobre proteção


Escrita por: NoahBlack

Notas do Autor


2 capitulos seguidos, quê?!

Tem uma coisa de que eu gosto muito nas fics de ABO: o lance do cheiro, atraindo os alfas e tudo o mais. Uma pequena menção a cheiros e atrações nesse cap
Espero que gostem.

Capítulo 7 - Sobre proteção


Eu perdi feio no desafio dos arremessos. Mas muito feio. Feio o suficiente para eu acreditar em que ela armara aquilo para conseguir que eu limpasse a casa. Só então Dominique me contou que, não surpreendentemente, faz parte do time oficial da universidade e - se isso já não fosse o suficiente - joga desde os oito anos.

Foi pura trapaça esse desafio.

Eu costumava ganhar de Tao e Kris antigamente, e fui induzido acreditar em que ganharia dela. Foram dois dias de limpeza intensa e descobrindo que é possível sim limpar coisas que você nunca imaginou que deveriam.

Enquanto eu terminava de enxugar a louça do jantar, Dominique tentava ficar sentada na cadeira com o seu livro apoiado nas pernas, mas vira e mexe seu olhar se esgueirava para cima de mim, do mesmo jeito que MinSeok faz quando não confia na gente para realizar alguma tarefa. Deveria ser estranho perceber esses traços de comportamentos iguais neles, mas isso só deixa tudo mais familiar e fácil, pois, apesar de não conhecê-la a fundo, sei exatamente como agir para quebrá-la.

E geralmente envolve manha, bico, braços cruzados e birra.

À noite uma nova caixa chegou até nós e brincamos de mímica. Cara, como ela é ruim nisso, tanto em fazer quanto em adivinhar. O combinado foi que quem perdesse deveria fazer massagem no outro - e se eu soubesse que venceria tão facilmente, teria apostado algo como receber massagem e ter bolos quentinhos feitos no café da manhã pelo resto do programa.

 Triunfante, tomei um banho bem quente, relaxante, deixando toda a fumaça do vapor tomar o banheiro até que eu não visse mais o próprio azulejo, vesti meu pijama confortável e já fui para o quarto pedindo para ela secar meus cabelos.

Se a massagem fosse metade do prazer que ela me proporciona toda vez em que seca meus cabelos, eu estaria num lucro grande.

- Tira a camiseta, Sehun.

Sem muito pensar e meio envergonhado, eu retirei a peça e a deixei dobrada do meu lado.

- Isso, agora deita de bruços.

Eu virei o rosto para o lado e fechei os olhos, sentindo Dominique se sentar sobre o meu quadril e logo em seguida suas mãos tocarem minhas costas com algum hidratante que facilitou o deslizar dos dedos.

No começo, foi muito bom sentir as mãos delas percorrerem os meus ombros, apertando gentilmente a musculatura, descendo um pouco abaixo das omoplatas, dando uma grande atenção para cada uma separadamente, e depois retornando para o trapézio e afundar os dedos em movimentos retos e intensos em meu pescoço, me fazendo relaxar e gemer um pouco com a aquela sensação.

Ela deslizou as mãos pelos meu braços e passou a massagear minhas mãos, de forma calma e paciente, demorando-se nelas e fazendo minha mente anuviar e não processar nada além desse nosso toque de pele com pele. E nesse meio de arrepios, relaxamento e boas sensações percorrendo meu corpo, que o maltrato começou. Nic foi procurando centímetro a centímetro das minhas costas por pontos de tensões e, caralho, parecia que ela estava arrancando meus tendões sem anestesia.

Cada parte que ela apertou está dolorido até agora.

- Eu sei que dói, Sehun, mas você vai se sentir bem melhor depois.

Eu ainda estou esperando a parte do "melhor".

Dominique está dormindo e Vivi está em cima dela com o rosto apoiado em seu ombro. Luke está todo esticado perto de nossas cabeças e roncando fraquinho como geralmente não acontece. E eu estou aqui, enlaçado ao corpo dela e me perguntando por quê é tão aconchegante dividir um espaço tão pequeno com uma pessoa que é chata para caralho.

Porque ela não é outra coisa senão isso: chata. Está sempre mandando em mim; mandando eu arrumar as minhas roupas pelo quarto, a cozinha, lavar e enxugar a louça, não deixar a toalha de banho no colchão ou jogada no canto, não deixar o chão do banheiro molhado, não deixar Vivi e Luke comerem o que eles quiserem, não deixar eles cavarem nos canteiros, não cavar com eles no quintal  e - o preferido dela - levantar a bendita tampa do vaso.

E a lista é extensa e envolve itens que eu nem desconfiava que poderia incomodar alguém.

Morar com uma garota é divertido e irritante ao mesmo tempo.

Estico a mão para tirar uma mecha de cabelo de seu rosto e sinto as gotículas de suor que começaram a brotar há algum tempo. Apesar dela não aparentar, Nic é muito agitada. Tão agitada que às vezes sonha que ´tá discutindo com alguém e muitas vezes o nome do hyung está envolvido nisso. Será que eles brigam ou brigaram muito?!

Ela vai acordar.

Muito em breve ela vai acordar porque até sua insônia precisa de hora marcada para entrar na vida dela.

Sua respiração aumenta de ritmo e Vivi acorda, meio assustado, pulando para perto de mim e querendo meu abraço. Tem alguma coisa errada, a respiração dela está muito acelerada e começa a se mexer, e Luke agora acordou e está soltando pequenos latidos, até que Dominique acorda, abrindo a boca e puxando o ar com muita força.

- Nic?!

- Ar - ela solta, levando a mão ao peito e afastando a coberta. - Ar!

Parece que ela não tem força para puxar o ar e me olha meio desesperada, querendo levantar. Eu jogo as cobertas para o lado e corro até a janela, abrindo e puxando sua mão para que venha até ali. Ela ainda não consegue respirar e isso está me deixando desesperado. Luke agora está nos rondando e latindo como se estivesse me pedindo para fazer alguma coisa.

- Pelo amor de Deus, Nic... - Seu semblante é de desespero e eu preciso encontrar um jeito de ajudá-la. - Respira, por favor, respira comigo - puxo sua mão e a coloco no meu peito, me esforçando para inspirar muito fundo e expirar. - Me acompanha. Respira comigo - e puxo a outra mão, segurando as duas sob as minhas e olhando no fundo dos olhos dela. - Por favor, me acompanha. Veja, é fácil me acompanhar.

Incrivelmente parece que isso funciona, porque seu semblante está relaxando e sua respiração normalizando.

- Está melhor? - Seguro seu rosto e nivelo nossas alturas. - Você me assustou.

- Desculpa... eu não sei o que... desculpa, Sehun, por te assustar.

- Mas o que foi isso?! Você tem com frequência?! Já foi a um médico?!

- É meu ataque de ansiedade.

- Como assim "seu ataque de ansiedade"?! - E quando dou por mim, eu a estou abraçando e acariciando seus cabelos. - Você quase me matou de preocupação.

- Não achei que teria um aqui... geralmente acontece quando minha semana está muito cheia. - Ela responde, me abraçando de volta e aceitando o carinho.

- Você estava tendo pesadelo... tava suando.

- Você realmente é um stalker do sono, Sehun.

- Ainda bem! Quer um chá? Eu posso fazer para você.

- De jeito nenhum. Você vai sujar toda a cozinha para fazer um simples chá.

- Mas eu que limpei a cozinha. Tenho o direito de sujar o quanto eu quiser. - Sua risada é abafada pela minha camiseta, mas eu ainda sinto seu corpo mover sob mim. - Quer acordar ou voltar a deitar?

Mas eu já estou indo em direção ao colchão, deitando e esperando que ela se posicione ao meu lado. Luke vem até mim e me dá uma fungada entre os cabelos e uma lambida, me agradecendo por ter ajudado sua humana. Vivi, que estava parado e latindo junto de Luke, está com as duas patas na perna dela pedindo por colo. Ele também ficou assustado.

Dominique se deita de barriga para cima, ainda com Vivi entre os braços, e eu dou um beijo em seu ombro coberto pelo camisetão e descanso o queixo ali. Com o braço em sua cintura, a puxo para mais perto de mim até que precise virar de costas para meu corpo.

- O que você tá fazendo?

- Te aconchegando melhor  - e seguro seu corpo bem próximo ao meu, deixando que seus cabelos toquem meu nariz e eu possa inalar seu cheiro tranquilamente.

- Você precisa se cuidar, Nic.

- Obrigada pelo conselho, Oh Sehun. Eu não conseguiria raciocinar isso sem a sua ajuda. - Rio do sarcasmo gratuito.

- Você precisa viver muito tempo para poder me encher o saco por toda a minha vida, sabe?!

- Eu realmente espero que esse intensivão comigo te faça correr na direção oposta na primeira oportunidade, Sehun.

- É o que eu vou fazer quando o programa terminar, mas deixa eu ser um bom amigo agora e te fazer acreditar que estamos amaldiçoados a vivermos juntos para sempre.

Meu instinto agora é fazer com que ela sinta minha respiração e presto muita atenção na dela que ainda se mostra um pouco agitada. Me remexo um pouco até achar uma posição confortável e ela reclama da ponta do meu nariz gelada em sua nuca, mas eu apenas sorrio e deixo um beijo tímido ali.

Nic não tem um cheiro doce. Todas as suas coisas - shampoos, condicionadores, hidratantes, pasta de dente - têm cheiros mais fechados, sem essências de baunilha, mel ou morangos, e isso me atinge de uma maneira que às vezes me faz agir de forma inconveniente. Depois que "descobri"  seu cheiro, em meio a um choro que me deixou confuso, quando percebo, estou assim, abraçado e com o nariz enfiado em seu pescoço, cabelos, pele, reflexo de algo que quer gritar para ela que posso protegê-la até mesmo de seus demônios internos.

Eu quero proteger Nic.

- Sehun?!

- Sim?

- Obrigada.

Às vezes penso em todas as histórias que MinSeok e ela possuem juntos e se eu, agora, terei a chance de construir algumas também. Claro que acho que não será nada comparado com quando eles ficaram bêbados e saíram distribuindo abraços e balas pelas ruas, ou quando ela enviou lá para casa várias revistas e filmes de que o hyng gosta porque ele estava doente. Mas eu quero que nossas histórias surtam o mesmo efeito em mim como fazem com MinSeok: ou o riso constrangido por uma babaquice feita ou o meio sorriso da saudade.

Esse programa nem terminou e eu já sinto saudade.

---

Pela primeira vez, tem um café da manhã todo preparado esperando por nós dois. Consegui fazer com que Nic ao menos ficasse na cama até o dia amanhecer, fazendo cócegas e falando coisas sem sentido para ela, qualquer coisa que a fizesse esquecer do desconforto da falta de ar.

Notoriamente, há uma caixa instruindo para comermos e vestirmos roupas confortáveis, pois a promessa é de um dia agitado. Um carro preto nos espera lá fora, possivelmente de algum patrocinador. Assim em que seguro a chave nas mãos, nós dois começamos uma discussão sobre quem vai dirigir e, visto que não vamos conseguir sair da casa tão cedo, proponho o "pedra-papel-tesoura" com melhor de três e eu ganho e ela revira os olhos.

- Eu perdi feio nos arremessos; isso daqui é a minha recompensa!

A estrada é muito bonita e o caminho que o GPS nos leva é curto. A cidade que surge para os nossos olhos é pequena, sem edifícios e com poucas casas de dois andares. Algumas pessoas estão lá fora acenando para nós. Talvez um carro desse porte chame muito atenção por aqui.

 - É só acenar de volta - digo.

- Mas elas estão acenando para você, Sehun.

- Mas não custa ser simpática, Nic - não consigo segurar uma breve risada ao ouvi-la bufar.

O GPS nos deixa diante de um estabelecimento pequeno que tem desenhos infantis por todo o muro e os letreiros em cor-de-rosa e azul chiclete - segundo o que Nic me diz. É uma escola e estão todos os professores esperando por nós na porta para nos recepcionar. A equipe da produção já está aqui também com câmeras apontadas para nós.

São crianças pequenas mas que já me reconhecem, com os rostinhos ansiosos para nos verem esticados pelas janelas e portas esperando a autorização para correr até nós. No exato instante em que elas são liberadas, Nic segura minha mão com muita força e a vejo respirar muito fundo, fechando os olhos e se deixando ser abraçada pelas crianças que batem pouco acima dos meus joelhos.

É uma manhã muito agradável. Cantamos, dançamos juntos, brincamos, lemos histórias, comemos com elas, tiramos fotos... fazemos todas as atividades propostas e vejo algo explodir em Nic, mas que é contido em tempo.

- Você está bem? - Sussurro em seu ouvido no meio da nossa merenda, cada um tendo que distribuir colheradas pelas crianças. Os olhos de Nic me encaram meio vacilantes e sei que mais um pouco ela vai chorar, mas ela desiste do nosso olhar, fecha os olhos e diz que está bem.

Mas Dominique não está.

E mais uma vez isso me deixa preocupado.

Despedimos de todos com acenos e sorrisos e uma criança sai correndo chamando por Nic, abraçando com força suas pernas e pedindo para que não vá embora. E, no meio da voz infantil dizendo todas as palavras erradas, observo Nic se agachar e abraçar a menina com muita força, beijando o topo de sua cabeça e depois dando as costas para mim indo direto ao carro.

Entro no carro logo em seguida, meio confuso.

- Nic, o que_ - Mas quando percebo, o choro já está escapando de seus olhos e ela nem ao menos consegue me dizer nada. A puxo para um abraço, mas ela me recusa, se encolhendo no banco do passageiro e chorando por todo o caminho de volta.

E não há fim.

Quando chegamos em casa, ela corre para dentro, ignorando Luke e Vivi que latem felizes pela nossa chegada e se trancando no banheiro. Luke vem até mim, mudando o tom do latido.

- Eu não fiz nada, ok?!

Ele late de novo.

- Eu não sei o que aconteceu, Luke, ela já... - suspiro e entro na casa ao enlaço de Luke, que agora está latindo para a porta do banheiro. - Nic?!

Espero, mas ela não responde.

- Nic, por favor... fale comigo. O que aconteceu?!

Seu choro ainda é audível e isso aperta minha garganta assim como eu acho que aperta meu coração.

- Nic, por favor - bato com mais força contra a madeira. - Dominique! Dominique! - E sigo forçando os nós dos dedos até ficarem vermelhos, mas não há resposta. Em nenhum momento Dominique me dá outra resposta senão o seu choro que me esfaqueia no peito.

É um choro doído, dolorido, cheio de tristeza e, juro, arrependimento.

Tudo isso por causa da criança?! Ela não gosta de crianças? E quando percebo, eu mesmo quero chorar. Deslizo as costas pela porta e continuo a chamando, me sentindo completamente impotente. Mais cedo eu a ajudei no ataque de ansiedade, propondo que respirasse comigo e me deixasse cuidar dela, e agora ela está fechada de novo.

Preciso pensar em algo. Algum jeito para ajudá-la.

Levanto-me e sigo para a sala, falando diretamente com uma das câmeras:

- Tragam MinSeok-hyung aqui.

Claro que alguém aparece na casa me perguntando o que diabos aconteceu, mas eu não sei explicar e o cara propõe arrombar a porta.

 - Tá maluco?! - Grito, passando a mão nos cabelos. - Ela tá triste por algum motivo e notoriamente não quer ninguém invadindo o espaço dela. Liga pro hyung e pede para ele vir aqui, por favor.

Estamos Luke e eu esperando aqui fora por ele. Assim em que o abraço, eu quero chorar e pedir desculpa por não ter conseguido cuidar dela como ele faz.

- O que aconteceu, Sehun-ah?!

- Então, hyung, eu não sei. Ela chorou o caminho inteiro na volta e agora tá trancada no banheiro. Ela não me responde e eu tô desesperado! - Eu me esforço para segurar minhas lágrimas. - Eu não sei mais o que fazer. Pedi para te chamarem e na hora já te ligaram. Você precisa fazer alguma coisa.

E com essa última frase sentencio minha impotência e falta de conhecimento acerca da pessoa que mais tem consumido minhas energias nos últimos dias. MinSeok se afasta e me pede para levá-lo até ela.

Ele bate na porta.

- Nic?!

E quando eu acho que não vai adiantar, que ela não identificou quem está ali, a porta é aberta e a imagem dela, toda entregue a essa dor que eu desconheço, me bate forte contra o peito. Instintivamente começo a me impor para dentro do banheiro porque eu preciso abraçá-la, preciso acolhê-la e ajudar a respirar de novo, mas a mão de MinSeok me toca no peito, impedindo que eu faça alguma coisa.

Ele entrou.

Eu não.

A porta foi fechada.

­- Nic...

- Quantos anos seriam, Min?

Um breve silêncio.

- Cinco.



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