História Tipo Ideal Perfeito - Feliz dia 29-04

— Inverno ou Verão? – ela me pergunta deitada na minha cama de bruços.

Eu estava deitado ao lado dela, com o braço atrás da cabeça, olhando para o teto.

— Inverno com certeza – respondo prontamente – E você?

— Verão. Inverno é muito frio pra eu suportar às vezes – faz uma careta. – Gato ou cachorro?

— Cachorro. Você?

— Gato – ela ri. Sinto seu olhar sobre mim o tempo todo – Café ou chá?

— Café. O seu é chá né? – dou risada.

— Café só de vez em quando.  Dia ou noite?

— Noite.

— Finalmente algo em comum – volta a rir sonoramente – Estava quase desistindo.

— Veja de outra forma. Nós dois sobrevivemos às estações do ano, gostamos de animais independente de qual e tomamos bebidas quentes. Somos iguaizinhos.

— Park Jimin, você é um gênio.

Ouvimos batidas na porta e Cecília se ajeita sentada na cama. Minha mãe não entra no quarto, só fala alto do outro lado:

— Tenho que levar algumas coisas pro seu pai lá no café e seu irmão vai me ajudar. Nós não demoramos.

— Tá bom mãe – grito em resposta.

— Cecília, não quer comer nada? Você mal almoçou. Jimin leve ela lá na cozinha para comer alguma coisa.

— Pode deixar – dou risada vendo as expressões meio contorcidas da Ceci.

— Se comportem.

— Tá bom mãeeee! – falo impaciente já. Assim que notamos que minha mãe havia ido embora, pergunto: – Quer descer e comer alguma coisa?

— Não estou com fome, mas preciso ir ao banheiro.

— Segunda porta à esquerda, vê se não demora.

Ceci levanta rapidamente da cama e sai do quarto, me deixando ali pensando nela. Como sempre. A gente já tava nessas a mais tempo do que eu já gostei de qualquer outra garota, e eu ainda não tinha dado sinais de que iria enjoar algum dia da companhia dela. Era engraçado. Ao mesmo tempo em que a gente se gostava cada vez mais e mais rápido, nós fazíamos as coisas com cada vez mais calma. No período de três meses eu já havia tido várias discussões de relacionamento com as outras garotas que namorei. Não estava dando certo, ciúme bobo da parte delas, eu não dava atenção demais, elas davam muita atenção, não reparei no corte de cabelo. Motivos idiotas não faltavam. Com a Cecília mesmo tendo tudo para dar errado nada daquelas coisas passavam pela nossa cabeça, a gente só aproveitava nosso tempo juntos.

Quando ela deita de novo ao meu lado eu passo o braço ao seu redor, fazendo-a apoiar a cabeça no meu peito.

— Só percebi agora que eu nunca te pedi em namoro.

— Achei que já estávamos namorando – aconchega seu corpo pequeno mais perto do meu.

— Estamos, mas não temos um dia, sabe? Pra comemorar 100 dias de namoro, ou 200 ou 1000. Dar presentes. Essas datas pra eu esquecer e você brigar comigo depois. – ela ri alto.

— Seria mais fácil eu esquecer e você brigar comigo – inclina a cabeça pra trás, me encarando de perto – Eu não ligo pra essas coisas.

— Não quer ter nenhum dia pra gente comemorar? – pergunto um tanto manhoso. Ia ser legal.

— Assim a gente pode comemorar quando quiser – sorri abertamente, me fazendo acompanhá-la – Feliz dia 29/04 Park Jimin.

Sua língua desliza gentilmente por entre meus lábios invadindo em segundos minha boca. Entrelaço os dedos no seu cabelo ondulado, fazendo um cafuné vagaroso e mantendo-a sempre perto. A mão da Ceci, antes espalmada em meu peito, desce e sobe pelo meu abdômen sobre a camisa. Não posso evitar sorrir durante o beijo, ela se fazia de bruta e fria, mas eu podia senti-la se derretendo em meus braços quando estávamos assim. Aos poucos nossas vontades iam crescendo, nossas línguas iam ficando mais urgentes e eu a apertava contra mim. Nossas respirações já estavam um pouco mais alteradas.

Ceci sugou meu lábio inferior, partindo o beijo. No instante seguinte ergueu seu tronco, sentando-se sobre minhas pernas. Com um sorriso de canto ela se desfez da própria blusa, expondo seu sutiã preto. Eu respirei fundo e me acomodando melhor na cama, apoio minhas costas na cabeceira sem tirar os olhos de seu corpo. Ela tinha me pego de surpresa.

Suas mãos sem pudor começaram a erguer minha camisa e seus olhos brilhantes prestavam atenção em cada centímetro que era exposto. Ergo meus braços para ajudá-la a arrancar aquela peça de roupa. Respiro fundo mais uma vez. Ao pousar as mãos em meus ombros ela fala:

— Você está tremendo. Tá com frio? – faço que não com a cabeça – Tá tudo bem?

— Uhum...

Ela acaricia meu rosto com as costas da mão.

— Tá nervoso? – pergunta baixinho. Eu rio tentando disfarçar, mas ela percebe – Você nunca...??

Pois é, nunca. Vergonhoso. Eu sei. Naquele outro dia foi diferente, foi impulso, estava rolando sem que nós dois déssemos conta. Ali e agora eu fiquei muito ciente do fato de que iríamos transar e toda minha segurança desceu pelo ralo.

Sem obter minha resposta em voz alta, Ceci me abraçou fazendo um cafuné gostoso nos meus cabelos. Envolvi os braços ao redor da sua cintura fina, enterrando o rosto no seu pescoço e sentindo seu perfume doce. Devagar senti meu corpo relaxar e meu coração desacelerar. Ela estava sendo tão carinhosa. Acho que um minuto inteiro se passou assim.

— Dança comigo Park Jimin – sussurra roçando os lábios no meu ouvido. Ergo o rosto confuso para olhá-la, até ela concluir – Dentro de mim...

Um arrepio percorreu toda minha espinha e eu senti meu membro desconfortável dentro da boxer. Porra! O que ela estava fazendo comigo?  Seus olhos negros pareciam pegar fogo em contraste com sua carinha um tanto delicada e pequena. Cecília controlava a situação toda, controlava meus sentidos, controlava minha vida agora. Só me olhava como se dissesse “Faça o que quiser comigo”, e meu Deus, ela era minha!

Ao beijá-la novamente eu tinha pressa, mas ela parecia ter um plano. Enquanto minha língua explorava sua boca ela conduziu minha mão para dentro do seu short jeans surrado.

— Me sente – murmurou ao interromper o beijo.

Meus sentidos parecem ter triplicado, minha sensibilidade aumentada em mil vezes, tudo em relação à Cecília me atingindo de forma devastadora a partir daquele momento. Cada gesto, cada toque, cada beijo e cada olhar. Acontecia de forma tão quente que a cada segundo me tirava mais o fôlego. Não imaginei. Nunca poderia saber que seria tão bom. Mas eu tinha certeza, minha primeira vez só estava sendo tão incrível porque era ela que estava comigo.

Eu ia pirar. Tudo que ela fazia era apelativo pra mim. Ali Cecília não era qualquer garota, era uma mulher. A mulher dos meus sonhos.

Não queria fechar os olhos, não queria perder nada e ela tentava se manter da mesma forma, mas muitas vezes era inevitável. Ceci segurava meus braços com força, sua testa colada na minha. Eu sentia minha pele queimar, o suor me cobrir, meu cabelo grudar na minha testa, espasmos por todo o corpo e não conseguia tirar os olhos dela. Aquela baixinha gostosa.

Os sons que saíam da sua boca agora eram os meus preferidos e quando meu apelido escapa entre seus lábios eu estremeço.

Meu corpo desmancha sobre o seu corpo pequeno, mas eu não quero sufocá-la então me jogo sobre o colchão, deitando ao seu lado. Pego os lenços dentro da gaveta, me desfazendo da camisinha e jogando no chão ao lado da cama. Nós dois fitamos o teto, esperando nossas respirações normalizar aos poucos.

— Eu não acredito que esperei esse tempo todo por isso! – exclamo, arrancando uma risada sonora dela.

Cecília puxa o edredom branco sobre seu corpo, escondendo seu rosto e deixando somente seus olhos de fora.

— Gostei que tenha esperado – fala baixinho.

A encaro sem conseguir parar de sorrir. Bom, eu tinha todos os motivos do mundo, mas vê-la se escondendo era impagável.

— Você tá com vergonha agora?! – pergunto descobrindo seu rosto. Ela só afirma com a cabeça – Você não é desse mundo Ceci.

Puxo o edredom sobre mim também e aproximo nossos rostos no travesseiro.

— Eu queria ter sido seu primeiro – ajeito seu cabelo desarrumado atrás da sua orelha.

— Park Jimin você é meu primeiro de tantas maneiras diferentes...

Nós trocamos vários selares em meio a sorrisos bobos. Eu não ia esquecer dia 29/04 tão cedo. Assim como nunca ia esquecer Ásia Cecília Prado.