Aquela era a casa de campo mais moderna que eu já havia visto. Não tinha nada de madeira ou rural ali, nem as arvores em volta lembravam em nada o campo, pelo simples fato de tudo ali cheirar a dinheiro. Uma sala de estar enorme, com a tv de última geração e uma lareira que era a cara da riqueza, uns dez quartos e todos com suítes, uma cozinha do tamanho da minha casa, sala de jogos, sala de cinema, sala de hidromassagem, sauna, acho que tinha sala até pra ficar de enfeite. No quintal até a grama daquele lugar cheirava a dinheiro. Tinha até uma piscina coberta de água quente, mas como era verão só íamos utilizar aquela piscina de capa de revista enorme no meio do jardim mesmo.
Jung Hoseok mostrava tudo para Hyun e eu, animado ao extremo vendo a quadra de tênis que tinha ali. Como uma pessoa que não pratica nem caminhadas eu só dava risada do modo como ele falava e estava sempre alegre, sabendo que não ia aproveitar nada por ali. Mas isso era pelo fato de que não me sentiria confortável nem em cima de uma arvore que fizesse parte da propriedade daquela sonsa.
Estava escurecendo bem rápido, nós tínhamos perdido quase o dia todo na estrada por causa do atraso da Yeon e suas amigas. Eu só queria tomar um remédio pra enxaqueca e apagar. Quando entramos na casa de novo, eu e Hyun subimos para o andar de cima a fim de saber onde iríamos dormir. Estava todo mundo agitado na escolha dos quartos e eu procurava por Park Jimin que não estava em lugar nenhum.
No final das contas eu acabei ficando em um quarto só pra mim no final do corredor, onde uma das garotas me enfiou com desgosto e saiu fechando a porta com força. Típico! As garotas amiguinhas todas juntas, não era nem viável eu ficar com os garotos e com Park Jimin sumido eu estava sobrando. Suspiro e coloco minha mala na cama, pego meu pijama do Batman, uma toalha e me dirijo até a suíte pra tomar um banho rápido.
Tento relaxar o máximo possível sob a água quente, mas ficava me lembrando a todo o momento daquela voz irritante e suas provocações. Saio do banheiro vestida, tomo um comprimido e apago a luz para me jogar rapidamente na cama, me enfiando debaixo das cobertas.
Pego no sono mais rápido do que eu imaginei, sonhando com Park Jimin colado em mim a noite inteira.
(...)
Me mexo na cama devagar até tomar coragem para abrir os olhos. Quando me viro no colchão, me deparo com braços ao meu redor e sorrio vendo suas mãos aferradas na minha cintura. Me aconchego melhor junto ao seu corpo, o abraçando e enterrando o rosto no seu peito. Acho que no meio daquele bando de gente que não me queria ali eu senti saudades dele, a única razão de tudo.
— Cecília? – me chama com a voz arrastada de sono – Acordou já?
— Bom dia Park Jimin – beijo seu peito sobre o tecido da camisa e o abraço ainda mais apertado.
— Bom dia – faz o mesmo comigo, retribuindo o abraço e beijando o todo da minha cabeça – Você tá melhor?
— Estou - ergo o rosto para olhar sua carinha amassada - Você sumiu ontem com aquela garota.
— Eu não estava com ela, fui usar o banheiro e quando voltei você tinha sumido também. Fiquei te procurando, mas esse lugar é um labirinto às vezes. Quando finalmente te achei você já estava dormindo.
— Me colocaram nesse quarto sozinha e isolada de todo mundo – fecho a cara.
— Já trouxe todas as minhas coisas pra cá também – se vira e aponta pra sua mala em cima da poltrona no canto do quarto.
Sorrio e me sento na cama, olhando pra luz que vinha da janela.
— O que vocês vão fazer hoje?
— Parece que já tá bem sol, provavelmente todo mundo vai querer passar o dia na piscina – se espreguiça e afasta as cobertas pra se levantar da cama.
— Park Jimin... – o chamo me jogando no colchão de novo – Já vai levantar? Vem cá...
— Preciso escovar os dentes primeiro – diz se sentando.
— Eu já senti seu bafo, seu rosto tava perto seu bobo – dou risada o puxando pra deitar e rolando pra cima de seu corpo – Me dá bom dia direito.
Ele me olha com um sorriso nos lábios, mas sua expressão era de confusão. Eu não era carente assim nem nos meus piores dias.
— Tá tudo bem mesmo Cecília? – afaga minha bochecha com o polegar.
— Está – dou de ombros e desvio o olhar do seu rosto – Eu só... Senti sua falta ontem.
Seu sorriso se alarga e logo em seguida sinto vários selares por todo meu rosto, até alcançar meus lábios. Assim que aprofundamos o beijo, porém, ouvimos batidas na porta e a voz de Taehyung dizendo:
— Se o casal não descer agora não vai sobrar café da manhã. Ninguém lá embaixo se responsabiliza.
— Beleza, a gente já vai – Park Jimin responde alto revirando os olhos – Tae é o maior empata foda que eu já conheci.
(...)
Park jimin insistiu pra que eu trouxesse o único biquíni que tinha no armário. Eu não usava aquelas coisas nem na frente da minha família, quanto mais na frente dos amigos dele. Tava bem claro que ele queria era me jogar naquela piscina e eu não tinha muita certeza se ia conseguir escapar, ele provavelmente teria ajuda pelo menos de Hyun. Era melhor eu não me arriscar a molhar alguma peça de roupa e ficar sem nada pra vestir depois.
Dessa forma vesti o biquíni preto, um short jeans, uma regata bem larga, calcei meus chinelos e assim que reforcei a maquiagem nos olhos fui encontrar Park Jimin e todo o resto na piscina. Ninguém que era da escola me veria sem aquela maquiagem, exceto meu namorado que acabou de acordar comigo.
Ao sair no quintal era possível ouvir a gritaria das crianças e vários splashs de água o tempo todo. Jeon Jungkook, Taehyung e Hyun não paravam de se provocar. Park Jimin entrava na brincadeira uma vez ou outra, mas ficava mais zoando com Jung Hoseok. Namjoon e Min Yoongi permaneciam sentados e protegidos do sol, lendo ou com os fones de ouvido. Seokjin cercava Seulgi dentro da piscina, ajudando a garota que aparentemente não sabia nadar. Já as três amigas populares permaneciam sentadas na escada da piscina, tomando alguma coisa que eu não saberia dizer o que é. Mais uma vez eu estava sobrando ali.
Me sento timidamente numa espreguiçadeira ao lado de Min Yoongi e fico observando a movimentação dos outros. Assim que me vê Park Jimin apoia os braços na borda da piscina e me chama.
— Entra Ceci, a água nem tá gelada.
— Depois eu entro – sorrio, tentando enrolá-lo.
— Você mente tão mal jahgi – ele ri balançando a cabeça e jogando água pra todos os lados – Com certeza sabe que se não entrar por bem vai entrar por mal né?
— Ceci, - Hyun fala se aproximando do irmão - tava só esperando você pra formar um time e jogar polo.
— Eu não sei jogar nada, não sei nem o que é polo. Achei que era uma camisa – arqueio as sobrancelhas e os dois riem.
— Ninguém aqui sabe, é mais pra ficar jogando a bola um no outro mesmo – responde travesso como uma criança.
— Tira essa roupa e entra logo – Park Jimin e seu poder de persuasão.
Era melhor eu começar a parar de resistir, ele sempre conseguia o que queria comigo. No final das contas escolhi ir por bem. Me levanto e começo a despir meu short e logo em seguida a regata. Sinto minha face ruborizar imediatamente. Movimento minhas mãos e braços nervosamente em frente ao meu corpo. A situação só piora quando as três amigas populares começam a dar risinhos disfarçados olhando na minha direção. Era possível ouvir seus comentários de “que gorda”, “olha o tamanho daquelas pernas”, “ela é toda estranha” e eu quis morrer de novo.
Imediatamente visto a minha regata e me encolho na cadeira. Park Jimin lança um olhar duro na direção das três, que cessam suas risadas e piadinhas na hora, mas o estrago já estava feito. Eu me sentia humilhada, horrível e insegura. Sempre soube que por mais magra que eu fosse meu corpo nunca ia se encaixar no padrão coreano. Mesmo pesando o mesmo que elas eu dava duas coreanas em uma só. Era super gorda pra todas. Naquele ponto era uma surpresa pra mim também quando Park Jimin me chamava de gostosa.
— Cecília, vem... Esquece isso – estica a mão me chamando, mas eu nego com a cabeça.
Park Jimin da um impulso com as mãos na borda da piscina, saindo da água e vindo até mim. Ele me ergue em seu colo e eu tinha vergonha até de protestar. Antes que ele me jogue na água Yeon se pronuncia de novo:
— Jiminie oppa, é melhor ela não entrar com essa maquiagem forte ai. Capaz de sujar tudo e estragar toda a diversão.
Ele para comigo nos braços e não tem reação nenhuma diante daquilo. Acho que ele não poderia negar uma ordem da dona da casa. Eu não me sentia confortável fazendo nada ali e ela também não queria que eu fizesse nada. Me debato levemente até que Park Jimin me solte, pego meu short e saio dali o mais rápido que posso. Quando alcanço o interior da casa, ouço passos num chinelo molhado atrás de mim e logo Hyun se faz presente.
— Meu irmão está conversando com ela – ele avisa – Você está bem? Aquilo foi bem... Eu não sei nem nomear. Todo mundo ficou sem graça.
— Acho que eu vou voltar pro quarto – abaixo a cabeça já me afastando.
Humilhada, horrível, insegura... E com cada vez mais ódio.
(...)
Passei o dia inteiro trancafiada naquele lugar. Park Jimin disse que conversou com a Yeon e que ela prometeu me deixar em paz, mas aquilo só me deixava com mais raiva ainda. Um a um os garotos vieram ver como eu estava. Tentando ser simpáticos e me animar enquanto Park Jimin tentava me convencer a sair do quarto. Eu não queria saber mais de ficar no mesmo lugar que aquela garota, mesmo que fosse um lugar tão grande quanto aquela casa.
Conforme a noite caía um friozinho me incomodava, então troquei a regata por uma blusa preta de lã fina grande e larga, mas permaneci com o short. Eu não tinha comido nada o dia inteiro então meu estômago começou a dar sinais de vida, me incomodando muito.
— Park Jimin, preciso comer alguma coisa – eu ainda estava emburrada.
— Desce comigo e a gente come algum lanche.
— Para com isso, por favor? – cruzo os braços.
— Todo mundo já esqueceu aquilo. Tão lá embaixo bebendo e ouvindo música na sala, parece que tá legal. Vamo...
— Já disse que se quiser pode ir, não estou te impedindo.
Ele bufa passando a mão pelo rosto, frustrado, mas no minuto seguinte volta ao normal. Sempre calmo. Sempre.
— Cecília, você não vai passar o resto da semana inteira aqui dentro desse quarto. Por que não para com essa besteira e poupa seu próprio tempo? Mais cedo ou mais tarde vai ter que sair daqui.
Droga! Park Jimin estava irremediavelmente certo. E eu que estava disposta a não ser mais convencida por ele... tsc tsc. Sem desfazer minha cara de bunda, levanto da cama e me dirijo até a porta deixando Park Jimin me seguir pelo corredor. Do topo da escada já dava pra ver a turminha do barulho bebendo e rindo enquanto ouviam uma música alta, uns hip hop meio safado. Achei que dava pra passar despercebida no meio de um monte de gente alterada, mas assim que pisei no último degrau Hyun notou a minha presença e de Park Jimin, ele estava bem sóbrio.
— Você saiu do quarto! – fala alto e animado, vindo até nós – Eu tava me sentindo meio sozinho aqui no meio desses bêbados.
— Jiminie oppa, finalmente! Senta aqui.
Encaro Park Jimin com minha cara de poucos amigos assim que ouvimos a voz da Yeon o chamar, sobressaindo à música. Ele suspira dando de ombros.
— Eu vou comer alguma coisa. Não vou morrer de fome por causa dessa garota – me afasto sem olhar pra trás, com Hyun em meu encalço.
Na cozinha preparo um lanche com a ajuda de Hyun, que apesar de já ter jantado acaba me acompanhando e fazendo um pra ele também. Finalmente tenho alguns momentos de descontração depois de ter chegado naquele lugar. Meu cunhado era muito engraçado enquanto tentava me animar. Fazia algumas bobeiras e algumas imitações das amigas populares que ficavam muito iguais, principalmente quando faziam aegyo. Eu já estava rindo histericamente, quase cuspindo meu lanche.
Por mim a gente ficaria conversando ali na cozinha até que eu voltasse pro meu quarto e tentasse hibernar pelo resto da semana, mas Hyun queria participar da brincadeira e ele estava sendo tão legal comigo que eu não quis ser mal educada. Nos levantamos da bancada da cozinha e voltamos pra sala.
— Não, Jiminie oppa, você tem que ficar parado – Yeon ria sem motivo nenhum aparente, enquanto Park Jimin tentava se esquivar sem graça – Eu tenho que te mostrar como se faz.
Ela o empurra, fazendo-o se sentar no sofá e logo em seguida senta em seu colo, rebolando no ritmo da música que tocava. Eu paro estática enquanto ele aparentemente não sabia como empurrá-la para longe. Não acredito que estava vendo aquilo! Alguns dos garotos riam da situação, bêbados, as amigas populares estavam histéricas com seus gritinhos, Seulgi parecia desconfortável ao lado de Jin e Park Jimin não fazia nada. Meu sangue ferveu, mas eu não era o tipo de garota que fazia cenas por ciúmes então saio pisando duro à procura de um banheiro onde pudesse jogar uma água no rosto.
— Trouxa! – falo pra mim mesma na frente do espelho assim que fecho a porta do lavabo.
Abro a torneira furiosa e depois de afastar meu cabelo jogo água no meu rosto umas três vezes seguidas. Aquela piranha mal amada! Nada ia me acalmar. Quando saio de lá sigo o corredor em direção à sala, sonhando em me trancar no quarto de novo. Só que mais uma vez eu sou obrigada a parar na porta da cozinha para ouvir uma certa conversa:
— Ele me empurrou depois que viu ela saindo da sala toda esquentadinha – Yeon da risada – Tive que me fazer de bêbada pra fazer aquilo, mas quem liga? Até que funcionou.
— Deu pra você tirar uma casquinha – uma das outras duas responde.
— Eu disse que nessas férias era minha última chance de conseguir alguma coisa com o Jiminie.
Eu não tive tempo nem de entrar em choque com aquela palhaçada de adolescente. Era a coisa mais ridícula que eu já tinha ouvido. Por impulso entro na cozinha, fazendo minha presença ser percebida imediatamente. As três me olham com desdém e ali Yeon não faz questão de fingir nada, principalmente que estava bêbada.
— Pra alguém com tanta autoestima você se rebaixa tão fácil – falo irônica.
— E está dando certo – ela coloca uma latinha de cerveja em cima do balcão que pelo barulho parecia estar cheia.
— Só na sua imaginação...
Sabia que no momento em que entrei na cozinha eu não estava ali pra conversar. Aquelas provocações também não me levariam a nada. Eram três delas, todas mais altas que eu, mas eu não estava nem ai. Apesar de nunca gostar de confrontos também nunca tive medo de entrar em algum quando necessário, e agora era necessário. Eu não ia descansar enquanto não me acertasse com Seo Yeon. Ela até tinha me feito gravar seu nome. Vaca!
— Você viu com seus próprios olhos.
Ao falar aquilo ela dá um último sorrisinho sarcástico antes que eu avance em sua direção e agarre seu cabelo preto longo e liso. Só que eu não era uma menininha, jamais bateria igual a uma. Enquanto segurava seu cabelo com força e puxava seu rosto pra baixo, ela já começava a gritar histericamente e tentar se soltar. Com o punho fechado acerto seu rosto bem embaixo do olho esquerdo. As amigas populares não sabiam o que fazer. As três apenas gritavam por ajuda.
— ALGUÉM TIRA ESSA LOUCA DE CIMA DE MIM!
Eu consigo acertar seu queixo de raspão por que ela me empurrava veementemente. Ouço mais vozes adentrando a cozinha, exclamações de indignação e um “OMG” que parecia típico do Jung Hoseok. No momento seguinte sinto braços rapidamente envolverem minha cintura a fim de nos separar. Antes que consigam, no entanto, seguro os braços da garota arranhando toda a extensão dos mesmos enquanto me puxam pra longe.
Quando olho pra trás Park Jimin me carregava sobre seu ombro, me segurando com firmeza e me levando escada acima. Dava pra ouvir o choro histérico da Yeon vindo da cozinha, mas eu tinha outra briga pra começar agora e aquilo não era importante. Ele me joga sentada sobre a cama e assim que tranca a porta dispara com raiva:
— Você ficou louca ou o que?! O que deu em você?
— Vai ficar mesmo do lado da sua amiguinha? Ela tava se esfregando em você e você não fez nada.
— Ela tava bêbada.
— Ela tava mentindo! Aquela vagaba tá mais sóbria que eu e você juntos. Eu não tenho sangue de barata.
— O que você queria que eu fizesse?
— QUALQUER COISA QUE NÃO FOSSE FICAR PARADO LÁ! – explodo me levantando da cama – SAI DAQUI PARK JIMIN, VOCÊ É UM IDIOTA. Vai ficar com seus amiguinhos e me deixa em paz.
Ando rapidamente pelo quarto, recolhendo minhas coisas e indo atrás da minha mala.
— O que você tá fazendo? – pergunta irônico – Aonde você vai essa hora e sem carro Ásia?
— Não me chama assim – respondo entre dentes, jogando algumas coisas dentro da mala – Vou embora dessa merda de lugar nem que tenha que ir a pé.
— Deixa de palhaçada – fala ríspido me afastando da mala e jogando-a no chão – Você não vai pra lugar nenhum, para com esses dramas. Desde quando você tem esses ataques de ciúmes?
— Desde quando meu namorado é um frouxo que não sabe o que quer – empino o queixo, o desafiando.
Consigo ver no seu rosto que tinha atingido um ponto fraco no seu orgulho. Park Jimin não queria sua masculinidade posta em questão, mas eu não estava nem ai.
— Para com isso Ásia, tá começando a me encher.
— Não tô nem ai. Eu que já tô cheia de aguentar essas coisas há muito tempo. Talvez eu devesse ter dado meu telefone pro Min Jun.
— Para de me provocar... – responde entre dentes, suas bochechas estavam um pouco vermelhas agora.
— Ele pelo menos faria alguma coisa.
— Ásia... Chega!
— Vai lá ver como sua amiguinha tá – empurro seu peito, mas ele quase não se move do lugar – Vai consolar ela Park Jimin, ela tá chorando – o empurro novamente – Sai daqui. Me deixa em paz – o empurro mais uma vez, mas ainda assim continuamos próximos.
— Você... – Começa a frase. Sua respiração já alterada. Ele tava nervoso, mas não queria descontar em mim e parecia não saber o que falar. Eu não precisava nem abraçá-lo para saber que seus músculos estavam todos rígidos de raiva – Você é... Você...
— Você... Você... Você. Você o que Park Jimin? – pergunto impaciente.
Mas ao invés de me responder ele segura meu rosto entre as mãos, chocando nossos lábios com fúria. Park Jimin me empurra até a parede, me fazendo bater levemente as costas e logo em seguida ajeita uma perna entre as minhas, me imobilizando com seu corpo inteiro. Eu segurava em seus ombros a fim de afastá-lo, mas não adiantava de nada. Eu provavelmente também não estava tentando tanto assim. Seus lábios se movimentam sobre os meus e seu corpo me aperta ainda mais. Sinto uma pontada no ventre e meu sangue ferve por um motivo diferente agora. Sua língua era rápida e feroz ao invadir minha boca e eu não queria deixar por menos. Finco minhas unhas em seus ombros sobre a camisa e o sinto morder meu lábio com um pouco mais de força do que habitualmente fazíamos aquilo.
Droga! Eu odiava demonstrar o mínimo de fraqueza ao seu toque, mas era impossível. Nós estávamos nos punindo. Nos tornamos um só num misto de tesão, raiva, carinho, tudo ao mesmo tempo. Eu queria Park Jimin dentro de mim pra sempre e o queria só pra mim. Ele só mordida o lábio, concentrado em mim. Só em mim. Meu corpo todo estremece e contorço meus dedinhos dos pés agarrada nele inteiramente. Park Jimin não esboça seu sorriso de canto malicioso habitual, ele fecha os olhos apertados tentando segurar o máximo possível, me castigando ainda mais.
Ele cola a testa na minha quando terminamos, o suor fino sobre sua pele. Leva uma mão até meu seio por baixo da minha blusa, num carinho que não era sexual, era confortável. Minhas mãos acariciavam suas bochechas enquanto eu desenrolava minhas pernas fracas da sua cintura. Nós precisávamos do corpo um do outro e da parede pra nos manter em pé. Eu nas pontas dos pés.
— Você me tira do sério – diz num ofego, tentando normalizar a respiração.
— Shhh... – roço os lábios nos dele devagar – Você fica um tesão nervosinho.
Ele ri baixo e eu já estava sentindo falta da sua risada. Mas aquilo não estava certo.
— Isso não muda nada Park Jimin – falo olhando nos seus olhos – Você e ela...
— Cecília, – ele me interrompe – não tem nada a ver, eu nunca quis nada com ela mesmo antes de te conhecer. Agora que eu te tenho não quero nada com mais ninguém.
— Mas você deixa ela fazer essas coisas...
— Eu respeito nossa amizade, só isso. O tempo que a gente se conhece.
Suspiro abaixando a cabeça. Ele a conhecia há uns três anos realmente, a gente namorava há alguns meses só. Eu não queria forçar ele a fazer nada.
— Vou ser obrigada a aturar isso então. – me desprendendo de seus braços, indo até a cama.
Ele ergue sua Box e sua bermuda para depois se sentar na cama ao meu lado.
— Não jahgi. Eu prometo que não vai mais acontecer.
Inclina a cabeça na minha direção e dessa vez iniciamos um beijo bem calmo e carinhoso, que é interrompido por ele um minuto depois.
— A gente não usou camisinha – fala preocupado.
— Tô tomando remédio. – dou de ombros – Agradeça à senhora Prado e todo o seu discurso de que eu tenho que me cuidar.
Park Jimin ri agarrando minha cintura e me fazendo deitar com ele no colchão.
— A gente pode fazer assim mais vezes então. É tão melhor te sentir sem nada pra atrapalhar.
— Acho que eu criei um monstro – deito a cabeça em seu peito, deixando o cansaço me abater.
Eu tinha receio de que as coisas ficassem estranhas entre nós por causa daquele desentendimento, mas após alguns minutos de silêncio ele fala:
— Agora você é o Mike Tyson da turma. Vou deixar de ser o zoado.
Ele arranca uma risada de mim, me tranquilizando antes que eu feche os olhos e caia no sono.
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