História Tipo Ideal Perfeito - Parabéns Park Jimin

Mesmo tanto tempo depois daquela festa a escola inteira ainda comentava o barraco vergonhoso que tinha rolado. Claro, tudo culpa minha! Quando fomos embora e eu tentei ajudar Min Jun todo machucado e com o nariz sangrando, aproveitei pra pedir desculpas por tê-lo usado na minha ceninha de ciúmes ao Park Jimin. Eis que o garoto quis voar no meu pescoço também, mas obviamente não conseguiu. No final minha mãe estava mais que certa quanto a ele, o garoto não tinha respeito nenhum e muito menos educação. Depois de saber daquilo ele nunca mais deu as caras ou mandou nenhuma mensagem por que o fiz “perder seu precioso tempo comigo enquanto poderia estar comendo alguém gostosa de verdade”.

Não que eu me importasse em ouvir aquilo dele. Min Jun não me acha gostosa de verdade, foda-se. O que realmente me incomodava é que Park Jimin agora andava de cabeça baixa pelos corredores da escola, eu não ouvia mais sua risada de longe enquanto conversava com seus amigos, ele quase não sorria mais e nossos olhares não se cruzavam nunca. Daquela vez ele estava mesmo empenhado em me deixar em paz. Agora ao invés de fugir a todo momento, eu meio que esperava que ele tentasse me abordar. Enquanto falava com o Rafa pelo telefone e levava várias broncas por não saber me decidir e ficar fazendo cu doce.

Na minha cabeça estranha e sombria parecia errado dar uma segunda chance a ele assim. Por mais que ele tenha tentado conversar comigo, nunca foi do jeito certo e sempre tinha alguém no meio. Nada daquilo me convencia e eu já estava ficando com ódio de mim mesma por toda minha insegurança. Nenhum garoto jamais me deixou assim antes, eu não sabia o que significava a palavra insegurança além da teoria. E pessoalmente preferia nunca ter descoberto o que era na prática. Doía.

Depois daquilo tudo eu só poderia recorrer a minha melhor amiga...

- Acho que vocês dois estão precisando desse tempinho sem incomodar um ao outro. Fizeram tanta besteira – minha mãe fala enquanto acaricia meu cabelo.

- Por que ele tinha que estar com outra garota em tão pouco tempo mãe?

Eu estava com a cabeça apoiada em seu colo, olhando fixamente pra tv ligada em um filme de animação qualquer.

- Alguns garotos não têm a habilidade de ficar sozinho. Precisam de uma garota do lado pra situá-los.  Seu pai é assim – ela ri debochada, me fazendo acompanhá-la – Sempre que terminava um namorinho era pra ficar com outra, nunca vi seu pai solteiro por mais que alguns dias. E eu não estou exagerando dessa vez.

- Você acredita que era pra me esquecer?

- Ásia, o rapaz te adorava. Tava na cara. Vocês são muito jovens ainda, esses namoros de escola são assim mesmo.

- Nunca duram... – murmuro melancólica.

Eu queria tanto que durasse.

- 5% deles duram – se inclina e me da um beijo na testa.

Minha mãe era a única pessoa que me via vulnerável assim, não importava o motivo. Meus outros únicos momentos de fraqueza eram ao lado de Park Jimin, que sempre mexia com qualquer uma das minhas estruturas. Park Jimin era minha causa e conseqüência e eu temia que fosse pra sempre minha única solução.

Durante a noite eu tinha minha lagosta pra dormir abraçada. Ela eu podia apertar e não soltar nunca mais.

Jimin Pov

- Todo mundo se ferrou! Não sobrou um de nós pra contar história daquela festa sem ser zoado – Moonie hyung comenta, entrando naquele assunto de novo.

Cada um tinha uma história mais zoada que a outra, mas pra mim aquela festa só trazia lembranças ruins.

- Eu não fui zoado, eu bati no amiguinho folgado da Cecília. Agi em prol de um amigo meu – Yoongi hyung diz orgulhoso de si mesmo.

- Nem vem que você levou uma apalpada no traseiro enquanto ia pro banheiro que eu vi. E ERA UM CARA – Tae zoa – Da onde eu tava você parecia até que tinha gostado.

- Quem vai acreditar Taehyung? Você mijou no freezer achando que era o mictório – Yoongi rebate.

- Sério, vocês não respeitam nem a casa dos próprios amigos – Jin Hyung brinca com o quepe de formatura em mãos enquanto fingia desapontamento.

- Você não pode falar nada, Sr. Certinho. Seu trauma é interno “fessô” – Jhope enfatiza a ultima palavra.

- Ah cara, de novo não. EU JURO QUE TINHA FICADO COM A SAYU! Foi a ultima coisa que eu lembro – pegou o celular por dentro da beca – Ela até deixou o número no meu celular.

- Mas de alguma maneira você acordou com a gaguinha que não é gaguinha, ela só não sabe falar “professor” direito – Moonie hyung se mata de rir da cara de insatisfação do Jin. - E, tem o dente estranho.

Enquanto isso eu me politizava pra não procurar Cecília com os olhos no meio daquele monte de becas cor de vinho no auditório da escola. Eu estava desapontado comigo mesmo, desapontado com ela e mais melancólico do que já tinha ficado em toda minha vida.

Depois daquele pesadelo de festa a primeira coisa que eu fiz foi mandar um buque de flores pra Seulgi e me desculpar devidamente por toda a humilhação e todos os meus erros. Era o certo a se fazer. Não fui 100% perdoado e não poderíamos ser amigos de novo, CLARO, mas pelo menos a minha parte eu fiz e limpei um pouco da minha consciência.

Agora porque as coisas com a Ceci tinham que ser tão mais complicadas? 

Ali, no dia da formatura um desespero estranho começa a tomar conta de mim aos poucos enquanto a cerimônia era conduzida. Era meu ultimo dia numa escola, meu ultimo dia sendo uma criancinha sem responsabilidades de verdade, meu ultimo dia vendo meus amigos todos os dias, meu ultimo dia tendo uma desculpa pra saber como Cecília estava. O que eu ia fazer depois disso? Era assustador ao invés de ser empolgante como a maioria pensava.

- Tenta sorrir um pouco Jiminie hyung. Pra sair bem em pelo menos uma foto – Jungkook pede em meu ouvido.

- A Thays veio? – pergunto forçando um sorriso.

Moonie hyung estava errado. De todos nós, naquela festa Jungkook tinha se dado bem. Conheceu uma estrangeira legal e sóbria que não era da nossa escola e os dois não se desgrudaram mais desde então. Ela era mais nova, mas bem mais madura que ele mesmo assim. Os dois eram engraçados.

- Veio, mas ta morrendo de vergonha de todo mundo – da risada, meio bobo.

Eu conhecia aquele tipo de sorriso. Só não conseguia mais sorrir do mesmo jeito. Ou de qualquer outro jeito pra ser sincero. Pra falar a verdade eu nem me reconhecia mais.

Depois de pegarmos o diploma, tirarmos todas as fotos e blábláblá fomos encontrar nossas famílias no meio daquele bando de gente misturada. Eu não sabia onde estava mais ninguém ou até mesmo onde eu estava. Só que ao invés de procurar Hyun e meus pais me pego olhando pra cada cabelo negro daquele lugar, esperando que quando se virasse seria o rostinho pequeno da Cecília. 

Vejo Jungkook de mãos dadas com Thays enquanto sussurrava alguma coisa no ouvido dela, provavelmente tentando tranqüiliza-la como eu costumava fazer com Cecília. Droga! Eu era parte dos sem namoradinha agora, enquanto meu maknae estava na melhor. Inveja? Talvez. Com certeza.

Enquanto os olhava sinto um toque no meu ombro que me faz virar imediatamente, dando de cara com Ceci. Respiro fundo. Aquilo era o mais próximo que a gente ficava desde a festa.

- Oi – falo com um meio sorriso.

Ela abaixa a cabeça e tira o quepe meio sem jeito.

20 segundos olhando o chão ... 30 segundos olhando seu rosto... 35 segundos reparando em seus olhos e decorando sua maquiagem... 40 segundos vendo que a pontinha do seu nariz estava vermelha... 50 segundos admirando cada aspecto da curva dos seus lábios... um minuto inteiro até nossos olhares se cruzarem.

- Hm... Parabéns Park Jimin – retribui meu meio sorriso. Ela estava linda – Pela formatura.

- Ah... Claro, parabéns também. Você ficou entre as melhores alunas da sua classe – eu tinha ficado com um sorriso sincero ao ler o nome dela no mural de avisos e saber daquela notícia – O senhor Prado deve ter ficado muito orgulhoso.

- É, ele fez um daqueles jantares especiais e tudo – da uma risada e revira os olhos, eu a acompanho facilmente.

- Seus pais são demais – sorrio abertamente e ela assente.

O silêncio tenebroso se instala e eu sentia falta até daquilo, mas não tenho tempo para aproveitá-lo.

- Boa sorte Park Jimin – Cecília fica na ponta dos pés e me da um beijo rápido na bochecha.

Seus lábios na minha pele por um segundo, me causam um choque por todo o corpo. Só que eu não tenho tempo de abraçá-la ou falar mais nada, no momento seguinte ela sai correndo da minha vida.