História Tipo Ideal Perfeito - Quantum Break

Na quarta-feira a senhora Park e seu filho estavam lá de novo. Daquela vez ele aceitou um pedaço de bolo e assistimos TV em silêncio mortal. Na próxima segunda nós comentamos como o tempo estava mudando, quando era quarta de novo eu tentava fugir de todas as maneiras mas minha mãe não me deixava em paz. Toda vez que eu me ausentava da sala ela me chamava de novo. Parecia até que eu estava de castigo.

Na terceira semana, após terminar minhas tarefas em casa resolvi ir ao mercado comprar minhas besteiras costumeiras para enfrentar uma boa maratona de vídeo game antes de dormir. Havia esquecido completamente que era quarta feira mais uma vez, dou de cara com o carro dos Park estacionado em frente a minha casa. Quando entro Jimin estava sentado na sala conversando com meu pai. Abro o maior sorriso involuntário em anos e tento subir as escadas escondida.

- Ásia, você já chegou! Que bom, posso deixar vocês jovens mais a vontade.

Não escondo uma careta ao receber o beijo de meu pai na testa.

- O que faz em casa tão cedo pai?

- Trouxe serviço para casa. Fique com seu amigo, ele é bem legal.

Park Jimin havia conquistado toda minha família com aquela sua aparência fofa. Não sei como sua mãe não me olha atravessado somente de supor uma amizade entre nós dois, eu era de longe a ultima garota que as mães coreanas desejariam para seus filhos.

Assim que meu pai saiu da sala o silencio invadiu o local.

Um minuto... dois... três... eu parada ali... quatro... cinco... bufei nervosa.

- Olha eu vou jogar vídeo game no meu quarto – apontei para as escadas – Você quer vir?

Ele franzi o cenho, surpreso.

- Tudo bem – se levantou do sofá finalmente.

De perto ele era bem mais alto que eu, mesmo sendo mais baixo que a maioria dos garotos. Eu era uma anã.

- Mãe nós vamos jogar vídeo game no meu quarto – aviso gritando.

- Só não atrapalhe seu pai – disse da cozinha tirando a cara do meio de tantas caixas com a senhora Park.

Subimos para o meu quarto e fecho a porta. Ele olha tudo com atenção e o mesmo cenho franzido. Meu quarto era um pouco escuro com vários livros em prateleiras, só cabia uma estante, a cama de solteiro e uma escrivaninha para o computador. Era pequeno, mas era limpo. Deixo as sacolas sobre a cama e jogo os travesseiros no carpete. Ah meu carpete! Meu lugar favorito no mundo.

- Eu deixo você escolher o jogo. Tem GTA, Halo 5, Far cry 4, FIFA, quantum break...

O encaro e ele ainda está com o cenho franzido e a expressão de surpresa.

- O que foi? Por que essa cara? – pergunto impaciente.

- Isso não é jogo de menina. Quer dizer, nenhuma das minhas amigas jogam vídeo game.

- Eu tenho um jogo do Mickey se você preferir – arqueio a sobrancelha.

Ele sorri fofo e passeia os olhos pelo quarto de novo.

- Parece que estou no quarto dos meus amigos.

- Meu quarto é arrumado! – exclamo ofendida.

- Exatamente! O quarto dos meus amigos só que arrumado – ri e eu o fuzilo com o olhar.

Eu achava meu quarto tão legal.

- Escolha logo um jogo. Ultimamente estou bem viciada em quantum break...

- É, também tenho jogado bastante esse...

- Decidido então.

Coloco o jogo e espalho as guloseimas sobre a cama. Abro uma lata de coca e deixo no carpete entre as minhas pernas. Ele se senta ao meu lado pegando o segundo controle. Aquilo era um progresso e tanto, depois de trocar só duas palavras por semanas fomos capazes de dialogar por alguns minutos para ele finalmente perceber que eu não era nada igual as garotas que ele estava acostumado.

Jimin POV

Ásia era o que no mínimo os outros chamariam de estranha. Eu não sabia seu nome por que na verdade todos a chamavam de gótica das trevas, eu costumava rir disso mas não dava muita bola na verdade, ela só era mais um ponto de referência na escola. “onde estão Monnie e Yoongi? – Estão ali na cantina, do lado da gótica das trevas”. Surpreendentemente estar ali com ela era como estar com qualquer um dos meus amigos. Seu jeito irritado e impaciente era muito engraçado.

Até o momento o jogo estava bem equilibrado e ambos estávamos concentrados, mas depois de conhecer seu quarto fiquei curioso para saber mais algumas coisas.

- Qual é a dessa sua camiseta?

- É uma banda. Você não conhece Ramones? – ela pergunta um tanto indignada sem tirar os olhos da tela.

Os barulhos de tiros e explosões do jogo estavam baixos para não atrapalhar o senhor Prado.

- Todo mundo conhece Ramones, mas no começo eu achei que era uma marca de roupa.- ela ri e o som é agradável e diferente, me faz acompanha-la. - É o único tipo de musica que você ouve?

- Não, mas é o meu tipo preferido. Sei lá... – da de ombros apertando os botões rapidamente – Você não gosta né?

- Pra falar a verdade não conheço muito.

- E o que você conhece?

- Hip Hop, rap, kpop. No geral basicamente isso.

Ela torce o nariz e ri como se tirasse sarro. Eu esbarro meu ombro no dela, fazendo-a se desequilibrar.

- É brincadeira, não tenho nada contra – se recupera e minha vantagem no jogo não dura nada – na verdade eu não ligo pra nada que não me interessa, sou bem entediante. Com excessão do G- dragon , GD não da pra ignorar. Eu pegava.

Ela fala com simplicidade e dessa vez eu dou muita risada. Ásia falava com tanta naturalidade, me senti no quarto com Moonie e Yoongi.

- GD faz seu tipo então? – pergunto ainda rindo.

- Ele faz o tipo de todo mundo. Aquelas tatuagens, aquele olhar – suspira, o que me faz rir mais ainda – Qual a graça?

- Eu não sei, nunca iria te imaginar falando assim. Uma garota. E ainda mais que o GD faz seu tipo – dou pause no jogo para limpar a água dos olhos.

- Como assim? Achou que eu era lésbica? – parece surpresa agora.

- Não sei. É a primeira vez que a gente se fala, não tive tempo de ter uma opinião.

- Park Jimin...

Me chama baixinho, aproximando seu rosto do meu lentamente.

- Hm? – pergunto desviando o olhar da tela da TV.

- BOOM!!! – ela fala calmamente, apertando o botão do controle na frente do meu rosto.

Jogou uma granada e explodiu tudo. Olho frustrado para o GAME OVER player 2. Player 1 WIN THE MISSION.

- Ah cara, isso foi trapaça! – solto o controle.

- Ganhei justamente – sorriu irônica.

- Eu não falei aquilo por mal. Você é vingativa – rio a encarando diretamente pela primeira vez de tão perto.

A maquiagem preta pesada escondia um pouco a cor dos seus olhos. Eu não saberia dizer se eram pretos ou castanhos.

- Eu não ligo Park Jimin... na verdade eu gosto do fato de ser invisível pra você. Você não me trata como uma estrangeira o tempo todo, não liga pra minha existência ou aparência. Era um alivio você não saber meu nome.

Ásia parecia ser um pouco bruta e nada sensível, mas quando falava assim mostrava o quanto se importava. Mesmo que ela mesma não soubesse.

- Até seu olhar de misericórdia é fofo Park Jimin – arqueia uma sobrancelha, irônica – Você não cansa de ser fofo?

- Você não cansa de ser irônica? – rio apertando os olhos e ela me acompanha – Mereço uma revanche.

Ela prontamente agarra o controle, mas a senhora Prado escancara a porta do quarto sem aviso prévio.

- Jimin, sua mãe já está indo.

- JÁ? – exclamamos em uníssono, fazendo a mãe dela rir.

- Semana que vem vocês continuam – disse como se estivesse falando com duas crianças de cinco anos. O que me faz rir de novo.

- Você ri de tudo Park Jimin – Ásia balança a cabeça negativamente.

- E você é mesmo entediante Ásia.

- Cecília – me da um soquinho no ombro – me chama de Cecília se não quiser morrer.

- Beleza, revanche semana que vem Cecília.

Trocamos um H5 antes deu me levantar. Depois de três semanas havia cumprido um dia de castigo com um sorriso, finalmente.